quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Forças Armadas do Brasil 2016 Muito Mais que 1 Hora de Munição




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Ferrovia Norte-Sul é realidade! Dá-lhe, Dilma!




Conversa Afiada

“A pessoa está me cobrando estes R$ 300 mil”. “Que pessoa?” “Aécio Neves”


POR FERNANDO BRITO · 30/12/2015



A Folha fez o possível.

Colocou a chamada lá no cantinho de baixo, bem pequenina.

Mas não adianta.


Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, entregador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, afirmou, em depoimento que levou R$ 300 mil no segundo semestre de 2013 a um diretor da empreiteira UTC, de nome Miranda ( Antonio Carlos D’Agosto Miranda) que seriam entregues ao senador Aécio Neves.

Segundo o “entregador”, Miranda ficou aliviado, pois estaria sendo cobrado pela quantia por Aécio, teria dito o diretor da empreiteira.

Aécio, claro, nega tudo. Diz que sua campanha só recebeu legalmente da UTC para a campanha.

E quem disse, senador, que era pra a campanha? R$ 300 mil, o senhor me perdoe, não é padrão de campanha, onde a coisa é na casa do milhão.

Tudo tem mais força porque a alta direção da UTC já havia admitido, em depoimentos, que Miranda recebia, guardava e entregava dinheiro destinado a políticos.

“E o Aécio Neves não é da oposição?”, teria dito Rocha. O diretor da UTC teria respondido, na versão do delator: “Aqui a gente dá dinheiro pra todo mundo: situação, oposição, […] todo mundo”.

O comitê da campanha presidencial do tucano em 2014 recebeu R$ 4,5 milhões da UTC em doações declaradas à Justiça. A campanha de Dilma recebeu R$ 7,5 milhões.

Rocha disse ter manifestado estranheza sobre o local da entrega ser o Rio de Janeiro, já que Aécio “mora em Minas”. Miranda teria respondido que o político “tem um apartamento” e “vive muito no Rio de Janeiro”.

O delator disse que não presenciou a entrega do dinheiro ao senador e que ficou “surpreso” com a citação.

Rocha prestou o depoimento em 1º de julho. Em 4 de agosto, foi a vez de Santana também dar declarações.

Embora tenha dito que Miranda não tinha “nenhuma participação no levantamento do dinheiro para formar o caixa dois” da construtora UTC, Santana observou que “pode ter acontecido algum episódio em que o declarante ou Pessoa informaram a Miranda quem seriam os destinatários finais da entrega”.

Miranda, que é apontado pelo próprio Ministério Público como o responsável pelos “acertos” de propina com o PMDB na obra de Angra 3, seria, por óbvio, o próximo passo de qualquer investigação séria. Mas Miranda, ao que se saiba, não foi preso nem deixado mofar na cadeia até que entregasse os chamados “agentes políticos”, é claro.

Dinheiro para Aécio Neves não é coisa que venha assim “ao caso”, nem uma delação com este potencial explosivo vaza no dia seguinte, como as outras.

Até porque a investigação de corrupção parece estar usando os mesmos critérios editoriais da Folha: R$ 300 mil pra petista é manchete, para tucano é pé de página.

Mas a reportagem de Valente não dá para ser apagada. E vai ter desdobramentos.


Tijolaço

OS MARINHO, OS MAIS RICOS DO PAÍS, DETONAM O MÍNIMO


Donos da maior fortuna do Brasil, que soma mais de US$ 25 bilhões, os irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, donos da Globo, publicaram editorial no último dia do ano, em que chamaram de "tosco" o argumento usado pelo governo para reajustar o salário mínimo ligeiramente acima da inflação; segundo os donos da Globo, trata-se de "seríssimo problema", o que prova que o grupo se mantém fiel à sua tradição contrária a qualquer política trabalhista; em abril de 1962, por exemplo, o jornal alertou para o que seria "desastroso": a instituição de um décimo-terceiro mês de salário; de acordo com o Dieese, a política de ganhos reais do mínimo (77% desde 2002) foi um dos principais fatores de inclusão social nos últimos anos


31 DE DEZEMBRO DE 2015 ÀS 07:42


247 – Em abril de 1962, o jornal O Globo, à época conduzido por Roberto Marinho, publicou uma manchete em que previa algo desastroso para o Brasil: a criação de um décimo-terceiro salário.

Hoje, ninguém questiona o fato de que o décimo-terceiro é um dos principais alavancadores das vendas do comércio no fim de ano e já foi devidamente incorporado aos custos das empresas, sem que nenhum desastre tenha ocorrido.

Nesta quinta-feira, último dia de 2015, o Globo retoma sua tradição contrária a qualquer política trabalhista. Em editorial interno, classifica como "tosco" o argumento usado pelo ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, para defender um aumento do salário mínimo ligeriamente acima da inflação – com reajuste de 11,67%, o piso salarial foi a R$ 880,00.

Segundo O Globo, trata-se de "seríssimo problema" que inviabiliza as contas públicas. O Globo ainda ironiza e afirma que, se o mínimo fosse capaz de estimular a economia, por que não triplicá-lo?

Coincidência ou não, os três irmãos Marinho (Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto) formam a família mais rica do Brasil, com patrimônio superior a US$ 25 bilhões.

A tese dos três, no entanto, não encontra amparo nos dados do Dieese, que aponta que a política de valorização do mínimo, que teve ganhos reais de 77% desde 2002, foi um dos principais fatores de inclusão social nos últimos anos.

Leia, abaixo, o editorial do Globo:


Leia, ainda, análise do Dieese:

Aumento real do mínimo chega a 77% desde 2002 e injeta R$ 57 bi na economia

Incremento da renda promove retorno de R$ 30 bilhões em arrecadação com impostos. Segundo Dieese, cada R$ 1 de aumento do mínimo promove retorno anual de R$ 293 milhões em contribuições à Previdência

Por Paulo Donizetti de Souza – Com o reajuste de 11,67% e valor de R$ 880 a partir de 1º de janeiro, o salário mínimo nacional terá alcançado um ganho real de 77,3% acima da inflação acumulada desde 2002. Passará a ter, ainda, o maior poder de compra desde 1979 em relação à cesta básica. O novo vencimento do trabalhador que recebe o piso nacional equivale a 2,4 vezes o valor da cesta básica calculado pelo Dieese. Em 1995, no início do governo Fernando Henrique Cardoso, correspondia a 1,1 cesta.

Segundo o governo, o novo valor terá um impacto de R$ 4,8 bilhões no orçamento da União em 2016. Para o Dieese, no entanto, o acréscimo de renda aos 48 milhões de brasileiros que recebem salário mínimo representará uma injeção de recursos de R$ 57 bilhões na economia, com impacto de R$ 30,7 bilhões na arrecadação de impostos.

O efeito concreto dessa política de valorização é ainda mais benéfico para o bolso das pessoas e para as contas públicas do que a política de juros praticada pelo Banco Central. O coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado Silveira, estima que o gasto anual com os juros pagos aos investidores de títulos públicos baseados na Taxa Selic seja de R$ 400 bilhões.

E ainda que o aumento do mínimo repercuta nos pagamentos da Previdência Social, já que são 22,5 milhões os aposentados e pensionistas que o recebem, os efeitos do aumento da renda em circulação na economia compensam. "Cada R$ 1 de acréscimo no salário mínimo tem um retorno de R$ 293 milhões ao ano somente sobre a folha de benefícios da Previdência Social", diz Silvestre, referindo-se ao impulso dado pela renda dos trabalhadores e aposentados no consumo e, portanto, na manutenção das atividades de empresas, comércio e serviços e no respectivo nível de emprego.

Cerca de dois terços dos municípios do país tem como principal fonte de renda e de ativação das atividades econômicas locais o salário mínimo.

Muito a evoluir

Em seu artigo 7º, a Constituição determina que entre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, está um "salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim".

