segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Venezuela: Maduro ordena expulsão de diplomatas americanos





Leandra Felipe*  
Correspondente da Agência Brasil/EBC


Bogotá – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou hoje (30) que vai expulsar três diplomatas dos Estados Unidos do país. Segundo ele, os funcionários da embaixada americana em Caracas, participaram de reuniões com a oposição no país para elaborar “planos de sabotagem energética e econômica.” “Yankees go, home [voltem para casa]”, disse.

Segundo ele, a decisão foi fruto de uma investigação detalhada. “Investigamos durante vários meses e detectamos que um grupo de funcionários da Embaixada dos Estados Unidos se reuniu com a extrema direita, para financiá-los e apoiá-los em ações de sabotagem elétrica e na área econômica do país. Tenho provas em minhas mãos”, declarou.

Ele disse que deu instruções à Chancelaria do país para notificar os diplomatas Elizabeth Hunderland, David Mutt e Kelly Keiderlinh, para que em 48 horas deixem a Venezuela e regressem aos Estados Unidos. “E não importa as ações que o governo americano adote como resposta”, ressaltou.

No começo de setembro, o país sofreu um apagão elétrico que atingiu 60% do território venezuelano. Dias depois o governo anunciou ter provas de que o sistema fora sabotado. Segundo, Maduro, pela direita do país. Também há problemas inflacionários, com o câmbio paralelo que pressiona o bolívar, moeda venezuelana. Além da alta inflação e uma crise de abastecimento de produtos alimentícios e de higiene.

Além da expulsão dos diplomatas, Maduro também não participou da 68ª Assembleia das Nações Unidas, em Nova York, na semana passada. Ele não compareceu à reunião em protesto, ao acusar o governo dos Estados Unidos de não ter concedido todos os vistos à sua equipe de trabalho. Outro motivo alegado pelo presidente venezuelano para não ir à ONU foi a negativa de sobrevoo que o governo venezuelano recebeu para sobrevoar o espaço aéreo americano em uma viagem à China.

Maduro voltou a dizer que a Venezuela é vítima de um “complô nacional e internacional de desestabilização”. “Vivemos uma guerra, elétrica, econômica e psicológica que pretende acabar com a revolução bolivariana”, disse.
 

Manchete de "O Globo" admite que o jornal errou sobre a Petrobras

por Helena Sthephanowitz publicado 30/09/2013
 
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Outra campanha negativa da mídia começa a cair: Petrobras vai bem, obrigado

Hoje (30), o jornal O Globo estampou em sua manchete principal "Petrobras ampliará capacidade em 50%". A matéria trata como novidade que nove navios-plataforma e sondas de apoio estão sendo instaladas este ano pela estatal brasileira, e que tais instalações incrementam a capacidade de produção em mais um milhão de barris de petróleo por dia.

O desavisado leitor de manchetes – e até mesmo o assinante do jornal – deve ficar atônito com esta notícia, depois de ter lido no mesmo jornal, durante meses, que a Petrobras estaria à beira do precipício, inclusive fazendo coro com a irresponsabilidade de alguns líderes da oposição. O senador tucano Aécio Neves, por exemplo, publicou artigos afirmando que a empresa estava praticamente "quebrada".

Imaginemos o leitor de O Globo concluindo que nove gigantescas plataformas de petróleo teriam sido compradas da noite para o dia, como se a presidente da empresa Graça Foster tivesse ouvido as críticas publicadas no jornal e resolvido agora pegar um carrinho de supermercado e apanhar navios-plataforma na prateleira, como se fossem sacos de arroz.

A verdade é que equipamentos deste porte para a indústria de petróleo precisam ser encomendados com alguns anos de antecedência, e obedecem a criterioso planejamento. Estas plataformas foram licitadas e encomendadas já há algum tempo, fazem parte não só do plano de investimentos da empresa, como do Plano de Aceleração do Crescimento, do governo federal, e da política de desenvolvimento da indústria naval brasileira. Por ser empresa pública e de capital aberto, a Petrobras divulga abertamente todos os fatos relevantes.

Mas o leitor do jornal dos Marinho não ficou sabendo de nada disso. Para tentar reduzir danos à imagem de seu jornalismo, a manchete foi alterada no portal online: "Petrobras eleva produção para neutralizar efeitos da interferência política". O jornalão se refere ao preço controlado da gasolina e do diesel.

Mas a matéria de novo mostra falta de compromisso com a verdade. Isto porque a decisão de elevar a produção nos volumes que estamos vendo se deu há muito tempo, nada tendo a ver com a situação conjuntural da subida da cotação do dólar neste ano, coisa que afeta o preço dos combustíveis refinados no exterior.

A "interferência política" a que o jornal se refere, é a decisão de aumentar a produção da estatal, o que se deu após a descoberta do pré-sal, ainda no governo Lula, com a determinação de manter a Petrobras no controle hegemônico da produção deste petróleo, inclusive com a capitalização da estatal com 5 bilhões de barris do pré-sal no campo de Tupi. Óbvio que para explorar esse campo foi necessário fazer as encomendas de plataformas que estão sendo entregues atualmente.

No primeiro semestre deste ano, analistas da Merrill Lynch enviaram relatório a seus clientes enumerando cinco boas razões para a compra de ações da Petrobras, entre elas a previsão de que seria uma das líderes globais em crescimento da produção de petróleo na comparação com outras companhias do setor. Naquela mesma época, o leitor de O Globo recebia informações contrárias à esta realidade.

Assim, o jornalão acrescenta mais uma pérola do o jargão jornalístico chama de barrigadas – matérias que se mostram desprovidas de sua matéria-prima principal:  a verdade. Somente em 2013, o jornal já publicou o falso alarme de um racionamento elétrico no início deste ano. Depois, o falso alarme sobre a inflação, com o tomate no papel de grande vilão. Agora, fica comprovado que voltou a faltar com a verdade, ao publicar sistematicamente reportagens, análises e artigos negativos sobre a realidade da Petrobras.
Será que aprende?


Rede Brasil Atual

2014 no Rio: Garotinho lidera; Lula mostra força

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Com 2.011 entrevistas, entre 9 e 11 de setembro, o Instituto Ulrich Pesquisa e Marketing mostra o ex-governador à frente da corrida eleitoral para o Palácio Guanabara; no segundo lugar, uma mudança em relação a levantamentos anteriores; o senador Lindbergh Farias, do PT, perdeu o segundo posto para o também senador Marcelo Crivela, do PRB; vice-governador Luiz Fernando Pezão continua atrás, com apenas 5% de intenções; no levantamento para presidente da República, Dilma Rousseff marcou 34%; mas quando o público foi perguntado sobre Lula, ex-presidente teve nada menos que 50%
30 de Setembro de 2013 

247 – A um ano das eleições para governador do Rio de Janeiro, um favorito e uma surpresa despontam na mais novo levantamento de opinião do instituto Ulrich Pesquisa e Marketing. A partir de 2.011 entrevistas realizadas entre os dias 9 e 11 de setembro, a pesquisa apurou que chegariam ao segundo turno, se a eleição ocorresse naquele momentos, o ex-governador Anthony Garotinho, do PR, e o senador Marcelo Crivella, do PRB.

