terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Petrobras veta contratos com as megaempreiteiras





Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários, Petrobras informa que não realizará contratos futuros com 23 empresas investigadas pela Operação Lava Jato; decisão da companhia sinaliza que Graça Foster foi ainda mais dura do que o próprio juiz Sergio Moro, uma vez que o veto se estende a empresas que, até agora, vêm sendo misteriosamente blindadas pela investigação, como a Odebrecht e a Andrade Gutierrez; lista inclui ainda gigantes como OAS, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa

30 de Dezembro de 2014 às 00:42





247 - As maiores empreiteiras do País estão impedidas de realizar contratos futuros com a Petrobras. A decisão foi comunicada à Comissão de Valores Mobiliários, na noite desta segunda-feira, pela companhia.

Graça Foster, presidente da Petrobras, foi ainda mais rigorosa do que a força-tarefa do juiz Sergio Moro, do Paraná. Sua decisão impede a realização de contratos com empreiteiras que também foram delatadas pelo doleiro Alberto Yousseff e por Paulo Roberto Costa, mas que, misteriosamente, ainda não foram punidas na Lava Jato.

São elas a Odebrecht, que pagou propina de US$ 23 milhões a Paulo Roberto Costa, e a Andrade Gutierrez, que seria a mais ligada ao lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano. Sócia do governo mineiro na Cemig, a Andrade Gutierrez foi a principal doadora de campanha do tucano Aécio Neves. A Odebrecht, segundo anotações apreendidas pela Polícia Federal, também teria procurado Aécio para esfriar a CPI da Petrobras.

Outras empreiteiras atingidas pela decisão da Petrobras foram as empresas até agora punidas pela equipe de Sergio moro, como Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS, Engevix, Galvão Engenharia, UTC e Mendes Junior.

Segundo a estatal, o objetivo é "resguardar a companhia e suas parceiras de danos de difícil reparação financeira e de prejuízos à sua imagem". A Petrobras informou ainda que vai notificar as empresas do bloqueio e "respeitará o direito ao contraditório e à ampla defesa".

A decisão não tem prazo de validade e não atinge os contratos em vigor. Vale apenas para negociações futuras. Caso não se encontre uma solução para o impasse, a Petrobras abrirá espaço para novos fornecedores nacionais ou internacionais.

Leia, abaixo, o comunicado da Petrobras:

Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2014 – Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras informa que, em reunião da sua Diretoria Executiva realizada hoje, foi aprovada a constituição de Comissões para Análise de Aplicação de Sanção (CAASE) e o bloqueio cautelar de empresas pertencentes aos grupos econômicos citados como participantes de cartel nos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e do Sr. Alberto Youssef prestados, em 08 de outubro de 2014, em audiência na 13ª Vara Federal do Paraná, bem como nos depoimentos prestados no âmbito do acordo de colaboração premiada do Sr. Julio Gerin de Almeida Camargo (Grupo Toyo) e do Sr. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto (Grupo Setal), que a Petrobras teve acesso em 03 de dezembro de 2014, todos deferidos como prova emprestada pelo Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR, e que indicam, como participantes de cartel, os seguintes grupos econômicos:

1) “Alusa”
2) “Andrade Gutierrez”
3) “Camargo Corrêa”
4) “Carioca Engenharia”
5) “Construcap”
6) “Egesa”
7) “Engevix”
8) “Fidens”
9) “Galvão Engenharia”
10) “GDK”
11) “IESA”
12) “Jaraguá Equipamentos”
13) “Mendes Junior”
14) “MPE”
15) “OAS”
16) “Odebrecht”
17) “Promon”
18) “Queiroz Galvão”
19) “Setal”
20) “Skanska”
21) “TECHINT”
22) “Tomé Engenharia”
23) “UTC”

A constituição das CAASEs de acordo com o critério acima referido e o bloqueio cautelar levam em consideração, além dos depoimentos acima mencionados, a fase 7 da “Operação Lava Jato”, deflagrada em 14 de novembro de 2014, com a prisão de executivos e ex-executivos de empresas e o recebimento pelo Poder Judiciário, entre 12 e 16 de dezembro de 2014, das denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (ações penais) por crimes em desfavor da Petrobras decorrentes das investigações da “Operação Lava Jato”.

As referidas empresas serão temporariamente impedidas de serem contratadas e de participarem de licitações da Petrobras.

A adoção de medidas cautelares, em caráter preventivo, pela Petrobras tem por finalidade resguardar a Companhia e suas parceiras de danos de difícil reparação financeira e de prejuízos à sua imagem.

A Companhia notificará as empresas do bloqueio cautelar e respeitará o direito ao contraditório e à ampla defesa.

Por fim, a Petrobras reitera seu compromisso pela ética e transparência nos seus negócios e a necessidade de adoção de medidas de compliance consolidadas no Manual do Programa Petrobras de Prevenção da Corrupção (PPPC), que trata expressamente da aplicação de sanções às empresas fornecedoras que não atuarem de forma condizente com o Código de Ética e os demais itens do próprio PPPC. 
 
 
 
Brasil 247

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Dilma anuncia 7 novos ministros; Berzoini confirmado nas Comunicações

Postado em 29 de dezembro de 2014 às 5:59 pm


O Planalto acaba de divulgar a seguinte nota oficial:

NOTA OFICIAL

A presidenta Dilma Rousseff anunciou hoje novos nomes do seu ministério.


São eles:
Antonio Carlos Rodrigues (Transporte);
Gilberto Occhi (Integração);
Miguel Rossetto (Secretária Geral);
Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário);
Pepe Vargas (Relações Institucionais).
Ricardo Berzoini (Comunicações);
Carlos Gabas (Previdência)


A presidenta agradeceu a dedicação dos ministros:
Francisco Teixeira (Integração),
Garibaldi Alves (Previdência Social)
Gilberto Carvalho (Secretaria Geral)
Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário),
Paulo Bernardo (Comunicações);
Paulo Sérgio Passos (Transportes),
Ricardo Berzoini (Relações Institucionais),

A posse dos novos ministros será realizada no dia 1º de janeiro.

Secretaria de Imprensa
Secretaria de Comunicação Social
Presidência da República




Diário do Centro do Mundo

O Ano Novo chinês

29 de dezembro de 2014 | 15:02 Autor: Fernando Brito



Nestes dias vazios entre o Natal e o Ano Novo, sobram amenidades sobre tudo e todos, eu me permito a liberdade de tocar num assunto frequentemente esquecido na mídia, e não por acaso.

Nossas relações comerciais com o mundo e seus desafios.

A mídia quase que as resume às relações financeiras, o que é compreensível, dada a profunda vinculação entre suas posições e o “mercado” das finanças.

Ficar neste campo é tornar-se prisioneiro de uma terrível conjuntura mundial.

Como conviver na simples disputa por capitais se temos como lidar com um crescimento da economia americana que se dá simultaneamente ao encolhimento ou estagnação do restante da economia mundial: Europa no pântano, China em desaceleração, déficits nos países produtores de petróleo, Rússia em retrocesso e problemas sérios nos demais países emergentes?

Não é bem assim, porém, quando se pensa em estruturas econômicas mais do que em conjunturas- que são, de fato, estas.

É preciso lembrar que, apesar da recuperação americana e a desaceleração chinesa, a China termina o ano como a nova maior economia do mundo: seu PIB, pelos critérios do FMI (que elimina contabilmente os desequilíbrios cambiais) , chegará a US$ 17,6 trilhões, contra US$ 17,4 tri dos EUA.

A aceleração da implantação da operação do “Banco dos Brics”, tudo indica, será acelerada para fazer frente a este “bloco dos eu sozinho” que parece ser a opção norte-americana na economia – até com alguma resistência, reconheça-se, do próprio Federal Reserve, que frustrou o “mercado” ao, até agora, não elevar os juros internos.

Estes mecanismos de cooperação estão ganhando visibilidade.

A China imediatamente ofereceu cooperação aos russos diante do impacto desastroso para a economia do país que teve o desabamento do preço do petróleo.

Mas não parece que isso possa significar um abandono dos seus demais relacionamentos, como faz ao anunciar hoje, através do China Today, que “a importância da América Latina não tem diminuído devido a prioridades da China em vizinhos asiáticos e os Estados mais importantes”.

Por isso, é de se esperar que Dilma, assim como deu prioridade – até cronológica – à decisão sobre os ministérios da área econômica, compreenda que é vital a indicação de um Ministro das Relações Exteriores que compreenda e faça compreender aos agentes econômicos nacional a importância de uma ampliação do relacionamento com os chineses.

É hora de parar com a ideia de que só é possível vender commodities aos chineses – claro que seu volume é e seguirá sendo imenso – e reclamar da importação de manufaturados que nos desindustrializam.

O intercâmbio entre o Brasil e o seu maior parceiro comercial é tímido e caolho.

O número de empresas brasileiras na China não chega a 100, embora tenhamos capacidades absolutamente necessárias a eles, como tecnologia agrícola, de petróleo, de energia elétrica, entre outras.

Nossa elite – a acadêmica, inclusive – dá atenção quase zero a este gigante: das 75 mil bolsas do “Ciência sem Fronteiras” as concedidas para quem busca conhecimento lá fica em ridículos 266 estudantes, oito vezes menos que na “poderosa” Hungria…

Nem mesmo é preciso falar nas condições excepcionais para o funcionamento, aqui, de joint-ventures com as indústrias chinesas.

Claro que não se vá esperar que a China seja “boazinha” ou caridosa. Isso é próprio da mediocridade. É geopolítica, apenas.