Ao anunciar o valor de R$ 880 para o salário mínimo a partir de 1º de janeiro, o governo federal não faz mais do que a obrigação de dar um pequeno passo em direção a contemplar um direito essencial historicamente descumprido, praticamente desde que os primeiros ano em que o salário mínimo foi instituído, em 1938. Mas essa busca pela recomposição de seu poder de compra de modo a cumprir a lei nem sempre esteve presente nas políticas públicas.


A política de valorização mais efetiva do salário mínimo começou a ser discutida em 2004, por pressão das centrais sindicais. Na ocasião o governo Lula apenas começava a rever a política de ajuste fiscal liderada pelo então ministro da Fazenda Antonio Palocci. Essa política de recuperação consiste de um reajuste baseado na inflação do ano que termina e na evolução do PIB no ano anterior – se estenderá pelo menos até 2019.



A pressão das centrais sindicais pela manutenção dessa política é permanente, mas ela não basta. O processo de recuperação pode perder força se o Brasil não voltar a crescer rapidamente, já que o aumento do PIB é que determinará o ganho real dos próximos cinco anos.


Em entrevista à Revista do Brasil, o professor Cláudio Dedecca, do Instituto de Economia da Unicamp, alerta, porém, que o ideal seria que todos os estratos da sociedade contassem com um crescimento da renda, e não que houvesse a perda de um segmento para ganho de outro. Por isso, é preciso que o país apresente taxas de crescimento superiores às que vêm sendo observadas. "Se continuar no ritmo atual, a política adotada para o salário mínimo, por exemplo, encontrará restrições crescentes no futuro."

No início do Plano Real, julho de 1994, o valor necessário do mínimo, calculado pelo Dieese, era nove vezes superior ao oficial (R$ 590 a R$ 64). Ao longo do governo Fernando Henrique essa diferença entre oficial e necessário oscilou de sete a oito vezes; durante a gestão do tucano um trabalhador que recebia salário mínimo chegou a precisar trabalhar 11 meses para alcançar o valor exigido pela lei. No primeiro janeiro dos brasileiros sem Fernando Henrique, em 2003, o valor nominal do salário mínimo era R$ 200, enquanto o necessário para atingir o que determina a Constituição era R$ 1.386 (quase sete vezes mais).

A partir de 2003, essa diferença passou a ser reduzida de maneira mais acentuada, chegando ao seu melhor patamar em janeiro de 2014, final do primeiro mandato de Dilma, quando o mínimo era de R$ 724 e o necessário exigido por lei, R$ 3.118,00 (3,5 vezes mais). A alta da inflação (6,22% em 2014 e estimativa de 11,5% de INPC em 2015) combinada com baixo crescimento do PIB (2,3% em 2013 e 0,1% em 2014) já promove um ligeiro recuo, e a relação mínimo oficial versus o necessário deverá estar em pouco mais de 4 vezes neste janeiro (o valor efetivo da cesta básica, base para o cálculo do mínimo necessário pelo Dieese, só será conhecido no final do mês).

O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, disse ontem (29) em entrevista que a política de valorização do mínimo leva o governo a caminhar "na direção correta". "Renda nacional é responsável por grande parte da dinâmica econômica nacional. O mercado interno é que responde por grande parte do dinamismo da nossa economia. Essa política tem permitido fortalecer e ampliar o mercado interno, diminuído as desigualdades de renda e elevado a qualidade de vida da sociedade brasileira", disse.

Rossetto tratou ainda de criar um ambiente mais otimista para o início do ano, em que o governo é pressionado por centrais sindicais, movimentos sociais, empresários e governadores a adotar rapidamente medidas de recuperação do crescimento. O ministro afirmou que a oferta de crédito deve ter novo impulso nos próximos meses. O governo espera ainda uma retomada dos investimentos privados, sobretudo com a reativação dos setores paralisados em decorrência da Operação Lava Jato, a partir dos acordos de leniência que permitirão a empresas investigadas voltar a celebrar contratos com o setor público.


Brasil 24/7

O pior jornalista do ano. Por Paulo Nogueira

Postado em 27 dez 201

Vários atributos levaram Merval ao prêmio


O pior jornalista de 2015 foi Merval Pereira. Merval bateu concorrentes fortes, a maior parte dos quais na sua própria empresa, a Globo.

Ali Kamel, diretor de telejornalismo da Globo, foi um dos derrotados por Merval. Kamel, num ano marcado por tantas manifestações de racismo, tem sido lembrado por um livro que lançou em 2008. O título é: “Não somos Racistas.”

Kamel dedicou o livro – na verdade uma coleção de artigos – a seus patrões, e eis aí uma característica que o une ao vencedor Merval: eles são mais Marinhos que os próprios Marinhos.

Para ganhar o prêmio de Pior Jornalista de 2015, Merval fez coisas como afirmar, categórico, que imperaria o voto de Fachin na sessão decisiva do STF sobre o roteiro do processo de impeachment.

Fachin, relator do caso, deu um voto, como se lembram todos, mata-Dilma. Se ele fosse seguido, Dilma estaria virtualmente liquidada.

Merval afirmou que Fachin teria uma quase unanimidade entre seus colegas no STF, e deu a seu texto o sugestivo título de “Caminho Livre”. (Caminho livre para o golpe, naturalmente.)

O voto de Fachin foi destroçado graças ao brilho da divergência do ministro Luís Roberto Barroso, num dos momentos capitais dos destinos da República em 2015.

Como um jornalista experiente como Merval comete um disparate de principiante ao afirmar, na véspera, o resultado de algo tão incerto?

É sabido que um erro leva a outro. O equívoco inicial foi Merval infringir a regra básica do jornalismo, criada pelo grande editor Joseph Pulitzer: “Jornalista não tem amigo.”

Mas Merval tem. Um deles é Gilmar Mendes, provavelmente o juiz mais partidário da história do STF. Tudo sugere que Gilmar passou a Merval sua visão sobre o que decidiria o STF.

E Merval a comprou. A suspeita é reforçada pelo comportamento de Gilmar na sessão que definiu o caminho do impeachment. Ao ver ir para o lixo o voto de Fachin, e com ele o seu próprio, Gilmar levantou-se abruptamente e deixou o plenário.

Merval jamais trabalharia com Pulitzer, mas é o ideal para os Marinhos. É a voz dos donos. Para usar uma clássica imagem bíblica, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que encontrar um texto de Merval que vá contra as opiniões dos Marinhos.

Em 2015, além de profeta fracassado, Merval foi também um torcedor apaixonado, outra agressão ao bom jornalismo.

Ele torceu sempre pelo impeachment, pela crise política e pela catástrofe econômica. Jamais se comportou como jornalista. É como se estivesse numa arquibancada do Maracanã, embrulhado a uma bandeira com inflamadas palavras reprovatórias contra o petismo, o lulopetismo e qualquer coisa ligada ao PT.

Merval hoje é o símbolo do jornalismo patronal, em que o papel dos jornalistas é, simplesmente, defender os interesses dos donos.

Num passado não tão distante, jornalistas eram majoritariamente progressistas, e disso resultava um certo equilíbrio nas publicações. Os donos, previsivelmente conservadores, puxavam para um lado e os editores progressistas para o outro, e a síntese era frequentemente um conteúdo rico e plural.

Dois exemplos notáveis foram a Folha sob Claudio Abramo e a Veja sob Mino Carta.

Hoje, o estilo Merval se espalhou. Espécie de decano do jornalismo patronal, Merval é uma triste referência para jornalistas jovens.

Todas essas coisas somadas, é dele, merecidamente, o título de Pior Jornalista do Ano.

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


Diário do Centro do Mundo

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A capacidade da mídia de dizer asneiras terroristas é espetacular!



