quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Heraldo, combata a falta de negros na Globo

O Conversa Afiada reproduz texto do blogueiro sujo Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania:


Heraldo Pereira, combata a falta de negros na Globo, agora


Nos últimos dias, o jornalista da Rede Globo Heraldo Pereira esteve em evidência por ter processado um desafeto de seu empregador que apontou um fato incontestável, mas de forma equivocada (*). Penso que o jornalista ganhou força para combater esse fato, pois está sendo apresentado, na grande mídia, como militante contra o racismo.


Pereira denunciou o jornalista Paulo Henrique Amorim por ter dito, de forma inadequada, o que basta olhar para a programação da tevê Globo para comprovar que é verdade: o jornalismo dessa emissora exclui negros, assim como as novelas, os comerciais e até o deprimente Big Brother Brasil, entre outros.


Aliás, vale lembrar daquele único “brother” negro da edição 2012 do BBB que, no primeiro dia do programa, foi questionado pelo apresentador sobre se, por ser o único negro entre quase duas dezenas de participantes, achava que deveriam ser criadas cotas para negros na televisão. O rapaz respondeu que não e poucos dias depois foi expulso do programa sem direito a defesa sob uma acusação que jamais se comprovou, de ser “estuprador”.


De qualquer forma, bem que o nobre Heraldo Pereira, que conseguiu uma das poucas e raras vagas que o jornalismo da Globo oferece a negros, poderia pensar, agora, também nos outros negros e, assim, passar empreender uma campanha para que a emissora em que trabalha pare de discriminar negros em sua programação.


Pereira poderia começar argumentando com o fato de que, segundo o IBGE, o Brasil é hoje um país negro, pois mais de 50% da população se declarou negra no último censo, e, portanto, há uma desproporção inexplicável e escandalosa entre o perfil étnico do povo brasileiro e o que se vê na telinha da Globo.


Para ajudar a esse companheiro de luta contra o racismo no Brasil, portanto, apresento, abaixo, a prova de que negro quase não tem vez no jornalismo da Globo. Poderia fazer o mesmo com as novelas, com o BBB ou com a propaganda, mas podemos começar pelo jornalismo e depois iremos ficando mais ambiciosos.


Confira, abaixo, o perfil dos apresentadores dos telejornais da Globo e reflita se não faria sentido que o militante antirracismo Heraldo Pereira se preocupasse também com todos os outros negros que, por alguma razão, a Globo barra, pois a composição étnica de sua programação nada tem que ver com a do país em que é apresentada.


(*) Sobre a matéria, leia “Gilmar, Heraldo, Kamel, como PHA se defendeu”. E “Marcos Rezende e o negro da Casa Grande”, “Heraldo vestiu a carapuça” , e “Heraldo diz que PHA não é racista” – PHA

Conversa Afiada

MEC vai incluir ciências na Prova Brasil, informa ministro

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse hoje (29), em audiência pública no Senado, que irá incluir a disciplina ciências na Prova Brasil, a principal avaliação da educação básica. O exame, aplicado pelo Ministério da Educação (MEC) aos alunos do 5º e 9º anos do ensino fundamental a cada dois anos, até o momento mede apenas o desempenho em matemática e português.

Mercadante não disse se a mudança já valerá para a próxima edição da prova, marcada para 2013. O exame é um dos principais componentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador que avalia a qualidade do ensino oferecido por escolas, municípios e estados. A última edição foi aplicada em 2011 e os resultados do Ideb serão divulgados neste ano. Todas as redes de ensino e escolas têm metas a serem atingidas até 2022, estipuladas em 2007 pelo MEC.

Com a inclusão de ciências na Prova Brasil, o exame fica mais próximo ao Programa Internacional de Avaliação (Pisa). O teste internacional é aplicado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em mais de 60 países e mede as habilidades dos alunos em linguagens, matemática e ciências. O Brasil melhorou seu desempenho no programa de 2000 a 2010, mas continua nas últimas posições do ranking.

Mercadante disse também que quer vai criar um programa de intercâmbio para professores com bom desempenho ou que atuem nas escolas com melhor Ideb. A ideia é que, por meio do Escola sem Fronteira, os docentes possam fazer visitas a colégios que desenvolvam boas práticas de ensino, tanto no Brasil quanto no exterior. “Será um incentivo à sua dedicação e aos seus resultados. Isso pode ocorrer especialmente nas férias e quando ele voltar será uma liderança regional sobre as práticas inovadoras que vai conhecer”, destacou o ministro.

Agência Brasil

Marcelo Crivella é o novo ministro da Pesca

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Pesca e Aquicultura, Luiz Sérgio de Oliveira (PT-RJ), deixou o cargo e o novo titular da pasta será o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). A mudança ocorre para incorporar o PRB ao governo, partido que integra a base aliada, segundo nota divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência República.

A nota informa que "a presidenta está segura de que, à frente do ministério da Pesca e Aquicultura, o senador Marcelo Crivella prestará relevantes serviços ao Brasil".

No texto, a Presidência informa que Luiz Sérgio prestou "inestimável contribuição ao governo" no ministério da Pesca e anteriormente na Secretaria de Relações Institucionais. Luiz Sérgio retorna à Câmara dos Deputados, onde continuará o exercício do mandato.

Para a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a troca de um ministro do PT por um do PRB no Ministério da Pesca e Aquicultura efetiva a incorporação de um partido que, segundo ela, tem sido “firme e atuante na defesa das ações do governo”.

“Toda a discussão e conversa da presidenta [Dilma Rousseff] foi no sentido de integrar um partido que durante todo o período do governo do [ex-presidente] Lula [Luiz Inácio Lula da Silva], na pessoa no vice José Alencar, e durante o governo da presidenta Dilma Rousseff, sempre foi um partido extremamente aliado, firme e atuante na defesa das ações do governo”, ressaltou Ideli. O PRB era o partido do ex-vice presidente José Alencar e integra a base aliada desde o governo do ex-presidente Lula.

Agência Brasil

Documentários Cidadão Boilesen 10º



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Cidadão Boilesen 9º parte



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Cidadão Boilesen 8º parte



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Documentário Cidadão Boilesen 1º parte



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Adriano Diogo: Comissão da Verdade de São Paulo vai priorizar os mortos e desaparecidos

por Conceição Lemes

Será realizada na próxima quinta-feira, 1 de março, às 19h, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a abertura solene da Comissão Estadual da Verdade, que, em homenagem ao ex-deputado Rubens Paiva, terá o seu nome.

A instalação oficial foi nessa terça-fera, 28 de fevereiro. O deputado estadual Adriano Diogo (PT) foi escolhido como presidente. São também seus membros efetivos os deputados estaduais Marco Zerbini (PSDB), André Soares (DEM), Ed Thomas (PSB), Ulysses Tassinari (PV). Os substitutos são João Paulo Rillo (PT), Mauro Bragato (PSDB), Estevam Galvão (DEM), Orlando Bolçone (PSB), Regina Gonçalves (PV).

“A Comissão Estadual da Verdade deve colaborar com a Comissão Nacional da Verdade na apuração de violações graves dos Direitos Humanos, durante a ditadura militar, que vigorou de 1964 a 1982″, esclarece o deputado Adriano Diogo. “Ela vai se ater aos crimes políticos ocorridos no Estado estado de São Paulo ou praticadas por agentes públicos estaduais.”

A comissão foi criada pelo projeto de resolução nº 36/2011, de autoria de Adriano Diogo, que nos deu mais detalhes da proposta.

Viomundo — Por que criar uma Comissão Estadual da Verdade?

Adriano Diogo – É para conscientizar a sociedade sobre a importância da abertura dos arquivos da ditadura e contar os fatos daquela época do jeito como aconteceram, incorporando a história do movimento popular de 1964 a 1982. Temos a responsabilidade enorme de abrir os arquivos oficiais que estão com os militares e a polícia.

Viomundo – Como vai funcionar?

Adriano Diogo – Será uma referência e uma subcomissão da Comissão Nacional da Verdade. Ela é constituída de cinco deputados estaduais efetivos, mas se associará a universidades, sindicatos, câmaras municipais, para criar, assim, uma rede de informações sobre o período da ditadura.

Viomundo — Qual a prioridade?

Adriano Diogo – Pretendemos priorizar todos os casos de mortos e desaparecidos, identificando onde estão e a situação que desapareceram. Inicialmente coletaremos os documentos já existentes nos depoimentos. Depois, iremos atrás dos documentos oficiais até hoje não disponibilizados. Queremos gerar resultados efetivos, para que o Estado brasileiro possa punir os crimes.

Viomundo — Não receia que os trabalhos possam ser interditados por outros membros da comissão?

Adriano Diogo -- Nós vivemos sendo interditados. Precisamos saber como nos livrar dessas barreiras. Precisamos saber quais são os limites da democracia e avançar, pois essa democracia representativa é muito limitada. Temos que ampliar nossos limites.

Viomundo — Qual a duração da comissão?

Adriano Diogo – Pelo menos dois anos, podendo se estender até o termino da Comissão Nacional da Verdade.

8) Por que a comissão terá o nome de Rubens Paiva?

Adriano Diogo — Rubens Paiva era um parlamentar democrata da resistência de São Paulo, que foi assassinado pela ditadura e até hoje seus familiares não conseguiram enterrá-lo, pois deram sumiço no seu corpo. É um ícone da luta pela democracia no Brasil.

Rubens Paiva, desaparecido desde 1971. Vídeo de Vladimir Sacchetta


Viomundo

Novo sistema permite escolher tipos de irrigação mais adequados aos solos brasileiros

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A nova versão do Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação (SiBCTI), lançada pela Embrapa Solos, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária localizada no Rio, já está disponível em livro para gestores da área agrícola, professores e estudantes. O software (programa de computador) que faz a classificação dos solos e dos melhores tipos de irrigação deverá ser lançado no início de março.

A primeira versão do SiBCTI foi lançada em 2005. A versão atual da metodologia para irrigação, adaptada ao solo brasileiro, foi ampliada em termos de funcionalidade e de parâmetros de avaliação, disse à Agência Brasil o engenheiro agrônomo da Embrapa Solos, Fernando Cezar Amaral, coordenador do trabalho. “Ele está atualizado em termos de sistema de irrigação, de culturas, de formas de acesso, de interação com o usuário”.