Jeffrey Sachs, um dos mais respeitados analistas da economia mundial, assinalou, faz poucos dias”(…)enquanto a China vem crescendo em termos de economia e de geopolítica, os EUA parecem fazer o possível para desperdiçar suas próprias vantagens econômicas, tecnológicas e geopolíticas. O sistema político dos EUA foi capturado pela cobiça de suas elites ricas, cujos propósitos estreitos são reduzir o imposto sobre os indivíduos e empresas, maximizar suas imensas fortunas pessoais e tolher a liderança construtiva dos EUA no desenvolvimento econômico do resto do mundo. Eles desprezam tanto a assistência dos EUA ao mundo que deixaram as portas abertas para a nova liderança mundial da China no financiamento ao desenvolvimento.

Quem não enxergar isso, não vê o futuro.
 
 
 
Tijolaço

Frente de esquerda se organiza! E vai pra cima!

28 de dezembro de 2014 | 13:16 Autor: Miguel do Rosário



Reproduzimos abaixo, importante artigo de Saul Leblon, sobre um movimento que várias organizações, incluindo a blogosfera, estão construindo, para tentar construir o nosso “paredão” e a nossa catapulta para derrubar o paredão da mídia.

*

2015, O ANO QUE PODE SURPREENDER


Uma frente de esquerda, formada pelos principais movimentos sociais, liderada, entre outros, pelo dirigente do MTST, Guilherme Boulos, está em construção.

Por Saul Leblon, na Carta Maior.

A palavra incerteza comanda a passagem de 2014 para o Brasil de 2015, mas o chão mole do calendário político registra agora uma auspiciosa pavimentação de terra firme que pode surpreender.

Uma frente de esquerda formada pelos principais movimentos sociais brasileiros, tendo à frente, entre outros, o dirigente do MTST, Guilherme Boulos, está em formação no país.

Não é ainda a alavanca capaz de reverter a ofensiva conservadora em marcha batida na sociedade. Mas tem potência para isso.

Tem, sobretudo, capacidade para sacudir uma correlação de forças na qual as elites mastigam a margem de manobra do segundo governo Dilma entre os dentes da fatalidade econômica e do engessamento político.

A iniciativa dos movimento sociais, apoiada por partidos de esquerda, conta com um incentivo sintomático da gravidade dos dias que correm: o do ex-presidente Lula e, portanto, de uma parte significativa do PT.

Tem, ademais, um precedente revelador.

Ela vem se somar a uma mobilização equivalente, iniciada há cerca de um mês, para reaproximar intelectuais de esquerda e construir um contraponto de ideias progressistas ao agendamento conservador da sociedade, martelado diuturnamente pelo jogral midiático.

Trata-se de uma usina de respostas à espiral regressiva; uma caixa de ressonância de intelectuais cidadãos.

Esse polo de debate e combate foi oficializado no dia 15 de dezembro, em evento em São Paulo, com o nome de Fórum 21.

A primeira assembleia, no Sindicato dos Engenheiros, elegeu como uma de suas vértebras a luta pela democratização dos meios de comunicação.

Presente no lançamento, o secretário de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Juca Ferreira, afirmou que os meios de comunicação são o principal obstáculo ao debate crítico dos reais desafios brasileiros.

‘Precisamos iniciar uma reconstrução programática que supere nosso próprio desgaste, mas essa tarefa requer um ambiente midiático oposto ao atual, concentrado e carente de regras democráticas’, disse Ferreira. (leia ‘Para Juca Ferreira, falta de democracia da mídia substituiu censura do regime militar’, nesta pág).

A importância descomunal da imprensa na luta política não é assunto estranho à reflexão intelectual desde que Gramsci (1891-1936) o incorporou a sua obra.

Na Itália, a fragilidade das estruturas partidárias, ao lado das dificuldades impostas por uma unificação feita de instituições ralas e abismos sociais e regionais profundos, fez com que os jornais assumissem funções de verdadeiros partidos, ensinou o pensador comunista.

As semelhanças meridionais com o subdesenvolvimento tropical não são negligenciáveis.

Nos anos 90, Celso Furtado costumava explicar pacientemente aos jovens jornalistas – os poucos que ainda procuravam o grande economista brasileiro taxado de jurássico pela emergente agenda tucana— que o ‘populismo’, ao contrário da demonização que lhe atribuíam as elites, refletia o vácuo histórico de uma sociedade pouco sedimentada institucionalmente, capturada pelas mandíbulas de um capitalismo de fronteiras indivisas.

O Estado e os líderes carismáticos compensavam o oco político falando direto às massas. E intervindo na economia para organizar a luta contra o subdesenvolvimento.

A colisão entre esse improviso de poder popular e o diretório midiático gerou entre nós alguns capítulos pedagógicos.

O suicídio de Vargas foi um deles.

O criador da igualmente por isso maldita Petrobras apertou o gatilho para não ceder à pressão insuportável do denuncismo lacerdista, que exigia sua renúncia em emissões sistemáticas através da rádio Globo, dirigida então pelo jovem udenista Roberto Marinho.

O Brasil era descrito como um mar de lama.

É dispensável enfatizar as semelhanças com a pauta e os métodos abraçados agora pelos grandes veículos de mídia em sintonia com a oposição conservadora ao governo Dilma, ao PT e ao ‘lulopopulismo’ econômico.

O Fórum dos intelectuais e a frente de movimentos sociais emergem como o contraponto mais importante a isso, desde a vitória de Dilma em 26 de outubro.
O conservadorismo atordoa o discernimento da sociedade desde então com uma escalada vertiginosa de iniciativas.

Habilidosamente, equipara-se combate à corrupção à demonização do polo progressista, no qual se espeta o selo da degeneração política, associada a práticas econômicas ‘intervencionistas’.

A ideia de uma salubridade externa à história, tomada como referência limpa e boa na construção da sociedade, é um daqueles mantras aos quais se agarram os interesses dominantes de todos os tempos.

A depender da conveniência, essa salubridade poderá vestir a toga da judicialização da ‘má política’. Ou a gravata técnica dos centuriões que falam em nome da proficiência dos mercados para dar o rumo ‘correto’ à economia.

Ou ainda encarnar no monopólio de um dispositivo midiático que se avoca a prerrogativa de um Bonaparte, a emitir interditos e sanções em defesa dos interesses particulares apresentados como os de toda a nação.

Hoje, o objetivo desse aluvião é o impeachment de Dilma ou o sangramento irreversível de seu governo, e das forças que o apoiam, bem como das ideias que as expressam. Até o seu sepultamento histórico em 2018.

Semanas após a vitória progressista nas urnas, quando o governo parecia hipnotizado pelo serpentário golpista que havia subestimado, e por isso não se preparado para defender o escrutínio popular, Carta Maior indagava:

‘O que se pergunta ansiosamente é se Lula já conversou sobre isso com Boulos, do MTST; se Boulos já conversou com Luciana Genro; se Luciana Genro já conversou com a CUT ; se a CUT já conversou com Stédile; se todos já se deram conta de que passa da hora de uma conversa limada de sectarismos e protelações, mas encharcada das providencias que a urgência revela quando se pensa grande. Se ainda não se aperceberam da contagem regressiva que ameaça o nascimento de um Brasil emancipado e progressista poderão ser avisados de forma desastrosa quando o tique taque se esgotar’.

A boa nova na praça é que a conversa começou.

O desafio de vida ou morte consiste agora em restaurar a transparência dos dois campos em confronto na sociedade.

Na aparente neutralidade de certas iniciativas pulsa, na verdade, a rigidez feroz dos interesses estruturais por elas favorecidos.

O melhor solvente para essa tintura é a ampla participação popular no debate e nas decisões que vão definir a rota do futuro brasileiro.

O país, desde 2003, e com todas as limitações e contradições intrínsecas a um governo de base heterogênea– tem figurado aos olhos do mundo como uma das estacas da resistência latino-americana à retroescavadeira ortodoxa, que demole e soterra direitos sociais e soberania econômica urbi et orbi.

Essa resistência criou um dos maiores mercados de massa do planeta em uma demografia de 202 milhões de habitantes.

O assoalho macroeconômico range e ruge sob o peso da inadequação entre a emergência dessa nova força motriz e as estruturas rigidamente pensadas para exclui-la do mercado e da cidadania.

A solução da ‘agenda técnica’ é higienizar a sujeira do intervencionismo público em todas as frentes, devolvendo o mando do jogo à faxina autorreguladora dos mercados.

Sobrepor o interesse privado aos da sociedade implica capturar o sistema democrático integralmente para esse fim.

Era esse o objetivo dos candidatos conservadores derrotados em outubro.

Não era apenas uma disputa presidencial. Mas um capítulo do embate inconcluso pelo comando do desenvolvimento brasileiro.

Daí a ilusão de se supor que concessões pontuais vão saciar o agendamento derrotado nas urnas.

Não será a adoção homeopática de sua farmacopeia que o fará recuar.

O discernimento daquilo pelo que se luta, e contra quem se travará a batalha dos próximos dias e noites, é crucial para os interesses populares afrontarem a avalanche em curso.

Essa é uma batalha entre a democracia social e as forças regressivas que se insurgiram contra a sua construção em 32, 54, 64, 2005, 2006, 2010 e 2014.

Tornar esse divisor visível aos olhos da população requer um símbolo de magnetismo equivalente à dimensão das tarefas que essa agenda encerra em termos de organização e repactuação do país com o seu desenvolvimento.

Requer o nascimento de uma frente de esquerda que, à semelhança do ‘Podemos’, na Espanha, guarde incontrastável vinculação com as urgências populares. Mas também encerre um denso discernimento das contingencias globais, que não podem ser abduzidas pelo imediatismo corporativista.

Embora o martelete midiático tenha disseminado a bandeira do antipetismo bélico, a ponto de hoje contagiar setores amplos da classe média, o fato é que esse trunfo conservador ainda não reúne a energia necessária para inaugurar uma nova ordem.

O pântano, por enquanto, o satisfaz.

Ele desarma a sociedade e exaspera a cidadania.