POR FERNANDO BRITO · 28/12/2015


Uma semana atrás – ou melhor, três dias úteis atrás – a nossa sábia mídia berrava em suas páginas que a “disparada” do dólar era sinal de desconfiança e pessimismo dos investidores com a mudança no Ministério da Fazenda: Nélson Barbosa não agradava a turma da bufunfa.

O dólar havia subido de R$ 3,95 para R$ 4,02. Uma “disparada” de 1,31%!

Hoje, o mercado fechou a R$ 3,86. Uma queda de 4% que ninguém vai, por óbvio, chamar de “despencada”.

Muito menos que significa uma “demonstração de confiança” de confiança do mercado em Nélson Barbosa.

Oscilações de final de ano são comuns e valeu de tudo para “explicar” a queda do câmbio: desde o dinheiro dos chineses que venceram o leilão para uma linha de transmissão de energia até (só rindo) os aportes que multinacionais teriam feito para cobrir “rombos” em suas subsidiárias brasileiras.

O nível de qualidade do jornalismo econômico brasileiro só não é pior que a sua capacidade de ser catastrofistas.

O Brasil está longe de sofrer problemas cambiais.

Tanto que fecha o ano com um espetacular saldo de perto de US$ 19 bilhões na balança comercial, apesar da crise.

Nossos problemas são de nível da atividade econômica aqui, com a overdose recessiva do período Levy.

E, claro, com uma mídia que empurra diariamente para baixo as expectativas econômicas, que são o combustível daquela atividade.


Tijolaço

BARROSO DEFENDE SEU VOTO E CRITICA 'PAIXÃO CEGA'


Autor do voto que foi seguido pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso critica distorções que políticos e a mídia têm feito de seu posicionamento sobre o rito do impeachment proposto contra a presidente Dilma Rousseff; segundo ele, o entendimento da corte 'não mudou uma linha sequer' do processo contra o ex-presidente Fernando Collor; "O noticiário tem sido pouco factual nessa questão do impeachment, muito opinativo, em que as pessoas misturaram um pouco fato com opinião, e acho que apresentaram erradamente a decisão final do Supremo nessa matéria. O problema é que as pessoas se apaixonaram, e a paixão cega. E aí as pessoas começam a ver de um ângulo errado, houve muitas notícias erradas, as pessoas que ficaram infelizes com a decisão gostam de truncar as coisas também", diz Barroso

28 DE DEZEMBRO DE 2015 ÀS 07:57


247 - Autor do voto que foi seguido pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso critica distorções que políticos e a mídia têm feito de seu posicionamento sobre o rito do impeachment proposto contra a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o entendimento da corte 'não mudou uma linha sequer' do processo contra o ex-presidente Fernando Collor de Melo (hoje senador).

"O noticiário tem sido pouco factual nessa questão do impeachment, muito opinativo, em que as pessoas misturaram um pouco fato com opinião, e acho que apresentaram erradamente a decisão final do Supremo nessa matéria. O problema é que as pessoas se apaixonaram, e a paixão cega. E aí as pessoas começam a ver de um ângulo errado, houve muitas notícias erradas, as pessoas que ficaram infelizes com a decisão gostam de truncar as coisas também", diz o ministro em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Em suma, o voto de Barroso, e da maioria dos ministros, brecou o andamento do processo proposto pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que queria que a própria Câmara votasse em plenário o impeachment de Dilma. O Supremo decidiu que o trâmite estava errado, e que, tal qual no caso Collor, a Câmara apenas autoriza o seguimento do processo, mas quem cassará ou não a presidente será o Senado, por maioria absoluta (dois terços dos 81 parlamentares) em votação no plenário.

"Nós seguimos de ponta a ponta o rito do caso Collor. De modo que a reação de que o Supremo interveio é simplesmente não factual. O voto do relator originário [o ministro do STF Edson Fachin] é que mudava muito o que foi feito no impeachment de Collor. Seguimos o caso Collor da primeira à ultima linha, sem nenhum desvio. Agora o país está dividido, as paixões estão mais exacerbadas e com mais razão nós temos que seguir a jurisprudência e os ritos que já foram adotados, sem mudar nada. É o que nos liberta", afirmou Barroso.

O ministro explica ainda por quê o Supremo derrubou a comissão especial criada na Câmara para analisar o impeachment, a partir de chapa avulsa autorizada de última hora por Eduardo Cunha.

"O regimento da Câmara é expresso. Juridicamente funciona assim: o artigo 58, parágrafo 1º da Constituição diz que as comissões permanentes e temporárias serão constituídas na forma do regimento interno. E vem o regimento interno e prevê, de modo expresso, no artigo 33 paragrafo primeiro, que as comissões temporárias são compostas por membros indicados pelos líderes. Textual. A Constituição de 88 diz que é o regimento interno que cuida; o regimento interno diz que são os líderes que indicam".


Brasil 24/7

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

A revolução que a classe média fez na PF

PF quer que Bumlai ferre o Lula, viu, zé?

publicado 25/12/2015


É ou não é uma esculhambação? (ilustração sugerida pelo Bessinha)

O ministro zé da Justiça deu uma declaração revolucionária.

Disse a futuros policiais federais que a recente atuação da Polícia Federal é revolucionária.

E republicana, disse o pianista.

Agora, com dita "revolução", "rico também vai em cana", disse o jênio sem voto.

Mentira número um: tucano rico a PF do zé não põe em cana.

Ela encana preto, pobre, p..., petista e rico que não seja tucano.

Se for tucano, o japa nem levanta da cadeira.

Essa PF do zé faz parte o conjunto perigosíssimo de coxinhas de classe média que faz justiça com as próprias mãos.

Fazem parte desse clube exclusivo de salvadores da Pátria - depois de salvarem a si próprios - Grandis (revisor, mantenha distância, por favor) Procuradores, como o Dr Janot, e Juízes anti-bolivarianos, como o Ministro Gilmar (PSDB-MT).

Essa PF do zé tem um diretor-geral que ameaçou o destemido Juiz Fausto De Sanctis para tentar impedi-lo de desfechar a Operação Satiagraha.

(O livro "Operação Banqueiro", de Rubens Valente, demonstra que os efeitos da Satiagraha foram provisoriamente inibidos pela ação interessada, partidária do Ministro Gilmar (PSDB -MT).)

A PF do Zé mantém em seus postos avançados delegados que chamam Lula de "aquela anta"e fazem exercício de tiro ao alvo com o rosto da Presidenta.

A PF do zé grampeia mictório de preso.


A PF escarnece do Lula e vaza o depoimento do Lula para o jornal nacional, numa investigação em que não há a mais longínqua suspeita sobre o Lula.

A PF do zé é sócio benemérito desse clube sinistro de vazadores que excretam para vazos.

São 493 vazamentos por semana e o zé inepto não conseguiu localizar um único vazador criminoso.

E por que o zé disse aquela inverdade, se a PF do zé consegue ser pior que do FHC?

A do FHC, pelo menos, não fazia nada - além de detonar a candidatura da Roseana Sarney e permitir que o Cerra levasse uma surra do Lula em 2002?

Mas, isso foi nos bons tempos do inesquecível delegado tucano Marcelo Itagiba.

Por que o zé age assim, amigo navegante?

Porque ele é refém da PF.

Em tempo: saiu no Estadão:

A Polícia Federal mencionou dezoito vezes o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao interrogar o empresário José Carlos Bumlai, amigo pessoal do petista desde 2002. As citações constam do terceiro depoimento prestado pelo empresário desde que foi preso há um mês pela Operação Passe Livre, um desdobramento da Lava Jato.

(...)

Paulo Henrique Amorim


Conversa Afiada

Os presos sem condenação e o indulto de Natal

SEX, 25/12/2015 - 15:30
ATUALIZADO EM 25/12/2015 - 15:30


Por José Muladeiro

Enfim saiu o decreto de indulto de Natal assinado por Dilma. Nele está previsto "um condenado a pena privativa de liberdade não superior a oito anos, não substituída por restritivas de direitos ou por multa, e não beneficiadas com a suspensão condicional da pena que, até 25 de dezembro de 2015, tenham cumprido um terço da pena, se não reincidentes, ou metade, se reincidentes" .