Amaral esclareceu que antes desse novo sistema não havia uma maneira precisa de auxiliar o governo na adoção de políticas de irrigação, especialmente no Nordeste. Havia o risco de serem feitos investimentos em um determinado grupamento de solos com retorno muito baixo ou mesmo a perda do solo por questão de salinização, por exemplo. A versão atualizada do sistema garante segurança maior ao investimento. “Chama-se um investimento sustentável ao longo do tempo”.

O pesquisador revelou que os investimentos nos perímetros irrigados são vultosos, entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões. Daí, a importância da metodologia para o Brasil.

Amaral destacou que a nova versão do sistema poderá subsidiar o Programa Mais Irrigação, que será lançado ainda este ano pelo governo federal. O programa visa a implantar 200 mil hectares de perímetros irrigados em todo o Semiárido nordestino, com a criação de 500 mil postos de trabalho.

A metodologia faz uma avaliação completa do ambiente no que se refere aos parâmetros de solo e da água para irrigação, além da cultura que a pessoa vai explorar no local e o sistema que ela pretende utilizar. “O sistema cruza essas informações todas e dá uma avaliação daquele ambiente que você está pretendendo explorar. Tudo isso feito de forma atualizada, segura, testada, de acordo com a realidade brasileira. Diferentemente do que havia antes, que era uma metodologia norte-americana, adaptada para as condições brasileiras, mas que não teve muito sucesso”.

Realizado em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), o trabalho foi aplicado em solos com salitre, para cultivo da cana-de-açúcar. No momento, os pesquisadores estão concluindo as experiências no Baixio do Irecê, na Bahia.

Fernando Amaral disse que o SiBCTI é mais direcionado para os gestores públicos tomadores de decisão, “porque é onde você vai planejar a área, vai investir, planejar o recurso. Então, ele tem uma aplicação maior para esse seleto grupo de gestores”. Como é um sistema gratuito, ele está disponível também para estudantes e consultores, “para quem tiver interesse”, acrescentou.

Agência Brasil

Fabricantes e importadores de ventiladores terão de cumprir novos requisitos de segurança

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Os fabricantes e importadores de ventiladores de mesa, de parede, pedestal e de circuladores de ar com diâmetro da hélice entre 26 e 60 centímetros terão que cumprir novos requisitos de segurança para que seus produtos sejam comercializados no país. A medida faz parte da Portaria Nº 20/2012, publicada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que regulamenta a certificação compulsória dos ventiladores de mesa.

Segundo Marcos Borges, coordenador do Programa Brasileiro de Etiquetagem, entre as principais mudanças está a definição de uma nova geometria para a construção das grades de proteção das hélices. “Nosso primeiro foco foi ampliar a segurança. Há modelos em que facilmente uma pessoa, principalmente uma criança, consegue alcançar a hélice. Com as novas regras, os ventiladores só poderão ser vendidos se a geometria impossibilitar o contato das mãos com as hélices”, explicou.

Borges destacou que a nova regulamentação se baseou nos resultados de análises em seis produtos, realizadas pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que apontaram que todos eles falharam em pelo menos um item de segurança. “Vamos exigir também que eles não causem curto-circuito, superaquecimento e outros danos elétricos”, acrescentou.

O coordenador do Programa Brasileiro de Etiquetagem informou que esses aparelhos serão classificados quanto à eficiência energética, que é “a relação entre o vento gerado e a energia consumida para isso”.

Os produtos da categoria receberão a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (Ence), que classificará os aparelhos em faixas de A (mais eficiente) a D (menos eficiente), como já ocorre com os ventiladores de teto, por exemplo.

“O consumidor poderá comparar as marcas na hora da compra. Além disso, essa medida estimula o processo de melhoria contínua da indústria”, destacou.

O prazo final para adaptação é 20 de janeiro de 2014, quando produtos que não estiverem de acordo com as novas regras não poderão ser comercializados pela rede varejista. Antes disso, em 20 de julho deste ano, eles não poderão ser fabricados ou importados, e em janeiro de 2013, fabricantes e importadores ficam impedidos de comercializar para o varejo os produtos que não obedeçam aos novos critérios.

Marcos Borges orienta que os consumidores realizem, na hora da compra, testes para verificar se a potência atende às suas expectativas. Além disso, é importante ler o manual de instruções e o que está escrito na embalagem.

“Também é fundamental que os ventiladores sejam mantidos longe do alcance de crianças. E para realizar a limpeza do aparelho, é preciso desligá-lo da tomada”, ressaltou.

Agência Brasil

Petrobras anuncia nova descoberta no pré-sal da Bacia de Campos

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A Petrobras anunciou na noite de ontem (28) a descoberta de uma nova acumulação de petróleo e gás na camada pré-sal, na Bacia de Campos, a 195 quilômetros da costa fluminense. O poço em que foi feita a descoberta, chamado Pão de Açúcar, foi perfurado a uma profundidade de 2.800 metros.

O teste indica produção diária de 5 mil barris de petróleo e 807 mil metros cúbicos de gás. O bloco onde o Pão de Açúcar foi perfurado, BM-C-33, já havia mostrado grande potencial por meio das prospecções Seat e Gávea, de acordo com a Petrobras.

Estudos complementares serão realizados na área para confirmar a extensão e o volume da descoberta. A área é operada pela Repsol-Sinopec Brasil, que tem 35% de participação no bloco, em parceria com a Statoil (35%) e a Petrobras (30%).

Agência Brasil

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O amargo chá do colonialismo inglês

Ao negar as acusações da presidente Cristina Kirchner de que esteja militarizando o Atlântico Sul e rejeitar qualquer solução negociada sobre a soberania das ilhas Malvinas, o governo do premiê David Cameron comprou uma briga complicadíssima.

Ao negar as acusações da presidente Cristina Kirchner de que esteja militarizando o Atlântico Sul e rejeitar qualquer solução negociada sobre a soberania das ilhas Malvinas, o governo do premiê David Cameron comprou uma briga complicadíssima, impossível de ser vencida: com seu próprio passado que combinou, com perfeição, a intransigência, o garrote e a libra

A diplomacia britânica ainda conserva desconcertantes sutilezas herdadas do seu passado imperial. Sofismas e negação de evidências são a marca registrada quando se trata de ocultar velhos métodos. No transcurso de dois séculos, os ingleses usaram e abusaram da ingerência política, econômica, diplomática e militar. Possivelmente, mesmo depois do declínio, ainda conservem o modus operandi.

Para alcançar seus objetivos, os sucessivos governos de Sua Majestade recorreram a invasões, guerras, à desestabilização interna e ao acirramento de conflitos regionais para assegurar sua supremacia em regiões colonizadas. Também, em diferentes épocas, contaram com diversos aliados: presidentes, ministros, chanceleres, generais, banqueiros e mercenários de toda ordem.

Voltemos à guerra de 1982. Quatro anos antes, em 1978, Chile e Argentina estiveram a ponto de entrar em guerra pelo litígio do Canal de Beagle. Ao serem desatadas as hostilidades pelas Malvinas, o governo de Santiago recusou a aliar-se aos seus vizinhos como fez o resto da América Latina, opôs-se à convocação do Tiar (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca) e absteve-se em todas as votações que condenaram a agressão britânica e o apoio norte-americano. A posição chilena favorecia o Reino Unido e, contudo, os ingleses colocaram o parceiro em evidência, expondo-o a consequências desagradáveis.

Foi a própria mídia estatal inglesa a encarregada de revelar o papel determinante do Chile para a inteligência britânica que teria instalado naquele país um sistema de espionagem eletrônica das bases argentinas em Ushuaia, Rio Grande e Rio Gallego.

Não, não houve qualquer trapalhada diplomática. Essas declarações de "gratidão" não obedeceram aos bons modos britânicos, mas sim à sua prática constante de dividir para reinar, fomentando a ressurreição de antigos eixos geopolíticos, pelos quais cada país se considera inimigo de seu vizinho, em proveito do inimigo de todos eles que costuma ser também o abastecedor de armas. Um cenário felizmente superado na região.

Quando negam as intenções militares, os ingleses parecem ter esquecido que, em 1985, a Argentina protestou energicamente perante a OEA contra uma base aérea no arquipélago. O então ministro das Relações Exteriores, Dante Caputto, garantiu que a conversão das Malvinas numa poderosa base militar constituía "uma grave ameaça à segurança de nossa nação, à paz e à tranquilidade do nosso continente e, por conseguinte, à paz e à tranquilidade no mundo".

O comunicado da Secretaria de Exterior britânica, afirmando que cabe aos Kelpers (como são chamados os habitantes das ilhas) decidirem seu próprio destino (“Eles escolheram a cidadania britânica, têm liberdade para determinar seu futuro e não haverá negociações com a Argentina a não ser que eles assim desejem”), prima pelo sofisma e pela jactância imperial.

Como recorda o historiador Dino Freitas "no século XVII, Oliver Cromwell esmagou a rebelião irlandesa usando tropas escocesas, e colonizou o norte da Irlanda com essas forças, que se ambientaram à região do Ulster, dando origem às raízes do atual conflito anglo-irlandês. Os chamados protestantes irlandeses, de irlandeses não tem quase nada. Com o estabelecimento de uma população de colonos britânicos no Atlântico Sul, os ingleses aplicam a mesma estratégia. Introduzem uma população fanática e cegamente leal para defender seus interesses, já que nunca desejarão ser argentinos".

È previsível saber os futuros desejos dos Kelpers. Cameron, como um pugilista desonesto, procura meter o dedo no olho inchado de seu rival. Se no século retrasado, isso serviu para dominar os mares e o comércio - explorar os recursos naturais e amarrar os povos periféricos na roda dos juros compostos de seus créditos que nunca terminavam de se pagar - hoje os ingleses buscam, além do petróleo, conservar os remanescentes daquele esplendor, alimentando sua moderna indústria bélica e agregando valor a vários setores de sua combalida economia. À América Latina não cabe outra posição que não seja de irrestrito apoio às reivindicações do governo de Cristina Kirchner


Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Carta Maior

Força Aérea dos EUA cancela compra de aviões da Embraer

Da Folha.com

EUA cancelam contrato de US$ 355 milhões por 20 aviões da Embraer

DA REUTERS, EM WASHINGTON

A Força Aérea dos Estados Unidos informou nesta terça-feira que está cancelando o contrato de US$ 355 milhões para fornecimento de 20 aviões Super Tucano, da Embraer, citando problemas com a documentação.

