quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A imprensa descobre o livro

Por Luciano Martins Costa

Demorou, mas finalmente a chamada grande imprensa – ou pelo menos os jornais paulistas O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo – admitem em seu noticiário a existência do livro A privataria tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

Nas edições de quarta-feira (28/12), os dois diários reproduzem uma nota distribuída pela filha do ex-governador José Serra, Verônica, na qual ela se defende das acusações contidas no livro. Coincidentemente, a revista Veja, que até o começo da semana ignorava a existência da obra, acaba de descobrir que o livro de Ribeiro Jr. é um best-seller e o inclui em sua lista dos mais vendidos. Mas faz uma média esquisita e, em vez de situá-lo em segundo lugar, conforme indicado pelas livrarias Cultura, Saraiva e Publifolha, decide que é o sexto mais vendido.

Já que a filha do ex-governador se manifestou, pode-se esperar que, antes de acabar o ano, os jornais ainda venham a tomar a iniciativa de publicar uma resenha do livro ou entrevistar o autor.

Sem notícia

Verônica Serra é apenas uma das pessoas citadas por Amaury Ribeiro Jr., entre parentes e amigos de José Serra, como acusadas de manter negócios em paraísos fiscais, para movimentar dinheiro das privatizações. Ela nega ter sido sócia de outra Verônica, irmã do banqueiro Daniel Dantas.

Ela afirma que apenas participou, com Verônica Dantas, do conselho da empresa Dedidir, que fazia checagem de crédito, verificação de identidade e processamento de assinaturas eletrônicas. Cada uma delas representava um investidor diferente. Argumentando que “participar de um mesmo Conselho de Administração, representando terceiros, não caracteriza sociedade”, Verônica Serra afirma que nem chegou a conhecer a irmã e sócia de Dantas.

A filha do ex-governador diz também que é mentira a afirmação, contida no livro, de que foi indiciada pela Polícia Federal por quebra de sigilo financeiro. No texto que complementa sua nota, a Folha informa que, em 2001, a Decidir, de cujo conselho Verônica Serra participava, foi alvo de inquérito da Polícia Federal por suposta quebra de sigilo de dados de milhares de correntistas no Brasil. O processo contra a empresa corre na Justiça desde 2003 e não há notícias na imprensa sobre essa acusação.

Se ela foi ou não indiciada, é fácil verificar: basta acessar o site da Justiça Federal em São Paulo e digitar i número 0000370-36.2003.4.03.6181. O nome de Verônica Allende Serra está lá.

Agora é notícia

A declaração da filha do ex-governador e ex-ministro – que foi publicada originalmente no blog de Eduardo Graeff, ex-secretário geral da Presidência durante o governo Fernando Henrique Cardoso (ver aqui) – é a primeira informação relacionada ao livro de Ribeiro Jr. publicada pelos jornais de circulação nacional. Antes disso, apenas referências em alguns artigos e frases esparsas.

O silêncio em torno do livro – que se tornou um fenômeno de vendas assim que foi lançado, há duas semanas – era motivo de constrangimento para a imprensa, diante da grande repercussão de suas denúncias através da TV Record e das redessociais na internet.

Afora um ou outro artigo, quase todos condenando liminarmente a obra, mesmo sem ter havido tempo para a leitura de suas mais de 300 páginas, os jornais se negavam a reconhecer sua mera existência.

Se os jornais entendiam que a reportagem de Amaury Ribeiro Jr. não tem fundamento, deveriam ter entrevistado Verônica Serra e dado espaço para sua defesa. Com a omissão, apenas estimularam a torrente de comentários na internet, que agravou ainda mais o efeito das denúncias.

O fato de ela ter preferido o blog de Eduardo Graeff dá um caráter partidário à sua nota e causa certo estranhamento – por que publicar no blog de um amigo e correligionário e não na imprensa tradicional?

Na introdução ao texto de Verônica Serra, Graeff se refere ao livro como “o mais recente dossiê fabricado contra o PSDB”, indicando claramente a intenção dos gestores de crise encarregados de lidar com o caso de manter a questão no ambiente político-partidário.

Personalizando a questão na simpática figura de Verônica Allende Serra e estendendo a polêmica ao âmbito partidário, quem sabe a imprensa esqueça de investigar as acusações contidas no livro a outros personagens ligados ao ex-governador.

Nem o dono do blog nem Verônica se referem ao fato – admitido por Ribeiro Jr. – de que a investigação contra parentes e amigos de José Serra foi iniciada como reação do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, também do PSDB, no contexto da disputa entre os dois políticos pela candidatura a presidente da República.

Em sua declaração, Verônica Serra rebate algumas das acusações contidas em A privataria tucana e promete recorrer à Justiça. Segundo a Folha de S.Paulo, ela vai processar não apenas o autor do livro, mas também os veículos de comunicação que têm reproduzido partes de seu conteúdo.

Se isso for verdade, finalmente teremos o assunto nas páginas dos jornais.

Observatório da Imprensa

Nível do mar sobe cada vez mais rápido no litoral norte de São Paulo ameaçando cidades costeiras

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Sobe cada vez mais rápido o nível do mar no litoral norte de São Paulo, aponta pesquisa coordenada pelo professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), Paolo Alfredini. Com base nos registros feitos de 1944 a 2007 pela Companhia Docas do Estado de São Paulo, em Santos, Alfredini constatou uma elevação do mar de 74 centímetros por século. Também foi analisada a documentação de outras instituições em Ubatuba, São Sebastião e Caraguatatuba .

Nas últimas décadas, no entanto, o avanço das águas marítimas foi mais rápido. “Nos últimos 20 anos, analisando esses dados, a gente nota que tem havido uma aceleração. Isso aparentemente está ligado ao fato que as temperaturas têm aumentado mais nesse período”, ressaltou o professor. Com isso, a estimativa de Alfredini é que neste século o nível do mar suba cerca de 1 metro.

Um aumento desse nível significa, segundo Alfredini, a perda de 100 metros de praia em áreas com declividades suaves. Essa aproximação das águas pode colocar em risco construções à beira-mar. “A quebra da onda vai ficar muito mais próxima das avenidas, onde existem ocupações urbanas. Vai começar a solapar e erodir muros”, disse. “Tubulações que passem perto da praia, como emissários de esgoto, interceptores de águas pluviais, podem vir a ser descalçados e eventualmente até romper”, completou.

Outro fator que ameaça as construções costeiras, verificado no estudo, é o aumento da altura das ondas nas ressacas e tempestades marítimas, além do aumento da frequência desses fenômenos. “Havendo um recrudescimento das ondas, isso também vai provocar mais erosões [nas praias]”, alertou o pesquisador.

A elevação do nível do mar poderá ainda, segundo Alfredini, causar problemas para o abastecimento de água em algumas cidades. Segundo ele, esse processo tende a causar um aumento no volume de água que se infiltra nos rios. “ Portanto, as tomadas de água para abastecimento público e industrial poderão começar a receber água com maior teor de salinidade. E isso pode começar a complicar ou inviabilizar o tratamento da água”.

Para amenizar esses problemas, o pesquisador aponta a necessidade de preparação das cidades afetadas, com a construção, por exemplo, de obras de defesa costeira. “Tem que ter nesses governos municipais, principalmente, que estão em áreas de extremo risco, consciência de que isso é uma realidade”.

Agência Brasil

Índice que reajusta aluguel tem deflação de 0,12% em dezembro, mas acumula alta de 5,1% no ano

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), utilizado como base de cálculo no reajuste de aluguéis, apresentou com deflação de 0,12% em dezembro, ante uma alta de 0,5% em novembro. O levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, no acumulado do ano, a taxa subiu 5,1%.

O resultado de dezembro foi influenciado por um dos três componentes da taxa, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que apresentou variação de -0,48%, com destaque para as matérias-primas brutas, que tiveram queda de 1,98%. Entre os itens em baixa estão o minério de ferro (de 1,83% para -6,96%) e o milho em grão (de -0,42% para -7,04%). Os preços dos bovinos subiram com menos intensidade (de 3,72% para 1,35%). Em sentido oposto, houve alta do café em grão (de -0,11% para 2,83%), dos suínos (de 1,94% para 6,51%) e do arroz em casca (de 2,18% para 4,74%).

Nos demais componentes do IGP-M ocorreram aumentos: o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) atingiu 0,71% ante 0,43%, em novembro, e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) passou de 0,50% para 0,35%. Enquanto os materiais e equipamentos subiram em média 0,18% ante 0,26%, a taxa relativa à mão de obra passou de 0,73% para 0,47%. No acumulado do ano, a mão de obra lidera os aumentos, com elevação de 10,72%.

Agência Brasil

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Biondi: O papel fundamental da mídia no pré-privataria

por Luiz Carlos Azenha

Para entender os crimes já desvendados cometidos durante a privatização no Brasil — sem contar os que ainda serão desvendados, durante a CPI das Propinas da Privataria Tucana, ou CPI das PPT — é importante ler o combo.