Poderíamos estar satisfeitos com este clima de paz que se cria com o Natal e mesmo os mais emperdenidos ateus como eu somos capazes de sentir uma grande afeição a este de sentimento de bondade que toma conta de milhẽs de ocidentais cristãos e não cristãos. Dá-me um grande conforto este sentimento de pertencimento a uma sociedade humanizada, mesmo que seja isto só por uns poucos dias.

O que me preocupa é saber se os milhares de brasileiros e brasileiras presos sem condenação formal, terão ou não direito a este indulto, na medida que não foram condenados, como está escrito no decreto. Aliás estes brasileiros e brasileiras nem deveriam estar presos. 

Num páis com este histórico se faz mister que a cada semana seja editado um indulto colocando-os em imediata liberdade e a autoridade imediata que colocasse qualquer impecilho à sua soltura deveria ser imediatamente enclausurada pelo seu imediato superior.


Jornal GGN

O procurador militante do TCU

QUI, 24/12/2015 - 09:56
ATUALIZADO EM 25/12/2015 - 17:38


Atualizado às 15:30

O procurador Júlio entra em contato para informar que a foto anteriormente divulgada não era dele é que jamais participou de manifestações políticas. Fica a retificação


O Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, do Ministério Público do Tribunal de Contas, é militante político. Do servidor público exige-se isenção política. O servidor que se vale de preferências políticas no exercício das funções de Estado desrespeita a cidadania, o serviço público e compromete sua própria corporação.

***

Quando levantou as "pedaladas", Júlio comportou-se tecnicamente, inclusive quando apontou as diferenças de dimensão entre 2014 e anos passados. Quando passou a superdimensionar seus efeitos, a botar fogo no TCU por uma punição radical, exagerou. Mas, ainda assim, se poderia atribuir ao excesso de zelo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Não ficou nisso. Passou a torpedear, uma a uma, as tentativas de amenizar os efeitos da Lava Jato na economia. Não se limitava apenas a torpedear as parcas iniciativas do governo, mas a proferir juízo de valor sobre temas como a lei de leniência.

Quando crítica o fato de haver muitas instâncias de leniência e o acusado poder fazer um leilão com a mais leniente, é uma opinião técnica. Quando investe contra qualquer acordo, e defende que a única punição correta é aquela que líquida com as empresas, age politicamente - e irresponsavelmente.

***

Como também age politicamente quando recorre a esse execrável expediente de barganhar reportagens e de alimentar blogs e publicações empenhadas na campanha do impeachment. E tira de vez a máscara quando avança decididamente para além das chinelas e, em entrevista à BBC Brasil defende claramente o impeachment como punição para as pedaladas.

Ontem, mais uma vez exerceu a militância, ao entrar em juízo de valores sobre a motivação do vice-presidente Michel Temer em assinar medidas que podem ser caracterizadas como pedaladas, como se o jurista e parlamentar ladino fosse um insuficiente necessitando de apoio da autoridade pública.

O fato de todos - literalmente todos - seus pareceres serem contra o governo compromete não apenas a ele. Ele é o responsável por sua biografia. Mas afeta a imagem de todos os procuradores que trabalham seriamente e respeitam o princípio da impessoalidade no serviço público

***

A crise política e a Lava Jato – somada à inação do governo – já derrubaram o PIB em 2 pontos percentuais adicionais. Não dá mais para usar a crise como holofote para exibicionismos irresponsáveis, valendo-se do poder que foi conferido pelo Estado.

Seja a favor ou contra o governo de plantão, é um ativismo irresponsável para com o país.


Jornal GGN

BRASILEIRO NÃO SE ORGULHA DE SER LATINO-AMERICANO


Apesar de serem do maior país da América do Sul, somente 4% dos brasileiros se auto definem como latino-americanos, ante uma média de 43% em outros seis países latinos (Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru); quem mora no Brasil avalia que o país seria o melhor representante da América Latina no Conselho de Segurança da ONU, mas não quer livre trânsito de latinos por suas fronteiras nem priorizar a região na política externa

25 DE DEZEMBRO DE 2015 ÀS 18:45


247 - Apesar de serem do maior país da América do Sul, somente 4% dos brasileiros se auto definem como latino-americanos, ante uma média de 43% em outros seis países latinos (Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru). Números são da edição 2014/2015 do projeto The Americas and the World: Public Opinion and Foreign Policy (As Américas e o Mundo: Opinião Pública e Política Externa), coordenado pelo Centro de Investigação e Docência em Economia (Cide) do México, em colaboração com universidades da região.
Quem mora no Brasil avalia que o país seria o melhor representante da América Latina no Conselho de Segurança da ONU, mas não quer livre trânsito de latinos por suas fronteiras nem priorizar a região na política externa.

A responsabilidade da pesquisa no Brasil é do Instituto de Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo), que aplicou 1.881 questionários no país.

Em uma das questões, os entrevistados deveriam apontar os gentílicos e expressões com os quais mais se identificavam. A principal resposta foi "brasileiro" (79%), seguida por "cidadão do mundo" (13%), "latino-americano" (4%) e "sul-americano" (1%).

O Brasil foi o único entre os sete países da pesquisa em que o adjetivo pátrio ficou entre as três principais opções dos entrevistados. Argentinos, chilenos, colombianos, equatorianos e peruanos indicaram "latino-americano", "sul-americano" e "cidadão do mundo". E a segunda e terceira opção dos mexicanos depois de "latino-americano" foram, respectivamente, "cidadão do mundo" e "norte-americano".

O estudo também fez a seguinte questão aos participantes: em qual região do mundo seu país deve prestar mais atenção? Na mesma linha do item sobre identidade, o Brasil foi o único na pesquisa a não priorizar a América Latina.

Para os entrevistados, o foco da política externa deve ser a África (24%), depois América Latina (16%), seguida de perto por Europa (13%) e América do Norte (9,5%). Nos outros países a opção pela América Latina predominou, com percentuais de 57% (Argentina) a 30% (Chile e Peru).


Brasil 24/7

'DILMA É VÍTIMA DA TURMA DA ESCULHAMBAÇÃO DO PMDB'


Ministro nos governos dos ex-presidentes Lula e Itamar Franco, o cearense Ciro Gomes comparou a situação atual como sendo 'igual aos 10 anos anteriores a 1964' e 'quase igual a 1964', período em que aconteceu golpe militar no Brasil; Ciro avalia que Dilma é vítima de uma conjuntura política que a colocou na condição de refém 'da turma da esculhambação' do PMDB, mas alerta que ela pode acabar pagando o preço por "erros que vêm sendo cometidos desde o governo Fernando Henrique, como no caso da corrupção na Petrobras"; ele também disse não poder afirmar que Lula é honesto, "porque na vida pública, não basta não roubar. Eu acho que ele não rouba. Mas tem a outra parte da tarefa, que é não deixar roubar. E para isso ele não está nem aí"; sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Ciro disse que "vamos assistir ele ser preso"

25 DE DEZEMBRO DE 2015 ÀS 16:52


247 - Ministro nos governos dos ex-presidentes Lula e Itamar Franco, o cearense Ciro Gomes (PDT) faz uma síntese do cenário político brasileiro e compara a situação atual como 'igual aos 10 anos anteriores a 1964' e 'quase igual a 1964'.Segundo ele, Dilma é vítima de uma conjuntura política pregressa que a colocou na condição de refém 'da turma da esculhambação' do PMDB, mas alerta que ela pode acabar pagando o preço por "erros que vêm sendo cometidos desde o governo Fernando Henrique [ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)], como no caso da corrupção na Petrobras".

