segunda-feira, 23 de maio de 2011

Vergonha na cúpula das empresas


Pesquisa do Instituto Ethos, realizada no seleto grupo das maiores 500 empresas no país, revela o lado racista que permeia as companhias de maior peso na economia no país: embora os negros sejam maioria da população brasileira (50,7%), ocupam raros cargos de chefia. Afrodescendentes estão em apenas 5,3% dos postos das suas diretorias e em 13,2% das vagas de gerência. A pesquisa traça o perfil dos funcionários e dirigentes destas empresas (veja a pesquisa).

Já, nos quadros funcionais e de chefias intermediárias, negros e negras preenchem, respectivamente, 31,1% e 25,6% das vagas. A participação da mulher negra é ainda menor: ela está em meros 9,3% dos cargos da base e em ínfimos 0,5%, do topo. De acordo com o levantamento, em números absolutos, isso significa que, em um universo de 119 diretoras e 1.162 diretores de ambos os sexos, negros e não negros, das empresas pesquisadas, há apenas 6 mulheres negras nestes cargos.

É bom que se diga que, durante a era Lula, no entanto, a participação dos negros nas empresas subiu de 23,4%, em 2003, para 31,1% em 2010. Segundo o vice-presidente do Instituto Ethos, porém, embora a população negra esteja mais inserida no mercado de trabalho, sua representatividade ainda "está bem abaixo do que deveria, considerando que representa 46% da PEA (população economicamente ativa)".

Muito a fazer

De fato, há um modesto avanço considerando a base do mundo do trabalho. O problema está no acesso aos altos cargos, já que, quanto maior o nível hierárquico, menor a presença de negros. Isto precisa mudar. As políticas de promoção da igualdade social, combate ao racismo e inclusão social são palavra de ordem para construirmos o Novo Brasil que sonhamos.

Repito, temos muito a avançar. A saída é a educação pública, gratuita e, obviamente, de melhor qualidade para os nossos jovens. Uma educação que lhes permita qualificação e igualdade de oportunidades no mercado de trabalho. De outro lado, contamos, hoje, com uma rede de proteção social que devemos manter e consolidar. Não desmontar, como fazem os governos tucanos. É ela quem garante a coesão social e mais igualdade em nossa sociedade. É essa mesma rede que distribui renda e - ao contrário do que afirmavam os neoliberais - alavanca o crescimento.

Blog do Zé Dirceu

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