O combo:

O livro seminal de Aloysio Biondi já é difundido em PDF, pela Fundação Perseu Abramo. Tem o volume dois, aqui.

Vamos reproduzir a íntegra, para permitir comentários dos internautas.

Na segunda parte, Biondi cita pela primeira vez, sem entrar em detalhes, o papel fundamental que a mídia desempenhou em “preparar” a opinião pública para a privataria.

A PRIMEIRA PARTE ESTÁ AQUI

SEGUNDA PARTE

Na surdina, governo garantiu tarifas altas

Houve uma intensa campanha contra as estatais nos meios de comunicação, verdadeira “lavagem cerebral” da população para facilitar as privatizações. Entre os principais argumentos, apareceu sempre a promessa de que elas trariam preços mais baixos para o consumidor, “graças à maior eficiência das empresas privadas”.

A promessa era pura enganação. No caso dos serviços telefônicos e de energia elétrica, o projeto de governo sempre foi fazer exatamente o contrário, por baixo do pano, ou na surdina.

Como assim? Antes de mais nada, é preciso relembrar um detalhe importante: antes das privatizações, o governo já havia começado a aumentar as tarifas alucinadamente, para assim garantir imensos lucros no futuro aos “compradores” – e sem que eles tivessem de enfrentar o risco de protestos e indignação do consumidor. Para as telefônicas, reajustes de até 500% a partir de novembro de 1995 e, para as fornecedoras de energia elétrica, aumentos de 150% – ou ainda maiores para as famílias de trabalhadores que ganham menos, vítimas de mudanças na política de cobrança de tarifas menores (por quilowatt gasto) nas contas de consumo mais baixo. Tudo isso aconteceu como “preparativo” para as privatizações, antes dos leilões.

Mas o importante, que sempre foi escondido da população, é que, em lugar de assinar contratos que obrigassem a Light e outros “compradores” a reduzir gradualmente as tarifas – como foi obrigatório em outros países –, o governo garantiu que eles teriam direito, no mínimo, a aumentar as tarifas todos os anos, de acordo com a inflação. Isto é, o governo fez exatamente o contrário do que jornais, revistas e TVs diziam ao povo brasileiro, que acreditou em suas mentiras o tempo todo.

Além dessa garantia de reajustes anuais de acordo com a inflação, os “compradores” das empresas de energia podem também aumentar preços se houver algum “imprevisto” – como é o caso da maxidesvalorização do real ocorrida no começo de 1999…

E os preços cobrados pelas “compradoras” das telefônicas? Para elas, apesar dos mega-aumentos ocorridos antes da privatização, a obrigatoriedade de reduzir as tarifas dos serviços locais – os mais usados pela população, sobretudo pelo “povão” – somente começa a partir do ano… 2001. Ou seja, o governo, na surdina, combinou que as tarifas não deveriam cair em 1998, 1999 e 2000. E tem mais: para esses mesmos serviços locais, a queda máxima “combinada” é de 4,9% no total.

Quando? Até 2005. Sete anos depois da privatização, o consumidor só terá 4,9% de redução acumulada.

Bem ao contrário do que o governo e os meios de comunicação afirmaram.

PS do Viomundo: A Geração Editorial informa o placar do Privataria Tucana: 130 mil livros impressos!

Leia também:

Emediato: Que venham os processos!

Maria Inês Nassif: Vem aí o ano da Privataria

Veronica Serra: explicações que não explicam

Criada 20 dias antes por um escritório de advocacia, a Decidir.Com foi assumida por Veronica Serra: "Era uma empresa real, com funcionários, faturamento, clientes e potencial de expansão." E deu zero de lucro?

A filha do senhor José Serra divulgou, 20 dias depois do lançamento de “A Privataria Tucana”, uma nota onde, mesmo não anunciando que vá processar Amaury Ribeiro Jr, diz-se vítima de “insinuações e acusações totalmente falsas” e apresenta uma série de uma “explicações”.

Vários blogs já apontaram que não é verdadeira a afirmação de Verônica Serra ao dizer que “nunca fui ré em processo nem indiciada pela Polícia Federal; fui, isto sim, vítima dos crimes de pessoas hoje indiciadas”, porque está, sim, indiciada pelo caso da quebra de sigilo bancário praticada pela sua empresa Decidir.com, da qual era vice-presidente. Nesta ação, são réus o jornalista da Folha que publicou os dados e James Rubio Jr. , presidente da Decidir.com. O processo (0000370-36.2003.4.03.6181) está em curso na 3ª Vara Criminal Federal.

D. Verônica, claro, como toda pessoa, conta a seu favor com a presunção da inocência.

Mas comparemos o que ela diz aos fatos. Primeiro, a dama:

2. No período entre setembro de 1998 e março de 2001, trabalhei em um fundo chamado IRR (International Real Returns) e atuava como sua representante no Brasil. Minha atuação no IRR restringia-se à de representante do Fundo em seus investimentos. Em nenhum momento fui sua sócia ou acionista. Há provas.

3. Esse fundo, de forma absolutamente regular e dentro de seu escopo de atuação, realizou um investimento na empresa de tecnologia Decidir. Como consequência desse investimento, o IRR passou a deter uma participação minoritária na empresa.

4. A Decidir era uma empresa “ponto.com”, provedora de três serviços: (I) checagem de crédito; (II) verificação de identidade e (III) processamento de assinaturas eletrônicas. A empresa foi fundada na Argentina, tinha sede em Buenos Aires, onde, aliás, se encontrava sua área de desenvolvimento e tecnologia. No fim da década de 90, passou a operar no Brasil, no Chile e no México, criando também uma subsidiária em Miami, com a intenção de operar no mercado norte-americano.

5. Era uma empresa real, com funcionários, faturamento, clientes e potencial de expansão. Ao contrário do que afirmam detratores levianos, sem provar nada, a Decidir não era uma empresa de fachada para operar negócios escusos. Todas e quaisquer transações relacionadas aos aportes de investimento eram registradas nos órgãos competentes.

Bem, por partes:

Primeiro, a International Real Returns não era uma empresa registrada no Brasil. Embora tenha sido apresentada, em 2001, na reportagem sobre seu casamento publicada pela Istoé como “sócia-presidente dos investimentos latino-americanos da International Real Returns (IRR), empresa de administração de ativos com US$ 600 milhões de capital europeu” a empresa não aparece como cotista de nenhuma outra nos arquivos da Junta Comercial de São Paulo.

A Decidir.Com brasileira não existia. Foi criada um mês antes da chegada de Verônica Serra pelo advogado José Camargo Óbice, em seu escritório da Rua da Consolação e com capital de apenas R$100 e o nome de Belleville Participações S/A. Vinte dias depois é que virou Decidir Brasil S/A e, em mais 40 dias, elevou seu capital para R$ 5 milhões, ou R$ 13 milhões, hoje, com a correção do IGP-M.

“Era uma empresa real, com funcionários, faturamento, clientes e potencial de expansão”, afirma D. Verônica. Deve ser mesmo, porque logo depois de sua saída, em março do ano seguinte, dobrou o seu capital social, embora o lucro no ano anterior, 2000, tenha sido zero, conforme está registrado no Diário Oficial, na ata da assembleia realizada em julho que aprovaa não distribuição de dividendos obrigatórios aos acionistas referentes ao exercício social encerrado em 31/12/2000, tendo-se em vista a inexistência de lucros apurados no período, conforme as demonstrações financeiras da Sociedade”.

A CPI vai ajudar D. Veronica a mostrar como tudo é um negócio simples, claro, onde o dinheiro não aparece do nada e desaparece para o nada.

Tijolaço - Dep. Brizola Neto

Ibope: intenção e rejeição de voto em São Paulo


Por raquel_

Do Valor Econômico

Netinho, Paulinho e Serra têm as maiores rejeições em SP

Na disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 2012, o vereador Netinho de Paula (PCdoB), o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT), e o ex-governador José Serra (PSDB) são os pré-candidatos mais rejeitados pelos eleitores, segundo o Ibope. De acordo com o instituto, 48% não votariam em Netinho. Paulinho, presidente da Força Sindical, é rejeitado por 44% e Serra, por 39%.

No outro extremo, os pré-candidatos com menor rejeição são o secretário estadual Bruno Covas, um dos cotados do PSDB, com 20%, e o ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), com 23%.

Serra, apesar da alta rejeição, lidera a pesquisa de intenção de voto, seguido por Netinho.

p>Em um dos cenários, o tucano aparece com 20% das intenções de voto e Netinho, com 14%. Paulinho tem 8%; Soninha (PPS), 6%; o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB), 5%; Haddad, 4% e o vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD), 3%. Em outro cenário apresentado pelo Ibope, com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), no lugar de Chalita, Serra tem 18% e Netinho, 15%.

