quinta-feira, 26 de maio de 2016

CIRO NOGUEIRA EMERGE COMO ALIADO MAIS FORTE DE TEMER


Presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) emplacou ontem o aliado Gilberto Occhi, como presidente da Caixa Econômica Federal, e se tornou, na prática, o aliado mais poderoso do governo Michel Temer; além do banco, o PP ficou ainda com o ministério mais rico, o da Saúde, com o deputado Ricardo Barros (PP-PR), e o da Agricultura, com Blairo Maggi; Temer avalia que, com seus 51 deputados, o PP foi o "fiel da balança" na votação do impeachment e fez questão de cumprir o acordo político em torno da Caixa, mesmo sofrendo fortes pressões de aliados do PSDB e do PMDB; embora o PSDB tenha três ministérios, Justiça, Cidades e Itamaraty, cada um atende a um dos caciques tucanos (Aécio, Alckmin e Serra); no PP, Ciro Nogueira tem o comando sobre a legenda

26 DE MAIO DE 2016 ÀS 08:37


247 – Quem é hoje o principal aliado político do governo interino de Michel Temer? A resposta ficou clara no fim da tarde de ontem, quando Temer confirmou o nome de Gilberto Occhi como novo presidente da Caixa Econômica Federal, no lugar de Miriam Belchior. Trata-se do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que é presidente nacional do PP e emplacou ainda os ministros da Saúde, deputado Ricardo Barros (PP-PR), e da Agricultura, Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo.

Funcionário de carreira da Caixa, Occhi já havia sido ministro das Cidades e da Integração Nacional no governo da presidente afastada Dilma Rousseff, mas, nas últimas semanas, vinha recebendo disparos apócrifos na imprensa, sendo até incluído numa estranha ação judicial que tentava responsabilizá-lo pelas pedaladas fiscais. Era fogo amigo, que partia de outros aliados de Temer, no PSDB e no próprio PMDB, que ambicionavam o comando da Caixa.

Temer, no entanto, fez questão de cumprir o acordo com Ciro Nogueira, por avaliar que o PP, com seus 51 deputados, foi o "fiel da balança" na votação do impeachment. Embora o PSDB tenha hoje três ministérios, cada um deles atende a um dos caciques tucanos. Se o senador Aécio Neves (PSDB-MG) indicou Bruno Araújo para Cidades e o governador Geraldo Alckmin fez Alexandre de Moraes na Justiça, o próprio senador José Serra (PSDB-SP) assumiu o Itamaraty. No PP, diferentemente do PSDB, que é fragmentado, Ciro Nogueira tem o comando.

Asssumidamente conservador

Herdeiro de uma tradicional família política no Piauí, Ciro Nogueira teve três mandatos de deputado federal e foi eleito senador em 2010. Em 2009, ele chegou a disputar a presidência da Câmara, sendo derrotado por Temer que é hoje presidente interino. Em 2013, ele assumiu o comando do PP, no lugar de Francisco Dornelles, vice-governador do Rio, que se tornou presidente de honra da legenda.

Herdeiro do antigo PDS, o PP é um partido assumidamente conservador – o que, segundo seu presidente, encontra amparo em ampla maioria da população brasileira. Empresário, Ciro foi aliado dos governos Lula e Dilma, mas defende uma presença menor do Estado na economia e pretende lançar um candidato identificado com o PIB à presidência da República em 2018. Hoje, quem larga na frente é Blairo Maggi, que já foi governador do Mato Grosso em duas oportunidades e, como um dos homens mais ricos do Brasil, teria condições de organizar uma campanha no novo cenário em que estão vedadas doações empresariais.

Relação com Temer

Embora tenha emergido como um dos principais aliados de Temer, Ciro Nogueira foi o único a declarar que seu partido apoiaria a presidente Dilma Rousseff na votação do impeachment. No entanto, quando se deu conta de que outros aliados, como o PSD, de Gilberto Kassab, e até a ala do PMDB que havia conquistado ministérios com Dilma decidiu se bandear para o outro lado, ele também reavaliou sua posição.

Nesta quarta-feira, uma reportagem do jornal O Globo sobre a escolha de Gilberto Occhi para a Caixa aponta como Temer – que sabe que ainda é apenas interino – fez questão de honrar seu acordo com Ciro Nogueira. Confira abaixo: 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reuniu-se com o presidente interino, Michel Temer, para tratar do assunto. Defendeu até a última hora, segundo fontes, a manutenção de Alexandre Abreu para o BB e dizia ser contra o nome de Occhi para a Caixa. No entanto, Temer não aceitou as duas propostas.

Temer teria dito que Gilberto Occhi, apesar de ter sido ministro no governo Dilma Rousseff, deveria ser confirmado, para cumprir um acordo com o PP, pois o partido foi importante para a aprovação do impeachment no Congresso Nacional. No entanto, vetou o nome de Abreu justamente por ser ligado à gestão anterior. Meirelles, então, teria consultado fontes do mercado financeiro para encontrar alguém para o BB.


Brasil 24/7

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