quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A imprensa e a bolha maniqueísta

QUI, 27/08/2015 - 19:15


Por Alexandre Tambelli


A impressão, sensação que me passa do momento atual da velha mídia, oposição via PSDB, judiciário aliado e seus teleguiados é esta:

A bolha maniqueísta

A questão da blindagem do Aécio Neves passa a impressão, opinião minha, de que a narrativa midiática da velha mídia (com epicentro na Rede Globo, Veja, Folha e Estadão) em todos estes anos de Governo petista, baseada no maniqueísmo do bem contra o “mal”, na dicotomia cansativa de PT (o “mal”) e oposição capitaneada pelo PSDB (o bem) não pode parar, porque senão acabariam estes grupos de mídia sem audiência, vendas, publicidade e desacreditados.

E se romperia a BOLHA, um alucinógeno a que foram todos os personagens da velha mídia e seus seguidores tornados dependentes. Vou explicar logo à frente esta bolha.

Só mais umas pequenas considerações.

Vivenciamos 13 anos de maniqueísmo diário do noticiário, até a sua exaustão e a sua radicalidade, onde, nada do que o Governo Federal faz é positivo e noticiado de forma positiva e nada do que a oposição via PSDB possa fazer de errado anda sendo noticiado e nem é considerado errado. Apenas há alguns pequenos suspiros de pluralidade na Folha de São Paulo, para se vender a ideia da “imparcialidade”.

Todo o tempo de PT no Governo Federal está marcado por extremos no noticiário e estes extremos impedem, hoje, de a velha mídia fugir do figurino que desenhou para si mesma.

Quem é teleguiado da velha mídia vive a procurar a notícia exata para justificar a sua visão de mundo, para justificar o seu desapreço para com o Governo Dilma, o PT e LULA e colocar nas redes sociais cada fato falando mal deste trio. Se eu quebrar o espelho que reflete a imagem perfeita do mundo maniqueísta do bem contra o “mal” eu posso destruir a minha própria condição de existência, me torno manco e sem seguidores no mundo real, deixo de vender revista, jornal e de ter audiência em rádio e TV.

Eu criei a impossibilidade do contraditório, eu criei o maniqueísmo, eu criei a única verdade e não consigo fugir mais deste script. Esta é a situação real. Vou me tornando refém da minha própria escolha, caio numa armadilha intransponível: A BOLHA MANIQUEÍSTA.

O grande jogo do maniqueísmo fez nascer uma BOLHA fechada e sem chances de ser furada.

Esta bolha enredou os jornalistas, os comentaristas, os políticos oposicionistas, alguns membros do judiciário e os telespectadores teleguiados numa realidade que não consegue mais ser explodida.

Foram todos, paulatinamente, se tornando reféns de um mundo fictício: a bolha maniqueísta, não criado de forma consciente, primeiramente, o maniqueísmo era apenas uma forma de defender um modelo de sociedade outro, até se poderiam ver rebarbas do outro lado dentro dele. Porém, houve as quatro vitórias seguidas do PT e o modelo de sociedade outro almejado foi sendo descolado da defesa de uma intervenção outra na sociedade e se tornando um mundo paralelo rígido, um mundo que não se tratava mais apenas de entender e defender, que o modelo de sociedade ideal é outro, mas um mundo adoecido, porque ele começou, aos poucos, até radicalizar-se, a enxergar apenasum inimigo a ser destruído (aquele que não estava enredado dentro da bolha maniqueísta), e não um conjunto de pessoas que agem no mundo real com outra Ideologia. De adversário passou para inimigo.

Na quarta vitória dos de fora da bolha, a bolha se tornou resistente demais para explodir. O inimigo é um vírus resistente.

A bolha foi intensificando paranoias de que só este mundo fechado na bolha contem a verdade, só lá existe a salvação do mundo contra o inimigo externo, só lá o “mundo: idealizado” é possível de existir, e com segurança, porque se extinguiu nele a possibilidade do diverso e da competição, porque nele se encaixou a ilusão de que a derrota é porque os de fora da bolha são a encarnação do “mal” e só vencem o “bem” porque trapaceiam com suas bolsas e cotas. E o “mal”, na paranoia dos de dentro da bolha, deve/precisa ser extirpado da sociedade, seja do jeito que der.

Em um mundo perfeito todos os que pensam outro mundo estão errados, equivocados em divergir dele e acabam sendo mentirosos e perigosos para este mundo, seríamos nós, os de fora da bolha: subversivos. Agentes de uma sociedade má, que quer nos levar ao comunismo, ao bolivarianismo, a um Governo nascido do Foro de São de São Paulo, sejam lá o que estes termos signifiquem. Na paranoia deles é coisa má.

Os personagens deste mundo paralelo já nem agem de maneira real, vivem na farsa que produziram e, talvez, nem mais consigam fugir da realidade paralela que criaram nem mais consigam agir de maneira racional. Eles vivem presos a um mundo paralelo, onde, pensam poder tudo, porque se acreditam salvadores da pátria, predestinados e inimputáveis, pois, a única verdade possível está com eles.

Estão todos os personagens de dentro da bolha doentes. Todos sem condições de fugir da bolha. Todos vivendo a própria farsa que criaram e credores dela como a verdade inquestionável e redentora do Brasil. 

Aécio Neves é o Presidente dos de dentro bolha, o predestinado, o homem de bem, aquele que nos livraria do “mal”, de uma sociedade comunista bolivariana aliada de Cuba, da Venezuela e da Coreia do Norte e que está sendo implantada no Brasil através dos participantes do Foro de São Paulo.

Quando se olham no espelho os de dentro da bolha maniqueísta eles refletem o Aécio Neves. É a imagem perfeita que criaram e que os guia nesta sina diária de tirar o “mal” do caminho e reimplantar a sociedade do “bem” em terras brasileiras. 

E os da bolha maniqueísta e seu Presidente postiço creem-se no direito de fazer o que quiser nos dias de hoje (perdeu-se a racionalidade neste mundo fictício), porque em seus estados doentios, acima de tudo e todos está o “bem” que eles representam.


Jornal GGN

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