sábado, 23 de maio de 2015

O futuro da esquerda nas eleições de 2016, no Rio de Janeiro





23 maio 2015                  Miguel do Rosário


Já chegou a hora de falar um pouquinho sobre as eleições municipais para 2016…

Pode juntar dez Pedro Paulo

Por Theófilo Rodrigues, colunista eventual do Cafezinho.

Frente ampla. Essa é a insígnia do momento para justificar toda e qualquer costura de aliança política visando as eleições de 2016. Sob o temor de que a governabilidade da presidenta Dilma Rousseff seja afetada por questões locais que seriam supostamente “menores”, baixa-se aos partidos da base aliada a orientação para que todos estejam juntos nas eleições municipais de 2016.

Ignora-se com isso que o problema de falta de governabilidade da presidenta Dilma Rousseff talvez esteja justamente na Frente Ampla – amplíssima eu diria – que já sustenta sua base aliada desde 2003.

Foi esse tipo de política que nos trouxe ao seguinte cenário. A presidência da Câmara dos Deputados é ocupada pelo deputado Eduardo Cunha do PMDB do Rio de Janeiro e reconhecido opositor do governo federal. A liderança de um dos principais partidos da base aliada é ocupada pelo deputado Leonardo Picciani do PMDB do Rio de Janeiro também opositor do governo federal.

Qual a solução que alguns dirigentes de partidos de esquerda apontam para esse imbróglio? Apoiar o pemedebista Pedro Paulo, candidato de Cunha e Picciani para a prefeitura do Rio. Ou seja, para enfraquecer os principais adversários de Dilma, Cunha e Picciani, é preciso apoiar o candidato deles. Estratégia que é no mínimo estranha, para não dizer outra coisa…

Os defensores dessa estratégia alegam que a esquerda carioca é muito fraca. Será?

Em recente ato público organizado pela esquerda do PT no Rio de Janeiro com a presença do ex-governador Tarso Genro o senador Lindbergh Farias criticou a ideia de que a esquerda carioca não teria um nome para 2016.

“Pode juntar dez Pedro Paulo que não dá um Molon”, assegurou Lindbergh para ser aplaudido pela plateia de mais de 200 pessoas.

Em parte, o senador está correto. Faria apenas um acréscimo.

Pode juntar dez Pedro Paulo que não dá um Brizola Neto (PDT). Pode juntar dez Pedro Paulo que não dá um Glauber Braga (PSB). Pode juntar dez Pedro Paulo que não dá uma Jandira Feghali (PCdoB). Pode juntar dez Pedro Paulo que não dá um Marcelo Freixo (PSOL).

Nomes não faltam para a esquerda carioca. O que falta – e esse é o calcanhar de Aquiles a ser superado – é um programa mínimo que agregue movimentos sociais, sociedade civil e partidos de esquerda em torno de uma plataforma de ação única para a eleição de 2016. Em outras palavras: a esquerda carioca não é fraca, é dividida.

O Rio de Janeiro encontra-se numa encruzilhada. Ou a sociedade percebe isso e cria um fórum que agregue todos esses atores na busca por um programa unitário, ou continuaremos sendo apenas aquilo que o prefeito Eduardo Paes tanta se gaba de ter construído: uma cidade modelo de gestão do capital.

Pode até ser que o candidato da esquerda seja derrotado pela máquina de Pedro Paulo em 2016. Pouco importa. Se o resultado final da eleição for a solidificação de uma ampla frente programática de esquerda ancorada na sociedade já será uma grande vitória. E essa construção de uma nova cultura política será a principal contribuição da cidade ao Brasil.

Theófilo Rodrigues é cientista político.



O Cafezinho

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