sábado, 15 de abril de 2017

A Odebrecht sempre teve lado. Por Roberto Moares




POR FERNANDO BRITO · 15/04/2017




Antes do artigo de Roberto Moares, a transcrição, literal, da coluna de Gisele Vitoria, na Istoé, em setembro de 2014. Véspera da eleição e Lava Jato já em pleno curso.

Alckmin, Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves dividiram a mesa número 3, do anfitrião João Doria, com Jorge Gerdau, Marcelo Odebrecht, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, e os empresários Pedro Passos, da Natura, e Rubens Ometto, da Cosan. Entre as outras 11 mesas que ocupavam o salão principal e a varanda, José Serra, que chegou por volta das 22h30, a primeira-dama Lu Alckmin e ACM Neto jantaram com anfitriã Bia Doria. No Menu da Chef Morena Leite, couscous marroquino com brotos e legumes Confit na entrada e nhoque de abóbora com molho de salvia como prato principal foi apreciado por gente como Nizan Guanaes, Tutinha, o inventor do Pânico, e a estilista Martha Medeiros. O linguado em crosta de quinua recheado com pupunha e flan de banana da terra foi servido com vinhos franceses Sancerre Comte Lafond Blanc 2012 (Baron de Ladoucette & Comte Lafond, do vale do Loire) e Mercurey 2007 (Chanson Pêre & Fils, da Borgonha)

Dito isso, ao artigo:
A Odebrecht sempre teve lado

Roberto Moraes, no Facebook

Ao contrário do que se tenta empurrar como interpretação, a Odebrecht sempre teve lado
O caso Odebrecht parece confuso. E é.

Porém, observando mais atentamente se vê que é possível tirar algumas conclusões do caso Odebrecht, olhando o todo e não as partes.

Mais uma vez : o todo e não as partes.
Lendo, vendo e ouvindo as várias fontes – de todos os matizes e origens – se vê que todas as leituras fazem seus recortes. Escolhas e seleção das partes em que vão focar para construir suas interpretações.

O fato do ministro Fachin ter liberado todo o conteúdo de todas as delações permite interpretações mais totalizantes que o vazamento seletivo das partes não permitia.

Ao contrário do que alguns tentam mostrar a Odebrecht não é vítima deste processo.
O poder econômico é parte deste processo ao comprar e dirigir o poder político, onde está o Estado que tenta controlar, mesmo sem a outorga popular do mandato.

A busca direta do mandato pelo poder econômico contém riscos.

Assim, é sempre mais fácil cooptar e controlar o poder político.

Aí entra não apenas a ajuda para a eleição atual como a futura. Ou ainda, o pagamento das dívidas das eleições passadas.

A compra indistinta com apoios, não significa que a companhia não tivesse suas preferências.
Assim, com este esforço de leitura mais integral se vê de forma clara a compra e o controle do poder econômico sobre o político – que também não é vítima, mas agente do processo da “democracia capitalista” – é possível observar outros pontos que parecem essenciais para interpretar a fase mais próxima do momento atual, de 2014 até hoje.

É fato que a Odebrecht foi instrumento fundamental para comprar apoios e eleger o pior Congresso da história deste país na eleições de 2014. Fez isto, ao se submeter, entre outras coisas ao Cunha e sua trupe do PMDB que hoje foi para o poder com o golpe.

Daí, não é difícil depreender que a Odebrecht também tenha comprado o golpe.

Diretamente, ou indiretamente, ao viabilizar a eleição destes congressistas que votaram o impeachment.

Nesta linha, não se pode deixar de registrar que ao comprar o Pastor Everaldo para ajudar Aécio na reta final da eleição de 2014 – além de outros atos correlatos com a mesma intenção – a Odebrecht deixou evidente quem preferia no controle central do poder político no Brasil.
Isto não quer dizer que a Odebrecht não conviveria com Dilma, ou com o PT. Como já vinha convivendo durante doze anos, ou três mandatos.

Não é por outro motivo a indignação do velho Odebrecht contra a mídia comercial, que não só sabia de tudo isto, como sempre jogou do mesmo lado do grupo empresarial na disputa pelo controle do poder político no Brasil.

Evidente que esta narrativa não interessa a setores que escolhem outras partes para construir suas interpretações.

Toda interpretação fará escolhas de partes para interpretar o todo.

Porém, algumas serão sempre mais críveis e sustentadas nos fatos que outras.

A Odebrecht, a despeito dos apoios à diversas forças do jogo político, sempre teve lado.
É inocência ou má fé interpretar o contrário.



Tijolaço

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