quarta-feira, 21 de março de 2012

Exploração política da corrupção na saúde

ImageA oposição, agora, quer obter, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, assinaturas necessárias à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar as denúncias de corrupção no sistema de saúde pública. O mote, claro, são as reportagens da TV Globo – no Fantástico e no Jornal Nacional – que flagram empresários em negociações para fraudar licitações de um hospital pediátrico no Rio de Janeiro.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), já disse que, se não for possível criar uma CPI mista, uma alternativa será tentar instalar uma comissão somente de senadores.

Dias tenta há muito uma CPI na área. Protocolou um requerimento nesse sentido em abril passado, quando conseguiu as 27 assinaturas exigidas do Senado, mas não conseguiu as 171 necessárias na Câmara. O novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), contra argumenta. Para ele, não faz sentido uma CPI neste caso. Alega que já existem mecanismos mais adequados para investigar as denúncias de corrupção no sistema de saúde. Diz, ainda, que não é o momento de tornar mais tenso o ambiente no Senado.

TV Globo pauta a oposição

Ainda que justificada a comoção popular criada em torno das denúncias da reportagem – Álvaro Dias deveria estar pedindo uma CPI para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) - seu aliado no denuncismo udenista a que se propõe.

Mais uma vez a Globo agenda a oposição e desvia a atenção do caso de Goiás, que ela simplesmente desconheceu. A operação atual é para deter duas CPIs: a da privataria (privatizações da era tucana) e a de Goiás. Já, como bem disse o líder do governo, como atuar em casos de fraude. Os instrumentos para coibir a corrupção em esferas do executivo estão aí: Controladoria Geral da União, Polícia Federal, Ministério Público Federal... Há, ainda, os órgãos de controle de cada unidade orçamentária.

As perguntas a serem feitas são: como a Universidade Federal do Rio de Janeiro não tem controle e fiscalização para evitar licitações viciadas e acordadas? Como não tem um controle interno? Quem são os funcionários responsáveis pelas licitações? Ou tudo não passa de uma farsa da TV Globo e de sua campanha contra a corrupção?

Combustível para a exploração política

Campanha esta, aliás, que se restringe apenas ao governo federal. A emissora não diz nada, nenhuma palavra, sobre os Estados governados pelo PSDB. Sequer, ainda, sobre personagens como Alexandre Accioly, ligado ao senador tucano Aécio Neves (leia o post com mais detalhes "Dirigente do SESC do Rio de Janeiro é alvo de denúncias"), sobre corrupção no Serviço Social do Comércio (SESC) no Estado do Rio de Janeiro.

Já disse e repito. Em casos como os apresentados pela reportagem da Globo, é possível, sim, haver controle e fiscalização. Ambos deveriam existir tanto na universidade, como nos governos em todos os seus níveis. O problema é que reportagens desta natureza, sem apontar soluções, são combustível para a exploração política, com faz Álvaro Dias com sua proposta de CPI dirigida. Ele, o mesmo que não propôs uma investigação para a privataria tucana ou para Goiás.

Blog do Zé Dirceu

Nenhum comentário:

Postar um comentário