O negócio havia sido anunciado no final de 2011 e incluía, além do fornecimento das aeronaves, um pacote de serviços, como treinamento de mecânicos e pilotos responsáveis pela operação do avião.

p>A companhia mantinha expectativas de vender mais 35 aviões, o que poderia elevar o contrato à cifra de US$ 950 milhões.

A Força Aérea americana disse que vai investigar e refazer a licitação, que também está sendo contestada na Justiça dos EUA pela norte-americana Hawker Beechcraft --o que levou o negócio a ser suspenso no começo de janeiro. O contrato havia sido concedido pela Força Aérea dos EUA para a Embraer e a parceira Sierra Nevada Corp.

"Apesar de buscarmos a perfeição, nós as vezes não atingimos nosso objetivo, e quando fazemos isso temos que adotar medidas de correção", disse o secretário da Força Aérea, Michael Donley, em comunicado.

"Uma vez que a compra ainda está em litígio, eu somente posso dizer que o principal executivo de aquisições da Força Aérea, David Van Buren, não está satisfeito com a qualidade da documentação que definiu o vencedor."

O comandante da área de materiais da Força Aérea dos Estados Unidos, Donald Hoffman, ordenou uma investigação sobre a situação, afirmou o porta-voz da Força Aérea.

Procurada, a Embraer afirmou que não sabia do cancelamento e que, no momento, não havia quem pudesse comentar o caso, visto que todos aqueles que poderiam responder estavam em reunião.

Em 30 de dezembro, a Força Aérea dos Estados Unidos definiu que a Sierra Nevada e a Embraer tinham obtido o contrato para venda de 20 aviões Super Tucano A-29, assim como treinamento e suporte. Entretanto, a licitação foi paralisada em janeiro, quando a Hawker Beechcraft entrou na Justiça questionando a decisão.

No ocasião, a Força Aérea disse que acreditava que a competição e a avaliação para seleção do fornecedor tinham sido justas, abertas e transparentes.

O Super Tucano A-29 foi desenvolvido para missões de contra-insurgência e atualmente é usado por cinco forças aéreas, e ainda existem outras encomendas, segundo a Embraer.

Blog do Luis Nassif

Espanha critica endurecimento brasileiro com turistas

Por Adriano S. Ribeiro

GENEBRA - O governo da Espanha critica a postura do Brasil em relação ao endurecimento das condições para a entrada de espanhóis ao País e diz que as novas medidas adotadas pelo Brasil são "injustificadas " e que são "além do normal ". Questionado pelo Estado durante um evento em Genebra, o secretário de Assuntos Externos da Espanha, Gonzalo de Benito, insistiu que Madri tentará reverter as decisões de Brasília antes da entrada em vigor das medidas, no dia 2 de abril.

A Espanha vive sua pior crise econômica desde a volta da democracia, em 1977. O desemprego chega a 22% da população e metade dos jovens não tem trabalho.

A crise também reverteu o sentido da migração. Entre 2000 e 2007, a Espanha recebeu 5 milhões de imigrantes, a maioria da América Latina. Mas, pela primeira vez em 30 anos, a Espanha registrou em 2011 um êxodo de pessoas maior que a chegada de imigrantes. Uma parte importante desse contingente tem justamente ido ao Brasil.

Diante do fluxo cada vez maior de espanhóis, o governo brasileiro decidiu que passaria a tratar os europeus da mesma forma que Madri trata os brasileiros.

No final de 2011, a reportagem esteve no consulado do Brasil em Madri, apenas para constatar as longas filas de espanhóis fazendo solicitações de vistos para trabalhar no Brasil. Fontes do Itamaraty, porém, admitiam já na época que um número importante de espanhóis estava desembarcando como turistas no Brasil e então partindo em busca de emprego.

A partir do dia 2 de abril, o espanhol que chegue ao País terá de mostrar que tem passagem de volta marcada, comprovação de uma reserva de hotel e dinheiro suficiente para se manter. Isso significará R$ 170,00 por dia.

Se o turista for permanecer em casa de parentes ou amigos, uma carta terá de ser mostrada. O documento terá de conter uma assinatura reconhecida em cartório.

Negociação - Para o secretário espanhol, Madri não desistiu e vai continuar a pressionar o governo brasileiro a rever suas leis. "Isso é algo que estamos falando com o Brasil. Claro que cada país pode colocar as condições que quiser para a entrada de pessoas em seu território. Mas entendemos que diante do conjunta das relações que temos com a América Latina e em especial com o Brasil, não se justifica que espanhóis tenham restrições a entrada que vão mais além do normal e do que tínhamos até agora ", declarou o secretário.

Benito defendeu que haja ainda um acordo antes do dia 2 de abril. Mas não indicou que estaria disposto a rever as regras para a entrada dos brasileiros. " Esperamos chegar a uma solução e que o fluxo de intercâmbio continue com normalidade e sem os obstáculos que sejam os minimamente imprescindíveis ", disse.

Nos últimos anos, porém, o Brasil foi o alvo de o maior número de deportações em aeroportos espanhóis entre todas as nacionalidades e, apesar das queixas do Itamaraty, pouco foi feito para rever essa situação. Em 2010, 1,6 mil brasileiros foram barrados na Espanha, sob a alegação de que estavam tentando entrar ilegalmente para trabalhar sem visto.

Até agosto de 2011, esse número tinha sido de 1005 e o volume continua em franca queda diante da decisão de brasileiros de não buscar empregos na Espanha.

Benito não acredita que a medida brasileira seja agora uma retaliação. " São medidas que vamos tomando diante dos fluxos que temos. Mas esperamos chegar a uma melhoria nas condições para a entrada de espanhóis no Brasil ", concluiu.

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,espanha-critica-endurecimento-do-brasil-para-entrada-de-turistas-do-pais,841617,0.htm

Blog do Luis Nassif

Juros ainda são o nó da questão

ImageUS$ 750 milhões. Foi essa a quantia noticiada e que se refere ao valor que o Banco do Brasil acaba de captar, com o relançamento de seus bônus perpétuos (sem vencimento) no exterior. O retorno para o investidor ficou na casa dos 8,49% ao ano. Em janeiro, houve outra operação com esse tipo de bônus feita pelo BB, na qual o banco captou US$ 1 bi, com rendimento de 9,25% ao ano.



O problema aqui é que tanto as captações do BB e quanto a dívida interna pagam juros altos demais. Basta ver o nível dos juros no mundo de hoje. Essa situação é, de fato, o nó da questão econômica brasileira. Não estamos falando da dívida pública em si. Ela é baixa, se comparada com o PIB e com nossas reservas internacionais.

Na ponta do lápis, o estoque da dívida pública federal em janeiro soma R$ 1,8 tri. Informa o Ministério da Fazenda que a maior parte do endividamento público do Estado brasileiro, R$ 1,78 trilhão, refere-se à dívida interna. Hoje, os os títulos públicos com taxas de juros prefixadas veem perdendo peso no mix da dívida pública, enquanto os indexados a índices de preços e à Selic e pelo IPCA, por outro lado, aumentam sua participação.

É o serviço da dívida, ao lado dos elevadíssimos e inexplicáveis spreads bancários de um setor financeiro oligopolizado, que estrangula o crescimento dos investimentos no país e concentra a renda do setor produtivo da economia. Afinal, a transferência de riqueza dos impostos para os rentistas passa de R$ 235 bi ao ano. Comparando, o orçamento do MEC está na casa dos R$ 80 bi ao ano, quase um terço do que é pago em juros da dívida interna.

Blog do Zé Dirceu

Manufaturado brasileiro perde espaço na América do Sul

Como venho alertando, aqui, neste blog e nos artigos, não é somente no nosso mercado interno que estamos perdendo espaço para os produtos vindos de outros países. Também em mercados em que tradicionalmente tínhamos presença, como em países da América Latina, a nossa participação vem minguando. Esses seriam destinos naturais para boa parte da nossa produção.

Mas não é só. Preocupam, também, os manufaturados – produtos, em geral, de maior valor agregado – que têm perdido espaço para outros itens em nossa pauta, como petróleo e commodities. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), há cinco anos eles pesavam 52,25% nas vendas externas. No ano passado, responderam por apenas 36,05%.

Também a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) apresenta outros dados, tão preocupamentes quanto os do MDIC. Revelam, por exemplo, que na nossa relação comercial com a Argentina - terceiro destino em importância das nossas exportações - em 2007, 93% do exportado eram manufaturados. No ano passado, essa fatia caiu para 89,9%. O fenômeno se repete em relação ao Chile – há cinco anos, os manufaturados representavam 64% das nossas vendas; no ano passado, a participação caiu para 52,7%. No caso venezuelano, a fatia também caiu, no mesmo período, de 82,9% para 55,1%. E assim por diante.

Desova de estoques

Em tese, devido à nossa localização, o Brasil seria uma opção natural de fornecimento de manufaturados para os países da América do Sul, explicou José Augusto de Castro, presidente em exercício da AEB, ao jornal Valor. Mas nem mesmo por estas paragens temos conseguido barrar o ímpeto de outros países no seu afã de desovar estoques que se acumularam pela queda das vendas nos mercados europeu e norte-americano.

"Isso é resultado da estratégia de países como a China, que estão entrando de forma mais agressiva em mercados em crescimento", diz Castro.

Perda de terreno

Na prática, há uma combinação de fatores que estão nos levando a perder terreno. Além da agressividade da China, temos custos internos que ainda são altos em relação a outros países e um real valorizado. Ou seja, a questão cambial - que tem penalizado a competitividade da produção industrial brasileira - e a reforma tributária continuam na ordem do dia.

Recentemente, assistimos, ainda, a uma reação de alguns países – a exemplo da Argentina – dificultando a entrada de importados para defender seu mercado interno. Recentes medidas anunciadas pelo país são consequência da queda do preço da soja e da necessidade de a Argentina manter reservas em dólares para enfrentar a crise internacional. Este é um problema que o Brasil não tem.

