sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Movimento 'Aezão' desaparece no Rio e frustra tucano



Peemedebistas esvaziam comícios do presidenciável tucano Aécio Neves, enquanto o governador Luiz Fernando Pezão se mantém irremovível no apoio declarado a Dilma: “Tenho o maior orgulho de poder dizer que nesta campanha trabalhei todos os dias, de manhã até a noite, para reeleger a presidenta Dilma, que é minha grande amiga e grande amiga do povo do Rio de Janeiro”, disse no início da semana no bairro de Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio

24 de Outubro de 2014 às 07:44

por Maurício Thuswohl, especial para a Rede Brasil Atual

 
Rio de Janeiro – Candidato a vice na chapa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) que disputa o Governo do Rio de Janeiro e coordenador da campanha de seu primo Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República no estado, o senador Francisco Dornelles (PP) tem sido nos últimos dias correia de transmissão para a mútua insatisfação que contaminou tucanos e peemedebistas após a falta de resultados do movimento denominado “Aezão”.

Segundo informações passadas por integrantes da campanha de Pezão, a relação entre os dois partidos azedou de vez após a baixa participação do PMDB na caminhada realizada por Aécio domingo (19) na orla do Rio, ato que contou, segundo a Polícia Militar, com cerca de quatro mil pessoas.

Principal ponto das críticas feitas por Aécio na conversa com o primo, que teria sido travada depois do ato na orla, a postura dúbia em relação à disputa presidencial se tornou este ano a marca do PMDB fluminense, já que oficialmente o partido declarou apoio a Dilma Rousseff (PT).

Sempre dividido, o PMDB ainda conseguiu ajudar Aécio no primeiro turno, quando os candidatos à Câmara dos Deputados ou à Assembleia Legislativa (Alerj) ainda estavam na disputa. Já no segundo turno, sem a massa de candidatos a deputado e com Pezão sempre ao lado de Dilma e nunca ao seu, Aécio acabou mesmo ficando sem palanque no Rio.

No início da campanha, tendo como pretexto a decisão do PT de lançar candidato próprio ao governo estadual, a direção do PMDB, com o presidente regional Jorge Picciani à frente, estimulou o “Aezão”, ao mesmo tempo em que Pezão e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, se declaravam alinhados a Dilma.

Com a ascensão de Marina Silva (PSB) e o declínio de Aécio, o movimento murchou, mas voltou com força total depois que o tucano passou ao segundo turno. Nesta última semana de campanha, no entanto, praticamente não se ouve mais falar da aliança branca entre o PMDB e o PSDB, ao passo em que Pezão, que disputa o segundo turno contra o senador Marcelo Crivella (PRB), grudou na candidata petista em suas recentes visitas ao Rio.

Dois dias depois da confirmação do resultado do primeiro turno, em meio ao clima de euforia que tomou conta dos tucanos, uma reunião que teve a participação do ex-governador Sérgio Cabral, além de Pezão, Paes, Picciani, Dornelles e Paulo Melo, presidente da Assembleia Legislativa, traçou “os rumos da vitória de Aécio no Rio”, como definiu um dos presentes.

Sem disfarçar mais o apoio, Cabral indicou o secretário Wilson Carlos, um de seus homens de confiança, para acompanhar as ações promovidas pelo “Aezão”. Na estratégia definida, caberia a Picciani coordenar apoios e eventos em grandes bolsões de voto como São Gonçalo, Baixada Fluminense e Zona Oeste: “Ninguém abandonou o barco”, resumiu o presidente do PMDB-RJ à saída da reunião.

Na prática, no entanto, Aécio jamais conseguiu penetrar nas áreas mais carentes do estado durante todo o segundo turno, não restando a ele alternativa senão “pregar para convertidos” em Copacabana e Ipanema. Com isso, o candidato tucano parece ter prejudicado sua intenção de “herdar 90% dos votos da Marina no Rio”, como prometeu, já que as pesquisas de opinião feitas nos últimos dias registram crescimento de Dilma entre os eleitores fluminenses, sobretudo nas áreas mais carentes. Essa lacuna na comunicação com os eleitores poderia ter sido corrigida com uma ampla distribuição de material de campanha, mas este foi escasso, e panfletos unindo Aécio e Pezão se tornaram peças raras no Rio de Janeiro.

Efeito sanfona

Enquanto o movimento “Aezão” sofria com seu efeito sanfona, Luiz Fernando Pezão, assim como Eduardo Paes, se manteve irremovível no apoio declarado a Dilma: “Tenho o maior orgulho de poder dizer que nesta campanha trabalhei todos os dias, de manhã até a noite, para reeleger a presidenta Dilma, que é minha grande amiga e grande amiga do povo do Rio de Janeiro”, disse o governador durante carreata realizada segunda-feira (20) no bairro de Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio.

Já Cabral permanece submerso, após ter deixado o governo em abril com índice de rejeição superior a 70%. Instado pelo PMDB a desistir de disputar o Senado por conta das dificuldades que teria para se eleger, o ex-governador abriu mão de sua candidatura em favor do ex-desafeto Cesar Maia (DEM), em uma engenharia política feita durante a formação do “Aezão”. Para não atrapalhar Pezão, Cabral só apareceu uma única vez em sua propaganda gratuita na televisão. Nas raríssimas vezes em que apareceu em público, como no dia da votação do primeiro turno, se valeu do mantra repetido nos últimos meses: “O candidato é o Pezão. Quem tinha que ficar conhecido era o Pezão.”



Brasil 247

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