Nos outros quatro cenários, sem Serra, Netinho lidera.

Em uma das simulações, o tucano Bruno Covas tem 6% das intenções de voto, o mesmo percentual de Chalita. Nessa simulação Haddad aparece com 5%. Em outra, com o secretário estadual José Aníbal (PSDB), o tucano tem 2%, e o petista mantém os 5%.

O Ibope ouviu 1330 eleitores entre 03 e 06 de dezembro. A pesquisa foi encomendada pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação e divulgada na segunda-feira.

O PRB do pré-candidato Celso Russomanno contestou a pesquisa, por não aparecer em nenhuma das simulações. Em nota, o presidente nacional do partido, Marcos Pereira, citou a pesquisa do Datafolha, com cinco cenários, na qual Russomano lidera em quatro simulações e empata tecnicamente com Serra no quinto cenário. A pesquisa do Datafolha foi feita entre 07 e 09 deste mês, depois das entrevistas do Ibope. "Embora não tenhamos detalhes de como a 'pesquisa' foi encomendada e consequentemente realizada, ignorar o nome de Russomanno nos causa estranheza', disse Pereira na nota.

Procurado pela reportagem, o Grupo Bandeirantes afirmou que os pré-candidatos foram definidos pelo Ibope. O instituto, por sua vez, comentou, via assessoria, que não é obrigado a colocar todos os pré-candidatos, já que as candidaturas ainda não foram formalizadas.

Blog do Luis Nassif

Rio deve receber cerca de 3 milhões de turistas que gastarão US$ 2 bilhões


Isabela Vieira Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - As festas de fim de ano devem atrair cerca de 3 milhões de turistas à capital fluminense. Nas estimativas do governo do estado, são esperados 2,2 milhões brasileiros e 750 mil estrangeiros, que injetarão cerca de US$ 2,2 bilhões na economia.

Se a expectativa se confirmar, o número de visitantes nesta temporada de verão, entre dezembro de 2011 e março de 2012, ultrapassará o da anterior, quando 2,6 milhões de pessoas passaram pela cidade, deixando US$ 1,9 bilhão, segundo a Secretaria Estadual de Turismo.

Boa parte dos visitantes desembarca de navios. Para a próxima sexta-feira (30) e sábado (31) chegam 25 mil pessoas no Terminal Internacional de Cruzeiros Píer Mauá, no centro. Na última semana, cerca de 70 mil visitantes passaram pelo terminal em 23 navios.

De acordo com o gerente de operações do Píer Mauá, Alexandres Gomes, o marco da temporada é o aumento de fluxo de turistas de países do Cone Sul, como a Argentina e o Uruguai, além da prorrogação da estada dos navios, que estenderam para dois dias a permanência na capital fluminense.

"Os navios que antes levavam brasileiros para a América do Sul hoje trazem passageiros", revela Gomes. Paralelamente, "o Rio se consolida como um porto de escala preferencial no Brasil: os cruzeiros que antes ficavam 24 horas agora permanecem 48 horas", acrescentou.

A Associação Brasileira dos Operadores de Turismo Receptivo Internacional (Bito) estima que cada turista movimente cerca de US$ 300 por dia na cidade. O valor representará um reforço de US$ 7,5 milhões na economia do estado fluminense somente em dezembro deste ano.

Além do tradicional réveillon da Praia de Copacabana, na zona sul, de acordo com a Secretaria de Turismo, a Região Serrana do estado também apresenta dados positivos de ocupação da rede hoteleira, um ano depois da enxurrada que deixou centenas de mortos.

Fundada por Dom Pedro II, Petrópolis está com 80% da rede ocupada e receberá 275 mil turistas, gerando R$ 32 milhões. Em Nova Friburgo, a ocupação é de 60% e em Teresópolis, de 45%.

Agência Brasil

Especialistas dizem que pacificação deve chegar a todo o Rio e não apenas a comunidades próximas a áreas nobres

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Durante este ano, cinco Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) foram instaladas na capital fluminense, todas na região da Grande Tijuca e no Centro da cidade: Mangueira, Morro do São João, São Carlos, Prazeres e Coroa/Fogueteiro. A proposta, que visa a expulsar quadrilhas armadas de algumas favelas do estado do Rio por meio do controle do território por uma polícia de conceito comunitário, é uma das principais políticas de segurança do governo fluminense.

A implantação dessas cinco novas UPPs, que se somaram às 13 já existentes, consolidou o chamado “cinturão de segurança” da zona sul, do Centro e da região da Grande Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro.

Entre as 18 UPPs já instaladas, 16 ficam nessas três regiões, consideradas mais nobres e menos violentas do estado do Rio de Janeiro, e uma fica na Cidade de Deus, próxima a outro bairro nobre, a Barra da Tijuca, e ao lado do futuro centro dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.

Apenas a favela do Batam, na zona oeste da cidade, fica em uma área considerada mais violenta, a região de Bangu. Os complexos da Penha e do Alemão, também localizados em uma área mais violenta da cidade, foram ocupados pelo Exército em novembro do ano passado, mas só devem ganhar UPPs a partir de maio do ano que vem.

“Existe um projeto de UPPs muito localizado na zona sul da cidade e nos corredores que vão ser utilizados na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016. A gente percebe uma certa ação da Secretaria de Segurança Pública, que é de atuar nessas áreas, em detrimento de outras áreas que necessitam também. Tem uma prioridade em uma área da cidade, enquanto outras são esquecidas”, afirma o pesquisador Rafael Dias, da organização não governamental Justiça Global.

A Rocinha e o Vidigal, últimas grandes favelas da zona sul da cidade que ainda eram controladas por quadrilhas armadas, foram ocupadas em novembro deste ano. Ainda não há previsão de quando essas favelas receberão UPPs.

Com essas novas ocupações, o número de comunidades controladas pelas forças do Estado chega a cerca de 80. No entanto, mais de mil favelas controladas por criminosos no Rio de Janeiro ainda não foram ocupadas por UPPs. O projeto ainda não beneficiou, por exemplo, comunidades de outros municípios do Grande Rio ou do interior fluminense.

Em algumas áreas do subúrbio da cidade, como as comunidades de Vila Kennedy e de Senador Camará, moradores têm vivido há meses sob confrontos armados rotineiros, uma vez que facções criminosas rivais estão se enfrentando pelo controle dos pontos de vendas de drogas. A ação da polícia nessas comunidades “não pacificadas” continua se restringido a apreensões de drogas e armas e a prisões de alguns suspeitos. E, em geral, resultam em tiroteios.

“A política de segurança no Rio de Janeiro é dupla. Por um lado temos as UPPs, que têm objetivos claros e bem sucedidos localmente. Por outro lado, tem a velha política de segurança, que está lutando para se transformar, mas que ainda persiste, com confrontos armados e autos de resistência. O desafio do Rio de Janeiro é fazer com que essa pacificação não seja apenas uma política aplicada em poucas UPPs, mas um princípio que inspire o conjunto da política de segurança”, diz o sociólogo Ignácio Cano, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

O ano de 2011 também foi marcado pelo acirramento das ações violentas nas comunidades pacificadas do Rio de Janeiro.Em várias favelas, tiroteios e assassinatos foram registrados depois da pacificação.

Em novembro, por exemplo, houve relatos de tiros de fuzil na comunidade do Fallet, ocupada em fevereiro deste ano. No Morro da Coroa, em junho, policiais ficaram feridos depois da explosão de uma granada atirada por criminosos.

Dias depois, no Andaraí, ocupado em julho de 2010 pela polícia pacificadora, dois mototaxistas foram assassinados por criminosos da quadrilha que controla a venda de drogas na favela, supostamente por se recusarem a pagar uma taxa imposta pelo tráfico. No Morro dos Macacos, em setembro, bandidos atacaram a sede da UPP, instalada em novembro de 2010.

Apesar das críticas e das ocorrências, a política de UPPs tem recebido grande apoio da população e da imprensa, e atraído a atenção de governos de outros estados e até de outros países. Segundo o governo fluminense, o sucesso do projeto, que é considerado um dos eixos principais de sua política de segurança, pode ser medido pela redução dos principais índices de criminalidade no estado, como homicídios, autos de resistência e roubos de rua em geral.

De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão de pesquisa em criminalidade do governo do estado, os homicídios caíram 10% nos sete primeiros meses deste ano no Rio de Janeiro, em relação ao mesmo período do ano passado. Neste período, de acordo com os dados oficiais, os roubos de transeunte tiveram queda de 13%.

Segundo a Secretaria de Segurança, o projeto das UPPs conta com um planejamento plurianual, que prevê a instalação de mais 22 unidades até 2014. Entretanto, a secretaria não respondeu às críticas referentes aos locais em que as UPPs são instaladas nem informou onde serão implantadas as próximas.

