quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Caciques da política não têm medo da Lava Jato





Acusados em delação premiada de Paulo Roberto Costa peitam o algoz; senadora do PT, Gleisi Hoffmann planeja processar delator por calúnia; Humberto Costa ofereceu quebra de seus sigilos, para provar inocência; colega Lindbergh Farias esclarece que doações discutidas para a campanha de 2014 seriam legais; governador do Acre, Tião Vianna também planeja entrar com ação contra ex-gerente da Petrobras; "Nunca falei com ele", diz; presidente da Câmara, Henrique Alves ainda sonha em ser ministro; e sem sofrer acusação formal até aqui, Renan Calheiros inicia, discretamente, campanha para se reeleger presidente do Senado; política segue seu curso

25 de Dezembro de 2014 às 19:52





247 – O efeito arrasa quarteirão que a operação Lava Jato prometia fazer no Congresso pode não se confirmar. Numa reação que já une diferentes políticos, as acusações dos delatores premiados Paulo Roberto Costa estão sendo rebatidas diretamente pelos acusados. Um troco que vai sendo dado na mesma moeda. O momento inicial de perplexidade e falta de reação dos políticos dá lugar, agora, a um contra-ataque sincronizado.

No PT, os senadores citados por Costa como receptores de doações das empresas investigadas na Lava Jato, Gleisi Hoffmann, Humberto Costa e Lindbergh Farias negam a veracidade da denúncia e estão adotando duas atitudes distintas. Enquanto Gleisi anuncia a abertura de processo por calúnia contra Costa, Humberto Costa afirmou que só manteve com ele "contatos institucionais" e ofereceu a quebra de seus sigilos fiscal, telefônico e bancário para provar que nunca tomou parte em conluios e distribuição de propinas. Farias, por seu lado, esclareceu que as eventuais doações discutidas com Costa seriam legais e contabilizadas. Adicionalmente, ele foi ao procurador-geral Rodrigo Janot para saber o contexto exato em que foi citado.

O governador do Acre, Tião Viana, também fico indignado ao ser citado por Costa como mais um receptor de dinheiro sujo.

- Não admito ser incluído num escândalo, disse Viana. "Nunca falei com Paulo Roberto".

Com experiência e poder, os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Alves e Renan Calheiros, esperaram os primeiros efeitos da Lava Jato para montarem suas estratégias, e agora elas já as desenvolvem. Alves, que chegou a dizer que não gostaria de ser nomeado ministro pela presidente Dilma, na cota do PMDB, já dá sinais de que está gostando da ideia. Não será surpresa nos meios políticos de Brasília se ele aparecer na lista final da presidente Dilma, a ser anunciada até a segunda-feira 29.

No caso de Renan Calheiros, a crise da Lava Jato já parece até ter ficado para trás. Ele é visto como o principal padrinho de nada menos que quatro novos ministros, entre eles o senador Eduardo Braga, futuro titular das Minas e Energia, e a senadora Kátia Abreu, que irá para a Agricultura. Com a força renovada, Renan já vai dando linha para empinar sua candidatura à reeleição como presidente do Senado, em 1º de fevereiro.

Com bom relacionamento com a presidente Dilma, trânsito aberto no PT e comando no PMDB, Renan pode ser o contraponto de equilíbrio à previsível instabilidade que o deputado Eduardo Cunha poderá causar como presidente da Câmara. Mais do que o temor pelos efeitos da Lava Jato entre os políticos, o governo teme muito mais ter nas duas casas dois adversários no comando. Renan, nesse quadro, significaria, para o Palácio do Planalto, contar com o velho e bom aliado de sempre. As delações premiadas da Lava Jato passariam a ser vistas como fatos menores diante do contexto maior.
 
 
 
Brasil 247

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