terça-feira, 30 de setembro de 2014

Ibope: Dilma abre vantagem nos dois turnos



Presidente Dilma Rousseff lidera a disputa presidencial nos dois turnos e ampliou sua margem sobre os adversários; ela agora tem 39%, contra 25% de Marina Silva e 19% de Aécio Neves; vantagem sobre a candidata do PSB, que era de nove pontos na pesquisa anterior, agora é de 14 pontos; no segundo turno, Dilma supera Marina por 42% a 38%; num eventual segundo turno entre Dilma e Aécio, a presidente também vence: 45% a 35%

30 de Setembro de 2014 às 20:11




247 - Acaba de sair a nova pesquisa Ibope. Eis os números:

Dilma Rousseff (PT).... 39% 

Marina Silva (PSB)...... 25%

Aécio Neves (PSDB).... 19%

Na pesquisa Ibope anterior, os números eram:

Dilma Rousseff (PT).... 38%

Marina Silva (PSB)..... 29%

Aécio Neves (PSDB)... 19%

Nas simulações de segundo turno, Dilma venceria Marina por 42% a 38% e Aécio por 45% a 35%.


Leia, abaixo, reportagem da Reuters sobre a pesquisa Datafolha, divulgada também nesta terça-feira:

Datafolha mostra disputa forte pelo 2º lugar entre Marina e Aécio; Dilma vence 2º turno
SÃO PAULO (Reuters) - Nova pesquisa Datafolha mostrou nesta terça-feira uma forte disputa pelo segundo lugar da corrida presidencial entre Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), enquanto simulações do segundo turno apontam para vitória da presidente Dilma Rousseff (PT) contra os dois adversários.


Nas intenções de voto para o primeiro turno, Dilma permaneceu nos mesmos 40 por cento de intenções de votos registrados na pesquisa divulgada na última sexta-feira, seguida por Marina, com 25 por cento (ante 27 por cento), e por Aécio com 20 por cento, (ante 18 por cento). A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.

Em simulações de segundo turno, Dilma vence Marina por 49 a 41 por cento e Aécio por 50 a 41 por cento.

O Datafolha ouviu 7.520 pessoas em 311 municípios entre segunda e terça-feira.

(Edição de Alexandre Caverni) 


Brasil 247

Lula e Dilma intensificam campanha em São Paulo

30 de setembro de 2014 | 17:28 Autor: Fernando Brito



Lula mergulhou de cabeça na campanha em São Paulo.

Está fazendo – e isso é um sacrifício para ele… – discursos relâmpago para poder dar conta de uma agenda diária de três ou quatro atividades de corpo a corpo.

Hoje foram Itapevi e ainda tem Barueri, Carapicuíba e Osasco.

O peso de Lula na periferia você vê aí nas fotos.

E ele provoca: “eu ouvi dizer que o mercado está nervoso porque a Dilma vai ganhar. Ganhei em 2002 e 2006 e não pedi voto para o mercado. Dilma ganhou em 2010 e não pediu voto pro mercado. A gente pede voto é pras pessoas”.

Segundo o R7, ele afirmou que a elite nunca aceitou o fato de o PT governar o Brasil e disse que o partido sofreu “o maior preconceito da história do País” e que ele era criticado qualquer motivo, inclusive por ter barba.

— Mas eles esqueciam que Jesus Cristo também tinha barba, Tiradentes também tinha barba.

O PT intensificou a ofensiva para virar os votos paulistas, único estado importante onde Marina Silva ainda tem vantagem. Dilma participou de carreata em Santos.

E está agora no Rio, falando a atletas e a profissionais do esporte.



Tijolaço

Ibope/MG: com 45%, Pimentel está quase eleito



Pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira, 30, sobre intenções de voto para governador aponta o candidato Fernando Pimentel (PT) em primeiro, com 45% da preferência do eleitor mineiro. Pimenta da Veiga (PSDB) aparece em segundo, com 25%; brancos e nulos somam 10% e indecisos, 14%; com o resultado, Pimentel venceria no primeiro turno se as eleições fossem hoje, já que o percentual intenção de votos que ele alcançou é maior que a soma dos demais concorrentes

30 de Setembro de 2014 às 19:43



Minas 247 - Pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira, 30, sobre intenções de voto para governador aponta o candidato Fernando Pimentel (PT) em primeiro, com 45% da preferência do eleitor mineiro. Pimenta da Veiga (PSDB) aparece em segundo, com 25%.

Tarcísio Delgado (PSB) está em terceiro, com 3%, e Cleide Donária (PCO), Fidélis (PSOL), Professor Túlio Lopes (PCB) tiveram 1% cada. Eduardo Ferreira (PSDC) teve 0%. Votos brancos e nulos somam 10% e indecisos, 14%.

Pimentel subiu um ponto percentual em relação à pesquisa anterior do Ibope, realizada entre 20 e 22 de setembro. Pimenta da Veiga manteve o mesmo percentual.

Com o resultado, Pimentel venceria no primeiro turno se as eleições fossem hoje, já que o percentual intenção de votos que ele alcançou é maior que a soma dos demais concorrentes.

Numa simulação de segundo turno, Pimentel venceria com 46%, contra 27% de Pimenta da Veiga. Votos brancos e nulos somam 12% e indecisos, 15%.

A pesquisa foi encomendada pela TV Globo. A pesquisa foi realizada entre os dias 27 e 29 de setembro. Foram entrevistados 2.002 eleitores. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) sob o número 00164/2014.
 
 
Brasil 247

Sabe quanto a “picaretagem de mercado” ganha com a Petrobras? Paulo Roberto Costa é “fichinha”

30 de setembro de 2014 | 14:26 Autor: Fernando Brito



Todo dia você lê que a Petrobras “perdeu X bilhões de valor de mercado”, não é?

Não perdeu coisa nenhuma, porque só perderia se a empresa fosse vendida.Isso é usado como argumento contra a mais importante empresa brasileira que é, aliás, propriedade do nosso povo.

Mas suas ações perdem, sim.

Pois se você quer saber como isto envolve uma onda de “espertezas” que não merece outro nome além de criminosa, leia a matéria do insuspeito site Infomoney, especialista em “cantar a pedra” de quedas na Bovespa com as pesquisas que revelam o favoritismo de Dilma.

Vender Petrobras na Bolsa garantiu “só” em setembro lucro de 1.120%

“Investidor que aplicou R$ 1.000 em opções de venda de Petrobras no início de setembro e vendeu hoje viu seu dinheiro virar R$ 11.240, sem considerar os custos da operação”
E a matéria discorre como os “iluminados” que compraram “opções” das ações da petroleira estão rindo de orelha a orelha, com lucros de 200 ou até 300% com a queda vertiginosa que as explorações políticas das pesquisas eleitorais provocam nestes papéis, que vinha subisndo consistentemente desde o início do ano, com as boas perspectivas da empresa e do pré-sal.

Nem traficante de drogas ganha tanto, em tão pouco tempo.

Não preciso dizer que, nos Estados Unidos, um movimento deste tipo em ações das grandes empresas americanas teria, a esta altura, posto gente na cadeia.

Entre ADRs (“vale-papel” pelas ações da Petrobras que FHC vendeu na Bolsa de NY) e ações preferenciais e ordinárias, o movimento médio diário da Petrobras na Bolsa anda na casa de US$ 1,5 bilhão.

Sentiu o tamanho da “brincadeira”?

Paulo Roberto Costa é trocado.
 
 
Tijolaço

Datafolha: eleição pode acabar no primeiro turno



"Assim como não podemos descartar a ida de Aécio Neves (PSDB) para o segundo turno, também não podemos dizer que não haverá uma resolução da eleição já na primeira fase", disse o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, sobre a vantagem da presidente Dilma Rousseff; na última pesquisa do instituto, divulgada na sexta-feira, a candidata do PT à reeleição aparece com 40% das intenções de voto, Marina Silva, do PSB, com 27%, e Aécio Neves com 18%

30 de Setembro de 2014 às 06:56


247 – Segundo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, a eleição à Presidência pode acabar já no 1° turno, com vitória da presidente Dilma Rousseff: "Assim como não podemos descartar a ida de Aécio Neves (PSDB) para o segundo turno, também não podemos dizer que não haverá uma resolução da eleição já na primeira fase", disse ele no programa "Canal Livre", da TV Bandeirantes, no domingo à noite.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira (26), a candidata do PT à reeleição, Dilma Rousseff, aparece com 40% das intenções de voto, Marina Silva, do PSB, com 27%, e Aécio Neves, do PSDB, com 18%.