Com 25% de intenções de votos, Garotinho confirma a liderança verificada em todos os outros levantamentos de opinião. Ele vai sem demonstrando ter uma base consolidada, que podem lhe valer a passagem para o segundo turno.
A maior surpresa acontece na disputa pelo segundo lugar. Com 17% de intenções, o senador Crivella ultrapassou seu colega Lindbergh Farias, do PT, que marcou 15%. Até aqui, o senador petista aparecia na segunda posição na maioria dos levantamentos.

A queda para o terceiro lugar pode ser atribuida a recentes denúncias contra ele e sua administração na prefeitura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Não há boa notícia para o vice-governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB. Ele alcançou apenas 5% de intenções, mantedo-se na quarta posição, a exemplo do que já acontecia em outros levantamentos, distante dos primeiros colocados. Pezão tem, por exemplo, cinco vezes menos intenções de voto que Garotinho neste momento.

A instituto Ulrich apurou, ainda, na mesma pesquisa, que o ex-presidente Lula continua sendo a maior força política nacional dentro do Estado. Com 50% de intenção, o ex-presidente bateria até mesmo a presidente Dilma Rousseff, que marcou 34%. Os nomes deles não foram confrontados na mesma pergunta, mas em indagações diferentes.

No cenário com Dilma, a segunda colocada seria Marina Silva (18%). E aqui, no terceiro lugar e quarto lugares, apareceram duas surpresas, com José Serra, com 10%, e Joaquim Barbosa, presidente do STF, com 8%. O senador Aécio Neves teria 6%, enquanto o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, teria 2%.


Brasil 247

Justiça quebra sigilos de Matarazzo e mais dez

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Homem forte de todos os governos tucanos, passando por Mario Covas, José Serra, Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso, o vereador Andrea Matarazzo teve seu sigilo bancário e fiscal quebrado por determinação da Justiça; ele é suspeito de ter arrecadado propinas de US$ 20 milhões junto à empresa francesa Alstom; parte dos recursos foi usada no caixa dois da campanha à reeleição de FHC; escândalo atinge em cheio o ninho tucano; ex-presidente do Metrô, José Fagali Neto, também teve sigilo quebrado, assim como outros nove personagens da trama
30 de Setembro de 2013 

247 - A Justiça Federal de São Paulo tomou uma decisão que atinge o coração do PSDB. Determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal de 11 pessoas, incluindo do vereador Andrea Matarazzo, que participou da arrecadação do caixa dois da campanha à reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e ajudou a levantar cerca de US$ 20 milhões junto à Alstom.

A quebra do sigilo autorizada pela Justiça abrange o período entre 1997 a 2000. O furo de reportagem é do jornalista Fausto Macedo, do Estado de S. Paulo. As pessoas atingidas pela decisão judicial são: Andrea Matarazzo (atual vereador do PSDB e ex-secretário de energia), Eduardo José Bernini, Henrique Fingerman, Jean Marie Marcel Jackie Lannelongue, Jean Pierre Charles Antoine Coulardon, Jonio Kahan Foigel, José Geraldo Villas Boas, Romeu Pinto Júnior, Sabino Indelicato, Thierry Charles Lopez de Arias e Jorge Fagali Neto, (ex-presidente do Metrô).

Em 6 de agosto deste ano, o 247 publicou a informação de que Matarazzo já havia sido indiciado pela Polícia Federal (leia aqui). No dia 13 de agosto, outra reportagem apontou que R$ 3 milhões levantados junto à Alstom foram direcionados para o caixa dois da campanha à reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – o que, à época, chegou até a ser denunciado por Folha e Veja (leia aqui).

No entanto, apesar de todos os indícios, Matarazzo e o comando do PSDB em São Paulo vinham sendo poupados. Com a determinação de quebra do sigilo bancário e fiscal dos envolvidos, rompe-se o cerco, muito embora ainda exista certa cautela. O G1, por exemplo, noticia a quebra do sigilo de 11 pessoas. O que importa, no entanto, é a presença de Andrea Matarazzo no time. Lá, ele não é apenas um entre onze.


Brasil 247

A chantagem na infraestrutura

Para enfrentar a chantagem na área de infraestrutura, o estado brasileiro precisa sair da dependência institucional da iniciativa privada. A retomada de grandes obras públicas, com a parceria entre estatais brasileiras e de países emergentes pode provar que existem alternativas para promover o crescimento.







Nas últimas semanas, tem aumentado a pressão de diferentes setores, sobre o Estado, na questão da infraestrutura. Aproveitando-se da necessidade do setor público viabilizar os diferentes programas de concessão de ferrovias, rodovias, portos, aeroportos, energia – no valor de 240 bilhões de dólares - para acelerar o crescimento da economia, todo mundo pressiona ou chantageia o governo.

Funcionários do DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - entraram em greve há dois meses, atrasando diversas licitações. Os empresários – nacionais e estrangeiros – buscam maximizar seus ganhos exigindo menores taxas de financiamento público, absoluto controle dos negócios e retorno de até 7,5%, em um mercado no qual, em alguns países, como Japão ou a Alemanha, o juro referencial do Banco Central está entre 0% e 0,5%.

E, finalmente, a grande mídia aperta alegremente os torniquetes, exagerando o que ela aponta como “fracassos”, e subestimando e desvalorizando eventuais acertos, como ocorreu com o seminário “Oportunidades em Infraestrutura no Brasil” realizado esta semana em Nova Iorque, pelo governo brasileiro.

O evento, ironizado por parte dos “analistas” de plantão, reuniu 350 fundos e investidores estrangeiros de grande porte, que controlam recursos da ordem de três trilhões de dólares.

Certa emissora de televisão reúne regularmente equipes de “especialistas” e jornalistas próprios e alheios, para desancar, quase todos os dias, a atuação do governo nesse contexto, torcendo, abertamente, para que os leilões de concessão não tenham sucesso, influenciando o resultado das eleições do ano que vem.

Como já dizia James Carville, estrategista eleitoral de Bill Clinton na campanha contra o primeiro Bush, “é a economia, estúpido!”. Se a situação melhorar, crescem as chances de Dilma Roussef se reeleger. Mas os sucessivos entraves que vem sendo colocados às obras de infra-estrutura - greves, decisões judiciais, a hidrelétrica de Telles Pires paralisada pela terceira vez – e a sabotagem da mídia, não prejudicam apenas o atual governo.

Como muitas são obras de longo prazo, elas afetam qualquer tendência, mesmo que de oposição, que venha a assumir o comando da Nação. E isso não apenas devido à persistência dos gargalos de infraestrutura, que prejudicam a competitividade nacional, mas também com relação às contas públicas. No final da história, depois de tantas paradas, há obras que duplicam o prazo de entrega e que triplicam de preço, e, aí, parcela da opinião pública – como a que se manifestou em junho - tende a acreditar que isso se deve à corrupção, e não vai querer saber se o culpado foi o governante que deu início à obra, ou aquele que a irá inaugurar.

Para resolver o problema, o estado precisa desmascarar alguns mitos - verdadeiros paradigmas - fabricados pela mídia, a ponto de gente do próprio governo neles acreditar.

O principal é o de que a infra-estrutura só pode ser tocada pela iniciativa privada e com financiamento público majoritário do governo brasileiro, e que se não houver um retorno acima da média, os investidores irão debandar para outros países.

Se o Brasil não estivesse atraente para o investidor internacional, não seria o quarto destino do mundo em Investimento Estrangeiro Direto. No ano passado foram 65 bilhões de dólares, mais de cinco vezes o que recebeu, por exemplo, o México, que tem sido apresentado pelos mesmos setores da grande mídia como o novo queridinho dos mercados neste momento.