Dissemina um sentimento de impotência diante das urgências de uma transição de ciclo econômico marcada por uma correlação de forças instável, desprovida de aderência institucional , ademais de submetida à determinação de um capitalismo global avesso a qualquer outro ordenamento que não o vale tudo dos mercados.

A força e o consentimento necessários para conduzir esse ciclo em uma chave que não seja a do arrocho requisitam o salto de articulação social que agora se ensaia.

O caminho oposto é o da treva.

A regressividade conservadora predominante na Itália após o ‘Mãos Limpas’, nos anos 90, não é uma miragem; é um risco real em sociedades desprovidas de representação política forte e organização social mobilizada (leia ‘Mãos Limpas; e depois, Berlusconi?’; nesta pág).

Lá como aqui o lubrificante do retrocesso foi a prostração progressista e a incapacidade da esquerda e dos democratas de construir um repto histórico de esperança para engajar a sociedade no comando do seu destino.

A gravidade dos desafios embutidos no calendário de 2015 é de ordem equivalente.

Saber onde estão as respostas e reunir a energia política capaz de validá-las é trunfo valioso.

É esse o significado encorajador da nascente frente de esquerda dos movimentos sociais e da usina de intelectuais cidadãos reunidos no Fórum 21.

São sinais de um aggiornamento em curso na vida política nacional.

Mas que já extrapolam a mera formalidade da travessia gregoriana, para emprestar a 2015 a dimensão e o desassombro de uma verdadeira renovação histórica.

Que assim seja um bom ano novo, são os votos que Carta Maior tem a certeza de compartilhar com seus leitores e com a imensa maioria do povo brasileiro.
 
 
 
Tijolaço

Texto de Ary Fontoura propaga onda de ódio





Postagem do ator global, em que ele pediu que a presidente Dilma Rousseff renuncie ao PT, despertou manifestações no Facebook que fazem apologia ao crime e pregam o assassinato da presidente e do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva; a internauta Stella Medina a chamou de "assassina e terrorista"; Luciana Cetrim falou em "cadeia no mínimo"; Cleci Schmitt disse que compraria as balas e Paulo Correia afirmou que puxaria o gatilho

29 de Dezembro de 2014 às 09:16




247 - O texto em que o ator Ary Fontoura prega que a presidente Dilma Rousseff renuncie ao PT (leia aqui) despertou uma onda de ódio na internet, com direito à apologia ao crime.

A internauta Stella Medina defendeu que a presidente Dilma Rousseff assassinasse o ex-presidente Lula e depois se matasse. Ela também a chamou de "assassina e terrorista". Em seguida, Luciana Cetrim falou em "cadeia no mínimo". Cleci Schmitt disse que compraria as balas e Paulo Correa afirmou que puxaria o gatilho.

Ontem, o 247 publicou respostas de leitores ao texto de Ary Fontoura. Muitos defendem que ele, que decidiu se colocar como reserva moral da nação, renuncie à Globo, que andou de braços dados com os generais e se beneficiou de um regime militar, que transformou os Marinho na família midiática mais rica do planeta, graças à concentração dos meios de comunicação no Brasil (leia aqui).




Brasil 247

Mais uma ironia de Veja: PT tem os melhores quadros





O Ranking do Progresso da revista Veja, que deu nota zero ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), traz outra surpresa, como mostra o jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília; entre os dez melhores deputados, cinco são petistas, com destaque para Gabriel Guimarães (PT-MG); entre os top ten do Senado, três são do PT, como Lindbergh Farias (PT-RJ) e Aníbal Diniz (PT-AC); "considerando o tratamento cotidiano que o PT costuma receber dos principais veículos de comunicação — a começar pela própria VEJA — esses números são uma nova comprovação do caráter seletivo e tendencioso da cobertura política oferecida aos leitores brasileiros", diz ele; a revista, não custa lembrar, decretou a morte do PT nesta semana, por meio do colunista José Roberto Guzzo

29 de Dezembro de 2014 às 10:49





247 - A edição de Veja desta semana, que deu nota zero ao senador Aécio Neves (PSDB), por seu desempenho parlamentar (leia aqui), e decretou a morte do Partido dos Trabalhadores, por meio do colunista José Roberto Guzzo (leia aqui), descoberta pelo jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília.

O PT é, segundo Veja (que faz campanha contra o partido desde sempre), o partido com os melhores quadros da República, segundo o seu 'Ranking do Progresso'.

"Conforme levantamento do Núcleo de Estudos sobre o Congresso, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Rio de Janeiro, um dos mais respeitados do país, o Partido dos Trabalhadores foi a legenda que teve o maior número de parlamentares classificados entre os 10 melhores da Camara de Deputados e do Senado Federal", diz PML.

"Está lá, na revista: entre os senadores, os petistas classificaram três entre os melhores, marca que nenhuma legenda atingiu: Lindenberg Farias, que ficou em segundo; Anibal Diniz, que foi o quarto; e Gleisi Hoffmann, em décimo", diz ele. "Entre os deputados foram cinco sobre dez. Gabriel Guimarães, Angelo Venhoni, Alessandro Molon, Claudio Puty e Amaury Teixeira. Para usar uma expressão típica dos campos de futebol, o Partido fez barba e cabelo no ranking."

Segundo Paulo Moreira Leite, o ranking demonstra a parcialidade da imprensa brasileira. "Considerando o tratamento cotidiano que o PT costuma receber dos principais veículos de comunicação — a começar pela própria VEJA — esses números são uma nova comprovação do caráter seletivo e tendencioso da cobertura política oferecida aos leitores brasileiros."

Leia a íntegra em PT TEM MELHORES PARLAMENTARES — DIZ VEJA.



Brasil 247

China sabe: o que eles querem é o petróleo


E quem vai abastecer a China ?




Leitura de fim de ano, em e-book:


“Fire on the Water – China, America and the future of the Pacific”, Robert Haddick:

“Of particular note is China’s growing reliance on overseas crude oil. In 2013 China surpassed the United States to become the largest net importer of crude oil. 5 In 2012 China imported nearly 5.9 million barrels of oil per day, over half of its average daily oil consumption— a figure that is expected to rise to 75 percent of China’s daily consumption by 2035. The country’s imported oil came from South America, Africa, the Middle East, Central Asia, and Russia. China’s energy sources are diversified but have also extended China’s strategic interests to every continent. 6 In spite of this diversification, 85 percent of China’s oil imports must transit the Strait of Malacca, making that waterway a critical Chinese interest.”

Fogo na Água – a China, a América e o Futuro do Pacifico, de Robert Haddick.


A China terá uma crescente dependencia de petroleo importado. Em 2013, a China ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior importador de oleo cru. Em 2012, a China importou quase 5,9 milhoes de barris/dia, mais de metade de seu consumo diario – um numero que deve aumentar para 75% do consumo diário em 2035.

(O Brasil produz 2,3 milhões de barris dia, segundo o último record que a Petrobras bateu – PHA)

A China importou da América do Sul, Africa, Oriente Médio, Asia Central e Rússia…

85% das importações de óleo da China tem que transitar pelo Estreito de Málaca (entre a Indonésia, a Malásia, com a ponta em Cingapura – http://pt.wikipedia.org/wiki/Estreito_de_Malaca – PHA).

A China participa da exploração do campo de Libra.

(A Petrobras já recebeu autorização da ANP para explorar outro no pré-sal)

E, segundo, alguns cálculos, a economia da China já é maior do que a americana.


Outra leitura obrigatoria, no fim do ano, o discurso http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/12/19/dilma-se-empossa-com-a-petrobras/ com que a Presidenta Dilma se empossou:

O saudável empenho de justiça deve também nos permitir reconhecer que a Petrobras é a empresa mais estratégica para o Brasil e que mais contrata e investe no país. Temos que saber apurar e saber punir, sem enfraquecer a Petrobras, sem diminuir sua importância para o presente e para o futuro. Temos que continuar apostando na melhoria da governança da Petrobras, no modelo de partilha para o pré-sal e na vitoriosa política de conteúdo local — disse Dilma, que enfatizou:


— Temos que punir as pessoas, não destruir as empresas. Temos que saber punir o crime, não prejudicar o país ou sua economia.


Dilma fez uma defesa enfática do caráter nacional da estatal.


— Temos que continuar acreditando na mais brasileira das nossas empresas, porque ela só poderá continuar servindo bem ao país se for cada vez mais brasileira. A Petrobras e o Brasil são maiores do qualquer problema, do que quaisquer crises e, por isso, temos a capacidade de superá-las. E delas e deles, sair melhores e mais fortes.
(Cuidado, Levy pra não trombar com Stálin: Com petróleo não se brinca …)

Convém não esquecer também que o Brasil se prepara – com financiamento da China – para construir o “Eixo Interoceânico Sul – Peru – Amazônia”, que vai ligar a produção do Brasil Central aos portos do Peru.

E “Corredor Bi-Oceânico, Arica(Chile) – Santos”, que só depende de a Bolívia fazer um acordo sobre o trafego de caminhões de terceiros países.

E, para os que gostam de Geografia, como o Mestre Fiori e o ansioso blogueiro, cabe lembrar do Canal da Nicarágua, maior e mais eficiente que o do Panamá.

Também financiado pela China.

(Não foi à toa que o Obama fez as pazes com Fidel …)

Como disse o Presidente Lula, quando defendeu a integração latino-americana: a América do Sul constrói “uma nova ordem política”, centrada na Energia !

No petróleo.

É o petróleo, estúpido, o que eles querem.

O resto é o luar de Paquetá.

Ou, como diz o Vasco:

Se a Dilma desse o pré-sal à Chevron, como prometeu o Cerra, a Globo, que está madura para perder a Bolsa, a Globo até que parava de bater nela.