Eximbank e Banco do Sul

A manutenção da competitividade brasileira neste cenario passa, também, pela necessidade da redução dos nossos custos financeiros e do financiamento da indústria e das exportações. Daí a importância da criação do Banco do Sul, que tudo indica se tornará realidade, e do Eximbank brasileiro.

Ambas as instituições são uma boa iniciativa para estimular as exportações e disputar com os chineses o mercado latino-americano. Os dois bancos são uma necessidade urgente para financiar nossas exportações de serviços, tecnologia, capitais, além de alimentos e manufaturas para toda região.

Insisto, ainda, e mais uma vez, no aumento dos investimentos em educação e inovação.

Blog do Zé Dirceu

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Propostas para a defesa da indústria devem ter mais destinatários

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Congresso Nacional
As manifestações das centrais dos trabalhadores (Central Única dos Trabalhadores, União Geral dos Trabalhadores, Força Sindical), vários sindicatos e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) contra a desindustrialização do país fazem todo o sentido. Mas é preciso destacar que o manifesto e a campanha que promovem devem ter, também, outros destinatários: o Congresso Nacional, onde dorme placidamente a reforma tributária e o sistema financeiro.

Uma mudança no marco legal não somente acabaria com a guerra fiscal portuária – com a mudança da cobrança do ICMS da origem para o destino - como desoneraria a cobrança contribuição previdenciária na folha de salários.

Outro recado a ser dado é aos bancos e ao sistema financeiro, em função dos juros altíssimos pagos por toda a cadeia de produção, hoje cobrados sem pudor.

A defesa da nossa indústria deve ir muito além da defesa comercial – necessária, mas insuficiente. A reforma tributária, ao lado da inovação e da educação, é o caminho para enfrentar a concorrência externa e para agregar valor à nossa produção industrial.

Mas o país precisa mais. É urgente uma revolução educacional e tecnológica, sem a qual não haverá medida tributária e ou legal que defenda nossa indústria da concorrência externa - aqui e nos mercados internacionais, particularmente os da nossa região. (Leia, ainda, neste blog as notas Centrais e FIESP iniciam campanha e Manufaturado brasileiro perde espaço na América do Sul)

Foto Wikipedia/Marcelo Jorge Vieira

Blog do Zé Dirceu

Rio Acre baixa 2 centímetros a cada três horas, mas ainda está 3,2 metros acima do nível normal

Da Agência Brasil

Brasília - O nível do Rio Acre continua baixando, de acordo com o último boletim do governo do Acre. Na medição desta manhã, as águas do rio estavam em 17,21 metros, nível ainda considerado alto para o rio, que tem cota de transbordamento em 14 metros. Isso significa que o Rio Acre está 3,21 metros acima do limte.

Conforme o relatório do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, publicado na madrugada de hoje (28), “o rio baixa na velocidade de 2 centímetros a cada três horas”. Segundo a Defesa Civil acriana, 134,9 mil pessoas foram atingidas pelas cheias em todo o estado e 11,6 mil ainda estão desabrigadas.

Cerca de 800 militares estão prestando atendimento à população em seis municípios do estado. Há também 70 bombeiros da Força Nacional de Segurança Pública e 24 técnicos do Ministério da Saúde, além do pessoal mobilizado pelos ministérios da Integração, do Meio Ambiente, da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Agricultura, das Relações Institucionais e das Relações Exteriores.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há previsão de chuvas moderadas a fortes, com trovoadas e rajadas de ventos ocasionais, em áreas isoladas do Acre e do sul do Amazonas até a meia-noite de hoje.

Agência Brasil

Governo precisa ouvir comunidade científica antes de reconstruir base na Antártica, diz professora

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil

Curitiba – A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Lucélia Donatti, disse hoje (28) esperar que o governo federal ouça a comunidade científica antes de construir a nova base brasileira na Antártica.

“Não importa que [a reconstrução] leve um, dois, ou três anos. Esperamos que a comunidade científica seja ouvida, consultada sobre a nova base”, disse a professora, que lamenta a descontinuidade dos projetos e a perda de material biológico, além de alguns equipamentos, no incêndio que destruiu, no último sábado (25), a Estação Antártica Comandante Ferraz. “Há pesquisas, como a nossa, que não podem ser feitas em navios, dependem de uma base fixa”, ressaltou.

O reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, informou que deve conversar na próxima semana com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, que irá a Curitiba. “Vamos procurar ampliar o suporte ao programa, apesar das dificuldades orçamentárias”, disse Zaki.

Quatro pesquisadoras da UFPR – Maria Rosa Pedreiro, aluna do mestrado em biologia celular e molecular, Cíntia Machado, doutoranda em biologia celular e molecular, Nádia Sabchuk, mestranda em ecologia e Conservação, e Priscila Krebsbash, mestranda em biologia celular e molecular – que faziam trabalhos de campo na base brasileira, falaram hoje sobre o incêndio de sábado. Também participaram da entrevista coletiva a professora Lucélia Donatti e o reitor Zaki Akel Sobrinho.

“Aos poucos, [o fogo] foi atingindo módulo por módulo [da base] ao longo da madrugada, e eu preferi não ficar olhando. A dor de ver aquele local queimando foi muito grande”, contou Maria Rosa. “Pela memória dos dois militares [o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos, que foram promovidos postumamente a segundo-tenente] que morreram, quero voltar para aquele lugar, até para mostrar que eles não lutaram em vão”, disse ela.

A principal área de pesquisa da Universidade Federal do Paraná, presente no território antártico desde 1984, é a de alterações climáticas e suas implicações em organismos vivos da região. Todo o trabalho da atual expedição do grupo, que retornaria ao Brasil no dia 10 de março, permaneceu na base. “Mas temos material de expedições anteriores, análises que precisam ser feitas”, informou Maria Rosa.

As pesquisadoras disseram que todos os ocupantes da base são instruídos sobre como proceder em casos de acidentes desse tipo. “A primeira coisa que a gente faz quando chega é receber instruções e participar de palestras sobre o que fazer em caso de algum problema”, afirmou Cíntia Machado. “Tanto que fomos para o local adequado e, hoje, estamos todas bem”, completou.

A saída foi rápida e sem tumulto, lembrou Nádia. "Ficamos abrigadas em refúgios próximos. No começo do incêndio, ainda estávamos acordadas, conversando. Quando fomos avisadas, nós nos dirigimos à sala de estar, onde foi feita uma chamada para verificar se todos estavam lá."

Elas acompanharam a distância as tentativas de controle do incêndio e ficaram sabendo da morte dos dois militares cerca de três horas depois. “Na hora, a gente estava com pouca roupa. Conseguimos chegar aos camarotes e pegar os nossos documentos, mas o restante se foi”, lamentou Priscila. “No início, a gente ainda acreditava que o fogo seria controlado.”

Agência Brasil

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Forte vencimento de títulos faz Dívida Pública Federal cair R$ 65 bilhões

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O vencimento de títulos prefixados fez a Dívida Pública Federal (DPF) cair 3,5% em janeiro. Segundo números divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional, o estoque da DPF encerrou o mês passado em R$ 1,801 trilhão, contra R$ 1,866 trilhão registrado no fim de dezembro.

A redução da DPF é normal no primeiro mês de cada trimestre e é provocada pela concentração de vencimentos de papéis prefixados. Apenas em janeiro, R$ 107,3 bilhões em Notas do Tesouro Nacional do tipo F (NTN-F), um dos papéis prefixados emitidos pelo governo, foram resgatados.

A dívida pública mobiliária (em títulos) interna caiu 3,29%, passando de R$ 1,783 trilhão para R$ 1,724 trilhão. Isso ocorreu porque o Tesouro resgatou R$ 74,61 bilhões em títulos a mais do que emitiu. Nem a emissão de R$ 10 bilhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) elevou a dívida mobiliária. Esses títulos foram emprestados ao banco e representam a última parcela da ajuda anunciada no ano passado de R$ 55 bilhões para a ampliação do capital do banco estatal de fomento.

Outro fator que contribuiu para a redução da DPF foi a desvalorização do dólar em relação ao real. De acordo com o Tesouro, a queda de 7,29% da moeda norte-americana fez a dívida pública externa recuar 7,8%, encerrando janeiro em R$ 76,79 bilhões, contra R$ 83,29 bilhões registrados no mês anterior. A queda ocorreu mesmo com a captação, no exterior, de US$ 825 milhões pelo Tesouro Nacional, ocorrida em 3 e 4 de janeiro.

Por causa do vencimento de títulos prefixados (com juros definidos antecipadamente), a participação desses papéis na dívida interna caiu de 38,28% em dezembro para 35,17% em janeiro. A fatia dos títulos vinculados à taxa Selic (taxa de juros básicos da economia) subiu de 31,71% para 33,18%. A participação dos títulos corrigidos pela inflação também aumentou, passando de 29,6% para 31,25%.

A parcela da dívida interna vinculada ao câmbio ficou estável em 0,4% no mês passado. Esses números levam em conta as operações de swap pelo Banco Central (BC), que equivalem a operações de compra ou venda de dólar no mercado futuro e têm impacto na dívida pública.

Com taxas definidas com antecedência, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima em ciclos de alta dos juros básicos.

O prazo médio da DPF apresentou leve melhora, de 3,62 anos em dezembro para 3,78 anos em janeiro. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos próximos 12 meses, no entanto, também aumentou, de 21,89% para 22,38%. Prazos mais longos são favoráveis para o Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de renegociação (rolagem) da dívida pública.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, se compromete a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic (juros básicos), da inflação ou do câmbio.

Agência Brasil

Juros bancários emperram o crescimento


Não faltam desafios que remetem à questão dos juros e da política monetária do BC. Apesar do risco de uma elevação ainda maior do preço do petróleo, o BC continua sinalizando para uma queda lenta e segura da Selic - realidade já aceita pelo mercado e pelos próprios bancos que já trabalham com o cenário de um juro real de 3,5% no médio prazo, sem o que nossa economia não poderá competir a nível internacional e nem se financiar internamente.



Alexandre Tombini, presidente do BC, aliás, reafirmou neste final de semana: a instituição pretende continuar baixando a Selic (atualmente em 10,5% ao ano) até que ela chegue a um dígito. A próxima reunião é esperada para dias 6 e 7 de março.