Em entrevista ao jornalista Jorge Bastos Moreno, no Canal Brasil, Ciro Gomes rechaça a postura do vice-presidente Michel Temer (PMDB), a quem atribuiu um "mimimi" sua carta enviada à presidente lamentando não ter protagonismo no cenário político. E diz que Dilma paga o preço de ter o PMDB como forte aliado.

"Falei com o presidente Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] e com a presidente Dilma que é uma imprudência colocar este PMDB na linha de sucessão do Brasil. Você tem hoje essa esquizofrenia no governo Dilma. A Dilma faz um discurso moralista, essa é a formação dela, de pequena burguesa, que advoga a decência, e ela é intransigentemente correta, porém recebeu um governo todo misturado, e uma turma que é do ramo da esculhambação".

O ex-governador cearense diz que é preciso o povo saber que o PMDB assumiria o Planalto em caso de Dilma cair.

"O povo precisa saber que em caso de impeachment, quem assume é Michel Temer. Os problemas não mudarão. Michel Temer é íntimo parceiro do Eduardo Cunha, este que está escandalizando o país, que constrangeu o Brasil inteiro, com projeção no exterior, com dinheiro na Suíça, acusado de formação de quadrilha, de ser ladrão de milhões do dinheiro público, e que manipula o parlamento ao seu gosto e prazer. Então repito: esse impeachment é inepto. Só há uma razão que se pode utilizar para o impeachment. O impeachment só pode acontecer se houver crime de responsabilidade dolosamente praticado pelo presidente da República. Nem o mais picareta dos nossos adversários diz que a Dilma é ladra".

Apesar de, por ora, não acreditar no impeachment, Ciro Gomes alerta que Dilma precisa tomar novos rumos e se preocupar com a voz das ruas. "Ela precisar mudar muito. Se o povo brasileiro sair para a rua em multidões corroborando a tese de impeachment, ela cai. Agora, o povo precisar não se deixar manipular, para que a ruptura da democracia não acabe sendo um prêmio amargo por uma pseudovitória de se vingar da Dilma."

Sobre Lula, Ciro diz que não pode afirmar sua inocência diante dos escândalos de corrupção envolvendo o PT. "Eu não diria isso. Porque na vida pública, não basta não roubar. Eu acho que ele não rouba. Mas tem a outra parte da tarefa, que é não deixar roubar. E para isso ele não está nem aí".

O ex-ministro afirma com veemência que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não vai se safar da cassação do mandato. "O brasileiro vai assistir ele indo para a cadeia. É só termos um pouco de paciência. As instituições brasileiras estão funcionando e eu acho que nós assistiremos (e isso não vai demorar). Não pelo parlamento, porque infelizmente a maioria é corrupta".


Brasil 24/7

O Pior Brasileiro do Ano. Por Paulo Nogueira

Postado em 25 dez 2015

por : Paulo Nogueira


Golpista

Não faltaram candidatos fortes, mas é de Aécio, com folga, o título de Pior Brasileiro do Ano.

Aécio só não fez o que deveria fazer: trabalhar no Senado. Fazer jus ao salário e mordomias que os brasileiros lhe pagam.

Ele consumiu seu tempo em conspirações contra a democracia em 2015. Tentou, e continua a tentar, cassar 54 milhões de votos, sob os pretextos mais esdrúxulos, cínicos e desonestos.

Adicionou um novo e definitivo rótulo a sua imagem de playboy do Leblon, adepto de esforço mínimo e máximas vantagens: o de golpista.

Para tanto, andou sempre nas piores companhias da República. Esteve constantemente junto de Eduardo Cunha, que só não levou o título de Pior Brasileiro porque Aécio existe.

Aécio foi vital para que Cunha se sagrasse presidente da Câmara dos Deputados. Depois, quando já eram avassaladoras as provas de ladroagem de Cunha, Aécio armou um esquema de blindagem para que ele não respondesse por seus crimes. Tudo isso para que suas pretensões de golpista obtivessem sucesso.

Aécio protegeu, preservou Cunha. E assim contribuiu decisivamente para que ele chegasse ao fim do ano ainda na presidência da Câmara, o que representa uma tonitruante bofetada moral no rosto da nação.

Pode-se dizer que Cunha é filho de Aécio. São sócios no crime de lesa democracia.

Tanto ele fez que teve acabou recebendo uma resposta espontânea da sociedade. Fazia muito tempo que um político não era motivo de tantas piadas.

2015 foi o ano do Aécio golpista, e também o ano do Aécio piada.

Sua incapacidade patológica de aceitar a derrota se transformou em gargalhadas nas redes sociais.

Qualquer pessoa que caísse no ano, a piada estava pronta. Se o Mourinho cair, assume o Aécio?

Houve humor de outra natureza, também. Memes brotaram em profusão, dias atrás, depois da coroação equivocada como Miss Universo da candidata da Colômbia. Nestes memes, Aécio aparecia como a Miss Colômbia.

O que todos lembravam, ali, eram os escassos momentos pelo qual Aécio se julgou vencedor das eleições presidenciais de 2014.

Ele recebera já informações segundo as quais ganhara de Dilma, e armara uma festa em Belo Horizonte. A comemoração foi brutalmente abortada quando foram anunciados os resultados oficiais.

A imagem da decepção ganhou as redes sociais numa das fotos mais compartilhadas das eleições.

Tivesse grandeza de espírito, Aécio faria o básico. Ligaria para Dilma para cumprimentá-la e tentaria entender onde errou para corrigir os equívocos, eventualmente, numa próxima vez.

Mas não.

Da derrota emergiu um monstro moral, um golpista sem limites e sem pudor, um demagogo que provoca instabilidade no país e depois fala, acusatório, da instabilidade como se não fosse ele o causador dela.

Por tudo isso, e por outras coisas, é de Aécio o título de Pior Brasileiro do Ano.


Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


Diário do Centro do Mundo

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

TENTATIVA DE LINCHAMENTO CONTRA MENOR NEGRO EM COPACABANA - ALERTA



LT   -   You Tube

QUEM PARIU O IMPEACHMENT QUE O EMBALE


22 de Dezembro de 2015

Por Alex Solnik



O impeachment, que parecia ser uma solução, virou um problema.

O problema é o que fazer com ele.

O que prova, mais uma vez, a sua superficialidade e desnecessidade.

Impeachment! Impeachment! Bradavam as vozes da vingança no púlpito em direção a Cunha principalmente a partir da metade deste ano. E Cunha, impávido colosso, fazendo a sua melhor cara de profeta do apocalipse cozinhava em banho-maria, postergava, adiava. Fazia questão de mostrar que o dono do timing do impeachment era ele e mais ninguém. Ou seja: não havia qualquer relevância no impeachment em si, senão ele seria urgente. Se o presidente está cometendo crimes é preciso brecá-lo!

Mas não havia crime. Como não há. O timing era ditado pela conveniência do próprio Cunha. Ou seja: ele estava usando o impeachment como escudo e lança ao mesmo tempo, transformando um instrumento previsto na constituição numa arma de defesa de si próprio e de destruição do adversário, ou seja, o governo.

Quando se sentiu mais acuado, deu o start no impeachment – uma decisão nada sutil – sem avisar aos russos. E sem os russos – no caso, os tucanos - não tem impeachment. Ele apertou o botão na hora errada (certa somente para ele). Os tucanos se tocaram que estavam apoiando uma aventura comandada por um pato manco, e que naquela hora não tinham rua nem votos para derrubar a presidente. Seriam derrotados na certa. E para que anexar mais uma derrota ao currículo?.

O que Cunha conseguiu foi instalar a cizânia dentro do governo, dentro do PMDB e do PSDB. Jogou Temer contra Dilma, Renan contra Temer, Temer contra Picciani, Aécio contra Serra. (E sobrou até para Katia Abreu...)