A vantagem de Dilma sobre Marina no primeiro turno aumentou em relação à pesquisa anterior, divulgada no dia 19, na qual Dilma aparecia com 37% e Marina com 30%. Aécio estava com 17% das intenções de voto.

Na simulação de segundo turno entre Dilma e Marina, a candidata do PT alcançaria 47%, contra 43% da candidata do PSB, o que configura empate técnico considerada a margem de erro de 2 pontos percentuais. Na semana passada, Marina tinha 46% e Dilma, 44%.
 
Em uma possível disputa entre Dilma e Aécio, a petista venceria por 50% a 39%. Na semana passada, Dilma tinha 49% e Aécio, 39%.
 
 
Brasil 247
 

Ironia das ironias: Veja pode ajudar Dilma a vencer a eleição



Na edição de Veja que chegará às bancas no próximo sábado (4/10), a horas da eleição em primeiro turno, seus leitores serão surpreendidos por matéria inusual na revista por conter… A verdade. E essa verdade aparecerá já na capa, onde a publicação, há pouco tempo, fez chamada para matéria que o Tribunal Superior Eleitoral qualificou como “caluniosa”.

Os ministros do TSE julgaram que, em sua edição de 17 de setembro, a revista ofendeu a honra do PT ao afirmar, sem provas, que o partido pagou propina a um chantagista para se calar sobre escândalo que lhe traria danos políticos em ano eleitoral. Desse modo, a Corte determinou que Veja publique direito de resposta do PT com igual destaque dado à calúnia.

Diz o relator do processo impetrado pelo PT contra Veja, ministro Admar Gonzaga:

“(…) Se aquele que supostamente recebeu os dólares não quis se manifestar, de que forma a representada [Veja] conseguiu a fotografia das cédulas que, taxativamente, afirmou terem sido utilizadas para pagamento da chantagem? A revista não explica (…) Percebe-se que a representada não trouxe elementos consolidadores das informações e das ilustrações exibidas, circunstância que transforma o seu conteúdo em ofensa infundada, porquanto desconectada da trama descrita (…)”.

A decisão do TSE foi unânime. O direito de resposta foi concedido pelos ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e pelo presidente do TSE, Dias Toffoli.

Apesar de a matéria caluniosa da revista ter sido adornada com imagens de supostos “documentos” que comprovariam sua acusação, o TSE deixou bem claro, ao conceder direito de resposta ao PT, que tais imagens constituíram mero artifício para reforçar uma acusação desprovida de elementos probatórios.







Coube ainda ao ministro Teori Zavascki refutar alegação da defesa de Veja de que, ao conceder direito de resposta ao PT, o TSE estaria ferindo a “liberdade de expressão” da revista:

“(…) Acho que é equivocado contrapor o direito de resposta ao direito de liberdade de expressão. Pelo contrário, o instituto jurídico do direito de expressão, tal como plasmado na Constituição, é composto também pelo direito de resposta. É assim que está estruturada a liberdade de expressão na nossa Constituição. Direito de resposta não significa punição, não significa uma limitação à liberdade de expressão (…)”

O presidente do TSE, Dias Toffoli, concordou:

“(…) Não é permitido ir para a calúnia (…) Não há manifestação de comprovação desses fatos. De tal sorte que realmente [a reportagem de Veja] transbordou para a ofensa”

A enormidade de reportagens publicadas sistematicamente contra o PT durante a campanha eleitoral resultará em forte abalo à credibilidade que ainda possa restar a Veja. Com essa decisão inédita do TSE, o eleitor passará a questionar todas as suas acusações sistemáticas ao partido e irá às urnas, domingo que vem, com tal pensamento ainda fresco na mente.

Dirão que o estrato social que lê a Veja é predisposto a acreditar em qualquer acusação que ela faça ao PT, mas não é bem assim. Parte do público da revista acredita nela por ingenuidade e, desse modo, surpreender-se-á com uma decisão judicial que afirma que ela mentiu.

E, se houver segundo turno, Veja sofrerá novo golpe. Sua reportagem de capa desta semana incorre nos mesmos vícios que sua edição de 17 de setembro, ora condenada pelo TSE. A revista foi ainda mais longe na matéria divulgada no último sábado: acusou pessoalmente a presidente Dilma Rousseff. E, de novo, sem provas.







Como Marina Silva, ao endossar as acusações de Veja a Dilma, tem se vinculado à revista, o direito de resposta concedido ao PT também afetará a candidata do PSB. Até porque, a acusação sem provas desta semana deve gerar novo direito de resposta.

Essas seguidas condenações de Veja pela Justiça anularão o potencial das acusações que a revista fatalmente ainda fará ao PT e ao governo Dilma durante uma possível campanha eleitoral em segundo turno.

Não que a avalanche de acusações e de terrorismo econômico que Globo, Folha de São Paulo, Estadão e Veja fazem ao PT e a Dilma tenham lá tanto poder. A disparada da presidente nas pesquisas mostra que mais da metade dos brasileiros está se lixando para essas acusações, obviamente por considerá-las mentirosas.

Se o PT explorar a decisão do TSE em seu programa de TV, o conjunto da mídia partidarizada – agora, pró Marina Silva – chegará a um eventual segundo turno com credibilidade ainda menor. A campanha de Dilma, pois, precisa divulgar intensamente essa condenação que Veja sofreu e as que ainda irá sofrer até o fim de outubro, se houver segundo turno.

*

PS: não cabe recurso à decisão do TSE que concedeu ao PT direito de resposta na capa e nas páginas internas de Veja



Blog da Cidadania

Dilma na TV - Medidas contra a impunidade




Conversa Afiada

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A diplomacia dos pés descalços

 Resultado de imagem para fotos de aécio e marina

Por Cláudio Gonzalez

No início de 2002, meses depois do atentado terrorista às Torres Gêmeas, os Estados Unidos ainda viviam a paranoia do reforço da segurança nacional. Neste contexto, intensificaram as revistas de passageiros nos aeroportos e até mesmo alguns chanceleres como o brasileiro Celso Lafer foram obrigados a tirar os sapatos ao embarcarem em voos dentro de território americano. O Brasil protestou contra a humilhação imposta ao seu ministro de Relações Exteriores. Washington se desculpou de forma protocolar, mas o episódio ficou pra sempre registrado como símbolo de uma política externa brasileira cabisbaixa e submissa aos Estados Unidos. A diplomacia dos pés descalços.

Quando Lula assumiu o governo em 2003, as relações exteriores do Brasil ganharam nova dinâmica, com posturas mais altivas e soberanas, alguns enfrentamentos necessários com as grandes potências e uma revisão estratégica da política externa, priorizando as relações com países latinos e emergentes. Diretrizes que vem sendo mantidas no governo Dilma.

A direita brasileira, historicamente servil e subordinada aos interesses de Washington, nunca engoliu esta nova política externa inaugurada por Lula. Os esperneios direitistas são frequentes, sobretudo nos meios de comunicação. Na última semana, o discurso da presidenta Dilma Rousseff na Assembleia Geral da ONU deu margem para nova gritaria equivocada da direita. A diferença, desta vez, é que as vozes mais estridentes partiram das duas candidaturas presidenciais oposicionistas.

Marina Silva condenou o governo brasileiro por não ter assinado um suposto “tratado internacional” que estabelecia o compromisso de desmatamento zero de florestas até 2030. Já Aécio Neves, além de concordar com a bronca de Marina na questão ambiental, tratou de acusar a presidenta Dilma de “pactuar com terroristas”.

Quem acompanha os fatos da política apenas pelas redes sociais e dispõe de pouca informação, talvez dê razão para as críticas de Aécio e Marina em relação à política externa do governo brasileiro. Mas basta um pouquinho de interesse em buscar informação correta e especializada para constatar que as opiniões de Marina Silva e Aécio Neves não passam de provas constrangedoras de submissão às diretrizes do imperialismo estadunidense. Vamos aos fatos:

Sustentabilidade sem soberania

O documento que Marina Silva queria que o Brasil tivesse respaldado durante a Cúpula do Clima das Nações Unidas não é um documento da ONU, longe disso. O tal “acordo” contra o desmatamento, intitulado “Declaração de Nova York sobre Florestas”, não passa de uma carta de intenções produzida por um punhado de ONGs internacionais que conseguiu convencer apenas 28 dos quase 200 países membros das Nações Unidas a respaldá-lo. 

