segunda-feira, 21 de junho de 2010

Colômbia - A esquerda longínqua - Por José Dirceu


Publicado em 21-Jun-2010


Com a participação de apenas 44,4% do eleitorado no 2º turno desse domingo a Colômbia elegeu o sucessor de Álvaro Uribe, seu ex-ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, preparado pela família desde criança para o cargo, um legitimo filho da elite conservadora colombiana e herdeiro do atual presidente.

O resultado - 69,1% para Juan Manuel e 27,5% para o candidato do Partido Verde (PV), o ex-prefeito de Bogotá, Antanas Mockus - só confirma que enquanto não acabar a guerra civil que polariza o país (leia nota abaixo) dificilmente se poderá construir uma alternativa de esquerda na Colômbia.

A Colômbia, apesar da guerrilha e do narcotráfico, da violência institucionalizada pelo Estado e pelos paramilitares, da corrupção e da intervenção norteamericana (consumada com a construção e operação de bases militares dos Estados Unidos no país) não para de crescer. Já tem uma população maior que a da Argentina e sua economia caminha para ser a terceira da América Latina, atrás apenas do Brasil e do México.

O candidato do PV, Antanas Mockus - que conquistou 3,5 milhões de votos contra 9 milhões de Juan Manuel - saiu isolado do pleito. Os dois partidos tradicionais, Liberal e Conservador, além do Radical, bem como o de Uribe, Partido de la Unidad (La U) não o apoiaram. Mesmo assim conseguiu construir uma força política que, segundo ele, ficará independente do futuro governo e se preparará para disputar as eleições municipais no ano que vem.

Mockus recusou, inclusive, convite do novo presidente para participar do futuro governo. Juan Manuel anunciou que buscará a unidade do pais e melhores relações com os vizinhos, Equador e Venezuela, dos quais depende para o comércio e a busca da paz interna. Há, ainda, o fato de que milhões de colombianos vivem e trabalham nos dois países que, junto com a Colômbia, integram o Pacto Andino e a Corporacion Andina de Fomento (CAF), uma espécie de BNDES dos Andes.



1/3 eleito no Senado, associado ao narcotráfico
Publicado em 21-Jun-2010


Com maioria absoluta no Congresso Nacional - 75% dos parlamentares eleitos - o novo presidente da Colômbia Juan Manuel Santos, eleito nesse domingo (veja nota acima) tem todas as condições de governar. Ele não poderá alegar falta de apoio popular e parlamentar para resolver os gravíssimos problemas do país que vão de um caótico quadro social ao narcotráfico e a corrupção, apesar do extraordinário crescimento econômico dos últimos anos apoiado no agronegócio e nas inversões externas em petróleo e mineração.

Mas, os resultados constituem uma demonstração da profunda divisão do eleitorado colombiano que só se unificou para eleger o presidente - e mais pela questão nacional da violência e da guerrilha do que pelos programas e propostas dos partidos e candidatos.

A despeito da expressiva votação do candidato da oposição, Antanas Mockus, os verdes elegeram apenas 5 senadores e 3 deputados. O Pólo Democrático - a esquerda colombiana - também não foi bem: elegeu 8 senadores e 4 deputados. É um resultado ruim para as forças de oposição já que os partidos tradicionais conquistaram folgada maioria para Juan Manuel.

Nessa divisão do eieltorado, o Partido de La U, de Juan Manuel, elegeu 28 senadores e 49 deputados; o Conservador, 24 senadores e 39 deputados; o Liberal, 13 senadores e 33 deputados; o Radical, 8 senadores e 16 deputados; e o Partido da Integração Nacional, 5 senadores e 12 deputados.

De novo, e numa repetição da situação que acompanhou os dois governos de Álvaro Uribe (quando houve momentos em que quase metade o governo estava denunciada ou presa pela Justiça), nada menos que 31, cerca de 1/3 dos mais de 90 senadores eleitos ontem estão ligados a escândalos. São parentes de acusados de envolvimento com o narcotráfico e com grupos paramilitares ou foram financiados por eles.

Do blog do Zé Dirceu

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