Está na cara porque os cariocas do PMDB não querem o impeachment. Se não fosse por outro bom motivo, 2016 é o ano da Olimpíada, pela primeira vez no Brasil, pela primeira vez no Rio. O prefeito do Rio não pode brigar com o governo federal num ano em que precisa de verbas federais para organizar “a melhor Olimpíada de todos os tempos”. Ele não vai dar um tiro no pé. E os cariocas também não são malucos de apoiar a instabilidade no país num ano tão decisivo. Somente o carioca Eduardo Cunha não tem esse feeling, ao que parece, pois continua com a borduna na mão.

O que fazer do impeachment? Como abortá-lo? Ele virou pó. Vale a pena perturbar o clima olímpico – que vai trazer divisas importantes num momento em que o país precisa aquecer a economia – e o ano eleitoral de 2016 num processo sem fundamento, sem rua e sem votos?

Cunha é um emérito blefador, mas não tem cacife para reunir 342 votos contra o governo se os tucanos não votarem com ele.

Se tudo o que é sólido desmancha no ar imagine-se algo insólito como esse impeachment. O problema é como abortá-lo. A palavra de ordem em Brasília é: quem pariu o impeachment que o embale.


Blog do Alex Solnik   -   Brasil 24/7

A louca cavalgada de FHC rumo à doença infantil do golpismo. Por Ignacio Godinho Delgado

Postado em 23 dez 2015


Final melancólico de carreira


Por Ignacio Godinho Delgado, professor titular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), nas áreas de História e Ciência Política, e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT-PPED). Doutorou-se em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1999, e foi Visiting Senior Fellow na London School of Economics and Political Science (LSE), entre 2011 e 2012


Autor de uma obra que lidou com temas variados, Fernando Henrique Cardoso, na condição de sociólogo, ficou conhecido principalmente pela noção de desenvolvimento dependente e associado (também vinculada ao nome de Florestan Fernandes), com a qual definiu a trajetória do capitalismo latino-americano (Cardoso e Falletto, 1970). Nela, distinguia-se das concepções ligadas à CEPAL e à versão da teoria da dependência de Gunder Frank e Ruy Mauro Marini, que apontavam limites estruturais à dinamização do mercado interno nos países do continente, sinalizando para a estagnação ou mesmo o colapso do capitalismo na região. Cardoso, ao contrário, considerava que as articulações entre os diversos segmentos da produção capitalista eram capazes de conferir dinamismo ao mercado, não obstante sua tendência à concentração de renda. 

No caso brasileiro, esse diagnóstico se conectava a uma percepção de que o empresariado industrial era incapaz de “ação concertada”, dadas as características da formação do mercado para a indústria no país (Cardoso, 1972). No estágio de internacionalização do mercado interno, com a penetração das multinacionais, tal empresariado, conquanto preservasse algum espaço econômico, ficava “enfeudado” às corporações multinacionais e ao Estado (Cardoso, 1975).

Num registro que hoje soa irônico, em 1974, Cardoso assinalava que o capitalismo dependente e associado forjara, “talvez pela primeira vez na história do Brasil”, a presença de “forças sociais como a massa trabalhadora urbana, os segmentos dos setores técnicos do funcionalismo e das empresas (…) a baixa classe média urbana, o estudantado universitário em expansão…”. E pontificava que “por trás destas forças (que poderiam formar no futuro, grosso modo, uma Partido dos Assalariados) existem os deserdados de sempre que (…) talvez possam, em aliança com o Partido dos Assalariados, constituir base social para uma Oposição” (Cardoso, 1975: 220).

Na década de 1990, Fernando Henrique Cardoso negou ter dito a frase “esqueçam tudo que escrevi”, a ele atribuída já na condição de presidente da República. Não era necessário mesmo negar. O que a teoria do capitalismo dependente e associado apresentava como um diagnóstico do processo de desenvolvimento capitalista, tornou-se, no governo de FHC uma prescrição e uma terapia para o que se convencionou chamar decrise do desenvolvimentismo. A referência à possibilidade de formação de um Partido dos Assalariados não era uma escolha, mas um juízo analítico. A escolha foi, em meio às orientações das agências multilaterais sobre asreformas de mercado nos países em desenvolvimento, na década de 1990, a perspectiva de encerrar a Era Vargas, com a atração de capitais externos e o aprofundamento da internacionalização da economia nacional tomados como decisivos a um novo ciclo de desenvolvimento.

Na década de 1990, uma série de medidas do governo FHC tornou a burguesia local ainda mais “enfeudada” às multinacionais. Com a Emenda Constitucional Nº 6 foi eliminada a noção de empresa brasileira de capital nacional, interditando seu tratamento diferenciado nas políticas públicas. A desproteção tarifária, inaugurada no governo Collor, foi acompanhada, via política macroeconômica, da desproteção cambial, primeiro com a virtual paridade entre o real e o dólar (1995-1998), em seguida, de forma algo atenuada, com a política de metas de inflação. Rechaçou-se, ainda, a utilização de políticas industriais para fortalecimento de empresas e setores, induzidos a um processo de reestruturação guiado fundamentalmente pelo mercado. Por fim, mirando até a Petrobrás, e com sustentação do BNDES, a política de privatizações enfraquecia os centros de pesquisa instalados nas estatais e esvaziava um tradicional mecanismo de política industrial e de inovação, ligado aos efeitos projetados dos investimentos das empresas públicas nas cadeias produtivas e em seu entorno econômico.

Para as empresas nacionais, acenava-se, de modo a compensar a abertura econômica, com a redução do Custo Brasil, especialmente o custo do trabalho, mirando a flexibilização das disposições da CLT (Delgado, 2001). Apostava-se, pois, no trabalho barato para assegurar competitividade às empresas locais, uma perspectiva reacionária e ineficaz para fazer frente a países como a China e Índia, em pleno processo de transição rural-urbana (já completada no Brasil), dispondo de um vasto reservatório de mão de obra a ser incorporada ao mercado de trabalho urbano, induzindo a níveis salariais reduzidos (Delgado, 2015).

Nos enunciados do governo FHC, imaginava-se que a exposição das empresas brasileiras a maior concorrência, derivada da abertura econômica e facilitação dos fluxos de capital, acentuaria a sua capacidade e disposição de inovar, uma dogmática cega às experiências reais vividas por países que já dispunham de indicadores elevados de inovação ou logravam êxito em processos de equiparação aos países centrais, partindo de posições semiperiféricas. 

Em tais experiências, o papel do Estado foi central não apenas para garantir estabilidade aos contratos e segurança nos direitos de propriedade intelectual (Delgado et al., 2010; Delgado, 2015). Coube a ele, também (e principalmente), orquestrar arranjos para reduzir a incerteza que envolve a atividade inovadora, a exemplo do EUA (para ficarmos num país tomado como paradigma de uma economia liberal), que, para tal propósito, recorre a volumosos aportes estatais para a pesquisa e às compras governamentais. Por seu turno, inexistem casos de sucesso, entre países que ostentam patamares elevados de inovação, em que o êxito alcançado não estivesse assentado num núcleo sólido de empresas nacionais, dada a hierarquia que circunscreve a atuação das multinacionais, mantendo em seus países-sede as atividades de inovação mais relevantes e transferindo às suas filiais atribuições de menor significado.

O governo FHC encerrou-se, em 2002, legando ao país um crescimento monumental da dívida pública em sua dimensão financeira, desemprego, desnacionalização, retração da capacidade indutora e mesmo administrativa do Estado, colapso na infraestrutura (evidenciado de forma mais aguda na crise do setor energético), sem lograr qualquer elevação dos indicadores de inovação da economia brasileira (Delgado, 2001 e 2015). A partir daí, seguiram-se quatro vitórias do PT nas eleições presidenciais, sempre ancoradas num discurso que tinha como mote a comparação com os mandatos tucanos. 

