sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Na festa pelo Real, esqueceram Itamar Franco, que bancou o plano

Itamar Franco
Itamar Franco


Saiu na coluna do Jânio de Freitas, na Folha de S.Paulo ontem, assim:
A comemoração de 20 anos do Plano Real foi uma homenagem à injustiça. O plano só existiu porque Itamar Franco estava determinado a arriscar tudo contra a inflação. Antes de Fernando Henrique chegar à Fazenda, Itamar destituiu dois ministros, Paulo Haddad e Gustavo Krause, por relutarem em lançar um projeto anti-inflação radical, mais um (ministro da Fazenda), Eliseu Resende, por falta de condições políticas para a tarefa.


(No ato comemorativo no Senado 2ª feira pp.) Fernando Henrique só lembrou Itamar Franco para falar do convite que lhe entregou o Ministério da Fazenda, e a versão é, no mínimo, imprecisa. Foi ainda a persistência de Itamar que fez Fernando Henrique afinal desengavetar o plano, que já estava pronto há quase um semestre. 


E disso veio a outra injustiça da comemoração. André Lara Resende só foi citado no discurso de Fernando Henrique em cambulhada com uma fieira de nomes, presentes até quem não colaborou – ainda bem – sequer com vírgulas no projeto. André Lara, uma inteligência criativa, foi o artífice do plano, com a colaboração também imaginosa de Pérsio Arida.


Mágoa de Itamar


Pois é, é só vocês lembrarem que o Real é de 1994 e que o ex-presidente Itamar Franco morreu 17 anos depois (2011), um poço de amargura, sempre se  lamuriando que tivera a coragem de lançar e bancar o Plano, usurparam-lhe o mérito e os louros sempre foram atribuídos a outros. Itamar nunca perdoou, queixava-se abertamente.


Guardadas as proporções, a história lembra um pouco outra do presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou boa parte da vida dizendo que foi exilado depois de 1968 pela ditadura militar. Até que na campanha eleitoral de 1994, sua falecida mulher, Ruth Cardoso, numa edição da revista Veja em que ela foi capa, disse que não gostava disso e que eles não foram exilados, mas sim autoexilados.


O que é fato: FHC foi preso, encapuzado, torturado durante a ditadura – o que por si só já é uma atrocidade cometida contra ele – e cassado em sua cátedra na USP, decidiu partir para o exterior onde morou vários anos – inicialmente no Chile -, mas não o fez obrigado pelo regime militar, compulsoriamente,  como milhares de outros brasileiros.


Atitudes de um ex-presidente, FHC, que uma vez no programa do Jô Soares admitiu não saber o que é maior nele, se a inteligência ou a vaidade.

(Foto: arquivo Agência Brasil)



Blog do Zé Dirceu

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