Os outros 132 assinantes do textos são empresas multinancionais como a Cargill (sementes e rações), a Unilever, McDonald’s, Walmart, Nestlé, Johnson & Johnson; além de dezenas de ONGs como a suspeita WWF, alguns governos “subnacionais” e 16 tribos indígenas. Entre os países que assinaram a Carta estão os Estados Unidos, a Alemanha, a França, o Reino Unido e mais um punhado de Nações sendo que algumas delas sequer têm florestas para preservar. Em contrapartida, países com grandes reservas florestais como Argentina, China, Austrália, Rússia, África do Sul, Índia e tantos outros agiram como o Brasil e não assinaram o acordo.

Ainda que a Carta de Nova York seja bem intencionada, ela tem dois problemas fundamentais: é fruto de um debate fechado para o qual o Brasil sequer foi convidado a participar e, além disso, não reconhece a possibilidade de desflorestamento legal, algo que está contido na legislação brasileira e é importante para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Portanto, o Brasil estaria pregando contra suas próprias leis ambientais – algumas delas defendidas por Marina Silva – se assinasse a Carta. Mesmo assim, a candidata do PSB-Rede, na pressa de fustigar o governo Dilma, atropelou a lógica e se alinhou automaticamente às ONGs estrangeiras para “condenar” a posição brasileira.

Não se espera outra atitude de quem tem entre seus principais apoiadores um ambientalista como João Paulo Capobianco, que já chegou a afirmar que a soberania do Brasil sobre a Amazônia é relativa; e outro como o economista Mauricio Rands, que visita os Estados Unidos a 10 dias da eleição presidencial para prometer acordos bilaterais com Washington no caso de eleição de Marina. No fundo, esta é a agenda de Marina: sustentabilidade sem soberania.

Multilteralismo x guerra imperialista

Na mesma linha, o candidato do PSDB, Aécio Neves e sua turba de seguidores nas redes sociais, respaldados pela grande mídia, tentaram desqualificar a política externa do governo Dilma acusando-a de apoiar o terrorismo. "A presidente propõe diálogo com um grupo que está decapitando pessoas. Realmente, essa não é a política externa que consagrou o Brasil ao longo de tempos", disse Aécio Neves. O tucano tomou como base para isso a resposta de Dilma a um jornalista que perguntava sobre os ataques americanos contra o Estado Islâmico na Síria e Dilma respondeu que achava lamentável que se continue apostando na guerra e não no diálogo como forma de solucionar conflitos.

Ok, todos sabemos que na campanha é preciso simplificar a mensagem para poder espalhá-la. A campanha de Dilma faz isso com o “vaca-tussa” dos direitos trabalhistas. Marina faz com o “direitos são conquistas, não favores” e Aécio Neves faz a simplificação com o “Dilma quer conversar com quem corta cabeças”. O problema, no caso de Aécio, é que sua simplificação traduz uma mensagem mentirosa e joga no denuncismo mais tosco (no pior estilo Veja) um tema extremamente complexo e longe da realidade dos brasileiros.

O desavisado poderá questionar: ‘Ah, mas governos importantes como os da França, Inglaterra, Alemanha e diversos países árabes também apoiam a iniciativa bélica dos EUA na Síria.’ Este tipo de questionamento ignora o básico: estes países têm interesses comerciais, internos e/ou geopolíticos que justificam o apoio. Não se deve ter ilusão que o fazem por razões nobres, muito menos razões humanitárias. Respaldados por um falso discurso de combate ao terrorismo e de proteção internacional os direitos humanos, grandes potências têm usado os conflitos para defender interesses mercantis, dominar territórios, subjugar populações. Foi esta denúncia que Dilma levou aos microfones da ONU e que nossa imprensa, de forma hipócrita e manipulada, tenta transformar em “apoio ao grupo terrorista Estado Islâmico”. O trecho relativo ao assunto presente no discurso de Dilma fala por si:

“Não temos sido capazes de resolver velhos contenciosos nem de impedir novas ameaças. O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina; no massacre sistemático do povo sírio; na trágica desestruturação nacional do Iraque; na grave insegurança na Líbia; nos conflitos no Sahel e nos embates na Ucrânia. A cada intervenção militar não caminhamos para a Paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos. Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios. O Conselho de Segurança tem encontrado dificuldade em promover a solução pacífica desses conflitos. Para vencer esses impasses será necessária uma verdadeira reforma do Conselho de Segurança, processo que se arrasta há muito tempo. (...) Um Conselho mais representativo e mais legítimo poderá ser também mais eficaz. Gostaria de reiterar que não podemos permanecer indiferentes à crise israelo-palestina, sobretudo depois dos dramáticos acontecimentos na Faixa de Gaza. Condenamos o uso desproporcional da força, vitimando fortemente a população civil, especialmente mulheres e crianças. Esse conflito deve ser solucionado e não precariamente administrado, como vem sendo. Negociações efetivas entre as partes têm de conduzir à solução de dois Estados – Palestina e Israel – vivendo lado a lado e em segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas.”

A mensagem do governo brasileiro apenas reitera princípios tradicionais de nossa política externa, como a ênfase na diplomacia preventiva de conflitos, a prioridade aos meios pacíficos de solução de conflitos e o respeito ao direito internacional.

Apostar na cooperação, no diálogo e no multilateralismo para a promoção dos diretos humanos no mundo não é mera retórica diplomática, tampouco conivência com abusos praticados por governos ou grupos, mas sim uma visão avançada de política externa que só quem tem convicção de sua justeza é capaz de entender, formular e aplicar tal política.

Em apenas uma semana, Aécio e Marina deram diversas pistas de que não estão qualificados para manter ereta a postura do Brasil diante de questões internacionais sensíveis. E a genuflexão que eles ensaiam, infelizmente, indica que se eleitos não se acanhariam em deixar a nação descalça novamente diante de um risonho Tio Sam.

* Cláudio Gonzalez é editor-executivo da revista Princípios.


Blog do Miro

Dilma tem a menor rejeição entre presidenciáveis



No mais recente levantamento CNT/MDA, a rejeição da petista recuou de 43,9 % para 41,1%; a do candidato à presidência do PSDB, Aécio Neves, caiu de 43,2% para 42,6%; por outro lado, a rejeição de Marina Silva foi a única a subir entre os três, passando de 39,5% para 42,5%

29 de Setembro de 2014 às 21:09


Entre os três principais presidenciáveis, Dilma Rousseff, presidenciável do PT, deixou de ser a mais rejeitada para ser a candidata com menor rejeição, segundo informações da pesquisa CNT/MDA.

De acordo com o levantamento, a rejeição da candidata à presidente recuou para 41,1%, de 43,9% na leitura anterior.

No mesmo sentido, a rejeição do candidato à presidência do PSDB, Aécio Neves, caiu de 43,2% para 42,6%. Por outro lado, a rejeição de Marina Silva foi a única a subir entre os três, passando de 39,5% para 42,5%. 
 
 
Brasil 247 

Vox Populi vem em linha com outras pesquisas e mostra Dilma bem perto do 1° turno

29 de setembro de 2014 | 21:21 Autor: Fernando Brito



A pesquisa Vox Populi/Record, que semana passada destoou das demais com uma vantagem de 18 pontos teve nova edição hoje , com um resultado que, dentro da margem de erro, ficou em linha com a CNT/MDA e coerente com a evolução do Datafolha de sexta-feira.

Como acontece na reta final das eleições, os institutos de pesquisa acabam por “afunilar” seus prognósticos e é, por isso, praticamente certo que o Ibope, que “segurou” Marina Silva em 29% na semana passada apresente uma queda significativa da candidata do PSB no resultado que divulgará amanhã.

Para que se possa ter uma ideia melhore da evolução, reproduzo abaixo os gráficos do Estadão Dados, que reproduzem a média dos resultados das pesquisas e sua evolução numa mesma linha do tempo.

Clicando em “votos totais” você verá como é vertiginosa a queda de Marina Silva e porque venho afirmando que isso, mais do que um crescimento de Aécio Neves pode provocar uma inversão de posições na segunda colocação.

Ou uma decisão de primeiro turno, ainda improvável mas já não impossível.

O mais grave para Marina Silva é o que você pode conferir no gráfico: a sua linha de tendência está se tornando extremamente aguda e isso, em véspera de eleição, tem um efeito terrível.
 