Definiu-se, então, o móvel principal do discurso e da atuação política de FHC após sua saída do governo: o ressentimento com o PT e especialmente com Lula, que se tornou o presidente mais popular da história do Brasil. É certo que, pontualmente, pode-se apontar posturas positivas de FHC, após ter deixado a presidência, como na abordagem do tema da descriminalização das drogas, uma alternativa a ser debatida dado o fracasso do tratamento apenas repressivo deste problema. O que sobressai em sua atuação, contudo, é a incapacidade, resultante da vaidade e ressentimento monumentais que o caracterizam, de apresentar-se como uma referência de equilíbrio para a consolidação da convivência democrática no país, como caberia a um ex-presidente da República.

A partir da troca de faixa, FHC se deixou tomar por ressentimento em relação a Lula

Neste ano de 2015, FHC, ao invés de exibir a senioridade que advém de sua trajetória intelectual e política, deixou-se guiar, de forma pueril, pela vaidade e o ressentimento aludidos acima, vendo na crise política, instalada pelo desrespeito da oposição aos resultados das urnas em 2014, a oportunidade para a vendeta e a reabilitação de sua imagem. Alguns episódios sintomáticos, revelam, ademais, afoiteza e descuido nos enunciados produzidos por quem já foi chamado de príncipe da sociologia brasileira.

Em abril, logo após o Datafolha divulgar pesquisa apontando a preferência pela renúncia de Dilma, entre os participantes de ato contra o governo, na Avenida Paulista, FHC, jogando para a sua plateia, faz eco a tal perspectiva, sugerindo a Dilma um “gesto de grandeza” com a renúncia. O ambiente amaina e ele passa a destacar a honestidade de Dilma e a desancar Lula e o PT, falando em corrupção organizada na Petrobrás apenas a partir de 2003 (tese de um dos “delatores premiados” da Lava a Jato), embora diversas fontes indicassem a existência de esquemas organizados em momentos muito anteriores. O próprio FHC confessaria candidamente em seus diários (que mereceram capa da impoluta e imparcial revista Veja), ter recebido denúncias, em 1996, sobre práticas de corrupção na Petrobrás, alegando ter evitado a apuração para não atrapalhar a tramitação legislativa da medida que punha fim ao monopólio estatal do petróleo. Pouco depois, foram redefinidos os processos de contratação de serviços pela Petrobrás, que facilitaram a prática de corrupção na empresa. Altivamente, distante de tudo, FHC preferiu fazer coro à narrativa midiática que vê na corrupção um problema inerente ao petismo, sem colaborar para a busca de soluções institucionais para o problema.

Ao final do ano, após o acolhimento, por Cunha, do pedido de impedimento, FHC observa, diante de movimento de alta na BOVESPA, que “os mercados preferem o impeachment”, como se isso fosse relevante para a análise do mérito do processo, revelando, ademais, desatenção a outro elemento, apontado na própria mídia, para explicar o comportamento dos “mercados”, qual seja a simultânea aprovação pelo congresso da nova meta fiscal, que tanto destravou a capacidade de operação do governo, quanto esvaziou os fundamentos do pedido de impedimento formulado. Por fim, FHC terminou o ano como um reles Kim Kataguiri octogenário, convocando, pelo twitter, as manifestações de 13 de dezembro em favor do impedimento de Dilma. Já deveria ter observado que tais manifestações têm liberado a fúria fascista de uma turba formada e adulada pela mídia, a pedir por vezes a intervenção militar e a incitar à violência.

Enquanto isso, atentos aos perigos que rondam a democracia, antigos parceiros de convivência acadêmica e política, como Luiz Carlos Bresser Pereira e Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministros de FHC, fazem reiterados apelos ao bom senso, apontado a ausência de fundamentos no pedido de impedimento. Quem já foi o príncipe da sociologia e acabou conhecido como o príncipe da privataria, poderia ouvir velhos amigos, para não incluir em seu extenso currículo a condição de golpista.


Diário do Centro do Mundo

COMO SEMPRE, CHICO NOS DEU UMA BOA LIÇÃO

24 de Dezembro de 2015

Por Paulo Moreira Leite



Entre humanos que relincham e outros capazes de zunir, num comportamento próprio de quadrúpedes morais, mais uma vez Chico Buarque de Holanda assegurou seu lugar na história do Brasil e dos brasileiros.

A cena vista e gravada num fim de noite no Rio de Janeiro é apenas a confirmação recente de que Chico é um artista que sabe qual é seu lugar em cada momento de nossa história.

Comporta-se dessa maneira há meio século, seja através da música, dos versos de gênio, de uma literatura cada vez mais apurada e espetacular. Age assim pela postura política de quem recusa o lugar de artista-mercadoria e sabe responder aos percalços e tragédias da conjuntura histórica com clareza, com valentia e uma auto ironia que o acompanha tanto nas horas agradáveis como nas mais difíceis, como se descobre pelo depoimento de um de seus amigos de “ Chico: um artista brasileiro”, documentário que é uma obra prima obrigatória para todo brasileiro preocupado em entender o seu país em 2015.

Mais do que um poeta, um grande escritor recém confirmado, Chico Buarque é uma das raras consciências da nação. Ajudou e ajuda os brasileiros a entender o país em que vivem. Por qualquer meio utilizado, seus enredos convergem para a defesa das grandes maiorias, a solidariedade diante dos explorados e excluídos.

Sempre denunciou o regime militar, combateu a censura, a brutalidade covarde da ditadura e o empobrecimento dos anos 1960 e 1970. Antes e depois da democratização, atuou para defender a primazia dos direitos e interesses dos que não tem direito à palavra, o que explica a importância do pobre, do negro, do explorado, em sua música, na literatura, no engajamento político direto, num tratamento frequentemente solidário e até carinhoso em alguns momentos. Entendeu o ponto de vista mulher, muito antes que se tornasse moda. Defendeu -- como o filme mostra num depoimento surpreendente do início da carreira - os direitos de homossexuais quando palavras como veado e bicha eram parte do vocabulário familiar. 

Acima de tudo recusou as clássicas tentativas de acomodação com os interesses do alto, o que se reflete num comportamento que rejeita as vulgaridades típicas que a sociedade contemporânea reservas aos artistas de sucesso – a começar pelo inevitável beija-mão dos ricos e poderosos, entre eles a TV Globo.

Mostrando que aquilo que parece inevitável pode ser evitado, Chico mostrou uma força moral surpreendente no país da dialética da malandragem. Tem compromissos claros. Nunca deixou de ter um lado e sabemos muito bem que lado é este – e é isso, mais do que qualquer outro fator, que explica vários momentos de sua carreira, inclusive a agressão de anteontem. 

Atacado, cercado, naqueles movimentos tensos que podem descambar para uma situação fora de controle, Chico soube enfrentar com sorrisos e ironias uma provocação tipicamente fascista. Ouviu expressões inaceitáveis de ódio (“você é um merda, quem apoia o PT é um merda”) e ressentimento (“para quem mora em Paris é fácil”).

Manteve a postura adequada ao dizer que cada um tem direito a liberdade de sua opinião (“eu acho o PSDB bandido. E aí?”). No dia seguinte, ao postar a música " Vai trabalhar, vagabundo", lembrou a matriz moral de uma elite que jamais aceitou pegar no pesado. Três séculos e meio de escravidão nos contemplam. Seu nome é o desprezo pela democracia, a vontade indomável de recuperar privilégio, o desprezo pelos de baixo.

Meses depois da filósofa Marcia Tiburi escrever “Como conversar com um fascista”, Chico Buarque saiu da teoria para o terreno áspero da prática.

A experiência ensina que a bestialidade fascista costuma ser uma ação preparatória para atos de violência física, aberta e escancarada. É uma faísca a espera de uma chama capaz de produzir uma catarse.