Por meio de nota, a secretaria informou que as UPPs não têm como objetivo “o fim da violência”. As unidades “são a primeira fase do processo de pacificação que tem como objetivo básico a retomada do controle territorial de áreas que estavam nas mãos de traficantes ou de milicianos. É importante destacar que desde o início do processo de instalação das UPPs os índices de violência nessas regiões e no entorno das comunidades apresentam decréscimos consideráveis”, diz a nota.

Agência Brasil

Fazenda estuda mudanças no regime de tributação para importação de têxteis

Da Agência Brasil

Brasília - O Brasil vai mudar o o regime de tributação para a importação de produtos têxteis. De acordo com anúncio feito hoje (27) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em vez da cobrança que incide sobre um percentual no valor do produto trazido do exterior, o país adotará o sistema com um valor absoluto a ser pago sobre a mercadoria adquirida fora do país.

A medida visa a dificultar o subfaturamento dos importados e combater a concorrência desleal enfrentada pela indústria têxtil. “Esta é uma arma forte que teremos para enfrentar a concorrência, que é cada vez maior neste setor”, disse Mantega, em São Paulo, durante a entrega da medalha de honra ao mérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

O ministro disse ainda que em até três meses deve ser apresentado um novo procedimento de salvaguarda provisória. “Queremos fazer isso dentro das regras internacionais, sem violação”, disse, segundo nota divulgado pelo ministério.

Ao falar mais uma vez sobre o fortalecimento da economia do país, Mantega declarou que até 2015 o Brasil deve se tornar a quinta maior economia mundial, ultrapassando a França. O ministro ponderou, no entanto, que o mais importante é o país estar entre as dez maiores e mais dinâmicas economias do planeta e que essa posição permaneça nas próximas décadas.

Agência Brasil

Cristina Kirchner se afastará da Presidência por 20 dias para se tratar de um câncer na tireoide

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Com um tumor maligno na tireoide, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, de 58 anos, ficará afastada das funções públicas da próxima semana até o dia 24 de janeiro. A presidenta argentina foi reeleita há dois meses para o segundo mandato. O vice-presidente argentino, Amado Boudou, assumirá a pre.

No próximo dia 4, Cristina Kirchner será submetida a uma cirurgia para a retirada do tumor, localizado no lobo direito da glândula tireoide, no Hospital Austral, em Buenos Aires, capital argentina.

O secretário de Comunicação Pública da Presidência da República da Argentina, Alfredo Scoccimarro, disse que os exames preliminares feitos ontem (27) pela presidenta mostram que não há metástase (contaminação de outros órgãos) pelo câncer nem comprometimento nos vasos linfáticos.

De acordo com Scoccimarro, Cristina Kirchner ficará em convalescença, após a cirurgia da semana que vem, por 72 horas. Mas, por ordens médicas, ela se afastará das atividades públicas por pelo menos 20 dias. A cirurgia vai ser feita pelo médico Peter Sack e por sua equipe.

Sack é chefe do Departamento de Cirurgia do Hospital Austral e responsável pelo Departamento de Cabeça e Pescoço do Instituto de Oncologia Doutor Roffo Anjo. Localizada no pescoço, a glândula da tireoide é a responsável pela produção de hormônios que regulam a taxa do metabolismo. O hipertireoidismo (tireoide muito ativa) e hipotireoidismo (tireoide pouco ativa) são os problemas mais comuns nesta glândula.

O câncer detectado na presidenta argentina é o quinto caso envolvendo chefes de Estado da América Latina. No Brasil, a presidenta Dilma Rousseff se curou de um linfoma, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz tratamento contra um tumor na laringe.

Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez faz quimioterapia contra um câncer que começou com um tumor na região pélvica. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, fez sessões de quimioterapia em São Paulo e também em Assunção para tratar de um linfoma.


*Com informações das agências públicas da Argentina, Telam, do México, Notimex, e da BBC Brasil

Agência Brasil

Jader Barbalho assume vaga no Senado hoje

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Segundo colocado nas eleições para o Senado no Pará, Jader Barbalho (PMDB) assume o mandato hoje (28), onze meses depois de instalada a nova legislatura e dez anos depois de ter renunciado ao cargo de senador. Por conta do recesso parlamentar, a posse será feita em reunião da Mesa Diretora da Casa.

Barbalho obteve 1,8 milhão de votos nas eleições do ano passado. No entanto, teve seu registro negado pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa e não pôde tomar posse por ter renunciado ao cargo de senador em 2001 para escapar de possível processo de cassação.

O político recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a validade da nova lei. Na época, houve empate na votação. Cinco ministros votaram contra e cinco votaram a favor. Desde então, Jader Barbalho recorreu sucessivamente à Justiça para ter direito a assumir o mandato. O caso só foi resolvido em março, já com a presença de Luiz Fux na décima primeira cadeira da Corte.

O STF entendeu que a Ficha Limpa não poderia valer para as eleições de 2010, uma vez que a norma deveria esperar um ano para produzir efeitos por alterar o processo eleitoral.

Nesses onze meses em que ficou impedido de assumir o mandato, a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) ocupou sua vaga. Ela ficou em quarto lugar nas eleições. Isso só foi possível porque, além de Barbalho, o terceiro colocado nas eleições, Paulo Rocha (PT), também teve o registro negado por causa da Lei da Ficha Limpa. Com a anulação dos efeitos da lei para 2010, os dois se tornaram novamente elegíveis.

Marinor Brito chegou a recorrer ao STF, alegando que a posse de Barbalho não poderia ser feita durante o recesso parlamentar. Entretanto, o ministro Carlos Ayres Britto, negou a liminar alegando que o regimento interno do Senado prevê posse de senadores durante o recesso.

A posse de Jader Barbalho está marcada para as 15h.

Agência Brasil

Setor público atinge em 11 meses 99% da meta de superávit primário prevista para o ano

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O superávit primário do setor público consolidado atingiu R$ 8,2 bilhões em novembro, informou hoje (28) o Banco Central (BC). Nos 11 meses do ano, o valor chegou a R$ 126,8 bilhões, o que representa 99% da meta de superávit primário do setor público para 2011, que é R$ 127,9 bilhões.

O superávit primário é o resultado do somatório das receitas do governo federal, dos estados e dos municípios menos as despesas, excluindo os juros da dívida do setor público. Entre janeiro e novembro de 2010, o superávit atingiu R$ 90,8 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em novembro, chegou a R$ 137,6 bilhões, equivalente a 3,34% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB).

Mas o esforço fiscal do setor público não foi suficiente para cobrir os gastos com os juros nominais (juros reais mais a atualização monetária) que incidem sobre a dívida. Esses juros chegaram a R$ 18,4 bilhões, em novembro, e a R$ 216,1 bilhões, nos 11 meses do ano. Com isso, o déficit nominal, que são receitas menos despesas, incluídos os gastos com juros, ficou em R$ 10,2 bilhões no mês passado, e em R$ 89,3 bilhões, de janeiro a novembro.

Em novembro, o Governo Central (Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência) registrou superávit primário de R$ 4,8 bilhões. Os governos regionais (estaduais e municipais) contribuíram com R$ 2,6 bilhões. As empresas estatais, excluídos os grupos Petrobras e Eletrobras, registraram superávit primário de R$ 773 milhões.

Agência Brasil

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Transparência e mau-olhado - Nirlando Beirão


Enquanto Lula enfrenta o câncer publicamente, cientistas políticos de fachada ruminam um mal disfarçado gozo doentio. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

A se tomar cultura no sentido amplo que lhe dão os antropólogos – o conjunto de representações simbólicas com as quais se identifica determinado grupo – o câncer do Lula é o acontecimento cultural do Brasil em 2011. Nunca antes neste País uma doença teve o condão de revelar tantos significados emblemáticos e tantas patologias sociais.

Subjacente ao drama pessoal do ex-torneiro mecânico tornado presidente da República reavivam-se crendices, mitos, a mesma intolerância, a mesma intransigência que vêm espreitando cada ato da longa trajetória política de Lula, fazendo borbulhar no caldeirão das mentalidades, elas, sim, -doentias, um vingativo contentamento – como se, da mesma forma como ocorre em certos crimes hediondos, a culpa pudesse ser da vítima.

Foi, aliás, nas vizinhanças do Dia das Bruxas que se divulgou a novidade – “uma bomba”, reagiu uma delas, ruminando mal disfarçado gozo, bruxa radiofônica a bordo de sua fachada de “cientista política”. Indiferente mais uma vez aos efeitos da mandinga e do mau-olhado, Lula decidiu agir com transparência: convenceu a equipe médica, naquele mesmo dia 29 de outubro, de que não havia porque sonegar a informação ao País e instruiu o Hospital Sírio-Libanês a divulgar um boletim relatando a verdadeira natureza de sua doença, um tumor maligno na laringe.