Em tempo: o que eles querem é um Peña Nieto, o presidente do PSDB do México, o PRI. Ele entregou a Petrobrax deles – a PEMEX – aos americanos. E, hoje, a receita do petróleo é igual à receita cambial com o narco-trafico… Que empata com a remessa de divisas que os mexicanos mandam dos Estados Unidos para o México. É o que os neolibêles chamam de “integrar-se aos fluxos internacionais de comercio”…

Paulo Henrique Amorim



Conversa Afiada

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O papel de Berzoini no governo


 
24 de dezembro de 2014

por Paulo Moreira Leite

 
Para petistas, indicação confirma importancia da democratização da mídia no 2o. mandato

A indicação de Ricardo Berzoini para ocupar o Ministério das Comunicações, vista como praticamente certa em Brasilia, aparece hoje como o principal rosto do Partido dos Trabalhadores no ministério do segundo mandato.

Hoje ministro de Relações Institucionais, Berzoni é um partidário assumido da democratização dos meios de comunicação. Bandeira histórica do Partido, a democratização ganhou corpo a camadas muito mais amplas da sociedade depois da campanha de 2014, quando vários indicadores demonstraram que os principais grupos de mídia atuaram abertamente para favorecer os adversários de Dilma.

Bancário de origem profissional, Berzoini fez sua formação numa categoria que tem uma tradição de procurar formas próprias de comunicação com os trabalhadores e o conjunto da sociedade. Ao lado dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, os bancários de São Paulo foram pioneiros na exibição de programas em emissoras de rádio e TV. Também têm uma imprensa que costuma tratar de assuntos de interesse geral do cidadão, a rede Brasil Atual.

Entre os dirigentes do PT, onde este assunto é discutido com frequência e no detalhe, a indicação de Berzoini é vista como um sinal da importância que Dilma Rousseff irá atribuir a democratização da mídia durante o segundo mandato. As várias manifestações de Dilma a respeito sinalizam uma mudança em relação ao que se passou entre 2011-2015, quando o assunto ficou na geladeira política dos temas que não eram falados nem discutidos.

Em seu quarto mandato como deputado — e no terceiro ministério depois da chegada de Lula ao Planalto — Berzoini mostrou em 2003, ao liderar os debates sobre a reforma da Previdência, que é capaz de manter opiniões firmes em debates delicados. Manteve-se leal ao governo que ajudou a eleger e, ao mesmo tempo, assumiu uma proposta que era rejeitada pelo sindicalismo onde se formou.

A avaliação é que saiu-se bem, considerando o tamanho das dificuldades encontradas. Se a reforma da Previdência serviu de motivo para um grupo de parlamentares da esquerda do PT formarem o PSOL, e até hoje é um travo real e importante nas relações entre o Planalto e os sindicatos, também produziu um desgaste menor do que a maioria dos analistas profetizavam. Candidato a um novo mandato de deputado em 2006, Berzoini teve mais votos do que no pleito anterior.

Não se faz ideia, hoje, de qual será a linha do governo Dilma no debate sobre a democratização dos meios de comunicação. A presidente já adiantou que pretende abrir o debate no segundo semestre de 2015.

Há certeza de que qualquer avanço irá envolver disputas duríssimas, a começar pela oposição dos principais grupos de comunicação à maioria das mudanças.

Só para se ter uma ideia: nem durante o regime militar elas se sentiram obrigadas a cumprir a legislação em vigor na época e que permanece basicamente a mesma desde então. Assinado pelo presidente Castelo Branco, o primeiro governante do pós-64, o decreto 236/67, que define restrições ao monopolio, a formação de redes, protege a produção local e assim por diante, nunca foi obedecido de forma integral. Passaram-se 47 anos desde a publicação do decreto — meio século, do ponto de vista histórico. E nada.

Em 1988, na Constituinte, os artigos de caráter progressista foram neutralizados pela bancada conservadora, que conseguiu votos para garantir que só entrassem em vigor depois de definidos em ” lei ordinária.” A partir daí, os parlamentares dispostos a qualquer mudança jamais tiveram força para colocar o assunto em plenário.

Nos anos seguintes, o costume de alugar horários para o pregação religiosa tornou-se uma banalidade.

Garantia elementar do cidadão, o Direito de Resposta sempre foi cumprido de modo parcimonioso, até que foi abolido — pura e simplesmente. (Aprovado pelo Senado, um projeto do senador Roberto Requião aguarda chance de ser votado pela Câmara para entrar em vigor. Ninguém sabe quando irá acontecer. Até lá, Escolas de base e outras obras-primas do mau jornalismo, que hoje se especializou em fabricar trapaças políticas, terão trânsito livre para se manifestar.

As principais empresas de comunicação possuem uma numerosa bancada de apoio no Congresso. A regra é uma permuta: recebem um tratamento favorável nos tele-jornais em troca de uma militancia fiel nos bastidores.

Dezenas de parlamentares possuem concessões de rádio e TV que funcionam como currais eleitorais — e não têm a menor disposição de fazer qualquer concessão em posição de confortável monopólio. Mas há uma diferença entre elas, dizem dirigentes do Partido dos Trabalhadores que participaram de uma Conferência de Comunicação Promovida durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo maior, a TV Globo, que possui mais de uma centena de emissoras afiliadas, lidera a postura mais instransigente e inflexível. As redes menores se mostram, ao menos no plano da teoria, mais abertas para discutir e dialogar. A Band acompanhou os trabalhadores da Conferencia, do início ao fim.

As outras nem compareceram, o que já demonstra a dificuldade para levar um debate em termos democráticos, em cujo centro se encontram concessões públicas de rádio e tv.



O governo Dilma encaminhar essa questão partir de uma estratégia parecida com aquela que se seguiu na “reforma política”. Após os protestos de junho de 2013, Dilma jogou o assunto para o debate entre o conjunto da população brasileira, permitindo uma discussão no conjunto sociedade.

É dali, particularmente, que o Planalto espera apoio. Tudo o que o Planalto deseja é evitar um ambiente de conflagração semelhante ao que ocorreu na Argentina onde Cristina Kirschner e o grupo Clarin se confrontaram em ambiente de guerra civil, que deixou um desgaste inversamente proporcional em relação aos progressos obtidos.

A primeira tarefa será vencer a guerra de propaganda. Num esforço para fugir de um debate necessário, as empresas de comunicação construíram a lenda de que o governo prentende interferir no conteúdo da mídia. Bobagem: o que se pretende é trazer para o Brasil um debate civilizado, que ajudou a desenvolver os meios de comunicação em países de maior tradição liberal, como os Estados Unidos e a Inglaterra.

O país não tem o que temer num debate que coloca em questão, na verdade, a sobrevivência de um sistema essencialmente autoritário, que projeta um pensamento único sobre o destino do Brasil e dos brasileiros.



Blog do Paulo Moreira Leite

Petrobras já pode operar megacampo de Búzios, ex-Franco

26 de dezembro de 2014 | 11:34 Autor: Fernando Brito


Enquanto a campanha anti-Petrobras segue na mídia, a empresa vai colecionando diversas boas notícias naquilo que interessa: produzir petróleo para o Brasil.

Depois de bater, no domingo, o recorde de produção em um único dia no domingo (2,47 milhões de barris de petróleo num dia ou, para se ter uma ideia melhor 392 milhões de litros), a empresa recebeu autorização da Agência Nacional de Petróleo para produzir, de forma provisória, no megacampo de Búzios (antes conhecido como Franco), um dos que integram o conjunto da área de cessão onerosa recebida, definitivamente, no ano passado.

Este conjunto representa reservas de até 15 bilhões de barris de óleo recuperável, quase o mesmo que todas as reservas provadas hoje do país.

A Petrobras vai operar, durante sete meses, o primeiro poço do campo, para completar os estudos geológicos e produção limitada – por causa dos limites à queima de gás – mas capaz de testar os prognósticos de que cada unidade de extração possa render cerca de 30 mil barris diários, equivalente aos melhores poços do pré-sal.

A exploração comercial definitiva começa, porém, apenas em 2016. Em 2015, a Petrobras conclui e desloca para lá a plataforma P-74, cujo casco está quase pronto no antigo estaleiro Ishikawagima (hoje, Inhaúma) na ponta do Caju, no Rio. Em seguida, o navio segue para o Estaleiro Enseada, no Rio Grande do Sul, para a montagem das estruturas de convés.

Infelizmente, notícias como essa saem pequeninas, nos cantinhos da editoria de economia.

Quando saem.
 
 
 
Tijolaço

A Petrobras e a opinião pública

Nenhum partido está isento de culpa no escândalo da estatal, aponta pesquisa nacional do Vox Populi
69% dos entrevistados que ouviram falar no escândalo da Petrobras acreditam que as irregularidades vêm de antes do governo federal do PT





Para quem acompanhou o carnaval da “grande mídia” em torno das pesquisas em 2014, soa estranho o silêncio atual a respeito da crise na Petrobras. Seus veículos trombeteiam o assunto há três meses, mas não dedicaram a ele uma única e escassa pesquisa.

Exagero. Houve uma, realizada pelo Datafolha no início de dezembro. Ficou famosa pela extravagante manchete gerada a partir da leitura das informações pela Folha de S.Paulo, dona do instituto: “Brasileiro responsabiliza Dilma por caso Petrobras”. Nenhum outro levantamento foi encomendado. Como se aquele resolvesse a questão e o resultado bastasse. Como se não fosse tão questionável que até a ombudsman do jornal criticaria a despropositada matemática usada pelos editores ao noticiá-la.

Tamanha parcimônia contrasta com o exuberante investimento em pesquisas que a mídia corporativa fez neste ano. Embora tenha sido quase todo bancado pela TV Globo, que financiou as empresas menores, foi uma tal superoferta de pesquisas que, na reta final da eleição presidencial, o cidadão mal conseguia respirar antes de um novo levantamento ser divulgado.

A abundância tinha a ver, é claro, com a torcida para Dilma Rousseff cair nas intenções de voto. Tantas pesquisas refletiam o desejo dos donos de jornal (e seus funcionários) de crescimento de uma das candidaturas a ponto de suplantar a petista. Como sabemos, gastaram dinheiro em vão.