 
Tijolaço

Brasil tem inflação menor do que maioria dos países em desenvolvimento

Embora oposição ainda mantenha alarmismo em relação aos preços, assunto está em baixa nas pautas dos jornais e dos debates

por Helena Sthephanowitz publicado 29/09/2014 16:43, última modificação 29/09/2014 17:20
ichiro guerra


Em debate, candidatos da oposição ainda citam a inflação como alvo de críticas, apesar do contexto mundial

A inflação está em baixa, inclusive, na pauta eleitoral da oposição partidária e midiática. Parece não sensibilizar mais a maioria do eleitorado que a enxerga estável e vê seu poder aquisitivo aumentado nos últimos anos, com ganhos reais nos salários.

Mesmo assim, candidatos da oposição ainda citam a inflação como alvo de críticas. No debate entre presidenciáveis na TV Record na noite de domingo (28), Aécio Neves (PSDB), em suas considerações finais, falou em “apresentar uma proposta ao país que permita que a inflação volte a ser controlada”. Pastor Everaldo (PSC), que tem feito “tabelinha” com o tucano nos debates, focou mais tempo nessa pauta. Acontece que o assunto se tornou secundário, tanto no debate quanto na campanha.

Será que haveria fundamento nas críticas ou um alarmismo foi desencadeado pela imprensa oposicionista para abastecer os candidatos da oposição, desde o aumento momentâneo do tomate no ano de 2013? Ou será que o mercado financeiro bate nesta tecla para fazer pressão por juros mais altos e para colocar a raposa tomando conta do galinheiro, capturando o Banco Central para o sistema financeiro privado?

Do ponto de vista da economia interna do Brasil, a inflação vem sendo mantida controlada dentro da meta estabelecida, sempre dentro da faixa perseguida até 6,5% ao ano. Considerando os desafios de manter e criar empregos em um ambiente de crise internacional, faz sentido para qualquer governo responsável com o bem-estar social equilibrar a criação de empregos com o limite tolerável de inflação, em vez de forçar a taxa cair para o centro da meta (4,5%) ao custo de maior desemprego.

Mais curioso é jornalistas de economia, como Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, que sempre comparam a outros países quando há números desfavoráveis ao Brasil, ignorarem completamente o que se passa no mundo na hora de falar sobre inflação.

Entre as grandes potências mundiais em desenvolvimento composta pelos Brics, só a China, com 2,3%, está melhor do que o Brasil no quesito inflação. A Rússia está com uma taxa de 7,6% ao ano. A Índia, 7,8%. A África do Sul, 6,4%. Mesmo a China que adota a política econômica de “um país, dois sistemas”, tem em uma inflação de 6,07% em Macau e 3,9% em Hong Kong.

Entre outros países em desenvolvimento do G-20, os maiores também administram uma inflação maior do que o desejável nas épocas de fartura. Nigéria tem hoje uma taxa de 8,5%; Egito, 11,49%; Indonésia, 3,99%; Irã, 14,60%; Paquistão, 6,99%; Turquia, 9,54%; México, 4,15%; Chile, 4,5%, e Argentina, 10,9%.

Entre as grandes economias, quem está com inflação realmente baixa no mundo, salvo exceções, é quem adotou políticas recessivas e enfrenta alto desemprego, como a Europa e Estados Unidos. Até o Japão tem uma inflação alta para seus padrões (3,3%). A Europa já quer desesperadamente elevar a inflação, que está abaixo da meta, para aquecer a economia.

Praticamente todos os países cujo povo menos sofre as consequências da crise estão com inflação um pouco acima do que seria normal em outras circunstâncias mais favoráveis. Por isso, é falsa como uma nota de R$ 3 a ideia de que estejam com inflação descontrolada. O que há é um equilíbrio entre medidas de controle da inflação e, ao mesmo tempo, preservação de empregos. As propostas da oposição estão em linha com a ruptura desse equilíbrio, sacrificando empregos, salários e aposentadorias, para agradar ao apetite insaciável do mercado financeiro.
 
 
Rede Brasil Atual   -   Blog da Helena

Choque de gestão em Montezuma - MG

Choque de gestão em Montezuma from Luiz Carlos Azenha on Vimeo.


Viomundo

Pesquisa CNT/MDA: Dilma a 4 pontos de fechar no 1° turno. Marina despenca, Aécio sobe

29 de setembro de 2014 | 18:24 Autor: Fernando Brito



Na pesquisa CNT/MDA divulgada agora há pouco, Dilma Rousseff subiu para 40,4% das intenções de voto, 4,4 pontos a mais que no levantamento divulgado na semana passada. Marina Silva teria com 25,2%, com redução de 2,2 pontos em relação à pesquisa anterior. Aécio Neves (PSDB) aproximou-se de Marina, com 19,8% e aumento de 2,2 pontos.

No segundo turno, onde Masrina e Dilma apareciam empatadas tecnicamente na pesquisa anterior (42% para Dilma, 41% para Marina) a diferença agora é de nove pontos: Dilma tem 47,7% das intenções de voto, enquanto Marina aparece com 38,7%.

Numa escolha entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, ela tem a preferência de 49,1% dos eleitores e o tucano aparece com 36,8%. E quando se simula a disputa de segundo turno entre Marina e Aécio, ela tem 41,1% das intenções de voto, contra 36% do candidato do PSDB.

Em uma semana, a avaliação positiva do governo cresceu para 41%, fração dos dos entrevistados o consideram ótimo ou bom. Antes, o índice estava em 37,4%. A avaliação negativa (ruim/péssimo) passou de 25,1%, do levantamento anterior, para 23,5% no divulgado nesta segunda-feira. A aprovação do desempenho pessoal de Dilma Rousseff também cresceu e chegou a 55,6%. Os eleitores que a desaprovam caíram de 43,8% para 40,1%.

A rejeição de Marina Silva ultrapassou a de Dilma Rousseff. Agora, a candidata do PSB, em quem 38,7 % não votariam de jeito nenhum tem a rejeição de 42,5%. Já Dilma, que era rejeitada por 43,9% agora tem um índice de 41,1%.

Reparem: o intervalo entre as duas pesquisas foi de uma semana. O mesmo intervalo que temos até a eleição.
 
 
Tijolaço

De que lado tu tá?


 
29 de setembro de 2014

por Paulo Moreira Leite

Quando falta uma semana para o primeiro turno, Luciana Genro não disse de que lado está numa eleição que não tem chance de vencer


Luciana Genro certamente vai deixar a campanha presidencial de 2014 como uma das revelações do primeiro turno.

A candidata do PSOL calou o discurso de mudanças de Eduardo Jorge, ontem, ao lembrar sua participação, subordinada, em governos conservadores, a começar pelo PSDB de José Serra, em São Paulo, explicando que vivemos numa sociedade dividida em classes, na qual é preciso escolher um lado.

No debate no SBT, Luciana Genro discutiu política econômica para fazer uma pergunta curta e direta para Marina Silva: “Tu és a segunda via do PSDB?” Diante da firmeza evasiva que tem pontuado as respostas da candidata do PSB, Luciana Genro acrescentou: “Não dá, Marina. Tem que escolher um lado.” Desta vez, foi ainda mais clara: lembrou que existe “o lado do capital e o lado dos trabalhadores.” No debate promovido pela Igreja Católica, Luciana desvendou a hipocrisia do discurso moralista de Aécio Neves.

Na reta final da campanha, os candidatos estão escolhendo seus lados, até Levy Fidélix que ontem se definiu como centro-dirieita.

Mas resta uma pergunta:

— De que lado tu tá, Luciana Genro?, perguntou, pelo twitter, a deputada Maria do Rosário, que foi ministra dos Direitos Humanos.

A experiência de homens e mulheres ensina que o engajamento político não consiste numa declaração verbal — mas envolve compromissos políticos, dentro de cada situação concreta de perspectiva de poder.

A história não se faz por atos de vontade mas dentro de condições dadas, como ensinam estudiosos aplicados e brilhantes. É um produto da experiência das classes sociais, que forjam projetos e definem seus líderes.

No Brasil de 2014, nem é preciso ler os jornais para saber onde se encontra “o lado do Capital e o lado dos trabalhadores,” para empregar a definição que Luciana. Basta consultar o Manchetômetro.

A prioridade para o “lado do capital”, em 2014, é derrotar o acordo progressista que assumiu o governo brasileiro em 2003 e, ao longo de três mandatos consecutivos, acumulou uma série de mudanças — inegáveis — em benefício dos trabalhadores e da população pobre. Falando do essencial:

* O Brasil conseguiu sair do mapa da fome da ONU, 68 anos depois que o médico Josué de Castro escreveu a obra Geografia da Fome. Isso aconteceu depois que Lula transformou a fome em questão de Estado. Um número resume a prioridade. Em 2002, final do governo FHC, os gastos sociais do governo federal chegavam a R$ 1804 per capita. Em 2011, sem que o governo tivesse alterado um centavo na carga tributária deixada pelo PSDB — ao contrário do que afirma a turma do impostômetro — chegavam a R$ 3444, uma elevação superiour a 80% (1).