Leia mais:

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Doentes de ódio

A partir daí, vive o paciente à mercê de um penoso tratamento e de uma natural incerteza, enquanto divide-se a nação entre o susto, a perplexidade, a compaixão, mas também a raiva, o desprezo, o ressentimento, requentados agora pela reconfortante sensação de que, se o adversário é invulnerável na política, há de ser frágil na vida. Atribui-se ao escritor Otto Lara Resende a frase de que o mineiro só é solidário no câncer. No que diz respeito ao mais admirado líder político do País em todos os tempos, há patrícios seus que paradoxalmente nem nesse caso lhe são simpáticos.

Noticiada a doença, assistiu-se de cara a um denso “Momento Sigmund Freud” por parte daquelas tias de Brasília, muito poderosas, as quais sempre fizeram do ofício de informar o exercício impenitente do vodu contra o tosco metalúrgico arvorado em prócer político. Por um minuto, devem ter saboreado a exultante certeza de que suas novenas fervorosas não foram em vão. Uma delas chegou a aventar, feliz da vida, a ironia de Lula, o tribuno, o orador, o incurável falador, ser atacado exatamente no gogó. Se o ex-presidente é mestre por convencer pela palavra, que ele, então, em castigo dos céus, pague pela língua (a tia deixou nas entrelinhas o arfar de -donzela -injuriada).

Propagou-se a partir daí o tremendo festival de subpsicanálise de auditório, reiterando a crença de que o câncer do Lula, ainda que não seja um recado dos deuses, é uma punição terrena. “Não é surpresa”, balbuciou a comentarista Lúcia Hippolito, da CBN (leia-se das Organizações Globo). “Não é surpresa, tendo em vista o abuso da fala do presidente que jamais teve um exercício de fonoaudiologia, de nada disso, e ‘tava no palanque todo santo dia’, tabagismo, alcoolismo…” Agindo como bedel de colégio interno, a comentarista acrescenta uma interessante avaliação sobre a qualidade da voz de Lula (roufenha), deixando claro que, a depender dela, já teria compulsoriamente cassado aquele desagradável timbre antes mesmo do câncer.

Nem as mais rasteiras manifestações de pensamento mágico por parte dos pigmeus da Botsuana haveria de se comparar, em mediocridade, ao debate nacional sobre Lula e seu mal. Correu por aí, no bojo dos palpites palavrosos, o mito de que o câncer tem causa psicossomática. A ciência moderna repudia isso como uma rematada besteira. Câncer é uma transformação maligna na célula que nada tem a ver com o estado de espírito da vítima. Existe, sim, um fator socioambiental a interferir na dialética saúde-doença, mas daí a estabelecer uma correlação entre a pororoca vernacular do Lula e seu tumor maligno já é ir longe demais no atoleiro pseudocientífico.

Faz lembrar – desculpe a digressão – a teoria que o delirante Wilhelm Reich erigiu em torno de seu antigo mentor, Sigmund Freud, quando o mestre da psicanálise caiu vítima de um câncer na garganta. A tese de Reich era mais ou menos essa: para fazer da psicanálise uma disciplina socialmente aceita, para retirar dela toda aspereza revolucionária, de desafio ao status quo, depurando, por exemplo, o que ela trazia de mais inquietante no quesito sexualidade, Freud teve de negociar, de acochambrar, de engolir muito sapo. Consequência: câncer entalado na goela. Esqueceu-se Reich do detalhe banal de Freud ter fumado, a vida toda, 20 charutos mata-ratos por dia. Inclusive enquanto assistia seus pacientes no divã.

Repetindo: no caso de Lula, tratam-se de meros subterfúgios em torno da mesquinha desforra ao estilo “bem feito!”. Uma variação aggiornata de antiquíssimos rancores contra o operário quando ele se aprumava em terno e gravata e contra o mandatário que, na condução da sexta maior economia do mundo por oito anos, ousou comprar um jato à altura do seu cargo, de sua liderança e do seu País. Torciam, no íntimo, para Lula se esborrachar no solo com o avião decrépito. Ao se evidenciar a má fé, passaram a sugerir que o Boeing seria mero capricho pessoal, como se, ao deixar a Presidência, Lula fosse taxiar o “Aero Lula” na garagem de seu prédio em São Bernardo.

Os eleitos do privilégio jamais se conformaram ao ver o nordestino sans lettres et sans coulotte invadir o cenáculo dos bien nés. Pior: magoou a eles o sucesso internacional da criatura. Coube-lhes, sempre, a reação do deboche. Acionam, agora, de novo, insensíveis a qualquer arroubo de humanidade, a artilharia do escárnio. Pois o impenitente ídolo da senzala cometeu o desatino de buscar, na Casa Grande, os recursos clínicos e tecnológicos para a cura. Internou-se num hospital de excelência: o Sírio-Libanês, de São Paulo. Paga as contas com seu dinheiro – e seu seguro de saúde. Como teria direito qualquer ser humano. Mas tem gente que sequer concede ao Lula o direito de se sentir um ser humano.

O esgoto foi destampado nas redes sociais. Entre os anônimos que festejaram abertamente a enfermidade e outros que chegaram a sugerir que se tratava de uma farsa para induzir à comiseração alheia, trafegou a incessante pergunta: por que é que Lula não optou por se tratar na vala comum do Serviço Único de Saúde, o SUS? Por que é que o otimista porta-voz das recentes conquistas sociais da nação, recorre, quando necessitado de assistência médica, a um serviço privado de saúde?

O rastilho da cobrança se alastrou: por que Lula não entrou na fila, como o zé-povinho? Espalhou-se a reclamação, reiteradamente, do pundit Elio Gaspari à tuiteira Luana Piovani. Os ranzizas light aliviaram: não que Lula não mereça os melhores cuidados, absolutamente não, mas ele deveria dar o exemplo. “Não que ele esteja moralmente obrigado a tanto”, escreveu um fanático do antilulismo. Mas já que ele fala tanto em povo e elite, “não se lhe está desejando mal nenhum, mas se cobrando coerência”.

O webfenômeno Lula-no-SUS comporta preconceito – duplo, triplo, múltiplo – e ignorância. Saúde de qualidade, só para os privilegiados, defendem os falsos arquitetos da simetria social. O Sapo Barbudo que pague o preço de ter se candidatado a mudar a situação e de fazer sonhar os pobres. Não é difícil calcular que 99% das pessoas que queiram remeter Lula para o sistema público de saúde não tenham a menor noção de como ele funciona, não façam a menor questão de entendê-lo e, lá no fundo, estejam olimpicamente se lixando para os pobres diabos que recorrem a ele. Dane-se o SUS.

Vozes de bom senso trataram de fazer o necessário contraponto. O ex-presidente FHC viu nas reações anti-Lula o ranço de elitismo. Na mesma linha alertou, isento de qualquer suspeita de parcialidade, o deputado Marcus Pestana, do PSDB de Minas Gerais. “Sempre me incomodaram visões desinformadas e preconceituosas que faziam uma associação superficial e imediata entre SUS e caos”, escreveu Pestana para o jornal O Tempo. “Recente pesquisa do Ipea mostrou que a avaliação positiva dos que utilizam os serviços do SUS é três vezes superior a daqueles que possuem saúde complementar e, portanto, têm uma visão externa e municiada por narrativas que distorcem a realidade.”

Lula encara hoje a realidade de um mal agudo – se bem que curável. Submeteu-se, sorridente, sob os doces cuidados de dona Marisa, ao sacrifício da barba e dos cabelos. Dá para imaginar o que sentiu ao se desfazer do adereço facial que lhe constituiu a mística. Muito do vigor combativo do Lula do passado se exprimia simbolicamente nos fios revoltos de sua barba. Ao se aproximar do poder, Lula pacificou-os, numa arquitetura que reiterava o candidato à concórdia e à cordialidade, como se fosse um político da República Velha. O que era rebeldia passou a sinalizar sabedoria.

Ao se olhar hoje no espelho, Lula há de estranhar. É difícil reencontrar-se com uma criatura que, de repente é você e também não é. Mas a batalha de agora consola o sacrifício.

Carta Capital

Os navios sem porto de Agnelli

O mineraleiro "Berge Everest", mais um navio gigante do Almirante Roger Agnelli: contruído na China, não pode aportar por lá

O “homem de visão” Roger Agnelli perde feio para o ceguinho Aderaldo em matéria de enxergar negócios sustentáveis.

Trocou a possibilidade de fazer navios de porte médio-grande no Brasil de olho gordo na possibilidade de “bombar” a exportação de minério bruto na explosão dos preços antes da crise de 2008.. Naquela hora, as siderúrgicas chinesas devoravam minério e aceitavam carga até em lombo de burro, se fosse o caso.

Pensou que os chineses eram como os governantes brasileiros que venderam a Vale e trabalham na base do “pode entrar que a casa é sua”.