Como a redução da Selic não tem sido acompanhada pela redução dos juros ao tomador final (leia mais neste blog), seja ele consumidor ou empresário, o governo decidiu que os bancos públicos estimulem a concorrência. Ela, hoje, praticamente não existe no setor financeiro. O objetivo é reduzir as taxas de juros ao consumidor, estimulando o crédito e reduzindo a inadimplência.



Em 2011, spread para pessoa jurídica foi de 26,9 pontos percentuais

Com os atuais spreads bancários não há como enfrentar a realidade do mundo de hoje. Segundo dados do Banco Central, em média, o spread bancário para a pessoa jurídica que fechou o ano passado em 26,9 pontos percentuais, contra 23,5 pontos no fim de 2010. Também o crédito bancário para as pessoas físicas atingiu em dezembro de 2011 o nível de 34 pontos percentuais. E, ainda que, no caso do crédito destinado às pessoas físicas, tenha havido um “leve recuo” nos últimos dois anos – de 0,2 pontos percentuais em 2010 e de 0,4 pontos percentuais no ano passado, o movimento nem chega a refrescar.



Ao lado da gestão e administração da dívida interna, a questão dos juros reais no mercado é das importantes para o nosso desenvolvimento nos próximos anos. O tempo corre contra nós.

Blog do Zé Dirceu

O bom conselho de um prêmio Nobel

Ele ganhou o prêmio Nobel em 2001. E diz o que vale a pena ouvir. O economista americano Michael Spence dá uma sugestão ao Brasil: devemos, sim, ficarmos bem atentos à necessidade de diversificação da economia.

Ele elogia tanto a nossa trajetória de crescimento, a inclusão social, como a gestão macroeconômica, taxada por ele como “muito boa”. Mas, ressalta, “é preciso cuidado para não permitir que o aumento do preço das commodities, que beneficiou o Brasil, cause uma redução no padrão de diversificação da economia e reduza as oportunidades de emprego”.

Spence não descarta a ideia de um fundo soberano bem administrado para o país. Segundo o economista é importante acompanharmos a China. Para ele, o gigante asiático irá se mover para rendimentos mais elevados e o trabalho intensivo nas manufaturas deverá migrar para emergentes em fases anteriores de desenvolvimento. E exemplifica: a migração dos empregos de baixo valor agregado "começou, por exemplo, para o Vietnã, Bangladesh e para a Índia em alguma medida. Isso não é novo”.

Empregos de baixo valor agregado não fazem sentido ao Brasil

No entanto, ressalta Spence, não faria qualquer sentido o Brasil trazer empregos de baixo valor agregado da China ou de outros países em desenvolvimento. Sua aposta para o Brasil é a de “competir em empregos de maior valor agregado”.

Estou totalmente de acordo com Michael Spence. O Brasil é um país com uma economia industrial, mas arca com um “gap” importante em relação a outros países industrializados, tanto em de tecnologia, quanto em educação. Ainda assim, precisamos agregar valor não somente a produtos industrializados, mas, também, a produtos primários, minerais e alimentos. Devemos, ainda, passar a exportar capitais, serviços e tecnologia.

Não podemos deixar nosso crescimento econômico baseado apenas nas commodities, por mais importante que sejam nesse momento, com todas as implicações que têm para a nossa economia, inclusive a de sustentar as nossas contas externas.

Blog do Zé Dirceu

IGP-M registra deflação em fevereiro

Da FGV

IGP-M fecha fevereiro com deflação

IGP-M Mês e 12 meses IGP-M fecha fevereiro com deflação [pdf - 340Kb]

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) variou -0,06% em fevereiro. Em janeiro, o índice variou 0,25%. Em 12 meses, o IGP-M elevou-se 3,43%. A taxa acumulada no ano é de 0,19%. O IGP-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) apresentou taxa de variação de -0,26%. No mês anterior, a taxa foi de -0,07%. O índice relativo aos Bens Finais variou -0,16%, em fevereiro. Em janeiro, este grupo de produtos mostrou variação de 0,11%. Contribuiu para a desaceleração o subgrupo alimentos in natura, cuja taxa de variação passou de 6,32% para 2,02%. Excluindo-se os subgrupos alimentos in natura e combustíveis, o índice de Bens Finais (ex) registrou variação de -0,36%. Em janeiro, a taxa foi de -0,47%.

ice referente ao grupo Bens Intermediários registrou, em fevereiro, taxa de 0,19%, a mesma do mês anterior. O subgrupo materiais e componentes para a manufatura registrou acréscimo em sua taxa de variação, que passou de 0,42% para 0,48%. Esse movimento de alta foi compensado por desacelerações observadas nos subgrupos materiais e componentes para a construção, de 0,36% para 0,21%, e embalagens, de 0,48% para 0,16%. O índice de Bens Intermediários (ex), calculado após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, apresentou a mesma taxa de variação de janeiro, de 0,20%.

No estágio inicial da produção, o índice de Matérias-Primas Brutas variou -0,95%, em fevereiro. Em janeiro, o índice registrou variação de -0,62%. Os principais responsáveis pela desaceleração do grupo foram os itens: soja (em grão) (3,37% para -0,31%), mandioca (aipim) (15,08% para 0,28%) e café (em grão) (1,27% para -2,39%). Ao mesmo tempo, registraram-se acelerações em itens como: minério de ferro (-5,44% para -2,94%), bovinos (-3,52% para -1,13%) e aves (-7,47% para -5,26%).

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou variação de 0,27%, em fevereiro, ante 0,97%, em janeiro. A partir desta divulgação, o IPC passa a ser calculado com base em nova estrutura de ponderação . A principal mudança em relação à estrutura de ponderação anterior foi a criação da oitava classe de despesa, Comunicação. Este novo grupo recebeu dois subitens antes pertencentes ao grupo Habitação: tarifa de telefone residencial e tarifa de telefone móvel.

A contribuição de maior magnitude para o decréscimo da taxa do índice em fevereiro partiu do grupo Alimentação, cuja taxa passou de 1,47% para -0,05%. Nesta classe de despesa, 17 das 22 categorias de gêneros alimentícios apresentaram recuos em suas taxas de variação. Entre elas, cabe mencionar: carnes bovinas (0,69% para -3,13%), hortaliças e legumes (8,43% para -1,66%), aves e ovos (1,17% para -1,54%), adoçantes (-0,74% para -1,91%), massas e farinhas (0,35% para -1,09%) e pescados frescos (3,17% para -0,37%).

Também foram computados decréscimos nas taxas de variação de outras quatro classes de despesa: Educação, Leitura e Recreação (3,33% para 1,18%), Transportes (0,76% para 0,29%), Vestuário (0,04% para -0,22%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,48% para 0,45%). Os itens que mais contribuíram para estes movimentos foram: cursos formais (5,50% para 2,36%), gasolina (0,30% para -0,47%), roupas (-0,17% para -0,46%) e artigos de higiene e cuidado pessoal (0,67% para -0,02%), respectivamente.

A taxa do grupo Despesas Diversas foi a única a registrar acréscimo, passando de 0,27% para 0,41%. O destaque dessa classe de despesa foi o item cartório, cuja taxa de variação avançou de 2,65% para 3,55%.

O grupo Habitação repetiu a taxa de variação da última apuração, 0,32%. Em sentido ascendente, vale destacar a taxa do item aluguel residencial (0,27% para 0,48%). E, em sentido descendente, o destaque cabe ao item material de limpeza (0,85% para -0,21%).

Comunicação, classe de despesa que passa a fazer parte da estrutura do IPC, a partir deste mês, registrou variação de 0,18%. A principal influência para a composição da taxa do grupo partiu do item tarifa de telefone residencial, cuja taxa passou de 0,95% para 0,47%.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou, em fevereiro, variação de 0,42%, abaixo do resultado de janeiro, de 0,67%. Dois dos três grupos componentes do índice apresentaram acréscimo em suas taxas de variação: Materiais e Equipamentos, de 0,27% para 0,32%, e Serviços, de 0,68% para 0,73%. Em sentido inverso, o grupo Mão de Obra apresentou desaceleração, tendo sua taxa recuado de 0,98% para 0,43%.

IGP-M Mês e 12 meses IGP-M fecha fevereiro com deflação [pdf - 340Kb]
Re: A planilha inconsistente à qual o Brasil se curvou
Re: A planilha inconsistente à qual o Brasil se curvou
Blog do Luis Nassif

Homenagens aos militares mortos e investigações dominam dia na Antártica, diz embaixador

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Dois dias depois do incêndio que destruiu a Estação Comandante Ferraz, na Antártica, as autoridades brasileiras homenageiam os dois militares mortos e intensificam as investigações sobre as causas do acidente. O embaixador do Brasil no Chile, Frederico Cezar de Araujo, disse à Agência Brasil (ABr) que as apurações preliminares indicam que uma falha no sistema elétrico gerou o incêndio na base. Independentemente das causas do acidente, o diplomata reiterou que a ordem da presidenta Dilma Rousseff é começar “o mais rápido possível” o trabalho de reconstrução da estação.

A seguir, os principais trechos da entrevista de Araujo à Agência Brasil.

Agência Brasil – Pouco mais de 48 horas após o incêndio, como está a situação na estação brasileira na Antártica?
Frederico Araujo – É praticamente impossível permanecer na Estação Comandante Ferraz, por isso monitoramos da estação chilena, que é bem próxima. Conseguimos retirar os pesquisadores, militares e funcionários que lá estavam e que já chegaram ao Brasil [cerca de 40 pessoas retornaram nesta madrugada ao Brasil]. Por ordem da presidenta Dilma Rousseff, será reconstruída a base o mais rápido possível.

ABr – Já há informações sobre as causas do incêndio?
Araujo – Um inquérito será aberto e conduzido pelo Ministério da Defesa. Mas há informações preliminares de que houve uma falha no sistema elétrico [na base brasileira de pesquisas científicas]. Ao que tudo indica, houve um defeito. Infelizmente, havia duas pessoas [que morreram] no local. Mas, por sorte, a maioria [cerca de 60] conseguiu se salvar.

