sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

“Índios, gays, negros, tudo que não presta”: o Prêmio Déficit Civilizatório vai para uma estrela da bancada ruralista

Postado em 28 Feb 2014


“Déficit civilizatório”. Eis um grande achado do ministro Barroso. Ele se dirigia ao iracundo Joaquim Barbosa, que tomou de Barroso uma sova intelectual memorável. O presidente o presidente do STF, apoplético, reagia em sua caricatura de ditador.


Mas a definição é ampla e cabe muita gente dentro dela. Merece virar um prêmio. Como JB é hors concours, o “Prêmio Déficit Civilizatório” do DCM desta semana vai para o deputado federal Luiz Carlos Heinze, do PP gaúcho.


Heinze se daria bem em qualquer tropa fascista. Membro da Igreja Evangélica Luterana, coordenador da Bancada Ruralista, dono de 1 543 hectares de terra em São Borja, já organizou ou participou na linha de frente de “tratoraços”, “caminhonaços” e outros protestos muito loucos.


Mas por que ele merece o “Déficit Civilizatório” Awards?, você pergunta. Bem, por causa de dois vídeos que mostram o que ele pensa e que o tornaram uma subcelebridade da internet.
O primeiro foi gravado numa audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara em Vicente Dutra, no norte do Rio Grande do Sul. Juntamente com o colega Alceu Moreira, do PMDB, Heinze orienta os produtores rurais lutarem contra os invasores. Como? Pegando em armas.


“No Pará, eles contrataram segurança privada. Ninguém invade no Pará, porque a brigada militar não lhes dá guarida lá e eles têm de fazer a defesa das suas propriedades”, afirmou. “Por isso, pessoal, só tem um jeito: se defendam. Façam a defesa como o Pará está fazendo. Façam a defesa como o Mato Grosso do Sul está fazendo. Os índios invadiram uma propriedade. Foram corridos da propriedade. Isso aconteceu lá.”


Continuou: “Seu Gilberto Carvalho também é ministro da presidenta Dilma. É ali que estão quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta, ali está. E eles têm o comando do governo”, afirma.


Isso foi em novembro. Ele chegou a esboçar uma retratação. Teria sido força de expressão. “Se quer ser bicha, se quer ser lésbica, eu não tenho problema nenhum”, falou para o Zero Hora.
Agora apareceu um novo vídeo de Heinze em que ele volta à carga com a mesma categoria. Num certo Leilão da Resistência, bate novamente em Carvalho e seus amigos.


“Tem no Palácio do Planalto um ministro da presidenta Dilma, chamado Gilberto Carvalho, que aninha em seu gabinete índios, negros, sem-terra, gays, lésbicas. A família não existe no gabinete desse senhor. Esse é o governo. Não esperem que essa gente vá resolver o nosso problema”.


Heinze é ele mesmo o problema que quer resolver. Por isso leva do DCM o prestigiado “Prêmio Déficit Civilizatório”.







Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.



Diário do Centro do Mundo

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