Aportes como o do Santander, de 7,5 bilhões de dólares para investimento em infra-estrutura no Brasil, são quase simbólicos. Principalmente quando se considera que, apenas nesta semana, o banco de Emilio Botin anunciou o envio de dois bilhões de euros - faturados no mercado brasileiro - como “benefícios extraordinários” para seus investidores na Espanha.

O leilão de Libra, mesmo que equivocado - o melhor seria entregar 100% do projeto à Petrobras – pode mostrar que nos países emergentes existem parceiros estatais e com capital suficiente para cooperar na implantação de qualquer grande projeto brasileiro. E isso, mesmo sem a presença de grandes corporações norte-americanas.

O valor total do programa de investimentos em infra-estrutura do governo, por exemplo, não chega a 8% do que a China possui hoje, em reservas internacionais.

Como exemplo de como atuam nessa área, os chineses pretendem construir, apenas no setor rodoviário, 88.500 quilômetros de rodovias até 2020, mais do que a distância total do sistema interestadual dos EUA, que, em 2004, tinha aproximadamente 74.650 quilômetros, segundo a Federal Highway Administration.

Para enfrentar a chantagem na área de infra-estrutura, o estado brasileiro precisa sair da dependência institucional da iniciativa privada. A retomada de grandes obras públicas, com a parceria entre estatais brasileiras e de países emergentes - que contam com recursos e know-how avançado no setor - pode provar, definitivamente, que existem alternativas para promover o crescimento e destravar o progresso da infra-estrutura em nosso país.



Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.



Carta Maior

Não é fácil ser Zé Dirceu

Postado em 29 set 2013
Marcação cerrada
Marcação cerrada

Não é fácil ser Zé Dirceu. E nem ter qualquer tipo de relação com ele. Namoradas, então, são um alvo constante.

Recebi logo pela manhã, pelo Facebook, o link de um artigo de Josias de Souza, blogueiro do UOL. Ele espalhava uma (suposta) informação que saíra na Veja: a (alegada) namorada de 
Dirceu conseguira um emprego no Senado.

Você pode imaginar os detalhes dados, do salário à carga horária: em suma, segundo a Veja e Josias, ela ganha muito e trabalha pouco.

Não vou discutir aqui a credibilidade da Veja. Mas não posso deixar de lembrar que, em sua louca cavalgada rumo à direita, a revista apresentou Maycon Freitas como “a voz que emergiu das ruas”, nos protestos de junho.

A credencial de Maycon, logo se veria, era falar exatamente o que a Veja queria que ele falasse. Sozinho, ele não mobilizava pessoas capazes de lotar uma padaria no domingo.

Mas volto ao caso em questão.

A funcionária do Senado apedrejada, Simone Patrícia Tristão Pereira, tem vida profissional anterior, como uma simples pesquisa no Google mostra.

Em 2011, o governador do Estado de Tocantins, Siqueira Campos, a nomeou assessora especial da Secretaria da Cultura. Aqui, você pode ver o Diário Oficial com a nomeação.

O governador, apenas para registro, é do PSDB. Isto quer dizer o seguinte: a informação que você está lendo aqui, no DCM, não vai aparecer em nenhum lugar que quer atacar Simone e, por ela, Dirceu.

Também é bom lembrar que o “moralismo” impregnado na “denúncia” não se manifestou, jamais, quando Serra arrumou empregos para Soninha e familiares no governo paulista.

A mídia também jamais colocou em dúvida a competência do então genro de FHC, David Zylbersztajn, quando ele foi colocado à frente da Agência Nacional do Petróleo no governo do sogro.
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Ninguém questionou sua competência para o cargo

Antes da ANP, e já genro do FHC, o então governador Mário Covas deu a ele a Secretaria da Energia. Mas claro: aí era, para a mídia, talento, mérito, e não nepotismo.

Zylbersztajn deixou a ANP pouco depois de se separar da filha de FHC. Hoje, ele tem negócios da área de energia, e ninguém questiona a ética disso. Assim como ninguém cobra de Malan, ou de Gustavo Franco, posições pós-governo lucrativas.

Dirceu, em compensação, é constantemente massacrado por qualquer coisa que faça. Lembro de um Roda Viva em que ele fez a pergunta vital: “Não posso trabalhar?”

A Veja simplesmente ignorou a notícia do emprego que a Globo deu ao filho de Joaquim Barbosa. Cinicamente, alguém poderia dizer: mas é uma empresa.

Ora, quem acredita nessa desculpa acredita em tudo. É o chamado “nepotismo cruzado”. 

Emprego seu filho, mas você sabe que me deve um favor.

A Globo está no meio de um escândalo – não coberto pela mídia – de sonegação e trapaça fiscal. Neste caso apenas (há outros), deve em dinheiro de hoje 1 bilhão de reais.

O presidente do STF deve empregar o filho numa empresa em tal situação?

O Brasil tem que ser reformado, é verdade. Mas a reforma que a mídia propõe se centra na manutenção de todos os seus privilégios, acrescidos de mais alguns, se possível.

Para isso, vale tudo – a começar por dar ares de escândalo a qualquer coisa que possa atingir quem ela julga ser seus inimigos, como Dirceu.

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Diário do Centro do Mundo

A Folha, os motoboys da Dilma e os “tremboys” tucanos

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30 de setembro de 2013 | 09:42
Vejam vocês que maravilha é a imparcialidade da Folha.
mapalstonOntem, domingo, dia mais importante para um jornal, manchete dos motoboys que dizem ter ganho R$ 300 não contabilizados no Piauí para carregar bandeiras de Dilma no segundo turno.
Hoje, pior dia do jornal, manchete para os míseros R$ 52 millhões que a Polícia Federal achou nas contas de consultorias ligadas a “políticos e funcionários públicos desde o fim da década de 1990″.
Só no quinto parágrafo o jornal menciona – e uma só vez – que tais cidadãos eram “ligados ao PSDB, que governa o Estado de São Paulo desde 1995″.
Óbvio que os motoboys foram parar ontem no programa de TV da Folha na TV Cultura, do governo paulista. Os “tremboys”, não.
Os “tremboys” do PSDB são “empresários”, “consultores”, todos gente respeitável e que não pode ser acusada assim, apenas com “suposições”, mesmo que as suposições estejam  registradas nos seus extratos bancários e, em muitos casos, repousando em contas no exterior.
O Ministério Público, aquele do “domínio do fato”, achou “pouco” os documentos reunidos pela PF e o bloqueio de  US$ 6,5 milhões feito pela justiça suíça por pagamentos a Jose Fagali Neto, ex-secretário estadual de Transportes Metropolitanos. Mandou de volta, pedindo mais apuração.
Com um detalhe, registrado pela Folha: levou um ano para tomar essa decisão.
A balança da justiça e a da imprensa brasileira são bem semelhantes em uma coisa.
Nenhuma das duas passaria num teste do Inmetro.