Algo semelhante acontece com as oposições partidárias. Atravessamos o ano a ouvir os líderes oposicionistas citando resultados de pesquisa a torto e a direito: o “desejo de mudança”, a “rejeição ao PT”, a “reprovação do governo”. Seu discurso atual a respeito da crise na Petrobras prescinde, no entanto, de quaisquer referências à opinião pública.

É pena. Todos ganharíamos se ouvíssemos mais e mais frequentemente os cidadãos. Saberíamos o que pensam e compreenderíamos melhor suas manifestações, especialmente as mais importantes, como os resultados eleitorais. Evitaríamos equívocos de interpretação e erros de tomada de posição.

Entre os dias 5 e 8 de dezembro, o Vox Populi fez uma ampla pesquisa nacional, com 2,5 mil entrevistas, distribuídas em 178 municípios. Tratou de vários assuntos e incluiu perguntas sobre a Petrobras.

Ao contrário da tese de alguns próceres tucanos e dos muitos mal informados na sociedade, para os quais a vasta maioria da população ignora o que se passa no Brasil, apenas 13% dos entrevistados não tinham ouvido falar das denúncias de irregularidades na empresa. Em outras palavras, 86% da população as conhecia, sem variações significativas segundo os níveis de escolaridade: 85% entre aqueles com ensino fundamental, 87% no ensino médio e 89% no nível superior.

Entre quem tinha ouvido falar no assunto, 69% acreditavam que “as irregularidades na Petrobras vêm de antes do PT (chegar ao governo federal)”. Dos restantes, 23% disseram achar que “começaram com o PT” e 8% “não sabiam”. Sobre quais partidos estariam “envolvidos nas irregularidades”, 7% dos entrevistados responderam “só o PT” e 18% cravaram “o PT e os partidos da base aliada, como PMDB, PP etc.” Os dois terços restantes disseram que “todos os partidos, incluindo o PSDB, o PSB e o DEM”.

Como se vê, a percepção da grande maioria da opinião pública conflita com o noticiário da mídia hegemônica, que não se cansa de apresentar o PT como o grande vilão no caso. E não poupa as lideranças tucanas, na contramão da imagem de paladinos da moralidade que imaginam possuir.

Aliás, quando a pesquisa pediu a opinião sobre qual dos três últimos presidentes da República “mais combateu a corrupção”, as respostas foram Lula 31%, Dilma 29% e Fernando Henrique Cardoso 11% (os restantes 29% disseram “não saber” ou não responderam). Feitas as contas, 60% escolheram um governante do PT, enquanto FHC nem sequer atinge um quarto do eleitorado que votou no PSDB em outubro.

Por que a mídia prefere não fazer pesquisas sobre o tema? Por que os líderes da oposição se permitem falar ignorando a imagem real que possuem? Hipótese: no fundo, eles não dão o menor valor para o que pensa o cidadão comum.
 
 
 
Carta Capital

"Com mão de obra qualificada vamos aumentar a produtividade"

Jovem adia busca de trabalho e compensa estagnação do PIB. “Em 10 anos, teremos reflexos econômicos muito positivos”, diz o ministro da Educação, que dará lugar a Cid Gomes em 2015 
 


Elza Fiuza / Agência Brasil
 
Para o ministro, investimento que está sendo feito é de longo prazo


Dados recentes mostram o Brasil com um baixo índice de diplomados entre 25 e 34 anos. Embora tenha quase dobrado para 15% desde 2004, é pouco perto, por exemplo, dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na geração seguinte, o quadro está relativamente melhor. Os universitários de 18 a 24 anos somam 16,5% da população total da faixa etária, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), um recorde nacional.

Os novos graduandos parecem mais propensos a dedicar-se só aos estudos, até porque o aumento da renda e o barateamento dos cursos nos últimos anos deram uma folga ao orçamento doméstico. A proporção atual de trabalhadores com 18 a 24 anos é das menores do século, de 60%, diz a Pnad.

A expansão do ensino superior e a redução do trabalho jovem estão entre as causas de um aparente paradoxo: a queda da taxa de desemprego em 2014, ano de estagnação econômica.

Em entrevista a CartaCapital, o ministro da Educação, Henrique Paim, que em 2015 dará lugar a Cid Gomes (Pros-CE), analisa este cenário e aponta o que considera sua principal consequência: “Temos uma outra perspectiva de país, de um país mais desenvolvido e uma mão de obra mais qualificada”.

CartaCapital: Segundo a Pnad, há mais jovens no ensino superior e uma proporção menor de jovens no mercado de trabalho. Por quê?
Henrique Paim: Tivemos um crescimento grande de matrículas no ensino superior nos últimos anos, praticamente dobramos de 2003 a 2013. Isso reflete políticas federais como o Prouni, o Fies e a expansão das universidades públicas, especialmente das federais. Aumentaram as oportunidades educacionais, o que certamente se reflete no interesse dos jovens de estudar mais. De 2003 a 2014, a população de 18 a 24 anos teve uma queda de 5%, mas na população economicamente ativa [PEA] a proporção do segmento caiu 23%. Essa queda acentuada na PEA começou em 2009, 2010. De 2010 a 2014, o número de jovens caiu 3%, enquanto na PEA caiu 16%. Por que chama a atenção a queda do desemprego, mesmo sem crescimento do PIB? Porque caiu a PEA na faixa etária de 18 a 24 anos.

CC: Que consequências essa situação terá para o País nos próximos anos?
Paim: Teremos uma ampliação da qualificação da mão de obra, o País necessita disso. Um conjunto significativo dessas novas vagas, tanto privadas quanto públicas, é voltada para cursos tecnológicos. Em 2011 tivemos uma mudança importante na trajetória do número de ingressantes no ensino superior. Os cursos da área tecnológica ultrapassaram cursos como Direito, uma novidade. O reflexo para a economia é muito positivo. Com uma mão de obra mais qualificada, vamos melhorar nossa produtividade no trabalho. No médio e longo prazos, teremos um incremento no valor agregado dos nossos produtos, o que vai permitir um maior crescimento de renda e de PIB.

CC: Quando essa massa de jovens universitários terá impacto na produtividade da economia?
Paim: Os resultados em educação são de médio e longo prazos. Para formar um jovem no ensino superior, levamos em torno de quatro anos e meio na graduação. Acredito que a partir dos nossos investimentos, da melhoria das condições de acesso ao ensino superior, teremos daqui 10 anos, 15 anos, resultados importantes. E vale lembrar que taxa de retorno na educação é muito elevada, de 9,5% em termos reais.
CC: Que taxa é essa?
Paim: É quanto o investimento em educação gera de retorno para o País. Uma taxa de retorno nominal de 12% em qualquer projeto já é elevada. De 9,5% em termos reais, é bem alta. Mas o que eu acho que deveríamos ressaltar também é o seguinte: houve uma mudança de imaginário dos jovens e das famílias brasileiras. Hoje, mais gente pode sonhar em ter um curso superior. Os brasileiros estão vendo que para avançar socialmente é preciso estudar mais, uma mudança de mentalidade que só ocorreu devido à ampliação das oportunidades proporcionada pelo governo. A partir do momento que o País muda a mentalidade, que as pessoas querem estudar mais, fazem um esforço maior, temos uma outra perspectiva de país, de um país mais desenvolvido, uma mão de obra mais qualificada. É um fenômeno importante que tem de ser registrado.

CC: Juntos, o Fies, o Prouni e a expansão das federais acrescentaram quantas vagas novas?
Paim: No caso das federais, nós triplicamos entre 2003 e 2013. Tínhamos 120 mil, hoje são 360 mil. Mas vaga não é um bom indicador. Quando eu trabalho com instituições privadas, nem todas as vagas aprovadas [no Prouni, no Fies] são utilizadas. O melhor é observar o número de matrículas. Nas matrículas totais, saímos de 3,5 milhões para 7,3 milhões, considerando instituições privadas e públicas. Nas federais também dobrou, de 500 mil para um milhão.
CC: Essa expansão do ensino superior exige mais investimento em qualidade. O que está sendo feito sobre isso?
Paim: Nas universidades federais, todo esse crescimento foi acompanhado de um processo muito forte de inclusão social. Elas passaram por uma mudança de fisionomia de seus estudantes, hoje temos mais estudantes oriundos de escolas públicas, negros, indígenas. Os críticos diziam que teríamos queda de qualidade. Não ocorreu isso, pelo contrário. As federais têm avançado nos indicadores de desempenho. Nas privadas, tanto no Prouni quanto no Fies, nós temos controle dos cursos, eles obrigatoriamente têm de ter um desempenho satisfatório. Além disso, nós criamos uma secretaria exclusiva para regulação do ensino superior. Temos critérios muito mais rígidos. Mas precisamos ampliar os instrumentos de controle. Por isso queremos criar uma entidade reguladora, o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior.

CC: O senhor falou em mudança de perfil dos estudantes. Segundo a última Pnad, o número de universitários negros e pardos aproximou-se do de brancos. Em 2001, era de pouco mais de um terço.
Paim: No Fies, 92% dos estudantes estão numa faixa de dois salários mínimos de renda familiar per capita. No Prouni, a exigência é de 1,5 salário mínimo para a bolsa integral e de 3 salários mínimos para a bolsa parcial. São programas que realmente atingem a população de baixa renda. O Prouni tem cotas, 51% são negros. No Fies, os negros são quase 50%. Nas universidades federais, a última seleção tinha 37% das vagas para negros, chegaremos perto de 45% na próxima. Aquela velha ideia de que quem estuda em escola pública faz universidade privada está se modificando.

CC: Por que o instituto regulador ainda não foi aprovado pelo Congresso depois de dois anos?
Paim: Em geral, projetos de lei de criação de novas autarquias, estruturas governamentais, levam um certo tempo mesmo, passam por várias comissões, discussões.