* Em dezembro de 2002, final do governo Fernando Henrique, uma cesta básica consumia 68% do salário mínimo. Hoje, consome 47,7%. Apesar do crescimento baixo em 2014 a economia gera empregos. Foram acumulados 3 milhões de novos postos de trabalho no governo Dilma e em junho de 2014 projetava-se a criação de mais 563 000. A média de desemprego no Brasil, entre 2008 e 2013, é de 6,3% — a mesma da Alemanha no mesmo período. A da Espanha é de 22%, da França, 10%, da Italia 9,5% e da Grécia 18,2%. A proporção de empregos formais dobrou entre 1994 e 2012.

* É gracioso dizer que Lula-Dilma têm a mesma política econômica do que o PSDB e Marina Silva para favorecer os bancos. Mas é falso. Nos oito anos do governo Fernando Henrique, a média da taxa de juros foi de 26,6%. No governo Lula, caiu para 14,8%. No governo Dilma, é de 9,4%. A insistência em nivelar todos os governos no mesmo patamar só beneficia quem precisa esconder o que fez, certo?

* Oferendo oportunidades nunca abertas para os brasileiros negros, excluídos entre os excluídos, o programa Pro-Uni assegurava 1 milhão de matrículas em universidades, em 2012. Se em 2002 apenas 140 estabelecimentos ofereciam educação profissional tecnologica, em 2014 esse número chegava a 562.

Esses dados formam um conjunto que mostra que a partir de 2003 o país teve um governo capaz de dar início a um conjunto de mudanças favoráveis a maioria dos brasileiros.

Um grande número de eleitores já percebeu isso, como demonstra a liderança de Dilma Rousseff nas pesquisas. Apesar do massacre absurdo que sua candidatura tem sofrido cotidianamente, uma parcela crescente de brasileiros dá sinal de que pretende resistir e defender o que conquistou de 2003 para cá.

Este é o sentido da eleição. O lado. E é nesta situação, diante de alternativas reais de poder, que é possível fazer opções.

Com argumentos muito semelhantes àqueles que Luciana Genro emprega hoje, em 1950 o Partido Comunista Brasileiro (PCB) fez campanha contra Getúlio Vargas. Pregou voto branco, com o argumento de que Vargas representava o imperialismo norte-americano. Por mais absurdo que isso possa parecer nos dias de hoje, era coerente com a lógica da Guerra Fria. Quem não era aliado incondicional de uma das superportência era considerado como inimigo, e o nacionalista Getúlio se encaixava nesta categoria tanto emWashington como em Moscou.

Nessa perspectiva, sob liderança de Luiz Carlos Prestes, o PCB se engajou numa oposição radical a Vargas e não perdia uma oportunidade para hostilizar o governo, assumindo o papel da sigla esquerdista que faz o jogo conveniente a direita.

Não enxergou conquistas importantes — como aumento do salário mínimo congelado após cinco anos, a criação da Petrobras. Na crise de 1954, seus jornais pediam a renuncia do presidente — e, depois do tiro no peito, foram atacados e empastelados por uma multidão indignada. Imagine o jornal dos comunistas atacado pelos operários. Pois foi isso o que aconteceu.

Eu era correspondente em Washington, em 2000, quando assisti a campanha pela sucessão de Bill Clinton. Não há comparação possível entre os universos políticos dos dois países, até porque não há equivalente ao Partido dos Trabalhadores nos Estados Unidos.

Mas a eleição daquele ano guarda lições úteis para o Brasil de 2014.

Havia dois concorrentes na disputa. George W. Bush, o republicano que deixou a Casa Branca como o pior presidente desde a Independência, em 1776, e o vice Al Gore, o democrata que parecia uma versão mais bem comportada e centrada do que o antecessor. Al Gore foi derrotado no tapetão da Suprema Corte, que suspedeu a recontagem de votos na Florida, medida que equivalia a dar posse a George W Bush.

O que ninguém gosta de lembrar é que havia um terceiro candidato na campanha, um advogado chamado Ralph Nader. Inventor do movimento de defesa do consumidor, quando levou executivos da industria automobilística para os tribunais, nos anos 1960, Nader tornara-se uma personalidade conhecida, simpática e respeitável. Candidato pelo Partido Verde, falar com ele era uma delícia, como pude comprovar em várias entrevistas curtas durante a campanha. Nader denunciava os bancos e as grandes empresas, falava da industria bélica sem receio, empregando uma tonalidade radical que jamais seria ouvida mesmo entre a ala mais esquerda do Partido Democrata, com ligações com o movimento sindical muito mais profundas do que eu imaginava antes de morar nos EUA. Contava com apoio entre universitários e intelectuais, inclusive Noham Chomsky.

Nós sabemos como foi a campanha norte-americana de 2000. Al Gore venceu no voto popular por meio milhão de votos. Mas era uma disputa apertada, num sistema indireto em que os partidos precisam ganhar a eleição em cada Estado para fazer maioria no Colégio Eleitoral que tem a última palavra na escolha do presidente. Foi aí que o voto em Ralph Nader teve um papel importante — para a vitória de Bush.

Com um discurso à esquerda de Al Gore ele conseguiu receber 2,8 milhões de votos no país inteiro. Se Nader também atraiu eleitores que teriam votado em Bush como segunda opção, não havia dúvida que a preferência por Al Gore era mais acentuada entre seus aliados,numa proporção de 38% contra 25%, conforme uma pesquisa feita no dia da eleição. Ninguém pode imaginar quantos votos Nader tomou de Al Gore naquele pleito, impedindo que fizesse um número maior de delegados aqui ou ali. Mas todo mundo sabe que na contagem final, a disputa concentrou-se na Flórida, de ali o estrago foi grande. Aceitando como verdadeiros os números oficiais, divulgados após uma longa batalha nas apurações, medidas judiciais de um lado e de outro, afirma-se que Bush ganhou por uma diferença de miseráveis 537 votos. Mas a apuração mostrou que Ralph Nader ficara com 97.421 votos na Florida — um oceano eleitoral que teria assegurado a Al Gore os votos de que necessitava para vencer.

O que veio a seguir todos se recordam. Bush reorientou o Estado americano para um conservadorismo puro e duro, abandonando qualquer concessão de natureza moderada deixada por Clinton. Depois do 11 de setembro, iniciou a invasão do Afeganistão e a Guerra do Iraque, terminando por gerar uma bolha financeira-militar que ajudou a cavar o túmulo da grande crise de 2008.

Claro que Ralph Nader não tem a menor responsabilidades pelas medidas estúpidas de George W Bush. Não era o presidente nem estava no comando. Mas sua responsabilidade na vitória ruinosa de George W Bush não foi esquecida pelos eleitores.

Quatro anos depois, quando voltou a disputar a eleição, ocorreu uma debandada geral. Seus 2,8 milhões de votos haviam se reduzido a 465 000. Em nova tentativa, quando Barack Obama foi eleito pela primeira vez, cresceram só um pouquinho. Mas equivaliam a quinta parte daquilo que ele recebera na campanha de 2000. Sua carreira presidencial extinguiu-se.



É importante escolher seu lado, como afirma Luciana Genro em 2014.

(1) A fonte da maioria dos dados deste texto é o levantamento “Vinte Anos de Economia Brasileira — 1994-2014,” de Gerson Gomes e Carlos Antônio Silva da Cruz




Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa". 
 
 
Brasil 247



Globo noticia ação terrorista em Brasília associando hotel a Dirceu

seg, 29/09/2014 - 13:49

Atualizado em 29/09/2014 - 14:01

O estranhíssimo sequestrador. No Facebook, desequilíbrio e elogios a Campos e Joaquim Barbosa

29 de setembro de 2014 | 16:25 Autor: Fernando Brito



Muito, muito estranha a história deste Jac (ou Jack, como ele usa no Facebook) Souza Santos, que mantém um funcionário do hotel Saint Peter como refém, em Brasília.



Personagem esquisito, ex-vereador (pelo PP) e ex-secretário de Agricultura do pequeno município de Combinado, em Tocantins, em sua página pessoal há postagens elogiando o Corínthians, Eduardo Campos, Joaquim Barbosa e criticando o que diz ser a corrupção na Petrobras e o programa “Mais Médicos”.

