domingo, 24 de julho de 2016

A Folha “quase” descobre que Temer está “raspando o tacho” até o impeachment




POR FERNANDO BRITO · 23/07/2016




A Folha de hoje começa a acordar para a realidade e publica que “Temer queima reservas para evitar deficit maior do que a meta planejada para o ano” e, mesmo assim, vai ser difícil chegar ao final do ano sem – como dizem especialistas citados pelo jornal– um “tarifaço” que eleve os preços pelo acréscimo de impostos.

A previsão de que o governo tenha R$ 16, 5 bilhão de déficit além do previsto é de um “otimismo” que não tem base alguma nos fatos.

Nem nos números, que a imprensa, preguiçosamente, deixou de analisar.

O Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do Governo, divulgado esta semana, estima uma queda de receita adicional de R$ 10,8 bilhões que, com as transferências menores a Estados e Municípios, dá um saldo negativo de R$ 7,9 bi .

E prevê um aumento extra de despesa de pouco mais de R$ 8,6 bilhões.

Dá um aumento de déficit de R$ 16,5 bilhões.

Mas isso é o cálculo da diferença de maio para junho, como se o resto do ano fosse apresentar estabilidade.

Ou seja, supõe que a despesa não vá ter mais crescimento real e a arrecadação não vá mais ter novas perdas em relação à inflação.

O que, a esta altura, não parece provável, a não ser no discurso otimista do oficialismo.

A “reserva financeira” de mais R$ 2o bilhões que se teria para queimar não existe como reserva orçamentária: é o “floating” de caixa que o governo tem para operar pagamentos.

A “sobra” orçamentária para o ano está reduzida a R$ 1,bilhão, o que é nada para um gasto governamental de mais de R$ 90 bilhão a cada mês.

A situação é muito pior.

Mesmo expurgando a retração da arrecadação do Imposto de Renda, sempre maior em abril, as perdas de receita de abril para maio caíram R$ 10, 3 bilhões.

Cairia “só” isso até o final do ano?

Improvável, quase impossível.

O “rombo extra” decretado por Temer não resiste até outubro.

Henrique Meirelles sabe disso. E por isso está quieto e, quando fala, não deixa de acenar com o “Plano C ” do aumento de impostos.

Meirelles sabe, o Banco Central sabe e o “mercado” sabe, apenas fingem que não.

E você verá, no próximo post, como, além dos impostos, os recursos virão da postergação dos benefícios previdenciários, sem excluir, como cansaram de falar, quem está perto de se aposentar.


Tijolaço

Nenhum comentário:

Postar um comentário