Ao contrário de uma briga de rua, dos conflitos entre gangues adolescentes e mesmo guerras por ponto de tráfico, que se equivalem num mesmo universo entre interesses idênticos e apenas concorrentes, a violência fascista pretende assumir sempre um caráter político punitivo. É aí, pela pancadaria sem freios, até selvagem, que tenta produzir um espetáculo para sua ideia de superioridade com direito a prevalecer com base na força bruta.

Simula um discurso de redenção num universo que – de seu ponto de vista aloprado -- se tornou incapaz de aceitar indispensáveis remédios civilizatórios. Tenta acobertar a própria brutalidade, de caráter criminoso, a partir de um discurso que busca apontar supostas falhas morais, incorrigíveis, inaceitáveis e vergonhosas, no Outro. Seu discurso tem como destino a morte, numa agressão animalesca que quer fingir que não se trata de pura bestialidade doentia, tentando justificar-se pelas falhas e faltas do Outro. É pura barbárie mas pretende ser castigo. Quer dar uma lição.

Num flerte que nasceu pela ilusão suicida de que os movimentos fascistas podem ser úteis a um negócio que eu sempre imaginei que precisava da liberdade de expressão para sobreviver, nossos meios de comunicação fizeram um papel vergonhoso. Numa clássica banalização do mal, pois precisam das bestas-feras para alimentar um golpe de Estado disfarçado de impeachment, editaram um noticiário com verbos e palavras que invertem os papéis, transformando a vítima em agressor. É preocupante, quando se recorda a estatura cultural de Chico Buarque de Holanda. Nem ele precisa poupado, ensina-se. Vale-tudo -- essa foi a mensagem no dia seguinte.

Quem deu a boa lição foi Chico e isso não surpreende, para quem já assistiu “Chico: um artista brasileiro”. Não vou lembrar, aqui, as inúmeras passagens maravilhosas e diversas cenas pouco conhecidas da biografia de Chico Buarque. Só isso já vale o filme – mas o documentário tem mais. Tem ideias, reflexões.

Fico na principal, que tem a ver com o Brasil de hoje. Num depoimento sobre um país envolvido com um ambiente de desencanto e inconformismo com a economia, a política, a cultura, Chico Buarque formula uma visão indispensável.

Diz que a situação “piorou porque melhorou”.

Você entendeu: as mudanças e progressos ocorridos num período recente, quando as maiorias conquistaram direitos e garantias impensáveis em qualquer época, mudaram o país de alto abaixo. Mas essas mudanças trouxeram contrapartidas que, do ponto de vista de quem já se encontrava do outro lado da nossa imensa avenida social, nem sempre são confortáveis, muito menos bem vindas. Muitas podiam ser corretas, mas sequer ocorreram como se tinha imaginado. E agora? pergunta o filme.

Falando dos anos de sua juventude, em boas escolas, numa família com vida confortável, Chico responde. Lembra da bossa nova, dizendo que, para seu gosto pessoal, era uma música muito mais agradável do que a fase atual da música brasileira. Admite, contudo, que fala de um ponto de vista de uma determinada elite, com uma certa formação e hábitos próprios de quem habita determinados patamares da pirâmide social.

Deixa claro, com sinceridade, que prefere viver num país onde todos possam expressar a música a seu gosto e a seu estilo – mesmo que isso não seja o mais agradável a seus ouvidos. Essa é a opção.

Você sai do cinema convencido de que, como a maioria das pessoas, Chico tem muitas críticas ao que ocorre no país de hoje. Nem por isso, contudo, perdeu as referências de sua história nem os valores que nos ensinou a preservar – mesmo quando eram impronunciáveis e até malditos. Essa é sua força, seu lugar.

Recusa-se a negociar princípios democráticos em nome do gosto pessoal. 

Essa é a lição que se deve aprender.


Blog do Paulo Moreira Leite   -   Brasil 24/7

O playboy que não educou o filho Garnerinho. Por Nathalí Macedo

Postado em 23 dez 2015


Playboy pai, playboy filho


Há dois dias não valeria a pena falar sobre Alvaro Garnero e a ignóbil classe que ele representa, até que seu filho, Alvarinho – pôr o próprio nome no filho: clássico! – resolveu insultar ninguém menos que Chico Buarque de Holanda, nos chamando a atenção para essa parcela vergonhosa da elite brasileira.

Ele tem lutado bravamente contra o estigma de “playboy”. Ao que nos parece, depois do vergonhoso “Rei do Camarote” – como esquecer? – transmitir a imagem de bon-vivant está fora de moda. E nada mais típico desta classe do que querer a qualquer custo estar na moda.


Numa geração em que é possível forjar a própria imagem com a ajuda das redes sociais, até que seria fácil, para um homem como Garnero, livrar-se desta terrível fama, mas, francamente, ele não se ajuda – a começar pela descrição do empresário no site oficial de seu programa de viagens, 50 por 1 (logo abaixo de uma imagem dele próprio photoshopado e com o sorriso mais branco e artificial que se possa imaginar).

“Um Álvaro original | Um Álvaro muito criativo – Filho do empresário Mario Garnero e de Ana Maria Monteiro de Carvalho, Álvaro Garnero nasceu no Rio de Janeiro. Tendo sido já comparada a grandes dinastias do universo social da América e da Europa – como os Kennedy ou os Grimaldi – sua família possui uma larga tradição de prestígio e representatividade.”

Essa gente tem uma necessidade incompreensível de ressaltar a importância da própria família: é como se fosse preciso esfregar na cara de quem quer que seja o seu sangue azul.

A vergonha alheia não para. O texto de apresentação continua assim:

“Álvaro Garnero é formado em administração pela San Diego State e especializou-se com seu MBA na National University. Ele cresceu passando meses no sul da França, em férias com sua família, e morou durante 15 anos nos Estados Unidos, onde se casou e se tornou pai.

(…) Álvaro Garnero também é um empresário com importante expertise – e patrimônio – no ramo do entretenimento.”

Exposição de titulações acadêmicas como forma de diminuir a futilidade aparente por detrás dos 45 minutos diários de bronzeamento artificial, destaque para os anos vividos fora do Brasil – que tipo de Playboy não passa alguns aninhos nos Estados Unidos, afinal? – e o Gran Finalle: “um empresário de importante expertise – e patrimônio.”

Um homem de meia idade com pinta de galã, que usa 45 minutos do seu dia para se bronzear artificialmente – e sabe-se lá mais o quê para manter uma boa aparência – tem um longo currículo e belas modelos – mulheres lindas exibidas como treféus: típico, mais uma vez – e é dono do Café de la Musique, o ambiente mais caro e elitista de Trancoso – BA.

Eu posso imaginá-lo rodeado de belas modelos – que no dia seguinte não se lembrarão o seu nome – tirando selfies em lanchas luxuosas enquanto fala de política com o que aprendeu (?) na Veja e comenta com um amigo sobre o novo e revolucionário método de suplementação para manter-se a cara da geração saúde.

Garnero é o típico coroa-tudo-em-cima, com muito dinheiro e nenhuma cultura, que agora se arrepende da imagem de futilidade que sempre transmitiu – desculpe, amigo: receio que seja tarde demais.

Ninguém precisa vê-lo gastar uma fortuna em camarotes e bebidas que piscam para compreender que Garnero é o mais típico representante desta classe cafona em franco declínio. Basta uma passadinha pelo seu Instagram – que se resume a belos lugares, belas mulheres e piadas de mau-gosto – ou ler o release de seu programa de TV.

Ele quer nos convencer de que ‘nunca foi playboy’ enquanto posa bronzeadíssimo em uma lancha – com uma frase de auto-ajuda na legenda – e educa um filho para envergonhar a juventude brasileira ao insultar Chico Buarque.

Garnero, assim não dá pra te defender.


Sobre a Autora
Colunista, autora do livro "As Mulheres que Possuo", feminista, poetisa, aspirante a advogada e editora do portal Ingênua. Canta blues nas horas vagas.


Diário do Centro do Mundo