O texto é de uma pessoa simplória, cheio de erros primários de ortografia e raciocínio pouco concatenado.

Tudo indica tratar-se de uma pessoa periférica, com transtornos mentais.

Que acabaram encontrando no clima de histeria que se cria no país combustível para sua sandice.

A imprensa parece não ter se interessado muito por suas conexões , o que pode ser muito útil para uma pessoa em aparente surto psicopático.

Aí ao lado reproduzo trechos de sua página.

A polícia do Distrito Federal não deve se precipitar e é preciso verificar bem se o tal colete explosivo não é um simulacro.

Mas tendo em mente que, em primeiro lugar, está a integridade física do senhor que foi feito de refém.

Não é o primeiro louco que aparece e não será o último, e uma polícia capaz e preparada deve ter negociadores e grupos de intervenção preparados para este tipo de ocorrência.

PS. Enquanto escrevia o post, felizmente, o rapaz se entregou. Parabéns aos policiais e às autoridades que os comandam por evitarem uma situação a la “Rambo” e riscos desnecessários. Ele tem de ser detido e encaminhado imediatamente para verificações psiquiátricas.


Tijolaço

CNT/MDA: Dilma abre 9 pontos no segundo turno



Primeiro levantamento da semana que antecede as eleições aponta a presidente Dilma com 40,4% das intenções de voto, contra 25,2% de Marina Silva, vantagem de 15 pontos; petista cresceu 4,4 pontos em relação à mostra anterior, enquanto a candidata do PSB caiu 2,2; Aécio Neves, do PSDB, sobe 2,2 pontos, para 19,8%; em simulação de segundo turno, petista seria reeleita com 47,7%, contra 38,7% de Marina, vantagem de nove pontos; na mostra anterior, diferença era de apenas um ponto para Dilma, o que daria empate técnico

29 de Setembro de 2014 às 16:53




247 – Primeira pesquisa da semana que antecede as eleições presidenciais, levantamento CNT/MDA aponta vantagem de 15,2 pontos da presidente Dilma Rousseff sobre Marina Silva no primeiro turno. A candidata do PSB, que caiu 2,2 pontos em relação à última mostra, de uma semana atrás, tem agora 25,2% das intenções de voto.

Aécio Neves, que havia registrado 17,6% das intenções de voto na última terça-feira 23, cresceu para 19,8% nesta segunda-feira 29, se aproximando da segunda colocada. O avanço da candidata à reeleição foi de 4,4 pontos se comparado com a última pesquisa.

Em simulação de segundo turno entre Dilma e Marina, a presidente seria reeleita com 47,7% das intenções de voto, contra 38,7% da adversária, uma vantagem de nove pontos percentuais. Na pesquisa anterior, essa distância era de apenas um ponto percentual: 42% de Dilma contra 41% de Marina.

No cenário entre Dilma e Aécio, ela tem a preferência de 49,1% dos eleitores, enquanto o tucano aparece com 36,8%. No terceiro cenário, que simula a disputa de segundo turno entre Marina e Aécio, a candidata do PSB tem 41,1% das intenções de voto, contra 36% do presidenciável pelo PSDB.

Neste levantamento, foram entrevistadas 2.002 pessoas, em 137 municípios de 25 estados das cinco regiões, nos dias 27 e 28 de setembro de 2014. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. 
 
 
Brasil 247

Dilma fará embate mais sistemático !

Isso requer uma Ley de Medios !




Saul Leblon chama a atenção para uma segunda vitória da Dilma:
 

A fatalidade de um arrocho doloroso, ganhe quem ganhar, é o novo bordão do jogral do Brasil aos cacos. A receita foi condensada em editorial do Financial Times.

por: Saul Leblon

Nenhuma frase resume de forma tão incisiva o cavalo de pau ocorrido na política brasileira nos últimos 20 dias –a forma como ele se deu, a intensidade do confronto que o desencadeou e os seus desdobramentos para o futuro– quanto o desabafo da presidenta Dilma Rousseff na última 6ª feira.

Em entrevista a um grupo de blogueiros, ‘sujos, ideológicos’, como a eles se refere o higienismo isento, a candidata explicitou assim o divisor que marcará o seu possível segundo mandato: ‘Terei um embate (político) mais sistemático; não serei mais tão bem comportada; me levaram para um outro caminho, que não era o que eu queria’.

Nenhuma liderança responsável escolhe o caminho do embate sistemático como sua primeira opção.

Um chefe de Estado tem obrigação de esgotar as linhas de menor resistência na consecução de seus compromissos.

A rotina de confrontos carente de uma correlação de forças pertinente, não raro imobiliza a sociedade, asfixia a economia, prejudica, em primeiro lugar, os mais pobres.

A história de Dilma não autoriza ninguém a caracterizá-la como uma mulher desprovida de coragem pessoal e política.

São essas referências que adicionam abrangência superlativa ao desabafo da presidenta e candidata.

Mais que isso.

Sua assertiva ecoa um sentimento coletivo no campo progressista. Inclua-se aí o estado de espírito da ala majoritária do PT, da qual faz parte a principal liderança política do partido e do país: Lula.

Em três mandatos presidenciais sucessivos predominou nesses protagonistas a determinação de restringir o confronto direto com os interesses conservadores na faixa de segurança permitida por uma correlação de forças adversa.

O marcador mais significativa dessa adversidade é a própria abrangência da coalizão de governo. O que antes parecia uma contingência administrável –ainda que a um custo político cada vez mais asfixiante— evidenciou nestas eleições os contornos de um ciclo esgotado.

Três fatores convergiram para essa condensação:

1) o desespero conservador com possibilidade de um quarto ciclo presidencial fora do poder –o que poderá significar a morte do PSDB;

2) a redução da margem de manobra na economia, após seis anos de crise mundial, gerando insatisfação e rupturas – entre as quais alinham-se as manifestações de junho do ano passado, e

3) o surgimento de uma candidatura competitiva, capaz de reabrir as portas do poder ao conservadorismo – e a um revival extremado do modelo neoliberal dos anos 90.

No final de agosto esse conjunto formava um aluvião anti-Dilma.

Era tão denso que expoentes do colunismo conservador ejaculavam precocemente a derrota irreversível do ‘lulopetismo’.

O catalisador do êxtase, a candidata Marina Silva, chegou a abrir 10 pontos de vantagem, então, nas enquetes de 2º turno do Datafolha.

O resto é sabido (leia ‘Uma semana para não esquecer’; nesta pág)

O sinal de alarme ensejou no PT o fulminante arremate de uma inquietação disseminada, mas que aguardava o safanão de uma crise para emergir .

Em um encontro de balanço da campanha em São Paulo, dia 5, coube a Lula sintetizar a lição da qual tampouco não se eximia:

‘Nós ficamos economicistas; não nos faltam obras, mas política’, diagnosticou para prescrever o antídoto: ‘Temos que demarcar o campo de classe dessa disputa: é preciso levar a política à propaganda’.

A partir de então a essência radicalmente neoliberal embutida no programa de Marina Silva passou a ser floculada do espumoso caudal de 242 páginas.

O extrato dessa depuração tem sido exposto à luz do sol em uma narrativa pedagógica, determinada a tipificar um a um seus riscos históricos, estratégicos e sociais.

Pertence à mesma mutação em curso o desabafo feito pela Presidenta Dilma na entrevista aos blogueiros, na 6ª feira passada.

Dilma passou a dar nomes aos bois.

Porém, mais que isso.

Anunciou que num eventual novo governo, essa dimensão do embate político, mitigada pela prioridade administrativa da gestão, passará a desfrutar de espaço nobre.

Pode-se argumentar que se trata apenas de um arroubo dirigido a plateia receptiva.

E que tudo voltará a ser como sempre –na verdade, muito pior– caso as urnas de outubro concedam um quarto mandato presidencial ao PT.

Afinal, a fatalidade de um ‘arrocho doloroso’, ganhe quem ganhar, é o novo bordão do jogral do Brasil aos cacos.

É assim que o conservadorismo se calça, diante da eventual vitória do PT, tentando desde reduzi-lo a um frango desossado da Sadia, que só se equilibra espetado em interditos e ajustes incontornáveis.

Ou não será isso que o editorial do Financial Times adianta neste sábado?

Referência dos mercados internacionais –e das pautas nacionais, ao lado da Economist, o diário londrino afirma que a redução em curso na liquidez mundial, por conta da proximidade da elevação dos juros nos EUA, exigirá ‘uma quase inevitável’ e ‘dolorosa correção em países como Brasil, Turquia e África do Sul’.

