quinta-feira, 27 de maio de 2010

Mockus é considerado um "neoliberal" pela esquerda colombiana


Enquanto a direita diz que Antanas Mockus não tem a capacidade de liderar um país em guerra, a esquerda colombiana classifica o candidato verde como neoliberal.

Mockus é alvo de críticas por defender a manutenção das políticas econômicas do atual governo, como a defender um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, e por não defender o desmonte do atual sistema público de saúde, que depende de operadores privados.

Ao contrário de Gustavo Petro, o candidato esquerdista do Polo Democrático, Mockus não promete grandes aumentos nos investimentos públicos, afirmando que sua primeira preocupação é evitar a evasão fiscal.

Embora afirme defender aumento das despesas em educação e pesquisa, não promete mudanças radicais no sistema de trabalho, o que facilita a demissão de trabalhadores por meio de contratos de prestação de serviços.

Mas as diferenças entre a esquerda colombiana e Mockus vão muito além da política social.

Mockus quer manter luta contra as Farc e diz que polícia "deve matar" em certos casos

Apesar de já terem feito aliança política em meados da década de 1990, nesta campanha, os dois candidatos trocaram acusações, que foram destaque na imprensa colombiana. Recentemente, o candidato verde rejeitou qualquer possibilidade de formar uma aliança com o Polo Democrático num eventual segundo turno, dizendo que Gustavo Petro, "mesmo que indiretamente”, aceita teorias que justificam a violência. Isto porque Petro afirmou que, caso a equidade social não seja alcançada no campo, a violência continuará.

O candidato do Polo Democrático reagiu às palavras de Mockus afirmando que elas eram uma "calúnia maquiavélica" e acrescentou que tais declarações eram apenas uma tentativa do verde de tentar imitar o discurso de extrema-direita do presidente Álvaro Uribe.

“Mockus assumiu o discurso uribista para tentar ganhar as eleições”, disse Gustavo Petro à imprensa local.

Crítico do posicionamento de Mockus diante de temas polêmicos do país, como narcotráfico e relação entre governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Petro alega que o silêncio do candidato verde diante da desigualdade social pode gerar mais violência.


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“Você acha que as reformas que visam aumentar a justiça social representam um discurso violento? E o silêncio diante da desigualdade social não é ser violento? Igualdade social não legitima a violência, mas é o instrumento para superá-la”, afirmou Petro, respondendo a Mockus, em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo.

Mockus tem se posicionado como um candidato centrista, evitando descrever-se como anti ou pró-Uribe. Prefere a fórmula "pós-Uribe"

Analistas dizem que Mockus busca distanciar-se do Polo Democrático num movimento destinado a atrair votos no centro do espectro político.

Segundo pesquisa divulgada na semana passada pelo jornal El Tiempo, Mockus está atualmente em segundo lugar, com 34% das intenções de voto, apenas um ponto percentual atrás de Juan Manuel Santos, candidato do presidente Uribe, do Partido de la U.

Nenhum dos dois deve obter os 50% dos votos necessários para vencer no primeiro turno. Noemi Sanin, o candidato centrista do Partido Conservador, está atualmente em terceiro lugar nas pesquisas, com 8% dos votos. Os votos de seus eleitores podem definir o vencedor no segundo turno.

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