ABr – A presidenta Dilma Rousseff destacou o heroísmo dos militares brasileiros. O suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos, ambos da Marinha, que morreram, receberão homenagens do governo?
Araujo – Ainda nesta manhã faremos uma homenagem aos dois militares, na base de pesquisas do Chile, de onde os corpos serão transportados pelo Hércules C-130 para o Brasil. Antes da partida, o suboficial e o sargento receberão nossas homenagens. A previsão é que o avião com os corpos chegue ao Brasil entre hoje [27] à noite e amanhã [28], tudo depende das condições do tempo.

ABr – Em meio à tragédia, o senhor disse que houve também muita solidariedade, como?
Araujo – Sem dúvida alguma. Houve apoio dos chilenos, argentinos, uruguaios e também dos poloneses e de um médico russo. Vou agradecer a todos em nome do Brasil. A solidariedade em situações como essa é fundamental.

ABr – Quais são as próximas providências que serão tomadas?
Araujo – Ficarei aqui [na região de Punta Arenas, na costa do Chile] até amanhã [28] para prestar o apoio que for necessário. O nosso ponto de apoio é a base de pesquisas do Chile, De lá monitoramos e tomamos as [eventuais] providências necessárias.

Agência Brasil

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Gilmar, Heraldo e a Globo. Como PHA se defendeu

O que se segue é a defesa oral que fiz na ação penal que Heraldo Pereira de Carvalho move contra mim, acrescida de informações parcialmente lidas na defesa oral, na audiência de conciliação na ação Cível, em 15 de fevereiro de 2012.

(Clique aqui para ler “A verdadeira conciliação entre PHA e Heraldo”.)

Como o objetivo do juiz Daniel Felipe Machado, da 12ª Vara Cível de Circunscrição Especial de Brasília foi, desde o início da audiência, promover um conciliação, a leitura integral pareceu ao Juiz e a meu advogado, Dr Cesar Marcos Klouri, desnecessária.

Além disso, o objetivo do Dr Klouri e meu sempre foi, desde sempre, obter do autor da ação um documento formal em que ele reconhecesse que a expressão “negro de alma branca”, nos artigos mencionados, não continha ofensa moral e muito menos um conteúdo racista.

Como isso foi plenamente obtido, com a assinatura do autor da ação, na presença de seus advogados e do Juiz, no termo de conciliação – em que não há assunção de qualquer tipo de culpa -, de novo, a defesa oral parecia imprópria.

Mas, como aqui estão os argumentos que usei na ação penal, e uma menção às minhas enobrecedoras testemunhas na específica ação Cível, acho por bem reproduzí-la, com as alterações:


SOU JORNALISTA HÁ 51 ANOS.

FUI ESTAGIÁRIO DO JORNAL A NOITE EM 1961.

COMECEI ENTÃO A FINANCIAR OS PRÓPRIOS ESTUDOS.

TRABALHEI NA REVISTA MANCHETE E NA REALIDADE, ENTÃO, A MAIS IMPORTANTE DO PAÍS.

AINDA NA EDITORA ABRIL, ABRI O ESCRITÓRIO DA REVISTA VEJA EM NOVA YORK COM 25 ANOS.

FUI EDITOR DE ECONOMIA DA REVISTA VEJA E DIRETOR DE REDAÇÃO DA REVISTA EXAME.

EDITOR DE ECONOMIA , REDATOR CHEFE E DIRETOR DE REDAÇÃO DO JORNAL DO BRASIL, QUANDO ERA O MELHOR JORNAL DO BRASIL.

DIRETOR DE JORNALISMO DA TEVÊ MANCHETE.

EDITOR DE ECONOMIA, COLUNISTA DE ECONOMIA DO JORNAL DA GLOBO, ÂNCORA E DIRETOR DA REDE GLOBO NO ESCRITÓRIO EM NOVA YORK.

ÂNCORA E EDITOR DO PROGRAMA JORNAL DA BAND.

ÂNCORA E EDITOR DO PROGRAMA FOGO CRUZADO, NA BANDEIRANTES.

ÂNCORA E EDITOR DO PROGRAMA “CONVERSA AFIADA” , DA TV CULTURA – ÚNICO PROGRAMA DIÁRIO, EM TEVÊ ABERTA, NO HORÁRIO NOBRE, DE PRODUÇÃO INDEPENDENTE, POR DOIS ANOS.

SOU ÂNCORA DO PROGRAMA DOMINGO ESPETACULAR, A SEGUNDA MAIOR AUDIÊNCIA DA TEVÊ BRASILEIRA, AOS DOMINGOS.

HÁ DEZ ANOS SOU RESPONSÁVEL PELO SITE CONVERSA AFIADA QUE, EM 2012, ENTRE 100 MIL BLOGS DO BRASIL, FOI O MAIS VOTADO NUMA ELEIÇÃO DA RESPEITADA EMPRESA DE ADMINISTRAÇÃO DE PRODUTOS NA INTERNET, A TOP OF MIND.

NA MESMA ELEIÇÃO, O CONVERSA AFIADA FOI ELEITO O MAIS IMPORTANTE BLOG POLÍTICO DO PAÍS.

DIGO ISSO PARA RESSALTAR QUE, COMO O AUTOR, TIVE UMA ORIGEM HUMILDE, DE PAIS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DE BAIXA REMUNERAÇÃO, QUE TEVE QUE TRABALHAR MUITO PARA ESTUDAR E SUBIR NA VIDA.

O AUTOR NÃO TEM O MONOPÓLIO DA LUTA CONTRA A ADVERSIDADE.

OU DA CAPACIDADE DE SUPERÁ-LA.

ISSO NÃO QUALIFICA A DENÚNCIA DELE.

PELO MENOS DIANTE DESTE SUPOSTO RÉU.

EM 51 ANOS DE CARREIRA, COMO REPÓRTER, REDATOR, EDITORIALISTA, ARTICULISTA, ÂNCORA OU EDITOR J A M A I S , N U N C A

- SUSPEITARAM

- INSINUARAM

- OU ME ACUSARAM DE RACISMO

OU SEQUER DE PRECONCEITO CONTRA NEGROS, JUDEUS, ÍNDIOS, PALESTINOS, NORDESTINOS, BOLIVIANOS, HOMOSSEXUAIS, TRAN-SEXUAIS OU QUALQUER MINORIA OU SEGMENTO SOCIAL.

AO CONTRÁRIO.

OS AUTOS DEMONSTRAM QUE SOU UM DEFENSOR DAS POLÍTICAS QUE IMPEDEM E COMBATEM O RACISMO E O PRECONCEITO.

QUERO AQUI AGRADECER O GENEROSO TESTEMUNHO DO DEPUTADO EDSON SANTOS, DO PT DO RIO, EX-MINISTRO DA IGUALDADE RACIAL, E JEAN WILLYS, DO PSOL DO RIO, QUE LUTA PELA CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA.

OS DOIS SE DISPUSERAM A DEPOR A MEU FAVOR NESTA CAUSA, SE FOSSE NECESSÁRIO.

AGRADEÇO TAMBÉM AO SENADOR PAULO PAIM, DO PT DO RIO GRANDE DO SUL, PAI DO ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL, QUE DEU UM TESTEMUNHO EM MINHA DEFESA, ESPECIALMENTE PARA ESTA AÇÃO, ONDE ATESTA QUE JAMAIS MANIFESTEI QUALQUER ATO OU IDEIA DE CARÁTER RACISTA.

AO CONTRÁRIO.

DEFENDO, POR EXEMPLO, AS COTAS PARA NEGROS NAS UNIVERSIDADES -
POLÍTICA QUE O SUPOSTO RÉU DEFENDE DESDE QUE, CORRESPONDENTE DA GLOBO NOS ESTADOS UNIDOS, PODE ACOMPANHAR SEUS EFEITOS BENÉFICOS PARA NEGROS QUE NASCEM NA ADVERSIDADE.

NUNCA EM 51 ANOS DE ATIVIDADE PÚBLICA , À VISTA DE TODOS, EM REDE NACIONAL, DISSERAM, INSINUARAM OU SUSPEITARAM QUE EU FOSSE RACISTA.

OU QUE, COMO ACUSA O AUTOR, INCITASSE O RACISMO.

ESSE MESMO SITE NA INTERNET, AGORA ACUSADO DE SER UM INSTRUMENTO DO RACISMO, UMA ESPÉCIE DE MEIN KAMPF DA BLOGOSFERA, ESSE MESMO CONVERSA AFIADA DIVULGOU DEZENAS DE TEXTOS CONTRA O RACISMO E O PRECONCEITO.

E A FAVOR DA COTAS.

ISSO ESTÁ FARTAMENTE DOCUMENTADO NOS AUTOS.

NÃO HÁ UMA FRASE, UM ATO, UMA PALAVRA, UM GESTO, EM 51 ANOS NA VITRINE DA IMPRENSA, QUE POSSA OU QUE J A M A I S TENHA SIDO ASSOCIADO A RACISMO.

SOBRE A EXPRESSÃO “NEGRO DE ALMA BRANCA”, QUE PARECE SINTETIZAR A ACUSAÇÃO, ESSA, SIM, INFAMANTE, QUERO PONDERAR.

PRIMEIRO, O SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO NÃO É UNIVOCO.

ELA SE ASSOCIA, POR EXEMPLO, A ZUMBI DOS PALMARES, UM HERÓI DA RESISTÊNCIA DOS NEGROS QUE NÃO SE SUBMETEM À OPRESSÃO.

TAMBÉM SE EMPREGOU EM RELAÇÃO AO PAI TOMÁS , SEM NENHUMA CONOTAÇÃO OFENSIVA – E MUITO MENOS RACISTA.

UM DOS SIGNIFICADOS DA EXPRESSÃO – QUE, ADMITO, POSSA MELINDRAR E, SE ASSIM FOR, LAMENTO PROFUNDAMENTE – UM DOS SIGNIFICADOS CORRENTES E USUAIS É PARA DESCREVER O NEGRO QUE NÃO DEFENDE NEM SE DEFENDE DO RACISMO E DOS RACISTAS.

É A ACEPÇÃO A QUE RECORRI.

NEGRO DE ALMA BRANCA É O NEGRO QUE NÃO OLHA PARA TRÁS – PARA A CHAGA DA ESCRAVIDÃO, OU, COMO DIRIA JOAQUIM NABUCO:

“NÃO BASTA ACABAR COM A ESCRAVIDÃO. É PRECISO DESTRUIR SUA OBRA.”