Por ‘dolorosa’, entenda-se: choque de juros, arrocho fiscal, redução do poder de compra das famílias assalariadas, privatizações (‘flexibilizar o pré-sal’) etc

Sim, a agenda da frente única do conservadorismo que assessores de Marina e Aécio tem vocalizado às platéias extasiadas de banqueiros e com a qual se pretende depenar o PT num eventual segundo turno em outubro.

A receita vendida pelo conservadorismo talvez fosse inevitável, de fato, se o desabafo de Dilma e de Lula nestas eleições significasse apenas um ponto fora da curva.

Um rompante, e não a trajetória final da ficha que acelerou sua aterrissagem no discernimento do partido nos últimos anos.

O acelerador dessa curva tem um motor turbinado.

Seu combustível é o ponto de exaustão atingido pelas relações entre o partido, seus dirigentes e a mídia conservadora.

Marmorizada de ódio político e desrespeito pedestre, a guerra fria cabocla contra o PT ensejou uma experiência de acuamento até certo ponto nova na existência do partido – ainda que virulenta para saturar um ciclo.

Círculos dirigentes e militantes mais antigos não experimentaram nada parecido antes. Nem mesmo na sua origem, nos anos 70/80, quando operários do ABC se colocaram frontalmente contra o regime militar, em desafio aberto ao poder armado e empresarial.

Sedimentou-se ali, ao contrário, com base em uma cumplicidade que parecia ampla e sólida, a suposição de que haveria da parte da imprensa se não apoio, ao menos respeito com o avanço da luta dos trabalhadores.

Mais que isso: tolerância com a criação de um partido próprio, de recorte socialista ecumênico.

Ancorada na intensidade histórica de uma fase alegre dos consensos democráticos, criou-se assim uma jurisprudência petista.

A mediação com o conjunto da sociedade, embora marcada pela má vontade de chefias e donos de jornais, estava sendo feita a contento pelos meios de comunicação.

Até o 2º governo Lula, o PT nunca incluíra entre as suas prioridades efetivas a d regularizar o sistema de comunicação existente para torná-lo mais plural.

Do mesmo modo, nenhum dirigente histórico deu ao projeto de construção de uma mídia própria, a prioridade política, financeira e mobilizadora devotada, por exemplo, a uma campanha eleitoral.

A proximidade com os jornalistas – muitos dos quais renunciariam a cargos e carreiras para se engajar na construção do partido e nas campanhas eleitorais dos tempos pioneiros- cevou ilusões.

O trânsito fácil com a imprensa sugeria haver espaço a ocupar na caixa de ressonância da grande indústria de notícias.

Um consenso algo ingênuo, algo acomodato enxergava uma margem de manobra nas redações; a cota de tolerância não se esgotara.

A derrota para Collor em 1989, quando a Globo manipulou a edição do debate decisivo da campanha, e deu quase dois minutos adicionais ao ‘caçador de marajá’ no Jornal Nacional, abalou essa inércia.

Mas não construiu uma novo diagnóstico político, forte o suficiente para renovar a agenda em relação ao poder midiático.

A liderança de massa de Lula atingiu seu auge e reverberou no país durante os oito anos que esteve à frente de um governo exitoso no plano social e econômico.

O prestígio esmagador dentro e fora do Brasil empalideceu o cerco midiático diante da obrigatoriedade de se conceder espaço e voz ao Presidente.

O conjunto coagulou o debate petista sobre o papel da comunicação na construção de uma democracia social em um dos países mais desiguais do planeta.

Parecia desnecessário diante dos êxitos econômicos sucessivos que calavam uns e aciavam outros.

Nesse idílio escaparia a Lula e aos dirigentes petistas a brutal transformação em marcha no interior da mídia e na própria composição das redações.

Ao longo de duas década de polarização entre a agenda afuniladora do neoliberalismo e a da implantação de um Estado social tardio no país, o jornalismo brasileiro sofreria uma mudança qualitativa de pauta e estrutura.

A tentativa de impeachment de Lula em 2005, já no ciclo da chamada crise do ‘mensalão’ – que culminaria em 12 de novembro de 2013 com a condenação dos dirigentes José Dirceu e Genoíno à prisão – sacudiu a inércia petista com força pela primeira vez.

O espaço de tolerância acalentado ainda por emissários autonomeados, que traziam recados dos donos de jornais e revistas sobre o preço a pagar por uma trégua na escalada golpista, perdeu eco na cúpula do governo.

Lula, a contrapelo dos punhos de renda do petismo, recorreu então ao movimento sindical.

A palavra ‘golpe ‘ foi entronizada no discurso da resistência – para horror dos que teimavam em buscar um acordo com o dispositivo midiático conservador.

Numa quadra de clamorosa falência do projeto neoliberal, o tridente udenista da corrupção e a demonização da esquerda como sujeito histórico degenerado, pôs-se a campo ainda como mais força, a partir de então.

Tornou-se a pauta-jogral de um dispositivo midiático reestruturado para esse fim.

Qual?

Fazer do segundo mandato de Lula a evidência de que essa dissonância histórica não seria mais tolerada na democracia tutelada pelo poder do dinheiro.

Instalou-se um termidor antipetista nas redações.

A ilusão na mídia como ambiente democrático permissivo à formação da consciência crítica e progressista da sociedade deixou de existir.

A percepção dessa ruptura e os desdobramentos políticos que ela acarreta cristalizaram-se no linchamento midiático que orientou as togas inebriadas pelos holofotes, na Ação Penal 470.

O que Dilma está dizendo agora, portanto, não é um acidente de percurso.

Está sedimentado nas estocadas de uma espiral virulenta que , como ela mesma diz, ‘me levaram para um outro caminho, que não era o que eu queria’

A ficha da crispação conservadora caiu definitivamente nesta campanha de 2014.

O PT e sua propaganda redescobriram que não se faz política sem definir o adversário, dizer o que ele representa, por que precisa ser derrotado, as perdas e danos de se entregar o país de volta ao poder conservador.

Por enquanto isso é feito na janela que o horário eleitoral abriu ao partido em meio ao monólogo conservador que dá aos dois minutos de Marina uma extensão de horas.

Mas e depois que ela se fechar outra vez?

‘Vou fazer a regulação econômica da mídia’, sacramentou Dilma na entrevista da 6ª feira aos blogs ‘sujos e ideológicos.

Isso não é pouco.

Não apenas pelo efeito esclarecedor que exerce na opinião pública, hipnotizada pelo jogral do Brasil aos cacos.

O que Dilma está vocalizando é uma agenda, não uma medida solteira.

Se socialismo é levar a democracia às suas últimas consequências, a pluralidade da informação que isso requer não pode ser confundida com a disseminação de tablets e celulares de última geração entre os brasileiros.

A disjuntiva que se coloca é entre a livre formação do discernimento político da sociedade ou a sua subordinação a um aparato claustrofóbico de difusão, que se avoca o direito de enclausurar a formação da opinião pública brasileira em pleno século XXI.

Não se trata de uma queda de braço ideológica, tangencial à gestão progressista do Estado.

É um problema do desenvolvimento brasileiro.

A presidenta Dilma incorporou a chave da eficiência às prioridades do seu governo.

Com razão: é obrigação progressista zelar pela cuidadosa aplicação dos fundos públicos, erigir um Estado transparente, capacitá-lo a mobilizar recursos e coordenar as ações da dura luta pelo desenvolvimento soberano e e justo.

Durante muito tempo, porém, errou-se ao não afrontar as demais intercorrências da agenda do Estado mínimo.

Entre elas a gororoba ideológica construída em torno da lingerie mais reluzente do conservadorismo: o fetiche da autossuficiência da gestão.

Confunde-se a opinião pública ao endossar falsas convergências redentoras, a exemplo do ‘fazer mais com menos’, que omite a verdadeira luta de sabre para dividir a fatura da crise e instaurar o passo seguinte do desenvolvimento. Ao não distinguir uma coisa de outra, corre-se o risco de endossar a tese que pretende equacionar a desordem atual com poções adicionais do veneno que a originou.

O colapso neoliberal trouxe para o colo do governo uma crise da qual a Nação é vítima e não sócia; as forças progressistas são adversárias, não co-autoras.

O nome da crise não é PT, não é gastança, não é Petrobrás, não é desrespeito ao tripé, como quer a constrangedora declamação de Marina Silva.

