segunda-feira, 26 de março de 2012

Farmacêuticas criam laboratório de alta tecnologia no Brasil

Por Assis Ribeiro
Do iG

Nova farmacêutica nacional fará remédios tidos como futuro da indústria

BioNovis, criada por união de quatro produtoras brasileiras de medicamentos, terá fábrica e centro de pesquisa para fazer biotecnológicos

Um dia após a presidenta Dilma se reunir com empresários para pedir que façam mais investimentos, quatro farmacêuticas nacionais assinaram um acordo que cria uma empresa de alta tecnologia no País. A BioNovis, fundada pelas concorrentes EMS, Ache, Hypermarcas e União Química, vai produzir os chamados remédios biotecnológicos, usados no tratamento de doenças complexas. Será a primeira grande empresa brasileira a entrar nesse mercado, cujas importações custaram ao governo R$ 6 bilhões no ano passado – que são 46% de todo o gasto governamental com medicamentos importados.

esa vai demandar R$ 500 milhões de investimento nos primeiros cinco anos de vida, dos quais R$ 200 milhões sairão dos caixas das sócias (cada uma tem 25% da BioNovis) e darão conta de colocar o negócio para funcionar. O resto será captado conforme o projeto se desenvolva. Não está descartado um financiamento do BNDES – ou mesmo uma sociedade com o banco de desenvolvimento. "Talvez seja o investimento mais importante da história da indústria farmacêutica brasileira", diz Odnir Finotti, presidente da BioNovis.

A empresa terá uma fábrica desses remédios, mas o local e o custo do investimento só devem ser anunciados em 90 dias. Além disso, irão construir um laboratório de pesquisas, que deve começar a funcionar ainda este ano – cerce de 60% do investimento feito na BioNovis será para pesquisa e desenvolvimento. O escritório já começa a funcionar, na Av. Faria Lima, em São Paulo.

Os remédios biotecnológicos, feitos a partir de células vivas, são considerados o futuro da indústria farmacêutica. São caros – mesmo sendo 46% dos gastos públicos com importação, representam só 2% do volume de remédios comprados fora – e consumidos apenas dentro de hospitais, não vendidos em farmácias. É um mercado de US$ 160 bilhões no mundo, e de R$ 10 bilhões no Brasil. Entre os dez remédios mais vendidos mundialmente, cinco são do tipo. "Em vinte anos, o mercado de biotecnológicos será maior que o de remédios químicos", avalia Finotti.

Esses remédios são usados para combater doenças como câncer, artrite reumatóide, lúpus e Alzheimer. São produzidos principalmente nos EUA, Alemanha, Suíça e Reino Unido, mas emergentes como Índia, China e Coreia do Sul já fabricam biotecnológicos – o Brasil importa inclusive da Argentina. A BioNovis deve colocar os primeiros biotecnológicos nacionais no mercado em dois ou três anos. "Como serão feitos aqui, eles deverão ser mais competitivos que os importados", diz o executivo.

O fato de quatro empresas concorrentes terem se unido para criar um negócio é algo inédito no setor. Entre as primeiras conversas e a conclusão do acordo, passaram-se apenas seis meses. No acordo de acionaistas, está previsto que nenhuma delas poderá entrar na fabricação de biotecnológicos, ou seja, virar concorrente da BioNovis. O acordo prevê ainda que a BioNovis não poderá ser vendida para empresas estrangeiras.

Também ficou definido que cada sócio terá dois assentos no conselho, e que a diretoria não poderá ter executivos que também sejam diretores nas acionistas. Finotti, o presidente, estava comandando a Pró Genérico, associação que representa empresas do setor.

"Os sócios sabem que a BioNovis não poderá ser um negócio pequeno, por isso ela já nasce com a intenção de ser uma empresa global e exportar medicamentos", explica o executivo – ainda assim, o principal comprador deverá ser o governo, com 60% dos pedidos. "A empresa tem potencial para se tornar, dentro de vinte anos, a maior farmacêutica brasileira", diz

Blog do Luis Nassif

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