segunda-feira, 12 de março de 2012

O maior problema da indústria são os juros


Por José Dirceu


Discordo de muitas vozes quando afirmam que as principais dificuldades da indústria nacional neste momento sejam os altos custos que enfrenta. Não descarto sua importância, mas ressalto que custos altos o Brasil sempre teve e, mesmo assim, dobrou suas exportações nos últimos anos.

A redução dos custos, aliás, é prioridade do governo e vem acontecendo. Acredito que nesta questão o câmbio valorizado, a guerra comercial internacional pelos escassos mercados dinâmicos - entre os quais o Brasil - e a chegada da China ao nosso mercado de manufaturas e equipamentos exerçam um papel maior. Assim como os altos custos financeiros internos, ou seja, os juros bancários.

Todas as outras questões relativas a custos - da energia às rodovias - estão sendo equacionadas ou tendem a sê-lo no médio prazo, 3 a 5 anos. Há leilões de novas concessões à vista. Na semana passada lembramos neste blog, por exemplo, que o trecho mineiro da BR-116 deverá ser a próxima rodovia federal concedida à iniciativa privada. O mesmo se dará com a BR-040, entre o Distrito Federal e Juiz de Fora (MG).

Mudança radical na política de juros

E não faltam investimentos em curso. Só para citar alguns na área da logística, temos US$ 2,9 bi no porto de Santos; US$ 1,8 bi, no superporto do Açu; US$ 6,7 bi na ferrovia Norte-Sul; US$ 3,8 bi no Rodoanel trecho Norte; US$ 3,4 bi na ferrovia Transnordestina. Na área de energia os valores são ainda maiores: US$ 16 bi na hidrelétrica de Belo Monte (PA); US$ 12,6 bi em Tapajós (PA); outros US$ 10 bi em Santo Antônio (RO), e US$ 8,2 bi em Jirau (RO).

O maior problema da indústria é que não há nada no horizonte sobre uma mudança radical na política de juros – o que implicaria, também, em uma mudança no sistema bancário e financeiro. O país precisa de concorrência nessa área e o Banco Central precisa fechar todos os canais que permitam aos bancos obter um spread de até 32%, sem o que não enfrentaremos a concorrência externa e não teremos competividade para defender nossa indústria.

Blog do Zé Dirceu

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