quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Ruralista que matou agente da PF é condenado a 34 anos de prisão

QUI, 23/02/2017 - 15:23


Jornal GGN - Após longo julgamento, decisão do júri em Curitiba (PR) condenou o ruralista Alessandro Meneghel a 34 anos e seis meses de prisão pelo assassinato de Alexandre Drummond Barbosa, agente da Polícia Federal, ocorrido em 2012. 

O crime ocorreu em frente a uma casa noturna na cidade de Cascavel. Após um desentendimento, o agente da PF foi morto com mais de 40 tiros. Ex-presidente da Sociedade Rural do Oeste, Meneghel havia lançado sua pré-candidatura para deputado estadual pelo DEM em 2012, tendo o apoio do hoje governador Beto Richa (PSDB). 

A defesa de Meneghel adotou diversas estratégias para protelar o julgamento e a condenação, até mesmo provocando os promotores para obter reações que cancelassem o júri. O local do julgamento foi transferido para Curitiba para evitar uma possível pressão por parte da família de Meneghel sobre testemunhas.


Do CGN


Após cerca de 30 horas de júri popular, Alessandro Meneghel foi condenado a 34 anos e seis meses de reclusão pela morte do Policial Federal Alexandre Drummond Barbosa, em 2012. A decisão do júri foi definida na madrugada desta quinta-feira (23), em Curitiba e proferida pelo juiz Thiago Flôres Carvalho depois das 3 horas.

O julgamento foi longo. No primeiro dia foram cerca de 14 horas ouvindo testemunhas, presencialmente ou por videoconferência. Como um cabo de guerra, defesa e acusação buscaram traçar um perfil da vítima e do réu.

Houve momentos de emoção por parte da família da vítima e de tensão entre juiz, ministério público e advogado. O juiz teve que ser firme para manter a ordem diante de ânimos exaltados.

Ao longa da exposição foram muitas questões técnicas. A imagem do crime foi reprisada e analisada à exaustão, com informações de peritos, inclusive contratados para tentar comprovar qual foi a dinâmica do ocorrido.

No segundo dia a oitiva de Meneghel, que começou por volta das 10h30, só foi concluída no final da tarde. Descontados os intervalos. Meneghel foi ouvido e questionado por cerca de seis horas. Neste período ele se emocionou e ficou irritado muitas vezes, mas não deixou de prestar os esclarecimentos.

Neste segundo dia de julgamento, réu, defesa, acusação, jurados e juiz permaneceram mais de 17 horas debatendo o futuro do ruralista.

Argumentos da acusação

A promotoria apresentou Meneghel como um homem impulsivo e com grande histórico no setor policial.Acusações da ex-esposa e a filha foram resgatadas. Para a acusação Meneghel saiu aquele dia para caçar, buscou armas e até um cão e voltou com a intenção de matar o policial.

A violência do crime foi detalhada: ossos quebrados, muito sangue, muitos disparos. Tudo para convencer os jurados de que o policial foi vítima de um crime cruel.

Histórico

O crime ocorrido em frente a mais tradicional casa noturna de Cascavel ocorreu em abril de 2012. Meneghel é de uma família tradicional de ruralistas, chegou a ser candidato a deputado e sempre se envolveu em polêmica, especialmente ligadas aos assuntos agrários. O policial federal morto tinha 36 anos e o caso gerou grande comoção na categoria.

Meneghel foi preso na mesma madrugada e ficou por mais de três anos na cadeia. Durante este tempo foi protagonista da sangrenta rebelião na PEC, posto como uma espécie de porta-voz nas negociações. Ele foi liberado para prisão domiciliar em julho de 2015, com uso de tornozeleira.

O próprio júri foi muito polêmico. O local foi transferido para Curitiba para evitar uma possível pressão por parte da família do réu sobre testemunhas. Defendido pelo famoso e polêmico Cláudio Dalledone Junior, foram várias estratégias para adiar o júri. Um julgamento ocorrido em março do ano passado foi totalmente anulado quando se aproximava do final e Dalledone deixou o júri. Foram várias idas e vindas, acusações de coação, datas para o júri remarcadas. Até que Meneghel, aos 50 anos, foi julgado e condenado.

Sentença

Depois da decisão do juiz os promotores choraram. Compuseram o corpo de jurados cinco mulheres e dois homens. O ruralista teve prisão domiciliar revogada e teve a prisão preventiva decretada. Considerando a idade que Meneghel tem hoje e o tempo já cumprido, ele terá cerca de 80 anos quando terminar de cumprir a pena. 




Jornal GGN

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