sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Merval desafia a lógica ao defender, a priori, o PSDB





Em artigo publicado nesta sexta-feira, o colunista Merval Pereira, do Globo, abraça a defesa do PSDB e diz que a denúncia de que o ex-governador mineiro Antonio Anastasia teria recebido R$ 1 milhão desafia a lógica, pois ele não faria parte 'do esquema governista que controlou o petrolão'; não, Merval, você, como de costume, está errado; Alberto Youssef não é doleiro da Petrobras ou do 'petrolão', mas sim das empreiteiras, em todos os seus esquemas, inclusive um que envolve a Cemig; em outra coluna, Dora Kramer atribui a acusação a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a uma armação palaciana; mas será mesmo que o governo teria como influenciar o depoimento do policial Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, que está preso?

9 de Janeiro de 2015 às 08:07





247 - Apressado em absolver o PSDB de qualquer imputação referente à Operação Lava Jato, o colunista Merval Pereira, do Globo, expôs a principal farsa da narrativa construída por alguns meios de comunicação relacionada ao caso.

Como se sabe, o policial Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, braço direito do doleiro Alberto Youssef, declarou ter entregue R$ 16 milhões a políticos. Em seu depoimento, ele citou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e também o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG), que teria recebido R$ 1 milhão.

O ex-governador de Minas reagiu com indignação e, evidentemente, não está descartada a possibilidade de que seja, de fato, inocente (leia mais aqui sobre a reação do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves).

O problema é a manipulação dos fatos por colunistas como Merval, para quem só parlamentares do PT ou de partidos da base aliada, como PP e PMDB podem ter ligação com Youssef. Eis o que diz o colunista:

"Anastasia se defende com sua reputação, nunca atacada nem nas mais agressivas campanhas eleitorais, e com a lógica, pois não faz parte do esquema governista que controlou o petrolão".

A fraude jornalística consiste em limitar a ação de Alberto Youssef à Petrobras, como se ele fosse doleiro da Petrobras ou do esquema rotulado como 'petrolão'.

Não, Merval. Youssef é doleiro de quase todas as empreiteiras, em quase todos os seus esquemas. Seja no âmbito federal, estadual ou municipal.

Aliás, um desses esquemas envolve a Cemig, jóia da coroa de Minas Gerais. O juiz Sergio Moro, do Paraná, apontou, em novembro, uma comissão de R$ 4,6 milhões paga pela InvestMinas, do empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, à MO Consultoria, uma das empresas de fachada de Alberto Youssef, na venda de pequenas centrais hidrelétricas à Light, controlada pela Cemig (leia mais aqui). Quem teria sido o beneficiário dessa comissão?

Na ânsia de defender o PSDB, Merval também inocenta o falecido Sergio Guerra, que, segundo consta de um depoimento da Queiroz Galvão, teria recebido R$ 10 milhões para esfriar a CPI. "Acusação que precisa ser investigada, mas é no mínimo estranha, pois a oposição era minoritária na CPI e não tinha como inviabilizá-la se não fosse interesse do PT".

Ora, Merval, paciência! O papel de esquentar ou esfriar uma CPI cabe à oposição – não aos governistas. Uma questão lógica!

O caso Eduardo Cunha

A menção ao nome do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pelo mesmo policial também irritou outros colunistas que gostariam de escrever outra narrativa sobre a Operação Lava Jato.

É o caso de Dora Kramer, do Estado de S. Paulo. "Urge esclarecer se Cunha é partícipe de esquema ou vítima de tramoia política", diz ela.

Dora sugere uma conspiração, como o Palácio do Planalto fosse capaz de influenciar o depoimento do policial 'Careca', para que ele incriminasse seu desafeto que concorre à presidência da Câmara dos Deputados e também o senador Anastasia.

Ela, no entanto, não enxerga teorias da conspiração, quando são outros os acusados.
 
 
 
Brasil 247

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