terça-feira, 22 de novembro de 2011

A eleição de domingo na Espanha parecia sem surpresas. Parecia...

A abertura e contagem final das urnas trouxeram várias. Na Espanha a eleição parlamentar do último domingo parecia sem surpresas. A vitória do Partido Popular (PP) - conservador, em sua origem herdeiro de forças franquistas - era um fato e foi confirmada.

Mas a abertura das urnas e a contagem final dos votos terminou trazendo importantes novidades. O PP não foi o beneficiário dos votos perdidos pelo histórico Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e, sim, a abstenção e a esquerda mesmo. Dos 4,3 milhões de votos perdidos pelos socialistas, 2,4 milhões foram para a esquerda e para abstenção. Apenas 1,5 milhões dos votos socialistas foram para o PP.

Outra surpresa foi que o PP ganhou, mas não cresceu em votos igualmente aos perdidos pelo PSOE. Os eleitores, na verdade, castigaram a velha legenda socialista, existente desde os anos da resistência ao ditador generalíssimo Francisco Franco (1935-1975), mas não aderiram ao PP.

As surpresas vindas das urnas do País Basco

Assim, os populares de direita do PP, apesar de colocarem 4 milhões de votos a frente dos socialistas, aumentaram apenas 600 mil votos comparados à votação que obtiveram em 2008. Ou seja, quem perdeu, de fato, foram os socialistas, mas a direita, o PP, ao pé da letra, não ganhou essa vitória alardeada.

Também constitui-se em fato relevante, que terá consequências - e grandes - na vida política e institucional da Espanha, a vitória total dos nacionalistas no País Basco e na Catalunha - nada menos que 10 partidos minoritários dessas regiões conseguiram representação no Parlamento. Incluindo os nacionalistas catalães da coligação CIU formada pelo Partido Nacionalista Basco (PNV), e a União Progresso e Democracia (UPyD).

A CIU, inclusive, superou os socialistas pela primeira vez desde 1977 na Catalunha e no país Basco com a vitória apertada - mas vitória - do PNV. Na região, a grande novidade mesmo foi a eleição de sete deputados da coalizão AMAIUR, que defende abertamente o direito a autodeterminação dos bascos. E foram eleitos apesar de pela primeira vez o PNV ter flexibilizado e incluído em sua plataforma e programa o ”direito a decidir”, algo impensável no passado.

Por fim, a derrota dos socialistas na Andaluzia, onde pela primeira vez na história tiveram menos votos que o PP, é um fato histórico que não pode deixar de ser registrado.

Blog do Zé Dirceu

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