CC: As universidades privadas têm, de alguma forma, trabalhado contra?
Paim: Elas sabem do rigor do MEC na supervisão e na regulação. Temos tomado medidas bastante duras, que vão desde a interrupção do processo seletivo e a redução do número de vagas até o descredenciamento de instituições. Então, independentemente da aprovação do instituto, o setor tem se adequado a essas regras porque sabe qual é o posicionamento do MEC. Considerando Prouni e Fies, hoje mais de 45% das matrículas em instituições privadas são bancadas a partir de políticas federais. Temos que ter muito rigor e compromisso com a qualidade.
CC: Um colega jornalista tem dois filhos na Europa pelo programa Ciência sem Fronteiras e diz que eles só viajam, não estudam. Que controle existe contra isso?
Paim: Aí tem de analisar a situação específica, que eu não sei qual é. Mas temos pouquíssimos registros deste tipo de situação e, quando ocorre, os estudantes são afastados imediatamente. Como funciona o programa? Nós selecionamos os alunos pelo Enem, eles pleiteiam uma vaga em países como Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, aí vemos as regras das instituições, e geralmente são regras rígidas, estamos falando das melhores instituições do mundo. Em cada país, temos instituições intermediadoras acompanhando. Se houver problemas, estas são informadas e informam imediatamente ao Brasil. Até agora, nossa avaliação do programa é muito boa.
 
 
 
Carta Capital

Esquerda promete “reorganização” e protestos





A "reorganização das esquerdas" defendida pelo ex-presidente Lula começa ganhar musculatura; líderes de vários movimentos sociais, centrais sindicais e partidos como o PT, Psol, PCdoB e PSTU estão se articulando numa frente popular que promete realizar uma série de manifestações a partir do dia 1º de janeiro; objetivo é conter avanço de grupos conservadores e de direita nas ruas e também no Congresso e no próprio governo federal; iniciativa é atribuída ao líder do Movimento dos Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos; entre as primeiras reivindicações estão uma Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política e a cassação do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por quebra de decoro

26 de Dezembro de 2014 às 11:15





247 - O avanço de grupos conservadores e de direita nas ruas e também no Congresso e no próprio governo federal serão alvos de uma série de manifestações em 2015, organizadas por movimentos sociais, centrais sindicais e líderes do PT, Psol, PCdoB e PSTU.

A primeira reunião do grupo de 40 líderes de movimentos de integrantes dos prtidos ocorreu na semana passada, em um salão no Largo São Francisco, no centro de São Paulo. Participaram lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Central de Movimentos Populares (CMP), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Via Campesina, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Consulta Popular, Intersindical e Conlutas, além de representantes dos quatro partidos e integrantes de pastorais sociais católicas.

Reportagem do Estado de S. Paulo, publicada nesta sexta-feira, 26, mostra que a iniciativa partiu de Guilherme Boulos, do MTST, que no sábado havia feito elogios ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na inauguração de um conjunto habitacional gerido pelo movimento, na Grande São Paulo.

Dias depois, Lula, que é cotado para disputar o Palácio do Planalto em 2018, divulgou vídeo no qual diz que é preciso “reorganizar” a relação com os movimentos e partidos de esquerda se o PT quiser “continuar governando o Brasil” (leia mais).

A frente popular de esquerda deve agir em duas linhas. A primeira é atuar como contraponto ao avanço da direita nas ruas e no Congresso. Após os protestos contra a reeleição da presidente Dilma Rousseff, esses grupos também preparam maior articulação. A segunda é buscar espaço dentro do governo Dilma para projetos que estejam em sintonia com a agenda da esquerda, como reforma agrária e regulação da mídia.

Os movimentos que participaram da reunião preparam um cronograma de manifestações que começa com atos pela convocação de uma constituinte exclusiva para a reforma política na posse de Dilma, no dia 1º. Em 1º de fevereiro, quando tem início a nova legislatura, um ato no Congresso vai pedir a cassação do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por quebra de decoro.




Brasil 247

Venina foi braço direito de Costa em Abreu e Lima





Ex-gerente da Petrobras foi uma das três integrantes do Conselho de Administração criado pela companhia em 2008 para administrar a refinaria de Pernambuco, alvo central da Operação Lava Jato; nessa função, ela atuou como braço direito de Paulo Roberto Costa, que presidia o conselho, além de Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento; no período em que Venina esteve no conselho, a refinaria assumiu os contratos bilionários da obra que eram de responsabilidade da Petrobras, abriu concorrência com empresas investigadas na Lava Jato e assumiu contratos de R$ 4,2 milhões com a estatal Compesa; segundo Costa, o governador à época, Eduardo Campos, era um dos beneficiários do esquema de propina

26 de Dezembro de 2014 às 06:36





247 – Nova personagem das últimas denúncias contra a Petrobras, a ex-gerente Venina Velosa da Fonseca fez parte de um conselho de administração criado pela companhia em 2008 para administrar a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Segundo reportagem dos jornalistas Ricardo Brandt e Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, ela integrou o grupo entre 7 de março de 2008 e 21 de junho de 2009.

Enquanto esteve na função, Venina atuou como braço direito de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, que presidia o conselho. O terceiro integrante do grupo era Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento. Os três passaram a ser responsáveis por contratos bilionários da obra da refinaria, alvo central da Operação Lava Jato, que eram de responsabilidade da Petrobras.

O jornal fez um levantamento com base em 70 atas – de um total de 123 – e concluiu que o conselho também abriu concorrências incluindo empresas investigadas na Lava Jato e assumiu um contrato de R$ 4,2 milhões com a Companhia Pernambucana de Saneamento de Pernambuco (Compesa), uma estatal de Pernambuco, que à época era governado por Eduardo Campos (PSB), morto em agosto em um acidente de avião.

Segundo afirmou Paulo Roberto Costa em delação premiada, Campos era um dos beneficiários do esquema de propina em contratos armado na Petrobras. O esquema, segundo ele, cobrava de 1% a 3% em propina para cada contrato. O custo inicial da obra era estimado em R$ 2 bilhões. Hoje, já ultrapassou R$ 20 bilhões e ainda não foi concluída. Sob o comando de Costa, o conselho aprovou R$ 201 milhões em aditivos contratuais para empresas investigadas e autorizou adiantamento de pagamentos milionários.

Em 11 de fevereiro de 2009, foi aprovada a transferência de 18 contratos da obra, que eram de responsabilidade da Gerência de Engenharia, para o conselho onde atuava Venina e Costa. Os contratos somavam valores como R$ 1 bilhão, 8,7 milhões de euros e US$ 4 milhões, todos com consórcios formados por empresas investigadas pela Polícia Federal, como Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Galvão Engenharia.
 
 
 
Brasil 247

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

PT do Rio defende Molon no comando da Secom





O PT do Rio de Janeiro não se viu contemplado no novo Ministério da presidente Dilma Rousseff e tenta emplacar o deputado federal Alessandro Molon; destino seria a Secretaria de Comunicação Social, no lugar de Thomas Traumann; Secom é dona atualmente de um orçamento de R$ 800 milhões para investimentos em publicidade; na Câmara, Molon foi o relator na conquista de uma das bandeiras do primeiro governo da presidente Dilma, a aprovação do Marco Civil da Internet

25 de Dezembro de 2014 às 13:54





Rio 247 - O PT do Rio de Janeiro não se viu contemplado no novo Ministério da presidente Dilma Rousseff. O diretório fluminense do partido tenta emplacar o nome do deputado federal Alessandro Molon.

Dirigentes petistas tentam convencer a presidente Dilma a indicar Molon para a Secretaria de Comunicação Social, no lugar de Thomas Traumann. Segundo o jornalista Ilimar Franco, de O Globo, Traumann decidiu voltar para o Rio.

A Secom é dona atualmente de um orçamento de R$ 800 milhões para investimentos em publicidade.

Alessandro Molon demonstrou importância na conquista de uma das bandeiras do primeiro governo da presidente Dilma, a aprovação do Marco Civil da Internet. Molon foi o relator da matéria e enfrentou dura batalha contrária à proposta, liderada pelo deputado e candidato à presidência da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).



Brasil 247

Caciques da política não têm medo da Lava Jato





Acusados em delação premiada de Paulo Roberto Costa peitam o algoz; senadora do PT, Gleisi Hoffmann planeja processar delator por calúnia; Humberto Costa ofereceu quebra de seus sigilos, para provar inocência; colega Lindbergh Farias esclarece que doações discutidas para a campanha de 2014 seriam legais; governador do Acre, Tião Vianna também planeja entrar com ação contra ex-gerente da Petrobras; "Nunca falei com ele", diz; presidente da Câmara, Henrique Alves ainda sonha em ser ministro; e sem sofrer acusação formal até aqui, Renan Calheiros inicia, discretamente, campanha para se reeleger presidente do Senado; política segue seu curso

25 de Dezembro de 2014 às 19:52





247 – O efeito arrasa quarteirão que a operação Lava Jato prometia fazer no Congresso pode não se confirmar. Numa reação que já une diferentes políticos, as acusações dos delatores premiados Paulo Roberto Costa estão sendo rebatidas diretamente pelos acusados. Um troco que vai sendo dado na mesma moeda. O momento inicial de perplexidade e falta de reação dos políticos dá lugar, agora, a um contra-ataque sincronizado.

No PT, os senadores citados por Costa como receptores de doações das empresas investigadas na Lava Jato, Gleisi Hoffmann, Humberto Costa e Lindbergh Farias negam a veracidade da denúncia e estão adotando duas atitudes distintas. Enquanto Gleisi anuncia a abertura de processo por calúnia contra Costa, Humberto Costa afirmou que só manteve com ele "contatos institucionais" e ofereceu a quebra de seus sigilos fiscal, telefônico e bancário para provar que nunca tomou parte em conluios e distribuição de propinas. Farias, por seu lado, esclareceu que as eventuais doações discutidas com Costa seriam legais e contabilizadas. Adicionalmente, ele foi ao procurador-geral Rodrigo Janot para saber o contexto exato em que foi citado.

