terça-feira, 29 de julho de 2014

O conselho do banco, a resposta do Botin e nossa imprensa



28 jul 2014/1 Comment/ Blog do Zé equipedoblog /Por Equipe do Blog

Então o presidente mundial do Santander, dr. Emílio Botin, diz que o texto enviado aos 40 mil clientes mais ricos do banco no Brasil – clientes Select – não foi da banca privada que ele dirige mundialmente, e sim de um analista? O comunicado diz a estes clientes que a reeleição da presidenta Dilma Rousseff representa riscos para a economia.

Ao participar no fim de semana do III Encontro Internacional de Reitores, promovido pelo Santander/Telefónica (Vivo), que vai até 3ª feira (amanhã) desta semana, o dr. Botin foi veemente: “A responsabilidade não foi do banco e sim de um analista que enviou o informe sem consultar quem deveria consultar”.

Acontece que o problema não é o dr. Botim ou o seu Santander. Antes fosse. Já estaria resolvido com a retratação plena e sem ambiguidades do presidente mundial do banco. O problema é o papel da mídia no Brasil e nas campanhas e na disputa política, no ato de governar. É o papel hegemônico e monopolístico, de algumas famílias e grupos empresariais articulados com o capital financeiro e o tucanato, que se escondem por detrás da liberdade de imprensa para controlar a informação no país e manipular os fatos e acontecimentos.

Cadê o questionamento da mídia à atitude do banco, os editoriais de análise?


É assim que, corretamente noticiam o texto enviado aos 40 mil clientes Select-Santander, dão a nota oficial de desmentido do banco, o pedido de desculpas enviado à Presidência da República e ao presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão (SP). Mas cadê o questionamento da mídia tal comportamento do banco e das agências e consultorias que vivem fazendo relatórios idênticos a respeito?

Cadê os editoriais dos nossos jornalões, se não contra isto, mas questionando o ato, denunciando que outros fazem o mesmo e que esse tipo de comportamento está levando a Bolsa de Valores a viver uma ciranda acionária e financeira, dada a especulação dos rentistas em cima disso e das pesquisas?

O exemplo mais puro desse comportamento omisso da mídia é recente: a construção pelo Estado de Minas, com dinheiro público, de um aeroporto em terras da família do candidato da oposição ao Planalto, senador Aécio Neves (PSDB-MG). e a 6 quilômetros de uma fazenda sua, a Fazenda da Mata, seu retiro preferido para descanso.

Imprensa: presentear aeroporto à família é só um desvio moral do candidato

Para certa mídia, como tudo no aeroporto que Aécio presenteou à família Neves foi legal e licitado não há nada o que investigar. Para ela, houve apenas um pequeno desvio moral do Aécinho, esse impoluto político de vida ilibada, como ele repetiu, no fim de semana, em campanha eleitoral no Rio e em São Paulo.

Para outros, para outra parte da mídia, trata-se de uma campanha odiosa do PT contra Aécio. Pura perseguição do partido ao candidato tucano, como faz a revista VEJA desta semana.

O episódio do banco de origem espanhola, o Santander, termina possibilitando que se coloque, mais uma vez, a questão: o que está em pauta é o papel da imprensa, em geral, na campanha. Não para censurá-la, para qualquer atentado à liberdade de imprensa. Mas para cobrar sua obrigação, fazê-la trazer com isenção os fatos à luz do dia e dar transparência a seu papel e a que interesses serve quando, de forma praticamente unânime faz campanhas como a contra a Copa do Mundo no Brasil, para ficar no exemplo mais recente.

Precisamos perder o medo, o cacoete de dominados

Precisamos perder o medo, o cacoete de dominados e travar essa batalha. Como vem sendo travada nos blogs independentes. Que, por isso mesmo, são taxados de sujos, e são controlados e patrulhados por essa mesma mídia, quando não pelos seus aliados na policia e no judiciário.

Com o banco divulgando a sua nota desmentido e seu presidente mundial dizendo que não foi ele (o Santander), é disso que se trata: de enfrentar a luta política e desvendar, desmascarar, a posição político-partidária da mídia empresarial e comercial, das famílias que a serviço do poder econômico querem governar o país via políticos e partidos que se prestam a esse papel por convicção ou pura covardia.

A nós, do PT, do governo cabe, agora, o papel dar o bom combate. Mas, no futuro, o que precisamos mesmo é desenvolver cada vez mais o pluralismo e a democratização da informação no país. Fazê-lo seja tendo competência para desenvolver nossa mídia própria como eles tem a deles, seja fazendo a mídia que está aí cumprir a Constituição. Só isso, nada mais. Hoje, absolutistas, vivendo sob o império do arbítrio deles, sem nenhuma lei na área, sem regulação, a meia dúzia de famílias que controla a mídia brasileira não tem quem as enfrente.

E, aí, se tem só essa mídia dos que já detém o poder econômico, mas querem o cultural, o da informação, para moldar o país à sua imagem e semelhança e para nos arrebatar o poder político que a soberania popular nos delegou para governar em seu nome e em defesa de seus interesses e esperanças.
 
 
Blog do Zé Dirceu

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