É A OBRA QUE ESTÁ ABERTA AINDA HOJE, COMO COMPROVAM AS ESTATÍSTICAS DO IBGE, DOS CÁRCERES BRASILEIROS, DAS CRACOLÂNDIAS.

NEGRO DE ALMA BRANCA PODE SER AQUELE QUE NÃO ASSUME A SUA PRÓPRIA CONDIÇÃO DE NEGRO PARA COMBATER O RACISMO E O PRECONCEITO CONTRA O NEGRO.

CONTRA ELE, CONTRA A MÃE, O PAI, OS IRMÃOS.

É O NEGRO QUE OLHA PARA OUTRO LADO.

QUE FINGE QUE NÃO VÊ.

ACHA QUE NÃO É COM ELE.

NEGRO DE ALMA BRANCA DE PRESTÍGIO, UMA CELEBRIDADE, É O NEGRO QUE NÃO SE VALE DA POPULARIDADE E DO PRESTÍGIO PARA DEFENDER O NEGRO PRESO À CORRENTE DA ADVERSIDADE.

NEGRO DE ALMA BRANCA PODE SER TAMBÉM AQUELE QUE SE PRESTA A COONESTAR AS POSIÇÕES, AS TESES DE QUEM É CONTRA OS DIREITOS CIVIS DOS NEGROS OU DOS QUE COMBATEM AS POLÍTICAS QUE PODEM DAR INDEPENDÊNCIA ECONÔMICA E RECONHECIMENTO SOCIAL AOS NEGROS.

SÃO AQUELES QUE DEFENDEM PSEUDO POLÍTICAS ANTROPOLÓGICAS QUE CONGELAM A DESIGUALDADE E A DISCRIMINAÇÃO.

NESSE PAÍS DE MAIORIA NEGRA MORREM MAIS NEGROS QUE BRANCOS NA MESMA FUNÇÃO.

HÁ MENOS NEGROS NAS FACULDADES.

QUANTOS NEGROS HÁ NA MAGISTRATURA ?

A CARA DA MISÉRIA, A CARA DA POBREZA NO BRASIL, É NEGRA.

ESSA É UMA QUESTÃO CENTRAL DA DEMOCRACIA BRASILEIRA – E O LOCAL
PARA DISCUTÍ-LA NÃO É NESTA SALA, COM ESTE TIPO DE AÇÃO, QUE NÃO PASSA DE UMA PERIPÉCIA, UMA MANIFESTAÇÃO DE PODER.

DE PODER PARA TENTAR MANIPULAR O SISTEMA JUDICIÁRIO EM BENEFÍCIO DO AUTOR, FUNCIONÁRIO DA MAIS PODEROSA EMISSORA DE TEVÊ DA AMERICA LATINA, ONDE OCUPA CARGO DE PRESTÍGIO E DESTAQUE.

NA MINHA MODESTA OPINIÃO, TODO NEGRO DEVERIA DEFENDER O NEGRO.

ESPECIALMENTE SE FOR FAMOSO, TIVER PRESTÍGIO.

ESPECIALMENTE SE DISPÕE DO PÚLPITO DA REDE GLOBO.

ESTIVE NESSE PÚLPITO GLOBAL, TOTAL, POR DEZ ANOS E SEI O QUANTO ELE VALE.
VALE MUITO, PARA, EM ATIVIDADES PÚBLICAS, ATIVIDADES QUE DERIVAM DO FATO DE SER UM PROFISSIONAL DA GLOBO, PODER DEFENDER CAUSAS NOBRES.

POR EXEMPLO, COMBATER O RACISMO E A DISCRIMINAÇÃO – COMO FEZ ESTE SUPOSTO REU EM ATIVIDADES PÚBLICAS NOS ESTADOS UNIDOS E NO BRASIL.

É O PÚLPITO QUE DÁ DIMENSÃO AO TRABALHO ARTÍSTICO E POLÍTICO – NÃO PARTIDÁRIO – DE MILTON NASCIMENTO, LECY BRANDÃO, LÁZARO RAMOS E, SOBRETUDO, DE MARTINHO DA VILA, UM DIVULGADOR INCANSÁVEL DA CULTURA AFRICANA E SEU ENRAIZAMENTO NA CULTURA BRASILEIRA.

E ENFATIZO O PAPEL DE MARTINHO, MARTINHO DA VILA.

ASSIM COMO O DE MARTIN, MARTIN MARTINHO LUTHER KING JR, O DOCTOR KING – SEM DÚVIDA, O DR KING, COMO MARTINHO, NÃO ERA UM NEGRO DE ALMA BRANCA.

MARTINHO … MARTINHO LUTERO, QUE SE INSURGIU CONTRA AS VERDADES ESTABELECIDAS E CONGELADAS.

CRITICO TAMBÉM A GLOBO.

E SEU IDEÓLOGO, SUA IDEOLOGIA.

MEU PROBLEMA COMO CIDADÃO DE UMA REPÚBLICA LAICA, ONDE DEVE IMPERAR A DEMOCRACIA, É, NO CASO EM TELA, NESTA ACUSACAO, COM A GLOBO.

CONCESSIONÁRIA DE UM BEM PÚBLICO – O ESPECTRO ELETRO-MAGNETICO – A GLOBO CONGELA A DESIGUALDADE. CRISTALIZA SUPOSTAS VERDADES CONVENIENTES, APROPRIADAS, QUE TOMAM A FORMA DE DOGMAS.

GLAMURIZA A INJUSTIÇA.

E, SOBRETUDO, IMPEDE O DEBATE.

OMITE A DISCUSSÃO SOBRE POLÍTICAS QUE COMBATAM A DESIGUALDADE.

FECHA A PORTA À VÍTIMA DA INJUSTIÇA.

ATRIBUI-SE AO FUNDADOR DA REDE GLOBO, O EMPRESÁRIO ROBERTO MARINHO, A FRASE SÍNTESE DESTE MONOPÓLIO:

O IMPORTANTE – DIZIA ELE – NÃO É O QUE A GLOBO DIVULGA, MAS O QUE … NÃO … DIVULGA !

A MINHA CRÍTICA – EXPRESSA NOS TEXTOS EM QUE SE SUSTENTA O AUTOR – É A ESSA POLÍTICA E A SEU IDEÓLOGO, AQUELE QUE, NOS MEIOS JORNALÍSTICOS , É CHAMADO DE CARDEAL RATZINGER DA GLOBO, O GUARDIÃO DA FÉ DE ROBERTO MARINHO.

É O JORNALISTA ALI KAMEL, O MAIS PODEROSO DIRETOR DE JORNALISMO DA HISTÓRIA DA REDE GLOBO.

E ESTE SUPOSTO RÉU CONVIVEU COM OS OUTROS TRÊS .

NENHUM TEVE TANTO PODER QUANTO KAMEL.

TRATA-SE DE UM PSEUDO ANTROPÓLOGO OU FALSO BIÓLOGO QUE SUSTENTA O DISPARATE DE QUE NO BRASIL QUASE NÃO HÁ NEGROS.

HÁ, SIM, SEGUNDO O SUPOSTO CARDEAL, PARDOS.

E PARDOS, PORQUE NÃO SÃO NEGROS, NÃO PRECISAM DE COTAS PARA ENTRAR NA UNIVERSIDADE.

E ISSO O QUE EU CRITICO.

E PORQUE USOU – ELE, SIM, KAMEL – O PÚLPITO DA GLOBO E DO JORNAL O GLOBO
PARA ESCREVER UM LIVRO COM TÍTULO QUE É SABIDAMENTE UMA FRAUDE.

O TÍTULO É … NÃO SOMOS RACISTAS.

ONDE COMBATE FEROZMENTE AS COTAS RACIAIS.

A CRÍTICA DESTES ARTIGOS EM QUESTÃO É À IDEOLOGIA QUE NUTRE O RESPONSÁVEL PELA POLÍTICA EDITORIAL DA MAIOR REDE DE TELEVISÃO DA AMÉRICA LATINA.

A GLOBO NÃO É UMA ABSTRAÇÃO.

ELA É FEITA DE HOMENS DE CARNE, OSSO E IDEIAS.

A GLOBO TEM IDEIAS, IDEOLOGIA – E ACIMA DE TUDO, INTERESSES.
INTERESSES POLÍTICOS.

E ISSO DEVERIA SER DISCUTIDO NOUTRO FORUM, QUE NÃO ESSE, QUE O AUTOR NOS IMPÕE.

COMO JORNALISTA E HOMEM PÚBLICO TENHO UMA TRADIÇÃO DE CRITICAR A GLOBO.

ISSO TAMBÉM ESTÁ NOS AUTOS.

O TÍTULO DA REPORTAGEM EM TELA FALA POR SI MESMO:

“A GLOBO MENTE EM REDE NACIONAL E DESMENTE EM REDE LOCAL”

O QUE É INACEITÁVEL DO PONTO DE VISTA ÉTICO.

COMO DISSE A PEÇA INICIAL NA DEFESA QUE FIZ NO CRIME – SIM, PORQUE ME PROCESSAM POR UM CRIME TAMBEM -

” NEGRO DE ALMA BRANCA É O NEGRO BEM SUCEDIDO QUE NÃO DEFENDE OS NEGROS – QUE DESMENTE A NECESSIDADE DE POLÍTICAS FOMENTADORAS DA IGUALDADE RACIAL E CORROBORA A TESE DE ALI KAMEL DE QUE O BRASIL NAO É RACISTA.”

O COMPORTAMENTO PUBLICO E PROFISSIONAL DO AUTOR É, ASSIM, A CONFIRMACAO DA TESE DO ALI KAMEL.

E A PERIPECIA DO AUTOR É DIZER QUE ISSO É UMA FORMA DE RACISMO…

SE BARACK OBAMA OU PELÉ FOSSEM À JUSTICA TODA VEZ QUE OS CHAMAM DE NEGROS DE ALMA BRANCA, O SISTEMA JUDICIAL BRASILEIRO E AMERICANO NAO FARIA OUTRA COISA !