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Por: Fernando Brito

sábado, 28 de setembro de 2013

O Exército perde a batalha

Os militares travam uma guerra, ainda sem desfecho, com as regras da democracia
 
por Mauricio Dias publicado 28/09/2013
 
Tânia Rêgo/ABr
Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro
Grupo protesta na segunda-feira 23 pela reabertura dos arquivos da ditadura militar durante visita dos integrantes da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, na que abrigou o DOI-Codi
 
Passados quase 50 anos do golpe de 1964, 21 dos quais sob uma ditadura que torturou e matou presos políticos nos casarões assombrados e nos porões dos quartéis, as Forças Armadas brasileiras, notadamente o Exército, têm se deslocado com frequência para uma rota de colisão com as regras democráticas. Os generais, coronéis, oficiais e suboficiais reencarnam seus antecessores com o mesmo espírito. Ou seja, como se ainda tivessem o poder de executar regras inscritas nas cartilhas autoritárias.

Um exemplo dessa situação descabida repetiu-se na segunda-feira 23, quando a Comissão Estadual da Verdade (RJ), presidida pelo advogado Wadih Damous, além de parlamentares, foi conhecer o prédio da Rua Barão de Mesquita, no bairro da Tijuca, na zona norte da cidade, tristemente famoso por ter sido sede do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna, mais conhecidos como DOI-Codi, sigla do mais temido órgão de repressão da ditadura.

O diálogo travado entre a deputada Luiza Erundina e o coronel Luciano Simões, comandante da Polícia do Exército (PE), fala mais do que as teorias sobre o choque entre uma democracia parcialmente resgatada e uma ditadura parcialmente insepulta.
Simões pôs-se a falar e a enaltecer a história da PE. Os visitantes ouviam calados por dever de ofício. A deputada Erundina, no entanto, notou que o militar, embalado pela narrativa pretensamente patriótica, passou a borracha na tragédia vivida dentro daquele quartel durante os anos 1970, apogeu da ditadura. A história não faz sentido com supressão de passagens de alguns episódios. Foi mais ou menos o que ela disse para o narrador fardado. Em resposta, ouviu uma observação do coronel Simões: “Eu não quero politicar”.

A parlamentar, autora de um projeto malsucedido, que punha fim à Lei da Anistia, retrucou: “Mas eu quero politizar”. Naquelas circunstâncias, houvesse ou não diálogos ríspidos, nada poderia melhorar o constrangimento do ambiente. Nem mesmo com a fidalguia protocolar de um convidativo cafezinho oferecido aos visitantes.

O mal-estar daquele dia era a extensão de situações semelhantes iniciadas no gabinete de Celso Amorim, ministro da Defesa, onde o general Enzo Peri, comandante do Exército, reuniu-se com civis para decidir se seria “permitida” a entrada de um grupo de parlamentares e advogados na ex-sede do DOI-Codi.

Peri foi apanhado de surpresa quando os parlamentares da Subcomissão de Direitos Humanos do Senado, como alternativa, anunciaram que levariam ao plenário o requerimento com o pedido oficial de visita. O general propôs formular um convite. Isso resultou, no entanto, em arrastada troca de comunicações sobre a lista de convidados. O Exército tentou vetar a presença de Erundina. O veto foi derrubado pelos parlamentares.

O objetivo da visita era e ainda é espinhoso. Transformar o local em centro de memória sobre a ditadura. Uma proposta que o general Peri chamou de “provocação barata”. Pelos parâmetros da caserna, talvez seja. Mas já não seria hora de alterar o conteúdo e a perspectiva de ensino nas escolas militares?

Oposição empacou I
 

As pesquisas continuam a mostrar a popularidade de Dilma, como candidata à reeleição, assim como a avaliação do governo dela, em alta. Números recentes do Ibope, em Mato Grosso do Sul, apontam um índice de 51% de aprovação no item “ótimo e bom”. O exemplo em Mato Grosso do Sul, região conservadora, pode expressar o efeito em escala nacional sobre a aprovação da administração. Fato que, provavelmente, será confirmado em próximas sondagens.

Oposição empacou II
 

Os porcentuais de intenção de voto, recuperados por Dilma após a queda vertiginosa, em julho, pareciam escoar para Marina.
Mas pesquisa do Vox Populi, publicada por CartaCapital, captou no início de setembro uma perda de 7 pontos porcentuais. Ela recuou de 26% para 19%. A sondagem do Ibope, divulgada na quinta-feira 26, confirma queda de Marina ainda maior: ela tem 16% das intenções de voto. Aécio Neves (13%), José Serra (12%) e Eduardo Campos (4%) empacaram.

A votação perdida por Dilma não teve herdeiros. Ao recuperar os votos perdidos, a presidenta pode voltar a sonhar com a possibilidade de vencer, em 2014, no primeiro turno. Em caso de segundo turno, se a eleição fosse hoje, ela venceria todos os adversários com grande margem de diferença.

O que é o que é? I
 

José Serra explicou a um amigo a razão da frequência dele à Casa das Garças, núcleo dos tucanos, no Rio: “Convívio e afinidade de pensamento”, disse. Provocado pelo interlocutor, identificou-se como “fiscalista modernizante”, e não “um liberal mais à esquerda”.
Seja lá o que o rótulo significar, isso mostra a inquietação de Serra com a condenação que sofre como um bastião da direita.
Já se culpou cem vezes o PT por ter empurrado Serra para a direita, onde se acomodou mais por conveniência eleitoral do que por afinidade política. De qualquer forma, ficou preso na teia da aranha.


O que é o que é? II
 

Aliás, nem só os tucanos visitam este think tank da economia conservadora. Arminio Fraga, líder do grupo, também recebe por lá o senador petista Lindbergh Farias, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Será ele, Lindbergh, um “fiscalista modernizante” ou “um liberal mais à esquerda”?

A história vai julgar
 

A afirmação do advogado paulista Ives Gandra, de que José Dirceu foi condenado “sem provas”, mais visivelmente no crime por “formação de quadrilha”, denuncia uma articulação política no Supremo Tribunal Federal para condenar o ex-chefe da Casa Civil do primeiro governo Lula. Além desse efeito prático, Gandra, espécie de guru da direita no campo jurídico, deixa um legado teórico: os ministros Joaquim Barbosa e Luiz Fux estão muito além do Opus Dei.

Eleição apimentada
 

Na eleição para o governo de Minas, segundo as pesquisas, o petista Fernando Pimentel, ministro de Dilma, ex-prefeito de Belo Horizonte, vai à frente. Aécio Neves tenta empurrar para a disputa o tucano Pimenta da Veiga, ex-ministro de FHC e também ex-prefeito de BH. Confirmadas as candidaturas, a disputa será de Pimentel contra Pimenta.



Carta Capital

Guimarães ao 247: "Dilma ganhou de vez o Nordeste"

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Líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirma que o fato político mais importante da semana se deu no seu Ceará, com a saída dos irmãos Cid e Ciro Gomes, do PSB, de Eduardo Campos; "se havia a intenção de dividir a base governista, foi o bloco do PSB que saiu dividido", diz ele; "agora, a presidente Dilma, que já era favorita no Nordeste, passa ter toda a força na região"; Campos, por sua vez, minimiza a saída dos Gomes: "Ninguém perde o que nunca teve"
28 de Setembro de 2013

247 - Líder do PT na Câmara dos Deputados, o deputado José Guimarães (PT-CE), viajou a Fortaleza, na última semana, para um fim de semana repleto de articulações políticas. O fato mais importante dos últimos dias, segundo ele, ocorreu na quarta-feira, quando o governador do Ceará, Cid Gomes, anunciou que sairia do PSB, de Eduardo Campos, levando seu irmão Ciro e vários outros políticos cearenses, como o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. "A presidente Dilma ganhou de vez o Nordeste", disse ele ao 247.