O governador do Acre, Tião Viana, também fico indignado ao ser citado por Costa como mais um receptor de dinheiro sujo.

- Não admito ser incluído num escândalo, disse Viana. "Nunca falei com Paulo Roberto".

Com experiência e poder, os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Alves e Renan Calheiros, esperaram os primeiros efeitos da Lava Jato para montarem suas estratégias, e agora elas já as desenvolvem. Alves, que chegou a dizer que não gostaria de ser nomeado ministro pela presidente Dilma, na cota do PMDB, já dá sinais de que está gostando da ideia. Não será surpresa nos meios políticos de Brasília se ele aparecer na lista final da presidente Dilma, a ser anunciada até a segunda-feira 29.

No caso de Renan Calheiros, a crise da Lava Jato já parece até ter ficado para trás. Ele é visto como o principal padrinho de nada menos que quatro novos ministros, entre eles o senador Eduardo Braga, futuro titular das Minas e Energia, e a senadora Kátia Abreu, que irá para a Agricultura. Com a força renovada, Renan já vai dando linha para empinar sua candidatura à reeleição como presidente do Senado, em 1º de fevereiro.

Com bom relacionamento com a presidente Dilma, trânsito aberto no PT e comando no PMDB, Renan pode ser o contraponto de equilíbrio à previsível instabilidade que o deputado Eduardo Cunha poderá causar como presidente da Câmara. Mais do que o temor pelos efeitos da Lava Jato entre os políticos, o governo teme muito mais ter nas duas casas dois adversários no comando. Renan, nesse quadro, significaria, para o Palácio do Planalto, contar com o velho e bom aliado de sempre. As delações premiadas da Lava Jato passariam a ser vistas como fatos menores diante do contexto maior.
 
 
 
Brasil 247

Human Nature - White Christmas





Jornal GGN

Perito atesta: Venina mentiu muito à Globo





Empresa especializada em tecnologia de análise de voz detecta, ao analisar a entrevista concedida por Venina Velosa da Fonseca ao Fantástico, que ela não foi verdadeira em diversos relatos, como no episódio em que Paulo Roberto Costa apontou para um quadro do ex-presidente Lula e perguntou: "você quer derrubar todo mundo?"; outros momentos em que ela mentiu foram quando disse que "informou as irregularidades a vários diretores como Graça Foster" e até sobre ter entregue documentação adicional ao Ministério Público; para o perito que assina o documento, Venina, "de uma certa forma, parece estar buscando uma vingança e não fazer justiça em nome dos funcionários da Petrobras"; veja a íntegra

25 de Dezembro de 2014 às 11:15




247 – Uma empresa especializada em tecnologia de análise de voz detectou, sobre a entrevista concedida pela ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca ao Fantástico, no último domingo 21, que ela mentiu muito à TV Globo. Responsável pela perícia, a companhia Truster Brasil constatou, em vários momentos da fala de Venina, sentimentos como "tensão extrema", "stress", "tensão alta" e conclusões como "imprecisão" e "alto risco".

O relatório sobre a entrevista em que a ex-gerente da Petrobras reafirmou ter relatado a vários diretores da Petrobras, inclusive à presidente, Graça Foster, sobre irregularidades em processos internos da empresa, aponta conclusões, por exemplo, de que ela "não está sendo verdadeira" em diversos momentos de seu relato à repórter Glória Maria, que durou 27 minutos do programa.

O documento ao qual o Brasil 247 teve acesso é assinado pelo "perito em veracidade" Mauro J. Nadvorny, que aponta que a ex-gerente da Petrobras "não está sendo verdadeira quando afirma que vem fazendo denúncias desde 2008" e também "quando afirma que constatou vários tipos de irregularidades". De acordo com o especialista, ela está sendo verdadeira quando diz que todos os e-mails citados já foram publicados, mas não sobre o fato de ter entregue documentação adicional sobre o caso ao Ministério Público.

Outra conclusão é de que Venina Velosa da Fonseca "não está sendo verdadeira quando afirma que informou as irregularidades a vários diretores como Graça Foster e não tem certeza de que informou a todas as pessoas que poderiam fazer alguma coisa para combater aquele processo que estava se instalando na empresa".

De acordo com o perito, Venina é verdadeira, sim, quando diz que se encontrou com Graça Foster, mas não quando informa "que teria discutido com ela o 'assunto' e que posteriormente ela teve acesso às irregularidades na diretoria executiva". Nesse momento da fala, aponta a perícia, ela comete um "ato falho": ela "provavelmente" discutiu com a presidente da Petrobras "diversos assuntos, mas não especificamente o assunto sobre irregularidades, ou não da maneira como tenta dar a entender".

Um momento polêmico relatado por Venina foi quando Paulo Roberto Costa, então seu superior na estatal do petróleo, apontou, em sua sala, quando estavam só os dois, para um quadro do ex-presidente Lula e perguntou: "você quer derrubar todo mundo?". A pergunta teria sido feita quando ela delatou irregularidades na Petrobras, de acordo com Venina. Segundo o programa de análise de voz, no entanto, a ex-gerente também não foi verdadeira neste momento.

O perito conclui que Venina "não foi verdadeira ao tentar envolver algumas pessoas em sua denúncia, o que acaba sendo uma cortina de fumaça para o que realmente seria importante" e "de uma certa forma", para o especialista, Venina "parece estar buscando uma vingança e não fazer justiça em nome dos funcionários da Petrobras". 



 
Brasil 247
 
 
 

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Polícia Federal chega no 'Doutor Freitas' e Aécio Neves desaparece

Após depoimentos de executivos que fizeram acordos de delação premiada afirmando que existia um 'clube' de empreiteiras que fraudava licitações e pagava propinas, misteriosamente o tucano sumiu da imprensa

por Helena Sthephanowitz publicado 21/11/2014 15:22, última modificação 21/11/2014 18:56
reprodução

 
De 11 sessões no Senado, Aécio só apareceu em cinco. Precisa aparecer para explicar o que sempre chamou de 'corrupção'


Nas últimas entrevistas, o senador Aécio Neves (PSDB), apareceu histérico tentando pautar desesperadamente a mídia na Operação Lava Jato para atacar o governo Dilma e afastar os holofotes dos tucanos. Parece que vai ser difícil agora.

Depois de muita enrolação, com direito a manchete do tipo “Doações de investigadas na Lava Jato priorizam PP, PMDB, PT e outros”, para não citar PSDB, apareceu o Doutor Freitas. Notinhas tímidas, em letras miúdas, no rodapé de páginas dos grandes jornais informam que o dono da UTC, Ricardo Pessoa, disse em depoimento à Polícia Federal que tinha contato mais próximo com o arrecadador de campanha do PSDB, o Doutor Freitas, Sérgio de Silva Freitas, ex-executivo do Itaú que atuou na arrecadação de campanhas tucanas em 2010 e 2014 e esteve com o empreiteiro na sede da UTC. Ainda de acordo com o depoimento, objetivo da visita do Doutor Freitas foi receber recursos para a campanha presidencial de Aécio.

Dados da Justiça Eleitoral sobre as eleições de 2014 mostram que a UTC doou R$ 2,5 milhões ao comitê do PSDB para a campanha presidencial e mais R$ 4,1 milhões aos comitês do PSDB em São Paulo e em Minas Gerais, além de R$ 400 mil para outros candidatos tucanos.

Depois dos depoimentos de dois executivos da Toyo Setal que fizeram acordos de delação premiada, e afirmaram que existia um "clube" de empreiteiras que fraudava licitações e pagava propinas, misteriosamente o tucano Aécio Neves sumiu da imprensa.

Aécio é senador até 2018, mas também não é mais visto na casa. De 11 sessões, compareceu apenas a cinco. O ex-candidato tucano precisa aparecer para explicar a arrecadação junto à empreiteira, o que, para ele, sempre foi visto como "escândalo do PT", e outras questões. Como se não bastassem antecedentes tucanos na Operação Castelo de Areia, como se não bastasse a infiltração de corruptos na Petrobras desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como se não bastasse o inquérito que liga o doleiro Alberto Youssef à Cemig, basta observar o caso da construção do palácio de governo de Minas na gestão de Aécio quando foi governador.

Para quem não se lembra, a "grande" obra de Aécio como governador de Minas, além dos dois famosos aecioportos, não foi construir hospitais, nem escolas técnicas, nem campi universitários. Foi um palácio de governo faraônico chamado Cidade Administrativa de Minas, com custo de cerca R$ 2,3 bilhões (R$ 1,7 bi em 2010 corrigido pelo IGP-M). A farra com o dinheiro público ganhou dos mineiros apelidos de Aeciolândia ou Neveslândia.

Além de a obra ser praticamente supérflua para um custo tão alto, pois está longe de ser prioridade se comparada com a necessidade de investimento em saúde, educação, moradia e mobilidade urbana, foi feita com uma das mais estranhas licitações da história do Brasil.

O próprio resultado deixou "batom na cueca" escancarado em praça pública, já que os dois prédios iguais foram construídos por dois consórcios diferentes, cada um com três empreiteiras diferentes.

Imagina-se que se um consórcio ganhou um dos prédios com preço menor teria de construir os dois prédios, nada justifica pagar mais caro pelo outro praticamente igual.

Se os preços foram iguais, a caracterização de formação de cartel fica muito evidente e precisa ser investigada. Afinal, por que seis grandes empreiteiras, em uma obra que cada uma teria capacidade de fazer sozinha, precisariam dividir entre elas em vez de cada uma participar da licitação concorrendo com a outra? Difícil de explicar.