RECENTEMENTE, UM DOS MAIS RESPEITADOS INTELECTUAIS AMERICANOS, CORNELL WEST, PROFESSOR DE HARVARD E PRINCETON, CHAMOU O PRESIDENTE BARACK OBAMA DE NEGRO DE ALMA BRANCA, PORQUE , SEGUNDO ELE, SE VENDEU A WALL STREET.

CORNELL WEST É NEGRO E USA CABELO AFRO.

A CRITICA QUE FIZ NO CONVERSA AFIADA NAO FOI UMA OBSERVACAO SOBRE A ETNIA DO QUERELANTE – NEM DE ALI KAMEL, DE ORIGEM PALESTINA.

FOI UMA CRITICA POLITICA.

UMA CRITICA À IDEOLOGIA DA GLOBO.

QUERO ME REPORTAR AQUI À NOTAVEL CONTRIBUIÇÃO DA GLOBO À CULTURA BRASILEIRA.

ESTE PRODUTO IMPORTADO CHAMADO BIG BROTHER BRASIL, TAMBÉM CHAMADO DE BIG BROTHEL BRASIL.

QUERO INVOCAR TAMBÉM O DEPOIMENTO DE MINO CARTA, PROVAVELMENTE O MAIOR JORNALISTA BRASILEIRO E MEU MENTOR, DESDE QUE FOI MEU CHEFE NA REVISTA VEJA.

COMO TODOS SABEM, O BIG BROTHER BRASIL OFERECEU AO PUBLICO BRASILEIRO UMA CENA SUB-EDREDÔNICA ONDE SE SUSPEITA TER OCORRIDO UM ESTUPRO.

O SUSPEITO DE PRATICAR O ESTUPRO É UM MODELO PROFISSIONAL, NEGRO, DE NOME DANIEL.

VEJA O QUE DIZ MINO CARTA SOBRE NEGROS DE ALMA BRANCA E A GLOBO.

Quanto ao Big Brother, é de fonte excelente a informação de que a produção queria um “negro bem-sucedido”, crítico das cotas previstas pelas políticas de ação afirmativa contra o racismo. Submetido no ar a uma veloz sabatina no dia da estréia, Daniel Echaniz, o negro desejado, declarou-se contrário às cotas e ganhou as palmas febris dos parceiros brancos e do âncora Pedro Bial . [...]E não é que este Daniel, talvez negro da alma branca, é expulso do programa do nosso inefável Bial? Por não ter cumprido algum procedimento-padrão, como a emissora comunica, de fato acusado de estuprar supostamente uma colega de aventura global, como a concorrência divulga”.

COMO DIZ O MINO CARTA, EM OUTRO CONTEXTO:

A EXPRESSÃO “NEGRO DE ALMA BRANCA” É EXATAMENTE UMA CRITICA AO RACISMO.

SÓ A GLOBO TEM O DIREITO DE TER OPINIÃO NESTE PAÍS ?

O DIREITO DE ESTABELECER QUEM DEVE E QUEM NAO DEVE ENTRAR NAS UNIVERSIDADES ?

QUEM É RACISTA OU NÃO ?

QUEM PODE TRABALHAR COM O PEDRO BIAL, SENDO NEGRO ?

MINO CARTA DÁ A IMPRESSÃO DE QUE EXISTE UM TESTE DE HIGIENE IDEOLOGICA NA GLOBO.

SIM.

PORQUE NÃO HÁ NOTICIA DE UM NEGRO QUE TRABALHE NO JORNALISMO DA GLOBO QUE TENHA DEFENDIDO PUBLICAMENTE AS COTAS RACIAIS PARA A UNIVERSIDADE.

NÃO SÃO MUITOS OS NEGROS, ALI NAQUELA VITRINE PODEROSA.

E OS POUCOS NÃO DEFENDEM AS COTAS – POR QUE SERÁ ?

ESTA NÃO É UMA AÇÃO PENAL !

O QUE SE JULGA AQUI É A LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

E NAO A SIMPLES LIBERDADE DE IMPRENSA DO ROBERTO MARINHO, SEUS HERDEIROS E ALI KAMEL.

A LIBERDADE DE PENSAR E SE EXPRIMIR DIFERENTE DA GLOBO.

DE NAO SE SUBMETER A UM PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO IDEOLOGICA.

QUERO RELEMBRAR, AQUI, A TESE CENTRAL DO PROFESSOR LUIZ FELIPE DE ALENCASTRO, AUTOR DO LIVRO CLASSICO “O TRATO DOS VIVENTES “, TITULAR DA CADEIRA DE HISTÓRIA DO BRASIL NA SORBONNE, NA FRANÇA, NUM TESTEMUNHO RECENTE EM AUDIENCIA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, A CONVITE DO MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI.

O PROFESSOR ALENCASTRO ESTÁ NOS AUTOS, COMO MINHA TESTEMUNHA.

DISSE ELE NO SUPREMO.

A DIVISÃO DA SOCIDADE BRASILEIRA ESTÁ DADA. É CONCRETA.

PESQUISAS DO IBGE, DO IPEA, DE REPUTADOS SOCIOLOGOS E HISTORIADORES RENOMADOS ATESTAM A ESMAGADORA DEBILIDADE SOCIAL, ECONOMICA, EDUCACIONAL DA POPULAÇÃO NEGRA.

ESSE MAL JÁ ESTÁ FEITO.

A ESCRAVIDÃO FEZ.

AGORA, É PRECISO TRATAR DESIGUALMENTE AS OPORTUNIDADES PARA CORRIGIR A DEFORMAÇÃO GERADA NA DESIGUALDADE.

POR ISSO SOU A FAVOR DAS COTAS RACIAIS NAS UNIVERSIDADES, CONCLUIU ELE.

ESSA É A MINHA QUESTÃO.

ESSE É, NESTE CASO, O MEU PROBLEMA COM A GLOBO E SEU IDEOLOGO, O PSEUDO ANTROPOLOG , O CARDEAL RATZINGER.

ESSA É A MINHA CRITICA AOS NEGROS DE ALMA BRANCA.

NUMA PALAVRA, A CONDESCENDÊNCIA COM A DESIGUALDADE.

SUBSIDIARIAMENTE, ESSA AÇÃO – NO CRIME E NO CÍVEL – NÃO PASSA DE UMA BURLA, DE UM ESCÁRNIO AO SISTEMA JUDICIARIO.

O VERDADEIRO AUTOR, NA MINHA INVIOLÁVEL E SOLITARIA INTERPRETACAO, É GILMAR MENDES, TESTEMUNHA DO AUTOR, NA AÇÃO PENAL.

QUE SE ABALOU DO OLIMPICO TRIBUNAL PARA VIR AQUI COMO SE FOSSE TRATAR DE UMA ROTINEIRA QUERELA TRABALHISTA.

NAO !

GILMAR MENDES QUER SE VINGAR DE MIM ATRAVÉS DE TRES PROCESSOS NA JUSTIÇA.

NO CRIME, JÁ FOI SUMARIAMENTE DERROTADO, PORQUE O MINISTERIO PUBLICO NAO VIU POR QUE ME PROCESSAR.

FALTAM DOIS PROCESSOS NO CÍVEL, ONDE A JUSTIÇA, CERTAMENTE, PREVALECERÁ.

E TEM ESTE AQUI, DE QUE TRATAMOS, EM QUE ELE É O VERDADEIRAO AUTOR E O ESPIRITO SANTO DE ORELHA DESTA AÇAO.

FAZ ISSO ATRAVÉS DO CONSPICUO AUTOR, PRO FORMA.

FAÇO ESSA DENUNCIA SERENAMENTE.

E A FAREI EM TODAS AS INSTÂNCIAS NECESSARIAS.

AQUI, ME DEBATO COM GILMAR MENDES.

UM NOTORIO ADVERSÁRIO DA LIBERADE DE EXPRESSAO – TANTAS AS AÇOES INOCUAS QUE MOVE NA JUSTIÇA PARA CALAR JORNALISTAS INDEPENDENTES.

COMO TENTOU FAZER COM MINO CARTA E LEANDRO FORTES, TAMBEM DA CARTA CAPITAL

E PERDEU.

QUAL O PROBLEMA DE GILMAR MENDES COM ESTE SUPOSTO RÉU ?

PORQUE NO SITE CONVERSA AFIADA FAÇO QUESTAO DE RELEMBRAR QUE ELE DEU EM 48 HORAS DOS HCS QUE O MEIO JURIDICO CHAMA DE HCS CANGURU, PARA BENEFICIAR UM PASSADOR DE BOLA APANHADO NO ATO DE PASSAR BOLA, O BANQUEIRO DANIEL DANTAS.

PORQUE O SITE CONVERSA AFIADA CONSIDERA QUE GILMAR MENDES NÃO TEM CONDIÇÕES MORAIS NEM INTELECTUAIS PARA SE SENTAR NUMA CADEIRA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

UM MINISTRO QUE MANTEM COM O ADVOGADO SERGIO BERMUDES AS RELAÇÕES PROMISCUAS QUE ELE MANTEM, COM O USUFRUTO DE APARTAMENTO NO CENTRAL PARK, EM NOVA YORK, E UMA LIMOUSINE MERCEDES BENZ – ESSE HOMEM, NA MINHA MODESTA OPINIÃO, NÃO PODE SER UM ARBITRO DE QUESTÕES QUE DIGAM RESPEITO À CONSTITUIÇÃO.

QUERO ENCERRAR MINHAS PALAVRAS COM UM TESTEMUNHO PESSOAL.

NUM RECENTE DOMINGO, O PROGRAMA EM QUE TRABALHO, DOMINGO ESPETACULAR, EXIBIU REPORTAGEM MINHA NUM ABRIGO, NO RIO, DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES VICIADOS EM CRACK.

CRIANÇAS TALVEZ DESTRUIDAS DE FORMA IRRECUPERAVEL.

SEUS CIRCUITOS CEREBRAIS JÁ FORAM DANIFICADOS DE TAL FORMA, QUE NÃO CONSEGUEM MAIS ARTICULAR COM NITIDEZ AS PALAVRAS QUE SAEM DA BOCA.

HAVIA, ALI, 23 CRIANÇAS.

TODAS ERAM NEGRAS.

Paulo Henrique Amorim

Conversa Afiada