O resultado todos viram. E, anuncia agora a agência Reuters, o Berge Everest, primeiro navio da superfrota agneliana que conseguirá desembarcar na sua carga de minério o fará…. nas Filipinas, de onde será reembarcado em navios menores, como os que tinha a Docenave, que Agnelli detonou entre 2001 e 2003.

Porque o Berge Everest, construído na China, no Bohai Shipbuilding Heavy Industry, só pôde desembarcar dólares, milhões deles, em território chinês. Ferro, não pode.

Passa pela cabeça de alguém que um projeto de construção de quase três dúzias de meganavios possa ter sido tocado sem um estudo adequado das condições de aceitação de um “player” deste porte no mercado de fretes marítimos de minério? E que os navios sejam incorporados nesse ritmo vertiginoso, de tal maneira que os problemas encontram já uma superfrota na água, sem chance de revisão nos planos?

Já nem estamos falando do que poderia ter sido feito aqui, dos acordos para a implantação de estaleiros no Brasil, do aproveitamento, neles, do ferro que a Vale produz e do aço que não produz, porque Agnelli dizia ser mau negócio produzir aço.

Nem estamos falando, portanto, de querer algo do Brasil senão esburacá-lo o mais rápido possível. Mas de um mínimo de capacidade de gestão estratégica, aquela que lhe cantavam em prosa e verso os nossos colunistas.

Como era aquela história, mesmo, do “interesse dos acionistas”?

Tijolaço - Dep. Brizola Neto

Rússia lidera novo bloco econômico, vinte anos após fim da URSS

Vladimir Putin nega que intenção seja recriar URSS, mas classifica nova União Euroasiática como “avanço histórico”

Há exatos vinte anos, a bandeira da União Soviética deixava de ser hasteada no Kremlin, dando lugar à bandeira da Federação Russa. Mikhail Gorbachev renunciou ao cargo em 25 de dezembro de 1991 e a União Soviética deixou formalmente de existir. A nostalgia dos tempos soviéticos ainda está presente em muitas das ex-repúblicas e, politicamente, um primeiro passo para a integração entre os antigos países do bloco soviético foi dado no mês passado.

No dia 18 de novembro, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev e da Belarus, Aleksandr Lukashenko ratificaram um acordo com o objetivo de estreitar os laços entre os antigos parceiros soviéticos, com a assinatura de uma declaração de integração econômica euroasiática cuja meta é a criação de um Espaço Econômico Comum entre os três países. Os líderes signatários deixaram claro que isso não significa um retorno ao passado soviético, mas sim uma maneira de fortalecer os laços históricos entre eles.

EfeCom Putin, Rússia abandonou a postura de ‘mais um país do extinto bloco soviético’ para liderar região

A Comissão Econômica Euroasiática começará a operar no dia 1º de janeiro de 2012 e os tratados assinados entrarão em vigor no mesmo dia. O principal objetivo a curto-prazo é a criação da União Econômica Euroasiática, em 2015, consolidando a economia dos três países e abrindo espaço para a gradual integração de outras nações. O PIB (Produto Interior Bruto) da União Euroasiática, com os três países fundadores, seria de 2 trilhões de dólares, um valor ainda pequeno se comparado aos 16 trilhões de dólares da União Europeia, “mas é somente um primeiro passo”, afirma o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, idealizador da União.

Os três países já possuem uma união aduaneira, mas o novo bloco significa a criação de um comitê executivo comum, composto por um Conselho liderado pelo vice-primeiro-ministro de cada país, e uma Comissão, cujo número de oficiais será proporcional ao número de habitantes de cada membro (84% russos, 10% cazaques e 6% bielorrussos). A Comissão terá a sua sede em Moscou e seguirá o modelo da Comissão Europeia. Os gastos de infraestrutura serão financiados inteiramente pela Rússia.

Liderança regional

Nenhum país terá, oficialmente, um papel de líder, mas os especialistas coincidem que o acordo faz parte da nova política geoestratégica russa. “Com Putin, a Rússia abandonou a postura de ‘mais um país do extinto bloco soviético’ e decidiu assumir a posição de líder regional. Com Medvedev, estamos vendo o resultado prático desta política externa e a União Euroasiática é o primeiro exemplo claro de um novo bloco geoeconômico”, afirma o diretor do Instituto de Estratégia Nacional, Mikhail Remizov.

Segundo Putin, "esta nova união, forte e supranacional, pode se tornar um dos pólos do mundo moderno e desempenhar o papel de uma ponte efetiva entre a Europa e a região Ásia-Pacífico". Quirguistão e Tadjiquistão estão em conversações sobre a adesão.

Após a queda da URSS, houve várias tentativas de manter as conexões entre as ex-repúblicas. O exemplo mais conhecido é a CEI (Comunidade de Estados Independentes), formada em dezembro de 1991. Apesar de servir como plataforma de diálogo entre os chefes de Estado, os críticos dizem que a CEI tem sido incapaz de produzir qualquer sucesso notável na integração. Na resolução de conflitos políticos, por exemplo, a CEI não conseguiu impedir a guerra entre Rússia e Geórgia em 2008, resultando na saída da Geórgia do bloco.

De acordo com o centro de opinião pública russo VTsIOM, o maior do país, a ideia de uma integração entre os países da ex-URSS é apoiada por 67% dos quirguizes e 62% dos bielorrussos, mas recebe pouco apoio no Azerbaijão (24%) e na Lituânia (26%). Entre os russos, 43% apóiam uma integração no modelo da Uniao Soviética. No entanto, de acordo com uma pesquisa do Centro Levada divulgada em novembro, apenas 53% dos entrevistados na Rússia tinham conhecimento da nova União Euroasiática.

O embaixador da Rússia na OTAN, Dmitry Rogozin, afirmou que “esta é uma união de povos, muito mais do que uma união de territórios”.

Vladimir Putin, que já havia descrito o fim da União Soviética como “a maior tragédia geopolítica do século XX”, negou que tenha a intenção de recriar a URSS, mas afirma que a União seria um “avanço histórico” para os ex-Estados soviéticos. “Queremos criar uma união com os melhores valores da União Soviética”, conclui o primeiro-ministro russo.

Exames detectam câncer na tireoide de Cristina Kirchner

Governo descarta metástase e informa que a presidente da Argentina será submetida a uma cirurgia no próximo dia 4 de janeiro e permanecerá em licença médica até o dia 24

BUENOS AIRES - Após a realização de exames de rotina, realizados no último dia 22, médicos detectaram um câncer na glândula tireoide da presidente da Argentina, Cristina Kirchner. O carcinoma papilar na glândula tireoide é localizado e não compromete os gânglios linfáticos, informou o porta-voz da Presidência, Alfredo Scoccimarro. O porta-voz também descartou metástase. A presidente terá de ser submetida a uma cirurgia no próximo dia 4 de janeiro e permanecerá em licença médica até o dia 24 do mesmo mês.

Neste período, a presidência será ocupada pelo vice-presidente, Amado Boudou. Este é o quinto caso de câncer em presidentes da América Latina, a mesma doença já acometeu os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, Fernando Lugo, do Paraguai, e Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do Brasil.

Baixas no governo argentino

Ainda nesta terça-feira, o cônsul adjunto da Argentina na Bolívia, Antonio Deimundo Escobal, foi encontrado morto em Yacuiba, extremo sul boliviano, fronteira com a província argentina de Salta.

A morte foi confirmada pelo Ministério de Relações Exteriores da Argentina. "As autoridades do Estado Plurinacional da Bolívia iniciaram todos os procedimentos legais necessários diante desta lamentável circunstância", disse uma nota do ministério.

De acordo com a chancelaria, as autoridades de ambos os países estão tomando as providências para repatriar o corpo do diplomata, que foi encontrado pela polícia boliviana por volta das 10 horas da manhã, em um dormitório no terceiro andar do edifício onde funciona o consulado.

Versões da imprensa atribuídas à polícia da Bolívia, indicam que a morte por enforcamento teria ocorrido há dois ou três dias. Escobal havia assumido o cargo há uma semana. Yacuíba é um povoado de 80 mil habitantes e possui um intenso trânsito de pessoas e de mercadorias com a Argentina.

Esta é a segunda morte em sete dias no novo governo de Cristina Kirchner, que renovou seu mandato no dia 10 de dezembro. Na semana passada, em Montevidéu, funcionários de um hotel cinco estrelas, onde se hospedava a delegação argentina, encontraram o corpo do subsecretário de Comércio, Iván Heyn, de 34 anos, que participava da reunião de Cúpula do Mercosul.

O corpo do economista foi encontrado nu e enforcado com o próprio cinto, pendurado no armário. Em um primeiro momento, a informação oficial indicava que Heyn teria se suicidado, mas as investigações da polícia uruguaia analisam a hipótese de morte acidental pela prática de asfixia erótica, que consiste em provocar a própria asfixia ou a do parceiro durante a relação sexual como forma de potencializar o orgasmo. As investigações ainda não foram concluídas.