Na visão de Guimarães, o PSB, que pretendia dividir a base governista, foi quem saiu dividido. "Perderam um governador de um estado importantíssimo e têm hoje Pernambuco e Paraíba, onde serão enfrentados pelo PT. Com um mapa do Nordeste na cabeça, Guimarães enxerga a aliança PT-PMDB favorita em praticamente todos os estados. Em Sergipe, por exemplo, o candidato será Jackson Barreto, do PMDB, com apoio do PT. Em Alagoas, há indefinição, mas uma possibilidade é candidatura do deputado Renan Filho (PMDB-AL), também com apoio do PT. "Na Bahia, o favorito será o candidato do governador Jaques Wagner", prossegue Guimarães, mostrando pouca preocupação com a candidatura do peemedebista Geddel Vieira Lima. O Piauí, por sua vez, deve trazer de volta ao governo o senador Wellington Dias (PT-PI).

Mas e o Ceará? "Com a vinda dos Gomes para um partido da base aliada, Dilma passa a ter um palanque fortíssimo no estado e o PSB fica de mãos vazias", afirma. O candidato ainda está indefinido. Pode ser alguém do grupo dos Gomes, como o secretário Mauro Benevides Filho, ou mesmo o senador peemedebista Eunício Oliveira (PMDB-CE). Na chapa, haveria uma composição entre os Gomes (que podem ir para o PROS ou para o PDT), o PT e o PMDB. Guimarães, nesse quadro, seria candidato ao Senado Federal. "O fato é que a presidente Dilma, que já era favorita no Nordeste, ganhou de vez a região com o segundo maior eleitorado do País".

Eduardo Campos, por sua vez, minimizou a saída dos Gomes. "Ninguém perde o que nunca teve", diz ele. O presidente do PSB tenta atrair a ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, do PT, mas Guimarães aposta que ela não sairá do partido. "A Luizianne tem história no PT e vai permanecer", diz Guimarães, que vê o Ceará como peça chave da sucessão presidencial.



Brasil 247

Pesquisa prova que ainda há muito a fazer para consolidar apoio da sociedade

A pesquisa IBOPE/Confederação Nacional da Indústria (CNI) que indica aumento na aprovação do governo publicada hoje – estranhamente, com pouco espaço na mídia, por que será? – completa a publicada ontem sobre a intenção de voto dos brasileiros na eleição presidencial do ano que vem. A de hoje consolida um quadro que exige do governo, da presidenta Dilma Rousseff e do seu partido o PT, um esforço concentrado nas três áreas avaliadas como mal pela cidadania, saúde, educação e segurança.

Apesar da melhora na avaliação do governo e da presidenta atestadas mais uma vez por essa pesquisa IBOPE/CNI, o mesmo se pode dizer da avaliação da economia, queda em emprego, juros e inflação – todas áreas avaliadas como mal, como setores em que a ação do governo deixa a desejar. A melhor avaliação da população é nos programas sociais, como no combate à fome e à pobreza.

As avaliações são, portanto, uma prova concreta do muito a fazer para consolidar o apoio da maioria da sociedade. O fato, incontestável e confirmado por mais esa pesquisa de hoje, é que cresce o apoio ao governo e à presidenta Dilma.

Um estímulo, portanto, a um esforço concentrado de ações governamentais nas políticas públicas de saúde, educação, segurança pública e particularmente na economia onde os dados de agosto-setembro, melhores que os dos meses anteriores, seguramente já são um bom indicador. 


Blog do Zé Dirceu

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A batalha do pré-sal

(JB) - Nos últimos dias, a licitação do campo de Libra, no oceano atlântico, dividiu com o julgamento dos embargos infringentes pelo STF a atenção da sociedade brasileira.
O governo e a Presidente da Petrobras, Graça Foster, defendem a realização do leilão, marcado para o dia 21 de outubro. Argumentam que a empresa brasileira, com  baixa disponibilidade de caixa, devido ao crescimento da importação de combustíveis nos últimos anos, não teria dinheiro para fazer frente aos pesados investimentos exigidos. Outros especialistas, como o ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras no governo Lula, considerado um dos descobridores do pré-sal, Guilherme Estrella, acreditam que a realização da licitação do Campo de Libra é um erro estratégico, já que a Petrobras investiu sozinha na descoberta do poço. "Libra são 10 bilhões de barris de petróleo já descobertos, é muito óleo. A nossa posição de reserva com o pré-sal é muito confortável pelos próximos 20 anos. Por que abrir Libra para a participação de empresas estrangeiras e interesses estrangeiros?", disse em recente seminário realizado no Rio de Janeiro. No Senado, os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Pedro Simon (PMDB-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) protocolaram  projeto de decreto legislativo que impede a realização do leilão, que tem que ser aprovada pelas duas casas do Congresso. Os três senadores combinaram também articular uma ação popular contra a iniciativa. E o PSOL prepara um mandato de segurança contra o leilão para ser apresentado ao STF. Por trás disso tudo estaria, segundo Fernando Siqueira, Vice-Presidente do Clube de Engenharia e Diretor da AEPET – Associação dos Engenheiros da Petrobras, a intenção da ANP de favorecer empresas estrangeiras. O poço de Libra, com 15 bilhões de barris,  estaria, na verdade, ligado a outro poço, o de Franco, descoberto antes, com 9 bilhões de barris. Dessa forma, quem levar Libra, licitado primeiro, pode acabar tendo acesso também ao petróleo de Franco, o que diminuiria o interesse (e as reservas disponíveis) em caso de licitação do segundo poço.  Outro ponto levantado pela AEPET é o bônus de assinatura, de R$ 15 bilhões, que a empresa vencedora deverá pagar ao governo. A lei 12.351, de 2010, que cuida do regime de partilha, determina que esse bônus não pode ser ressarcido. No entanto, para Fernando Siqueira, a resolução nº 5 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e o contrato de partilha elaborado pela ANP permitem que o bônus seja considerado no cálculo do custo em óleo. Isso significa que o bônus, seria, na verdade, devolvido à empresa, já que poderá ser abatido da parcela de petróleo que o consórcio vencedor tem que entregar à União. Quem  ganhar o leilão – lembram os opositores à medida – não estará adquirindo um bloco, para pesquisa, mas, na realidade, assumindo um poço onde o petróleo já está praticamente à disposição, faltando apenas cubá-lo, coisa que será feita com tecnologia e equipamento da própria Petrobras. Ora, nesse caso, porque não fazer tudo diretamente com a Petrobras? A lei permite que, se quiser, o governo contrate diretamente a empresa para explorar esse petróleo sem licitação. Não haveria nenhum impedimento legal para isso. Outro ponto que se discute, também em uma carta escrita para ser enviada à Presidente da República, é a forma autoritária em que foi decidida a formatação do edital. Nem “o MME, o CNPE, a ANP ou a EPE, nenhum desses órgãos possibilitou ao público acesso a documentos explicando a perspectiva das descobertas, o percentual do petróleo que será destinado para o abastecimento brasileiro ou exportado, por exemplo.” As dezenas de entidades que assinam o documento, argumentam que a Petrobras deveria desenvolver esse poço, e passar depois, calmamente, para a exploração dos outros poços que o Brasil descobriu no pré-sal. O cálculo é de que o petróleo descoberto até agora daria para abastecer o país pelos próximos 50 anos. Realmente fica difícil entender a pressa. O problema do Brasil, hoje, é de falta de combustíveis, não de petróleo bruto. Precisamos é de refinarias. Se extraíssemos mais petróleo, teríamos de mandá-lo para o exterior por falta de capacidade de refino. Ao estimular a venda de automóveis, sem assegurar de onde viria o combustível, o governo deu um tiro no pé que hoje afeta até mesmo o nosso balanço de pagamentos. Ao negociar com as empresas o novo regime automotivo, o governo deveria ter exigido mudanças que diminuíssem a extrema dependência que temos, hoje, de combustíveis fósseis. Um prêmio em dinheiro (em reais) poderia ter sido criado para incentivar as usinas a produzir maçiçamente etanol, o que diminuiria a oferta de açúcar no mercado internacional, aumentando o seu preço – assegurando-se o abastecimento interno de açúcar com estoques do próprio governo. E a produção de carros híbridos, elétricos ou a ar comprimido poderia também ter sido estimulada, nos últimos anos, diminuindo nossa dependência da gasolina estrangeira. Mesmo considerando-se tudo isso, o Brasil precisa ficar com o máximo do petróleo que ele mesmo descobriu. As empresas estrangeiras devem vir de fora para procurar novas reservas e não explorar as que já existem. O grande desafio agora é destravar os problemas que estão impedindo o avanço da construção das refinarias e investir na produção de combustível nacional, como o etanol, o biodiesel, o hidrogênio para transporte público, e em carros híbridos e elétricos, por exemplo.

