quinta-feira, 24 de março de 2011

A incerta caminhada da Europa em meio à crise econômica - Por José Dirceu


Acabo de chegar - às 6 h hoje - de viagem a Turquia, Espanha e Portugal. A situação na Europa é de perplexidade e o pessimismo é uma constante em todos os interlocutores. A intervenção na Líbia, só agrava esse quadro, até porque todos se perguntam: para que? Faz-se com quais objetivos?

Muitos deixam claro perceber que nessa intervenção cada ator agiu segundo suas necessidades internas eleitorais. Casos, particularmente, da chefe do governo da Alemanha, primeira-ministra Ângela Merkel, e do presidente da França, Nicolas Sarkozy.

Sarkozy está completamente desesperado pelo fato de as últimas pesquisas colocarem em 1º lugar na disputa pela Presidência da República em sua sucessão a candidata Marine Le Pen, filha de Jean Marie Le Pen, líder do partido da extrema direita francesa Frente Nacional (FN).

Portugal mergulha em crise mais profunda

Portugal não saiu da crise econômica e, por causa dela, megulha mais fundo, agora, em uma crise política com um governo provisório e eleição antecipada - o 1º ministro José Sócrates apresentou a renúncia de seu gabinete ao presidente Aníbal Cavaco e Silva.

A Assembléia Nacional rejeitou o plano de austeridade econÔmica apresentado pelo governo Sócrates e, agora, o FMI deve intervir no pais com um daqueles seus pacotes de "ajuda". A Espanha luta para sobreviver e driblar o agravamento da crise.

A Grécia e a Irlanda estão como se anestesiadas, esperando também o pior, apesar de todas as medidas drásticas que os países do sul da Europa adotaram com cortes não apenas no orçamento e nos salários dos funcionários públicos mas, também, nos programas sociais e nas pensões. Além de aumentos do Imposto de Valor Agregado (IVA), do imposto de renda e da contribuição previdenciária, algo nunca visto.

Na encruzilhada entre 2 continentes, Turquia é a surpresa

Nesta viagem encerrada na manhã de hoje, surpreendentemente encontrei uma Turquia - que não foi aceita na União Européia - crescendo e otimista, com políticas claras de estímulo ao crescimento. Ela reduziu os juros - apesar do aperto no crédito - tem e implementa políticas de grandes investimentos em infraestrutura.

E tem políticas diplomática e comercial para a região (Cáucaso, Ásia Central, Oriente Médio, Síria e Líbano). Mais do que isto, principalmente, uma clara política externa e de relações especiais com a Irã. Encontrei uma Turquia lotada de turistas, cheia de projetos e esperanças, apesar de todos os problemas que enfrenta e que não são poucos (leiam, também, o post Europa só tem uma saída: reescalonar dívidas e crescer).

Blog do Zé Dirceu

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