quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A conversa fiada de Franco sobre Itaipu

O ditador legalizado do Paraguai, Federico Franco, veio com mais uma conversa fiada. Afirmou que não pretende continuar “cedendo” energia ao sócios Brasil (Itaipu) e Argentina (Yacyretá). Com baixo consumo de energia, o Paraguai sempre vendeu aos países vizinhos grande parte do que lhe cabia na produção das duas usinas.


Mas, para Franco, não compensa. "Não estamos dispostos a seguir cedendo nossa energia. E prestem bem atenção que uso a palavra ceder. Porque o que estamos fazendo é ceder ao Brasil e à Argentina, nem sequer estamos vendendo", bradou. Sem citar, obviamente, que o governo de Fernando Lugo – o legítimo, democraticamente eleito, que seus pares derrubaram no tapetão – conseguiu triplicar o valor pago pelo Brasil na eletricidade de Itaipu.

"Devemos procurar trazer o que é nosso de Itaipu e Yacyretá, criar fontes de trabalho para evitar mais migrações. Para isso, a única alternativa é criar condições de segurança para poder industrializar o país", completou Franco referindo-se a um acordo fechado para a construção da linha de transmissão entre Itaipu e Assunção que levará o país a utilizar mais energia a que tem direito na usina. Ele avalia que esse projeto possibilitará a instalação de mais indústrias no país que contarão com um preço mais conveniente de energia.

Ora, o ditador legal do Paraguai está no direito dele. Pode ficar com toda energia que comprar de Itaipu, como o Brasil já faz, se não continuamos com o direito de comprar pelos preços de mercado, como faz a Argentina. O resto, meus caros, é conversa fiada. Está tudo garantido nos contratos assinados pelos governos e pelo Estado paraguaio. E vejam que nem o argumento de que era uma ditadura ele pode usar, já que ele mesmo não passa de um usurpador.

Rio Tinto Alcan

Após ter usurpado a presidência paraguaia por conta de um golpe do Congresso daquele país, Franco iniciou negociações com a multinacional Rio Tinto Alcan para a instalação de uma fábrica de alumínio no Paraguai. A negociação, porém, havia sido interrompida devido a divergências sobre o preço da energia elétrica que seria fixada.

Sobre este acordo, Fernando Lugo, presidente deposto do Paraguai, em uma entrevista imperdível publicada no Carta Maior foi categórico: “Como é possível quererem produzir alumínio no Paraguai se a matéria-prima e o mercado estão no Brasil? Estão negociando que o preço da energia para essa empresa fique por 30 anos sem reajuste, uma perda de 14 bilhões de dólares".

Após o golpe, Lugo se tornou um dos principais articuladores da unidade da esquerda paraguaia. Na entrevista, ele analisa as origens do golpe orquestrado pelo Legislativo que o retirou do poder, e comemora o fortalecimento da esquerda reunida na Frente Guasú, criada em março deste ano.

A Frente reúne partidos de esquerda e centro-esquerda e tem como meta as eleições gerais de abril de 2013. Além da conquista da presidência, o foco está em eleger o maior número de cadeiras no Congresso Nacional. Para tal, Lugo poderá ser indicado a encabeçar a lista de candidatos ao Senado, um direito que lhe foi garantido pela Corte Suprema do país.

“A sociedade paraguaia está mais polarizada do que nunca”

ImageLugo conta que, cada vez mais, as pessoas lhe pedem para que deixe de ser bispo e seja mais político. “Antes isso não acontecia. A esquerda nunca esteve num melhor momento. Nunca antes 12 partidos e oito movimento sentaram juntos”, comemora. Na sua visão, “a sociedade paraguaia está mais polarizada do que nunca”.

O presidente deposto também ressalta o desapontamento da direita paraguaia que “acreditava que seria muito fácil executar o golpe” e frisa que o que realmente incomodou no seu governo foi o potencial de transformação da sociedade paraguaia que ele representava e estimulava. Quanto ao golpe, Lugo é categórico: “Foi pensado por muito tempo”.

Leia a entrevista clicando aqui e veja também o que diz Lugo sobre o papel que a imprensa paraguaia desempenhou no golpe dado pelo Congresso daquele país. Você, leitor, certamente identificará coisas muito semelhantes aqui mesmo em nosso país.
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Blog do Zé Dirceu

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