56% do eleitorado afirmam ter certeza que votará em Dilma

Um terço dos eleitores brasileiros afirma que com certeza" votará em Dilma Rousseff em 2014, e outros 23% dizem que poderão votar nela, segundo a pesquisa Ibope. Com isso, o potencial de voto da presidente chega a 56% - -sete pontos porcentuais a mais do que no levantamento anterior do instituto, feito em julho.


 No caso de Marina, o potencial de voto é de 43% -11% dos eleitores se declaram seguros da escolha e 32% se dizem inclinados a optar pela candidata à Presidência. A situação de Marina piorou nos últimos dois meses: em julho, seu potencial de voto era de 50%, praticamente o mesmo que Dilma obteve na época. Mas, Marina vem caindo na preferência do eleitorado

Na pesquisa Ibope, encomendada pelo jornal O Estado de São Paulo e divulgada na tarde dessa quinta feira (26), quem se destaca em termos de rejeição é José Serra: 47% descartam a possibilidade de votar nele em qualquer hipótese.

 Seu potencial de voto é de 35%. Esse índice é de 33% quando o nome avaliado é o de Aécio Neves, candidato  pelo PSDB. Os que dizem ter certeza da escolha são 5%. 

 O menor potencial de voto da lista avaliada pelo Ibope é o do governador de Pernambuco, Eduardo Campos: 21%. 

No Nordeste, quase metade da população (48%) diz ter certeza de que votará em Dilma. Lá, seu potencial de voto chega a 69% - no Sudeste e no Sul, é de 50% e 53%, respectivamente.

 A pesquisa Ibope também mostra que a  Dilma é bem mais forte no interior que nas capitais e regiões metropolitanas (potencial de voto de 62% e 50%, respectivamente). As cidades maiores foram os principais palcos da onda de protestos de junho.

Jornalismo de segunda ou pura má fé?

Uma série de reportagens do Valor Econômico de hoje em uma página inteira se dedica a criticar tudo e todos pelo estado da BR-319, que une Porto Velho (RO) a Manaus (AM). 

Jornalismo de segunda ou pura má fé?

Diz que a estrada está abandonada pelo governo e só quem a mantém minimamente é a Embratel, por causa da fibra ótica que acompanha a estrada. Fala em “descaso histórico”, falta de posto policial, buracos e outros problemas.

O jornal entrevista moradores, que se queixam – com razão – das condições da rodovia. E a matéria põe em dúvida a informação do governo de que a estrada será repavimentada.

Somente em uma das reportagens, com o título “Nova promessa do governo é criar estrada-parque”, está a informação que explica toda essa situação de abandono e precariedade da rodovia há tanto tempo: “As intervenções na estrada não começaram porque, nos últimos 12 anos, o governo não conseguiu obter licenciamento ambiental para repavimentar um trecho de 405 km”.

Eis a razão principal das condições atuais da estrada. Mas ficou escondida, lá embaixo, no meio de uma das reportagens.

Lá também está dito que o DNIT já contratou uma empresa para fazer os estudos complementares pedidos pelo Ibama. Ou seja, nada do descaso do governo sugerido pelo jornal.



Blog do Zé Dirceu 

Padilha versus Alckmin

O frescor do nome é uma força de Padilha
O frescor do nome é uma força de Padilha

As últimas pesquisas sugerem que as eleições mais interessantes, em 2014, serão as que definirão quem vai governar São Paulo.

Aparentemente, no plano nacional, a coisa está resolvida a favor de Dilma. As manifestações de junho chacoalharam – mas não derrubaram – o prestígio de Dilma. Marina teve um instante de brilho, então, mas este brilho vai se pondo. Isso se vê não apenas nas pesquisas mas na dificuldade dela em amealhar as assinaturas necessárias à criação de sua Rede.

Em São Paulo a disputa parece aberta. O PSDB domina há muitos anos a política paulista, mas o desgaste nacional trazido pela Era Serra pode cobrar seu preço regionalmente.

O PSDB não se renovou apenas em ideias, mas também em gente. Faz tempo que tudo gira em torno de FHC, Serra, Alckmin e Aécio.

Disse algumas vezes que o PSDB precisa de um Bertoglio para sair do atraso e da letargia, ou para simplesmente não morrer na irrelevância progressiva, mas é possível que qualquer possível Bergoglio acabe expelido do partido pela estrutura viciada que sobretudo Serra montou.

A sensação que os líderes tucanos transmitem é que não estão enxergando o problema, e muito menos a solução.

Padilha, diante de tudo isso, terá chance de desalojar Alckmin?

A favor dele, está o frescor de seu nome. E também a força do Mais Médicos, provavelmente a melhor coisa que Dilma fez em seu governo. (Vejamos, apenas, se a execução desta ótima ideia não se perde na inépcia gerencial que tantas vezes marca não apenas o PT mas a administração pública brasileira em geral.)

Padilha pode repetir Haddad. Fato.

Contra ele, mais que o conservadorismo tradicional paulista, está a imagem que o PSDB cultivou em São Paulo de “competência” administrativa. Essa imagem vem à base de coisas como as fotos dos líderes sempre de paletós e gravatas, como se fossem executivos.

Mas um olhar mais profundo para o estado de São Paulo mostra que a realidade não bate com a percepção que se tenta passar. São Paulo poderia, pela riqueza, ser uma Dinamarca, mas é a Belíndia de que nos anos 1980 falou o economista Edmar Bacha – muito mais para a Índia do que para a Bélgica.

Cada vez que visito São Paulo faço uma careta no trajeto do aeroporto ao topar com tantas favelas.

A questão crucial do combate à iniquidade tem que entrar no topo da agenda dos administradores paulistas.

Se Padilha mostrar aos eleitores que é o homem para fazer isso, pode se transformar em 2014 em mais um poste, aspas, bem sucedido, sem aspas.


Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
 
 
Diário do Centro do Mundo

Por que a recuperação de Dilma era previsível


Segundo a pesquisa Ibope/Estadão, Dilma Rousseff abriu 22 pontos sobre Marina Silva (a segunda colocada) e venceria, no primeiro turno, as próximas eleições.

Em 1o de julho passado, no auge do desgaste de Dilma (e dos políticos em geral) com as passeatas, previ esse movimento no post “Os desafios de Dilma nos novos tempos da Política” (clique aqui).

Dois fenômenos explicam sua recuperação.

O “overshooting”

Essa expressão refere-se a movimentos agudos de opinião pública, para baixo ou para cima. Vale para o mercado de opiniões em geral, seja o mercado de capitais, na análise de políticos ou personalidades públicas em geral.
Para esse mercado, nenhum governante ou ativo ou empresa é bom ou ruim. Ele é caro ou barato.

Quando há um longo período de celebração  da pessoa, ela se torna “cara”. Isto é, a opinião pública começa a se dar conta de que ela não era tudo aquilo e começa a reparar nos defeitos. Ou seja, o fator novo são os defeitos, não as qualidades – que foram supervalorizadas no período anterior.

A avaliação começa pelos círculos formadores de opinião e vai se espraiando pelo público em geral. Até que ocorre um fenômeno qualquer – na Bolsa, uma queda brusca nas cotações; na política, alguma crise – e observa-se o fenômeno do “overshooting”. Há uma radicalização da avaliação negativa, um abandono de todas as avaliações positivas, que joga a imagem no fundo do poço.

O desafio é saber até onde irá a queda. Se for longe demais, a pessoa (ou ação) vira pó. Se a queda for até pisos suportáveis, diz-se que bateu na “linha de resistência”, o piso da queda.
Como o movimento foi radical, gradativamente o mercado começa a se dar conta de que o ativo ficou “barato”. E aí se dá a reavaliação.
Em sentido inverso, gradativamente o mercado passa a identificar pontos positivos – que ficaram esquecidos na fase anterior. E o “preço” – cotação de ativos ou melhoria de popularidade nos políticos – começa a se recuperar. Na maioria dos casos, não volta aos picos anteriores, mas, pelo menos, ficará  em níveis confortáveis.

A “segunda chance”

Trata-se de outro fenômeno social – pouco analisado pelos cientistas. O ídolo caído traz um sentimento de nostalgia, mesmo que tenha cometido erros graves – como foi o caso de Paulo Maluf e outros. E a opinião pública confere a segunda chance.
Tem que se saber aproveitar a chance.

Em artigo no dia 22 de julho – “A bola ainda está com Dilma” (clique aqui) procurei explicar porque Dilma já tinha começado a dar a volta.
Duas pesquisas seguidas mostraram que Dilma parara de cair e os níveis de popularidade ficaram em pisos confortáveis.
Alguns comentaristas falaram em “estagnação” – pelo fato de não ter caído nem subido por duas pesquisas seguidas. Não se deram conta de que a análise relevante era outra: ela não virou “pó” e estacionou em níveis que facilitariam a recuperação.

Não existe terceira chance. Daí a importância de não se permitir o acúmulo de problemas e o distanciamento da opinião pública, que precedeu a primeira queda.

A oposição

Contou, e muito, para essa recuperação, a ausência quase total de propostas por parte da oposição.
Do lado do PSDB, a velha mídia demorou para aceitar seu novo campeão, Aécio Neves. O espectro Serra continuou puxando o partido para baixo. E o PSDB ainda não conseguiu se libertar de seu estilo cansativo – negativista, um garimpeiro que, em cada ato de governo, procura o cascalho, em vez de apontar a pepita.

O estilo “urubulino” de Serra é tão forte que, na campanha de 2010, um dos pontos era a velhice sadia. Em vez de mostrar idosos de bem com a vida, a campanha mostrava idosos doentes, presos às cadeiras de rodas, às macas de hospitais.
Ou Aécio dá uma cara jovem ao PSDB, ou vai para o asilo com Serra. Para isso, precisa articular um discurso alternativo eficiente, algo que não conseguiu.

Eduardo Campos apostou muito na desorganização total da economia. De fato, em junho havia uma soma assustadora de visões do caos: queda da economia China arrastando as commodities; fim dos fluxos financeiros para o país; ameça de rombo não financiável nas contas externas; povo na rua, querendo mudar tudo. O caos não veio, e Campos terá que refazer sua visão de futuro.
Marina Silva não conseguiu seu partido. E há uma percepção crescente de que, no embate direto da campanha político, enfrentará muitas dificuldades em se apresentar como o novo junto ao público jovem – que poderia ser a base mais animada de seu eleitorado.



Blog do Luis Nassif

Pesquisa mostra que Dilma vence Eduardo Campos em Recife

A traição de Eduardo Campos (PSB) à Lula, trocando-o por Jorge Bornhausen, Marco Maciel e outros que queriam "acabar com a raça" do lulismo, pode fazer o governador sair menor do que entra nas eleições de 2014.

Um estudo coordenado pelo cientista político Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), divulgado na quarta-feira (25), mostra que em Recife Dilma tem a preferência de 35,6% dos eleitores contra 34% de Campos.

O pesquisador testou o nome de Lula e a situação piora: 48,5% dos eleitores preferem Lula e Campos cai para 25%. A pesquisa ouviu 816 entrevistados em Recife.

Em outro levantamento feito em abril pelo pesquisador, em todo o Estado, 91% dos entrevistados consideram Lula o melhor presidente do país.

— Estamos à beira de um confronto entre o lulismo e o eduardismo. Como vai se comportar o eleitor quando Lula subir ao palanque ao lado de Dilma e contra Eduardo? A questão é como o eleitor vai tratar Eduardo, porque Lula é considerado por 91% o melhor presidente da história do país. — aponta Oliveira.

Outro complicador visto por Oliveira é a aliança de Campos com o DEM:

— Aqueles eleitores que se dizem de esquerda, que votaram historicamente em Lula e Dilma, mas que estão insatisfeitos, podem deixar de votar nele no momento em que ele se alia ao DEM. E isso é ruim também porque ele precisa do DEM por conta do tempo de TV.

Outro fator de risco, é a candidatura de Armando Monteiro (PTB) vir a ser apoiada pelo PT, colocando em risco uma vitória do PSB no governo. Há ainda uma expectativa de que o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, do PSB, deixe a legenda e componha a chapa encabeçada por Monteiro. A situação entre Bezerra e Campos ficou mais tensa depois que, a pedido da presidente Dilma, o ministro não deixou o cargo como havia ordenado o PSB.

Segundo Oliveira, Campos não pode perder para o PT em Pernambuco, sendo candidato a presidente. É decisivo na carreira dele. (Com informações de "O Globo")

Ibope: Dilma sobe, Marina cai; Serra melhor que Aécio









Viomundo

Requião chama filhos de Roberto Marinho de moleques e malandros








No domingo passado, dia 22, o jornal o Globo saiu com esta manchete:RECURSO DO MENSALÃO PODE BENEFICIAR ATÉ 84 POLÍTICOS
 
E trazia como sub-título: Decisão sobre validade de embargos infringentes favorece réus em ações penais no STF.

Na página três, vem a matéria chamada na capa, com este título:
MENSALEIROS COMO MODELO

A matéria, de página inteira, é ilustrada por várias fotografias, a começar pela minha fotografia. O tom da reportagem afina-se com o título. Na onda das reações à decisão do ministro Celso de Melo, que a mídia transformou em uma campanha contra a impunidade, o Globo mistura tudo, de delito eleitoral por afixar cartazes em locais não permitidos a peculato, fraudes em licitações, injúria e mais.

