quinta-feira, 29 de julho de 2010

Estradas de Serra desmancham - Por José Dirceu


Vejam vocês, o candidato da oposição, José Serra (PSDB-DEM-PPS), fez mais um ataque ao governo federal, agora às estradas. Dessa vez em entrevista ao programa local "Minas Urgente", da TV Bandeirantes de BH. Escolheu o tema por oportunismo, porque Minas é o Estado que mais tem rodovias federais.

Só lhe falta autoridade moral para isso. Publiquei aqui notícia da vistoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) em 67 rodovias, quando ficou constatado que 70% delas já apresentam defeitos - afundamentos, trincas no asfalto, remendos, buracos, desgaste e outros problemas. Nada menos que 2/3 dessas estradas são vicinais concluídas ou reformadas por Serra até julho de 2009. Ou seja, 70% das rodovias feitas por Serra não duram nem um ano.

Fora o fato de que no governo de FHC/Serra - ele foi ministro por oito anos - não se recuperou, restaurou ou construiu rodovias. Nem ferrovias e portos. Muito menos aeroportos. Quando assumimos essa infraestrutura do país estava toda sucateada. Mas, na entrevista, além de criticar as condições das rodovias Serra defendeu sua política de concessões rodoviárias.

Vale uma comparação: na política de concessão adotada pelo governo Lula vence a concorrência o concessionário que propuser a cobrança do menor pedágio; na tucano-paulista, a empresa que oferece mais alto preço pela estrada. Por esse metodo de Serra o concessionário, óbvio, precisa se ressarcir com pedágio.

Dai a montagem de quase 300 praças de cobrança de tarifa nas estradas paulistas nos 3,5 anos de gestão Serra - uma a cada 40 dias. Outra opção sugerida por ele, além das concessões, é a transferência das rodovias federais para os Estados. Ele fala sério? Porque o governo deles transferiu as vias gaúchas para o Estado e a governadora tucana Yeda Crusius, sua aliada, as devolveu a União!

Um contraponto bem fundamentado

Sobre esse tema-polêmica suscitada por Serra, recomendo a leitura de artigo do especialista em Logística e Transporte, José Augusto Valente, publicado no portal T1. Ele mostra que as rodovias paulistas em que o usuário paga alto pedágio são as melhores do país, e aquelas sob responsabilidade do governo do Estado, as piores.

Com base na pesquisa rodoviária da CNT/2009, sobre 87.552 km de nossas rodovias, Valente afirma que "considerando apenas os números relativos à pavimentação e à sinalização, a malha rodoviária nacional (federal e estaduais, concedidas e com operação estatal) melhorou muito nos últimos anos. E graças aos elevados investimentos realizados pelo governo federal, pelas concessionárias e pelos governos estaduais, via recursos próprios e repasses da CIDE".

Em seu texto ele constata, ainda, que "a malha rodoviária nacional melhorou, e como o modal rodoviário é o de maior participação na matriz de transporte de cargas, foi possível ao Brasil crescer de 2002 para cá". Já "as rodovias estaduais de São Paulo, consideradas as melhores do país, lideram o ranking de custo anual de acidentes, com R$ 3,3 bi." Não deixem de ler o Valente no portal T1.


DNIT do candidato, exemplo pra lá de infeliz

Tucanos criaram o órgão e ele ficou inexistente... O tucano candidato a presidente pela coligação conservadora PSDB-DEM-PPS, José Serra, é infeliz ao apontar o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT) como exemplo de má administração federal, como o fez em entrevista à Band Minas (post acima). Justamente esse órgão?

O DNIT foi criado por FHC para desviar a atenção dos escândalos de corrupção no então Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) na gestão tucano-peemedebista do Ministério dos Transportes. Mas até chegarmos ao governo em 2003, nunca funcionou. Quando assumimos, o DNIT era só papel e edifício.

Serra acusou o governo federal de ser "totalmente loteado entre políticos". Afirmou que "a prioridade deixa de ser o interesse nacional e passa a ser o político daqui ou dali. O DNIT atua sem planejamento, com estradas caras e critérios puramente político-partidários. Isso comigo vai acabar."

Na falta de um novo, discurso velho

Com as declarações, Serra deve ter se espelhado em suas políticas nos postos por onde passou, particularmente no governo de São Paulo. Foi o governador mais discriminador que o Estado já teve. Administra com mapa político-partidário na mão. Prefeitos e políticos do PT e da oposição passaram seus 3,5 anos de governo a pão e água. Verba só para aliados. Aliás, já seguia essa prática nos quatro anos (1983-1986) em que foi secretário de Planejamento da gestão tucana de Franco Montoro.

Reconheço que "de loteamento" ele entende. Em São Paulo temos o exemplo recente da premiação por ele de cargos para os próximos do ex-governador Orestes Quércia (PMDB), candidato a senador na coligação PMDB-DEM-PPS-PMDB. Quércia e cia foram premiados com vários "lotes" na máquina do Estado assim que Serra deixou o Palácio, num acerto em que o novo governador tucano, Alberto Goldman fez as nomeações para disfarçar e Serra continuar com esse discurso hipócrita de campanha.

Quércia ganhou, também, vários cargos na prefeitura da capital paulista em troca do apoio que deu na reeleição ao parceiro de Serra, o prefeito Gilberto Kassab (DEM-PSDB), de quem indicou a vice, Alda Marco Antônio (PMDB). Todas indicações políticas.

Como acabar com nomeações, se ele não acabou em São Paulo? Pelo contrário, foi a prática que mais adotou em 1 ano e quatro meses como prefeito da Capital e 3,5 anos como governador. Ele e todos os governos tucanos pelo país. Lotam as máquinas públicas de milhares de tucanos e aliados. É só ler o Diário Oficial dos município e Estados que governam e conferir, com nome e cargo, os apaniguados com os quais abarrotam a máquina pública por onde passam. Serra à frente.

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