(Com informações da Reuters)

O Estado de São Paulo

Protógenes vai atrás da dívida externa do FHC

"Meu livro é um grito contra a elite tucana de SP" (Foto Geórgia Pinheiro)

Quinhentas pessoas compareceram na noite desta quarta-feira ao relançamento triunfal de “A Privataria Tucana” no Sindicato dos Bancários, em São Paulo.

Foi uma ideia vencedora do Instituto de Mídia Alternativa Barão de Itararé e seu presidente vitalício, Miro Borges.

Os expositores foram o Amaury Ribeiro Junior, delirantemente recebido pela plateia, Protógenes Queiroz, igualmente recebido com entusiasmo, e este ansioso blogueiro.

A moderadora foi Maria Inês Nassif.

Não foram ao evento, apesar de especialmente convidados, com lugar reservado e tudo, a Catanhêde, Elio Gaspari, Judith Brito (que até hoje não foi receber o prêmio O Corvo) e Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da História da Globo.

Amaury contou que só teve a sensação de ter dado um nocaute quando abriu a Veja (isso é um perigo ! Dá cancer de pele !) e a Veja não tinha nada para defender os tucanos.

Depois de apanhar tanto para escrever o livro, foi muito divertido constatar o silêncio cúmplice do detrito de maré baixa.

O meu livro é o grito – disse Amaury – dos que não aguentam mais a hegemonia dessa elite tucana paulista.

Eles se acham deuses porque estudaram Economia na PUC e aprenderam a lavar dinheiro em Harvard.

(A plateia foi ao delírio !)

Eles acham que faziam operações muito sofisticadas – conta o Amaury -, mas ficou demonstrado que eram operações fajutas.

Só são “sofisticadas” porque têm a blindagem do PiG (*).

(A plateia vem abaixo !)

Só vim a conhecer o Protógenes esta noite, aqui, talvez a noite mais emocionante da minha vida, contou ele.

E o Protógenes esteve lá: no Banestado, no BNP Paribas, na dívida externa.

São sempre os mesmos delinquentes.

São sempre os mesmos lavodutos.

Se a CPI for instalada, disse Amaury, vai chegar à midia.

Ela está lá e por isso está com medo.

A ação em que me indiciaram – conta Amaury – não foi para a frente.

Não deu em nada.

(A reportagem do jn do Ali Kamel sobre o Amaury, na eleição de 2010, só ela, disse o Amaury, dá um livro.)

O PSDB tem uma articulação muito forte dentro da Polícia Federal (alô, alô, Zé Cardozo, vai encarar A Privataria ?) e no Ministério Público Federal, disse o Amaury.

(Brindeiro Gurgel, o senhor recebeu os 700 exemplares que o Edu Guimarães lhe mandou, através do Blog da Cidadania ?)

Amaury observou que escreveram quatro livros para espinafrar o Lula e não venderam nada.

Ele, modestamente, em uma semana vendeu 120 mil exemplares.

A CPI da Privataria é o futuro, disse Amaury.

Este ansioso blogueiro pediu ao Amaury para refutar ali a principal crítica dos gatos pingados do PiG que ousaram enfrentá-lo: que o Amaury não prova o vínculo entre a roubalheira dos documentos e a privataria do Cerra e do FHC.

Disse o Amaury:

Por que o Carlos Jereissati paga uma propina ao Ricardo Sergio de Oliveira depois de ganhar a Telemar do Ricardo Sergio de Oliveira ?

Por que o Daniel Dantas manda a irmã financiar a empresa da filha do Cerra em Miami (em Miami !) depois de o Ricardo Sergio e o FHC lhe concederem de mão beijada – sem botar um tusta – a Brasil Telecom ?

Por que o Preciado, quebrado, cunhado e sócio do Cerra, foi salvo no Banespa, ganhou uma concorrência, e pagou propina ao Ricardo Sergio de Oliveira ?

A filha do Cerra está para ser julgada por violação de sigilo.

Ela é ré do processo.

A sócia dela na empresa?

A irmã do Daniel Dantas que o Protógenes Queiroz não deixa de chamar de “banqueiro bandido”.

O Coaf arquivou (???) um processo de investigação de lavagem de dinheiro do Bourgeois, genro do Cerra, por lavagem de dinheiro.

Quer mais ?

Vamos ver na CPI, disse o Amaury.

Porque na CPI de 206 assinaturas (e não dá mais para tirar nome – nem colocar !) Protógenes pretende estabelecer o vínculo entre a Privataria Tucana de Cerra/FHC e a composição da dívida externa brasileira.

É aí que entram as CC5, o Anexo 4, o Banestado, o BNP Paribas e as malfadadas “moedas podres”.

Protógenes contou que, no âmbito da investigação do Banestado – o Dantas está lá, de mãos dadas ao Naji Nahas – foi ao Banco Central pedir os documentos que constavam dos processos de conversão da dívida externa brasileira.

O funcionário do Banco Central disse: não existe mais o departamento que trata disso.

Foi extinto.

E os documentos ?

Meu caro, se o departamento sumiu, o que o senhor acha que aconteceu com os documentos – foi a resposta que ouviu.

Protógenes investigava o Ministro da Fazenda Fernando Henrique e o responsável pela área externa do Banco Central, Armínio Fraga.

(O amigo navegante entende a ligação entre isso e o “chamar o Presidente às falas”, não é ?)

E daí chegamos à privatizacao, observou Protógenes.

No livro, Amaury se vale do Aloysio Biondi (“O Brasil Privatizado”, editora Perseu Abramo) para demonstrar que o Cerra e o FHC PAGARAM para vender o patrimônio nacional.

Entre moedas podres e créditos subsidiados do BNDES, o Brasil pagou para vender a Vale e a Telebrás.

Este ansioso blogueiro limitou-se a lembrar que o livro do Amaury e a CPI do Protógenes tratam da MAIOR ROUBALHEIRA DE TODAS AS PRIVATIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA !

O ansioso blogueiro lembrou que presidente do México que fez a privatização fugiu para a Irlanda e hoje vive escondido num bunker na cidade do México.

O presidente da Bolívia que fez a privatização saiu a correr para o aeroporto ao gritos de “assassino ! ” e fugiu para Miami (Miami !).

O presidente do Peru que fez a privatização está numa cadeia peruana.

O presidente da Argentina que fez a privatização arrumou um mandato de senador para escapar da cadeia.

E aqui …

Para encerrar, o ansioso blogueiro leu o post “Protogenes jogou a bomba do Riocentro no colo do Governo”.

Sobre o livro do Amaury e a blindagem do PiG, a melhor frase da noite foi do Gerson Carneiro: “a não propaganda é a alma do negócio”.

Em tempo:

Clique aqui para ver o vídeo do evento.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim

Sobre a resposta de Verônica Serra

Autor:

leia aqui "Resposta de Verônica Serra ao Privataria Tucana"

reitero o pedido de outro post: usem o botão DENUNCIAR para espanar qualquer baixaria que seja cometida

Em sua "Resposta" Verônica Serra sustenta que deixou a Decidir.com em 2001.

De acordo com o livro de Amaury Ribeiro Jr., Verônica Serra contou apenas parte da história. Seria importante - para esclarecimento final da questão - que apresentasse explicações para os pontos efetivamente centrais do livro e não apenas para o que parece ser a parte mais desimportante da história.

Até 2001 existia, de fato, uma Decidir.com registrada no Departamento de Comércio da Flórida (p. 186). Nesse ano, essa Decidir.com fecha o registro. Essa é a parte que Verônica conta. O que não conta, segundo o que está no livro:

Simultaneamente, foi aberta uma nova Decidir.com, desta vez em Ilhas Virgens, no escritório da Citco (que abriga contas de várias pessoas do esquema Ricardo Sérgio-Serra). Nesse mesmo ano de 2001, Verônica adquire a casa em que José Serra vive desde os tempos em que era Secretário do Planejamento de Montoro.

Em 2006 a Decidir.com das Ilhas Virgens injeta R$ 10 milhões na Decidir do Brasil, uma empresa que tem como sede o escritório de Verônica Serra na rua Renato Paes de Barros. Além do escritório, a própria Verônica aparece como vice-presidente da Decidir brasileira. Depois de receber o dinheiro, já no primeiro ano a empresa registra um prejuízo de R$ 1 milhão.

A chave da questão é a entrada da Equifax - empresa de análise de crédito - no capital da Decidir brasileira.

Esse mesmo esquema, segundo o livro, foi adotado pelo marido de Verônica, Alexandre Burgeois, para trazer R$ 7 milhões do Caribe entre 2000 e 2002 através de transações entre a iConexa das Ilhas Virgens e a iConexa do Brasil – que também funciona no mesmo escritório de Verônica Serra. Burgeois sai de cena depois de alvo de uma ação da Secretaria da Receita Federal por não pagamento de impostos.