O nome da crise é capitalismo desregulado, é supremacia financeira, é a desenfreada ferocidade com que os capitais fictícios exigem um mundo plano de fronteiras livres e desimpedidos , por onde possam transitar à caça de fatias reais de uma riqueza, para a qual não se dispõem a contribuir, apenas se apropriar em espirais de bolhas recorrentes.

A dissonância de um Brasil que se propõe a construir um Estado de Bem-estar social tardio, regulado e soberano, precisa ser sufocada para que o fluxo incorpore esse promissor naco da riqueza mundial ao seu circuito.

‘Não há alternativa’, dizia Margareth Tatcher nos anos 70.

Quarenta anos depois e uma colapso da ordem neoliberal que se ombreia à crise de 1929, é o que continuam a dizer Aécio, a doce Marina e a mídia que os ancora.

É o que continua a pontificar o editorial do Financial Times, a vaticinar ‘um arrocho doloroso’ para o Brasil, ganhe quem ganhar as eleições do próximo domingo.

Os desequilíbrios de fato existem. Não se incorpora 60 milhões de ex-miseráveis e pobres ao mercado sem mexer nas placas tectônicas de uma ‘estabilidade capitalista’ alicerçada em uma das mais desiguais estruturas de renda do planeta.

Há duas opções: avançar dar coerência estrutural e política à emergência desse novo ator, ou recuar e devolvê-lo à margem de origem. Custe o que custar.

Será ‘doloroso’ , avisa o Financial Times,sobre aquilo que Aécio, Marina e o colunismo isento vendem como virtude.

Para fazer diferente não basta buscar atalhos na gestão da macroeconomia.

A macroeconomia não é de esquerda, nem de direita.

Quem adiciona coerência à macroeconomia do desenvolvimento é correlação de forças da sociedade em cada época.

Para fazer diferente do que a frente única do conservadorismo apregoa será necessário coordenar as linhas de passagem de um novo ciclo histórico repactuando metas, concessões, prazos, avanços e salvaguardas com o conjunto das forças sociais.

Isso requer uma mídia pluralista para que possa acontecer. Foi essa sucessão de contingências que fez cair, definitivamente, a ficha histórica do PT em plena eleição de 2014.

A consciência desse aggiornamento estratégico talvez seja uma vitória tão importante quanto vencer no próximo domingo. Porque só assim será possível honrar os compromissos com a sociedade nos próximos quatro anos.


 
Conversa Afiada

Dilma e o terror, por Sergio Leo

Emocionado, maior cientista brasileiro declara voto em Dilma

28 de setembro de 2014 | 14:12 Autor: Miguel do Rosário



O maior cientista brasileiro vivo, Miguel Nicolelis, considerado um dos 20 maiores cientistas do mundo, segundo a revista “Scientific American”, abriu seu coração nas redes sociais.

Numa série de mensagens postadas em sua conta de twitter, Nicolelis explica a sua grande emoção de votar, pela primeira vez em sua vida, para presidente da república.

Lembra de parentes, que sonhavam com a democracia mas morreram antes de verem o sonho virar realidade.

Entretanto, Nicolelis não se emociona apenas com o direito formal de votar.

Ele se emociona, sobretudo, com o resgate da dignidade do povo brasileiro.

Ver uma liderança política, como fez Marina Silva, chorar lágrimas de crocodilo, tentando se vitimizar e enganar o povo, é uma lástima.

Ver um grande cientista, um homem que passou a vida usando apenas o cérebro, e cuja vida, aliás, foi dedicada ao estudo do cérebro humano, ver um homem assim chorar de emoção ao declarar um voto, é outra coisa.

Ver um cientista emocionar-se, de alegria, ao declarar, com altivez, coragem e orgulho, a sua opção política, é a melhor resposta que podemos dar à violência antidemocrática dos setores golpistas da nossa mídia e da nossa elite.

Mas deixemos o próprio dizer com suas próprias palavras.












Tijolaço

Aldir Blanc e a sensata lucidez diante de um mundo doido

29 de setembro de 2014 | 02:07 Autor: Fernando Brito



Há muito tempo nas águas da Guanabara, quando a inteligência não era atributo reconhecido em “bundinhas” bem vestidos e bem cuidados, os cariocas amavam seus cronistas e poetas que, das cátedras de botequim, tinham vitalício direito, honoris causa, a serem acres, sinceros, gozadores, iconoclastas e sempre, sempre, humanos.

Não viravam “celebridades”, não compravam apartamentos luxuosos à beira-mar, não apareciam em “bodas” das “Caras” dos consultórios de dentistas.

Mas eram amados e cantados, porque davam vazão, escrevendo, ao que nos passava na vida e nas almas.

Aldir Blanc, que aprendi a admirar nos anos 70, ali pertinho da Praça Varnhagen, na voz da Elias Regina e nos limites mal definidos entre a Rua dos Artistas e a Dona Zulmira, é um destes caras, grandes caras, que encaixa um nexo aparentemente desconexo nas verdades a que nos desacostumamos e nos mostra, numa crônica sensacional, que absurdo é o que parece sério nos jornais e na boca de gente muito bem arrumada que justifica essa bagunça que anda por aí.

Vale apena ver que o velho – e novíssimo – Aldir ainda é um craque em puxar do cavaquinho pra cantar de galo e que, com ele, encara todo mundo.


Marina continua enganando os trouxas

Aldir Blanc

Na ONU, a presidente Dilma foi contra o bombardeio indiscriminado do tal Estado Islâmico, que ninguém sabe direito onde fica. Obama criticou a “indiferença” com que assassinos são tratados. Quer falar sobre assassinos, Obananamole? O mundo viu em, estado de choque, aviões implodirem as Torres. Milhares de mortos numa ação terrorista. Sem dúvida, um assassinato em massa terrível. Em resposta, os EUA e aliados invadiram, com as bênçãos de Cristo e falsos motivos, o Iraque e mataram milhares e milhares de inocentes. Casamentos eram pulverizados, festas de aniversário, idem. Seguia-se o cínico pedido de desculpas. O Afeganistão foi tão bombardeado que montanhas inteiras sumiram do mapa. Resultado: voltou a cultura do ópio, com um gatuno como chefe de governo. Sem contar os trágicos mortos por fogo amigo. O capanga dos EUA, Israel, massacrou crianças refugiadas em escolas na Faixa de Gaza. A CIA patrocinou um golpe no Egito — país onde os EUA têm prisões clandestinas para torturar. Todos os opositores do golpe militar, muito bem pago, foram sentenciados em bloco à morte. Em 2008, na maior fraude já vista, Wall Street quebrou o mundo! Quantas vítimas fatais fizeram em toda a Terra, por desespero, doenças cardíacas, depressões, suicídios, fome etc? Como avaliar o número de vítimas? Tropas especiais assassinaram Osama por vingança. Eu pergunto: os que perderam parentes e amigos na roubalheira podem matar safados do Lehman, Bear Sterns, Merrill, Sachs sem fundos, AIG and so on? Os que tiveram suas vidas destruídas têm esse direito? Quando Obamascarado venceu pela primeira vez, Gore Vidal disse: “Vocês estão loucos? Não vai mudar nada!” Na mosca!

Aqui na Brasunda, um avião também explodiu. Há quem diga que foi sabotado pela CIA, Mossad, a poderosa empresa transacional Testemunhas de Jeová e outros interessados. Das cinzas, surgiu a Fênix Redentora, Marina d’Arc, com a Bíblia na mão, e o apoio financeiro de Nhá Neca Setúbal. Houve, digamos, um fenômeno carismático (Hitler também tinha carisma). E o corpus mysticum de Marina entrou em levitação. Até que foi descoberto o seguinte: o avião que matou, por ação da Providência Divina (?), o governador Campos estava boladão. Tinha empresas por trás com mais fantasmas que castelo inglês. Os documentos da aeronave sumiram, a caixa-preta pifou, e todos mentiram sobre isso: Campos, a cúpula do PSB e Marina. Campos parou de mentir por motivo de força maior. Marina continua enganando os trouxas. Disse que governará racionalmente, que a Bíblia é só inspiração. O que a inspira? A Matança dos Inocentes? Um pai que sacrificaria o filho porque o Velho é um Deus ciumento? O absurdo e cruel sofrimento imposto a Jó? Os incestos e traições? Arcanjos da SS de lança-chamas queimando os alegres moradores de Sodoma e Gomorra, que tinham direito à sexualidade que quisessem?

Na trilha do clássico de Chico Buarque, afastem do povo brasileiro essa bíblia arcaica, cheia de dólares e mentiras.

Tijolaço