Quem desavisado, ignorante das acusações contra esses 84 políticos, tende a vê-los no mesmo saco dos corruptos; 84 políticos que têm como modelo os chamados mensaleiros.

O Globo não se preocupa em separar alhos de bugalhos. Não se preocupa em mostrar as diferenças das acusações contra esses 84 políticos. Não. Para o Globo, buscar a verdade nos fatos, o fundamento do jornalismo é apenas um detalhe supérfluo.

Vejam o meu caso, um dos 84 políticos que poderiam se beneficiar de um recurso que contemplou os tais mensaleiros. O jornal faz uma referência, por cima, sobre o meu processo no STF, diz que estou sendo processado por calúnia, mas não dá qualquer detalhe sobre a suposta calúnia de que sou acusado. Assim, remetem-me à vala comum dos indiciados, tendo os mensaleiros como modelo.

Tudo bem que o Globo não tenha me procurado para esclarecer o caso; afinal essa história de ouvir o outro lado, de buscar esclarecimento com quem é acusado, isso é incômodo a que o Globo não se dá. Que, pelo menos, então, escarafunchasse o processo no Supremo, para ver do que se trata. Mas a esse trabalho o Globo também não se deu.

Foi por motivos como esse que esta Casa aprovou o meu projeto de institui o Direito de Respost
Esperemos agora que a Câmara dos Deputados debata e aprove o projeto rapidamente. O país, os cidadãos deste país, sua honra e bom nome, não podem continuar alvo da irresponsabilidade dos meios de comunicação.

Portanto, repudio aqui a matéria de domingo passado do Globo. Uma reportagem maliciosa com claras intenções de enxovalhar a mim e a alguns políticos.


Viomundo

“Não creio em geração espontânea na Economist”

:
Professora Maria da Conceição Tavares já deixou registrado que revista inglesa é pautada por interesses escusos do capitalismo global; e não apenas por seus jornalistas; matriarca dos desenvolvimentistas do País diz: "Não acredito nessa geração espontânea nas páginas da Economist, por mais que isso combine com o seu conservadorismo"; para ela, "o alvo é 2014"; análise se deu a respeito de pedido da cabeça do ministro Guido Mantega, feito pelo magazine da terra da rainha Elizabeth no final do ano passado; mas vale para o caso atual de crítica grosseira à economia brasileira; 247 apurou que ex-ministro Pedro Malan tornou-se uma das principais fontes de informação da publicação; artigo
27 de Setembro de 2013

247 – Entre os mais de 150 comentários gerados nas primeiras duas horas de exposição do texto Economist Ataca Brasil na Hora de Nova Decolagem, um leitor enviou artigo da professora Maria da Conceição Tavares como contribuição ao debate.
A matriarca dos economistas desenvolvimentistas do Pais sustentava, no referido texto, que a publicação inglesa não possui "geração espontânea" de reportagens quando se trata de assuntos de interesse do grande capital internacional. Ao contrário. Para a professora, sempre que esses interesses estão em jogo, a Economist se pauta por eles, e não simplesmente pelos fatos jornalísticos.

Escrito na virada de 2012 para 2013, quando a Economist, com todas as letras, e de maneira grosseira, pediu a cabeça do ministro da Fazenda, Guido Mantega, à presidente Dilma Rousseff, o artigo de Maria da Conceição serve como uma luva para o caso presente: na capa desta semana, o magazine volta a fazer carga pela desestabilização da economia brasileira.
Na ocasião, 247 apurou que o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, atual diretor do banco Itaú, era uma das principais fontes da revista inglesa no Brasil (aqui).
Abaixo, o texto de autoria da professora Maria da Conceição Tavares remetido ao 247, publicado originalmente no site Carta Maior:

"A revista Economist sabe, e se não sabe deveria saber o que está acontecendo no mundo; a revista Economist, suponho, enxerga o que se passa na Europa; sobretudo, não é cega a ponto de não ver o que salta aos olhos em sua própria casa.
"A economia inglesa despenca de cabo a rabo atrelada ao que há de mais regressivo no receituário ortodoxo, numa escalada pró-cíclica de fazer medo ao abismo. Então que motivações ela teria para criticar o Brasil com a audácia de pedir a cabeça do ministro da economia de um governo que se notabiliza por não incorrer nas trapalhadas que estão levando o mundo à breca?

"O coro contra o Mantega não me convence. Nem nas suas alegações, nem nos seus protagonistas, nem na sua batuta.
"Não acredito nessa geração espontânea nas páginas da Economist,por mais que isso combine com o seu conservadorismo. Não acredito que a motivação seja econômica e não acredito que o alvo seja o Mantega

"Pela afinação do coro vejo mais como algo plantado daqui para lá; o alvo é 2014 e o objetivo é fortalecer o mineiro (NR Aécio Neves)
"A mim não me enganam. Ah, quer dizer então que o Brasil vive uma crise de confiança, por isso os empresários não investem? Sei...

"O investimento está retraído no planeta Terra, nos dois hemisférios do globo. Bem, a isso se dá o nome de crise sistêmica. É disso que se trata. Hoje e desde 2008; e, infelizmente, por mais um tempo o qual ninguém sabe até quando irá, mas não é coisa para amanhã ou depois, isso é certo. Então não existe horizonte sistemico de longo prazo e sem isso o dinheiro foge de compromissos que o imobilizem. Fica ancorado em liquidez e segurança, em papéis de governo ricos, em especial (paga para se abrigar nos papéis alemães,por exemplo, recebendo em troca menos que a inflação).

"Não é fácil você compensar em um país aquilo que o neoliberalismo esfarelou e pisoteou nos quatro cantos do globo. Por isso não se investe nem aqui, nem na China ou nos EUA do Obama. E porque também mitos setores estão com capacidade ociosa –no mundo, repito, no mundo.
"A política monetária sozinha não compensa isso, da mesma forma que o consumo não alarga o horizonte a ponto de estender o longo prazo requerido pelo capital. Então do que essa gente está falando?

"Alguns deles certamente conseguem compreender o que estou dizendo. Estes, por certo não fazem a crítica que eu faria, se fosse o caso de fazer alguma. A meu ver o Brasil tem que ser ainda mais destemido na redução do superávit primário – e nisso Mantega está sendo até excessivamente fiscalista, para o meu gosto.
"Mas com certeza a malta que pede a sua cabeça não pensa assim. Também não pensa, como eu penso, que o governo deve ir mais depressa no investimento estatal, fazer das tripas coração no PAC , porque é daí, do investimento público robustecido que pode irradir a energia capaz de destravar a inversão privada.

"Mas não. A coisa toda cheira eleitoral. A economia internacional não vai crescer muito em 2013. O Brasil deve ficar acima da média. Mas, claro,nenhum desempenho radiante e eles sabem disso.
"Então imaginam ter encontrado a brecha para fincar o pé de palanque do mineiro. E começam a disparar para atingir Dilma.
"Agora pergunte o que eles propõem ao Brasil. Pergunte. E depois confira onde querem chegar olhando as estatísticas de emprego, investimento e as sondagens quanto a confiança dos empresários em Portugal, na Inglaterra, Espanha... Ora, façam-me o favor"



Brasil 247