O próprio processo licitatório deveria proibir esse tipo de situação pois não existe explicação razoável. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

No final das contas, nove grandes empreiteiras formando três consórcios executaram a obra. Cinco delas estão com diretores presos na Operação Lava Jato, acusados de formação de cartel e corrupção de funcionários públicos.

Em março de 2010 havia uma investigação aberta no Ministério Público de Minas Gerais para apurar esse escândalo. Estamos em 2014 e onde estão os tucanos responsáveis? Todos soltos. A imprensa mineira, que deveria acompanhar o caso, nem toca no assunto de tão tucana que é. E a pergunta do momento é: onde está Aécio?
 
 
 
Rede Brasil Atual   -   Blog da Helena

Petrobras vai fundo na apuração dos “malfeitos”. E surgem as ‘razões” da Venina “heroína”

24 de dezembro de 2014 | 08:50 Autor: Fernando Brito



Véspera de Natal, e surpresas para quem aposta em desgastar o governo com insinuações de cumplicidade da atual diretoria da Petrobras com as roubalheiras de Paulo Roberto Costa et caterva…

Ontem à noite, o Conselho de Admnistração da Empresa decidiu formar um comitê de acompanhamento, coordenado por um diretor de Governança que está sendo selecionado no mercado profissional, para as investigações internas da companhia.

E um comitê que de receita de pizza não tem nada, pelos dois nomes escolhidos para integra-las, capazes de deixar qualquer tucano mudo.

O primeiro é Andreas Pohlmann, comandante do processo de “limpeza” da Siemens alemã, depois das condenações milionárias que a empresa sofreu nos EUA e na Alemanha.

A segunda é Ellen Gracie, ex-ministra do STF, por indicação de Fernando Henrique Cardoso e, inclusive, sondada para ocupar a vice na chapa de Aécio Neves.

Suas tarefas: “aprovar o plano de investigação; receber e analisar as informações encaminhadas pelos escritórios; assegurar que a investigação mantenha a independência, zelando para que esta não seja impedida ou obstruída; analisar, aprovar e viabilizar a implementação de recomendações feitas pelos escritórios; comunicar e/ou autorizar os escritórios a se comunicarem com autoridades competentes, inclusive reguladoras, no que toca ao status da investigação, seus achados, bem como ações tomadas pela companhia; e elaborar relatório final referente aos achados da investigação, bem como sobre as recomendações do comitê em relação às políticas internas e procedimentos relativos à investigação.”

Portanto, o comando de toda a apuração feita pelos auditores contratados.

Se algum risco de partidarismo se quiser alegar, portanto, é “contra”.

Porque há muita mistificação nesta história e o “caso” Venina Velosa é uma delas.

Venina, como todos sabem, surgiu com as suas denúncias na base do “Graça sabia” em dezembro.

Hoje o “Estadão” disponibiliza o relatório da comissão interna da empresa que foi formada em abril e apresentou relatório no dia 7 de novembro.

Portanto, mais de um mês antes de Venina Venosa da Fonseca ter “lembrado” de seus supostos avisos.

Mesmo tendo sido arrolada na investigação que concluiu por sua responsabilidade em pelo menos quatro irregularidades (prudentemente chamadas ali de “não-conformidades”).

A primeira delas, listada como 6.1, o “esquartejamento” da licitação da famosa Casa de Força da Refinaria Abreu e Lima, onde haveria um imenso sobrepreço.

Depois, a 6.2, a negociação – pós licitação – dos valores, obtendo-se um “desconto” de R$ 34,2 milhões, dos quais nada menos que R$ 25 milhões “sumiram”, isto é, foram concedidos mas, ainda assim, pagos a empreiteira Alusa.

A “não-conformidade” identificada como 6.5 refere-se ao não cumprimento para a convocação de novas empresas para uma concorrência frustrada e a 6.9 é a falta de parecer jurídicos em licitações homologadas por ela e por Pedro Barusco.

Ou seja, mesmo antes de suas “denúncias” – novamente, um simples “Graça sabia…”, que só tem e-mails vagos a amparar, Venina havia sido inculpada, dentro da empresa, por comportamento no mínimo desidioso e omisso em licitações milionárias.

E só um mês depois de apontada como responsável lembrou que “ah, a Graça sabia…”
 
 
 
Brasil 247

Venina causou prejuízos de R$ 25 milhões à Petrobras





Comissão interna de sindicância responsabiliza Venina Velosa, que foi tratada como heroína pela Globo, por quatro 'não conformidades' na execução da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que elevaram os custos em R$ 4 bilhões; o ponto que a implica diretamente é a contratação da empresa Alusa, para a construção da casa de máquinas do empreendimento; segundo a empresa, a equipe liderada por Venina desconsiderou descontos de R$ 25 milhões; sem ter conseguido atingir seu objetivo, que era a demissão da presidente Graça Foster, Venina também decidiu processar a empresa, alegando assédio moral

24 de Dezembro de 2014 às 06:14




247 - Tratada como heroína pela Globo (leia aqui), Venina Velosa foi responsabilizada por uma comissão interna de sindicância da Petrobras por prejuízos de R$ 25 milhões nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

A revelação foi feita pelos jornalistas Ricardo Brandt e Fausto Macedo, em reportagem publicada no jornal Estado de S. Paulo (leia aqui).

De acordo com a comissão, quatro 'não conformidades' elevaram o custo da obra em R$ 4 bilhões. As 'não confirmidades' são indícios de irregulariades, como formação de cartel na contratação dos fornecedores.

Além de Venina, a comissão também responsabiliza Paulo Roberto Costa, a quem ela era subordinada, e outros dois personagens já investigados na Lava Jato: Renato Duque e Pedro Barusco.

A comissão aponta ainda um ponto que atinge Venina diretamente: a contratação da empresa Alusa para fornecimento da casa de máquinas da refinaria. De acordo com a equipe interna da Petrobras, Venina desconsiderou descontos de R$ 25 milhões que haviam sido negociados com a própria Alusa.

Ação trabalhista

Em outra frente, Venina decidiu processar a Petrobras na Justiça trabalhista, alegando assédio moral e questionando sua redução de salário, desde que retornou de Cingapura.

É o que informa Mario Cesar Carvalho na Folha de S. Paulo (leia aqui). Advogados de Venina questionam a redução de seus vencimentos de R$ 69,1 mil para R$ 24,2 mil.



Brasil 247

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Tio Bonner está sendo injusto com os internautas ao criticá-los e eu conto por quê

Postado em 23 dez 2014
 

 
Ingrato

 
Bonner é um mal agradecido.

Queixou-se das redes sociais ao receber um prêmio no Faustão.

Ora, ele tem mais de 6 milhões de seguidores no Twitter, onde se apresenta como Tio, e agora começou a postar no Facebook cenas dos bastidores do Jornal Nacional.

Se é para reclamar de alguém, Bonner deveria mirar é nos telespectadores, e não nos internautas.

O JN, de Bonner, perde continuamente audiência. Em 1996, quando ele assumiu, o Ibope era superior a 40 pontos.

Metade desse público se foi desde então, e neste instante em que escrevo mais pessoas estão deixando de ver o JN.

O JN tenta hoje se manter nos 20 pontos, mas é uma luta perdida, dada a voracidade com que a internet avança sobre todas as mídia, incluída a televisão.

Bonner, com seu JN, foi abandonado por milhões de pessoas nos últimos anos, e continuará a ser nos próximos anos.

Ele e seu chefe, Ali Kamel, formam a dupla mais abandonada da televisão brasileira, mas é preciso reconhecer que o mercado foi mais decisivo para isso do que a capacidade de ambos.

O futuro é complicado para todo jornalista que trabalha nas mídias que não sejam a internet, e não é diferente para Bonner.

Até quando a Globo poderá pagar salários como os que paga a ele e a Kamel no Jornal Nacional?

A resposta é: enquanto a publicidade puder bancar. Mas aí surge uma segunda pergunta: e até quando os anunciantes gastarão milhões numa mídia em declínio.

Qual vai ser o ponto de disrupção? Quando os anunciantes vão dizer: estou pagando muito por uma mídia velha e decadente?

Não é possível precisar ainda.

Imagino que isso ocorra quando a audiência recuar para um dígito, mas pode ser antes, naturalmente.

Em geral, o que ocorre entre os anunciantes é o chamado efeito manada. Um sai e os outros seguem.

É o que está ocorrendo na Abril.

Recentemente, a L’Oreal, durante muito tempo o maior anunciante das revistas femininas da Abril, comunicou que estava saindo da mídia impressa.

Numa conta simplificada, em breve Bonner terá mais público no Twitter que no Jornal Nacional.

Um ponto no Ibope, em São Paulo, equivale a 60 mil lares. O Ibope sustenta – sem comprovação nenhuma – que em cada casa três pessoas em média assistem aos programas de tevê.

Repare: na internet você afere leitor por leitor. Na televisão, existe uma estimativa obviamente inflada, bem como nas revistas e nos jornais.

Em meus tempos de Abril, usávamos a métrica – sabe-se lá de onde tirada – de que para cada exemplar de revista havia quatro leitores. Nós fingíamos que acreditávamos, as agências fingiam que acreditavam, os anunciantes fingiam que acreditavam — e todos éramos felizes nessa crença trôpega.

Segundo o Ibope, o JN em São Paulo, com 20 pontos, é visto em 1,2 milhão de casas. Mesmo aceitando a taxa de três espectadores por lar, você fica em 3,6 milhões de pessoas.

Isso é pouco mais da metade do número de seguidores de Bonner no Twitter. São Paulo não é o mercado nacional, é verdade, mas é a maior parte dele.

Na site da Globo, está escrito que o JN é visto diariamente por 25 milhões de pessoas no país.

Mas quem acredita nisso, como dizia Wellington, acredita em tudo.

Bonner está sendo ingrato com os internautas.

Em algum momento não muito distante, sua carreira vai depender deles e só deles.
 
 



Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
 
 
 
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