Na página 189, o livro mostra que, às vésperas de Serra se candidatar a presidente, Burgeois monta o Fundo de Investimento Orb, com sede em Trancoso e no Rio de Janeiro – a administração é do fundo Mellon Brascan DTVM. Logo em seguida o fundo é transferido para o controle da João Fortes Engenharia – cujo herdeiro Márcio Fortes foi Secretário do governo Serra e um dos levantadores de fundo para sua campanha.


Imagens:
Sobre a resposta de Verônica Serra
Sobre a resposta de Verônica Serra

Em nota, filha de Serra rebate acusações de livro sobre privatizações

Verônica Serra, filha do ex-governador José Serra, divulgou nota em que rebate suspeitas contra ela publicadas no livro "A Privataria Tucana", que relata supostos casos de desvios de recursos durante privatizações ocorridas durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

De acordo com o livro, Verônica Serra foi sócia da empresária Verônica Dantas numa firma de prestação de serviços financeiros na internet, a Decidir. Verônica Dantas é irmã do empresário Daniel Dantas, que controlou a antiga Brasil Telecom até o início de 2005, empresa formada após a privatização da Telebrás.

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"Não fui sócia de Verônica Dantas, apenas integramos o mesmo conselho de administração", diz Verônica Serra.

O livro sustenta que amigos e parentes de Serra mantiveram empresas em paraísos fiscais e as usaram para movimentar milhões de dólares entre 1993 e 2003, mas não oferece nenhuma prova de que esse dinheiro tenha relação com as privatizações.

Algumas informações do livro circularam na campanha eleitoral do ano passado e boa parte do material foi publicada antes por jornais e revistas, entre eles a Folha.

Segundo Verônica, as mesmas acusações são feitas desde 2002, quando seu pai foi candidato à Presidência pela primeira vez. Ela ainda lembra que teve o sigilo fiscal quebrado durante a campanha do ano passado.

"Agora, uma organizada e fartamente financiada rede de difamação dedicou-se a propalar infâmias intensamente através de um livro e pela internet. Para atingir meu pai, buscam atacar a sua família com mentiras e torpezas."

A nota também contém 14 itens em que Verônica faz um resumo da sua vida profissional e detalha como foi sua participação na empresa Decidir.

"Participar de um mesmo conselho de administração, representando terceiros, o que é comum no mundo dos negócios, não caracteriza sociedade. Não fundamos empresa juntas, nem chegamos a nos conhecer, pois o Opportunity destacava um de seus funcionários para acompanhar as reuniões do conselho da Decidir, realizadas sempre em Buenos Aires."

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Nos últimos dias, têm sido publicadas e republicadas, na imprensa escrita e eletrônica, insinuações e acusações totalmente falsas a meu respeito. São notícias plantadas desde 2002 --ano em que meu pai foi candidato a presidente pela primeira vez-- e repetidas em todas as campanhas posteriores, não obstantes os esclarecimentos prestados a cada oportunidade. Basta lembrar que, em 2010, fui vítima de quebra ilegal de sigilo fiscal, tendo seus autores sido indiciados pela Polícia Federal. E, agora, uma organizada e fartamente financiada rede de difamação dedicou-se a propalar infâmias intensamente através de um livro e pela internet. Para atingir meu pai, buscam atacar a sua família com mentiras e torpezas.

1. Quais são os fatos?

- Nunca estive envolvida nem remotamente com qualquer tipo de movimentação ilegal de recursos.

- Nunca fui ré em processo nem indiciada pela Polícia Federal; fui, isto sim, vítima dos crimes de pessoas hoje indiciadas.

- Jamais intermediei nenhum negócio entre empresa privada e setor público no Brasil ou em qualquer parte do mundo.

- Não fui sócia de Verônica Dantas, apenas integramos o mesmo conselho de administração.

Faço uma breve reconstituição desses fatos, comprováveis por farta documentação.

2. No período entre setembro de 1998 e março de 2001, trabalhei em um fundo chamado IRR (International Real Returns) e atuava como sua representante no Brasil. Minha atuação no IRR restringia-se à de representante do Fundo em seus investimentos. Em nenhum momento fui sua sócia ou acionista. Há provas.

3. Esse fundo, de forma absolutamente regular e dentro de seu escopo de atuação, realizou um investimento na empresa de tecnologia Decidir. Como consequência desse investimento, o IRR passou a deter uma participação minoritária na empresa.

4. A Decidir era uma empresa "ponto.com", provedora de três serviços: (I) checagem de crédito; (II) verificação de identidade e (III) processamento de assinaturas eletrônicas. A empresa foi fundada na Argentina, tinha sede em Buenos Aires, onde, aliás, se encontrava sua área de desenvolvimento e tecnologia. No fim da década de 90, passou a operar no Brasil, no Chile e no México, criando também uma subsidiária em Miami, com a intenção de operar no mercado norte-americano.

5. Era uma empresa real, com funcionários, faturamento, clientes e potencial de expansão. Ao contrário do que afirmam detratores levianos, sem provar nada, a Decidir não era uma empresa de fachada para operar negócios escusos. Todas e quaisquer transações relacionadas aos aportes de investimento eram registradas nos órgãos competentes.

6. Em conseqüência do investimento feito pelo IRR na Decidir, passei a integrar o seu conselho de administração (ou, na língua inglesa, "Board of Directors"), representando o fundo para o qual trabalhava.

7. À época do primeiro investimento feito pelo IRR na Decidir, o fundo de investimento CVC (Citibank Venture Capital) --administrado, no âmbito da América Latina, desde Nova Iorque-- liderou a operação.

8. Como o CVC tinha uma parceria com o Opportunity para realizar investimentos no Brasil, convidou-o a co-investir na Decidir, cedendo uma parte menor de seu aporte. Na mesma operação de capitalização da Decidir, investiram grandes e experientes fundos internacionais, dentre os quais se destacaram o HSBC, GE Capital e Cima Investments.

9. Nessa época, da mesma forma como eu fui indicada para representar o IRR no conselho de administração da Decidir, a sra. Veronica Dantas foi indicada para participar desse mesmo conselho pelo Fundo Opportunity. Éramos duas conselheiras (e não sócias), representando fundos distintos, sem relação entre si anterior ou posterior a esta posição no conselho da empresa.

10. O fato acima, no entanto, serviu de pretexto para a afirmação (feita pela primeira vez em 2002) de que eu fui sócia de Verônica Dantas e, numa ilação maldosa, de que estive ligada às atividades do empresário Daniel Dantas no processo de privatização do setor de telecomunicações no Brasil. Em 1998, quando houve a privatização, eu morava há quatro anos nos Estados Unidos, onde estudei em Harvard e trabalhei em Nova York numa empresa americana que não tinha nenhum negócio no Brasil, muito menos com a privatização.

11. Participar de um mesmo conselho de administração, representando terceiros, o que é comum no mundo dos negócios, não caracteriza sociedade. Não fundamos empresa juntas, nem chegamos a nos conhecer, pois o Opportunity destacava um de seus funcionários para acompanhar as reuniões do conselho da Decidir, realizadas sempre em Buenos Aires.

12. Outra mentira grotesca sustenta que fui indiciada pela Polícia Federal em processo que investiga eventuais quebras de sigilo. Não fui ré nem indiciada. Nunca fui ouvida, como pode comprovar a própria Polícia Federal. Certidão sobre tal processo, da Terceira Vara Criminal de São Paulo, de 23/12/2011, atesta que "Verônica Serra não prestou declarações em sede policial, não foi indiciada nos referidos autos, tampouco houve oferecimento de denúncia em relação à mesma."

13. Minhas ligações com a Decidir terminaram formalmente em julho de 2001, pouco após deixar o IRR, fundo para o qual trabalhava. Isso ressalta a profunda má-fé das alegações de um envolvimento meu com operações financeiras da Decidir realizadas em 2006. Essas operações de 2006 --cinco anos após minha saída da empresa-- são mostradas num fac-símile publicado pelos detratores, como se eu ainda estivesse na empresa. Não foi mostrado (pois não existe) nenhum documento que comprove qualquer participação minha naquelas operações. Os que pretendem atacar minha honra confiam em que seus eventuais leitores não examinem fac-símiles que publicam, nem confiram datas e verifiquem que nomes são citados.

14. Mentem, também, ao insinuar que eu intermediei negócios da Decidir com governos no Brasil. Enquanto eu estive na Decidir, a empresa jamais participou de nenhuma licitação.

Encerro destacando que posso comprovar cada uma das afirmações que faço aqui. Já os caluniadores e difamadores não podem provar uma só de suas acusações e vão responder por isso na justiça. Resta-me confiar na polícia e na Justiça do meu país, para que os mercadores da reputação alheia não fiquem impunes.

Folha.com