sábado, 22 de abril de 2017

CAIADO ROMPE COM O GOLPE E DEFENDE DIRETAS JÁ


Embora tenha apoiado o golpe de 2016, que arruinou a economia brasileira a imagem internacional do País, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) anunciou, neste sábado, seu rompimento com o governo de Michel Temer; em artigo publicado neste sábado, ele defende a convocação imediata de eleições diretas, não só para a presidência, mas para todos os cargos, como a única forma de pacificar o País; "O novo governo não é novo; é subproduto do que foi derrubado nas ruas", diz Caiado, que se diz disposto a renunciar ao próprio mandato de senador, se houver consenso para eleições gerais

22 DE ABRIL DE 2017 


247 – Embora tenha apoiado o golpe de 2016, que arruinou a economia brasileira a imagem internacional do País, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) anunciou, neste sábado, seu rompimento com o governo de Michel Temer.

Em artigo publicado neste sábado, ele defende a convocação imediata de eleições diretas, não só para a presidência, mas para todos os cargos, como a única forma de pacificar o País.

"O novo governo não é novo; é subproduto do que foi derrubado nas ruas", diz Caiado, que se diz disposto a renunciar ao próprio mandato de senador, se houver consenso para eleições gerais.

Leia abaixo:

Só o batismo das urnas propiciará solução pacífica e civilizatória

Por Ronaldo Caiado (DEM-GO)

O Reino Unido acaba de dar exemplo de como (e por que) funcionam as verdadeiras democracias. Diante de um quadro de impasse político, decorrente da saída da UE —o "brexit—, seu Parlamento, por iniciativa da premiê Theresa May, antecipou as eleições para 8 de junho.

Foi uma decisão esmagadora: 522 a 13. Parlamento e primeira-ministra teriam mandato até 2020, mas entenderam que, com o "brexit", estabeleceu-se uma ruptura da agenda política sob a qual se elegeram. Nessas circunstâncias, não há soluções de gabinete. Só o povo tem os meios de zerar o jogo e reiniciá-lo.

O Parlamento poderia ter feito vista grossa, em defesa de interesses pessoais e partidários, conservando os mandatos por mais três anos. Mas, em nome de algo bem maior —a governabilidade e o interesse público—, abriu mão de privilégios.

Cabe aí uma analogia com o quadro brasileiro, bem mais grave, dadas as suas circunstâncias econômicas, morais e sociais.

O impeachment da presidente Dilma Rousseff estabeleceu também uma ruptura com a agenda político-econômica sob a qual havia sido eleita —ela e sua base política, da qual faziam parte o seu vice, Michel Temer, o PT, o PMDB e outros partidos.

Essa agenda, como se sabe, foi rejeitada nas ruas, em megamanifestações, por uma conjunção de fatores: rombo orçamentário de R$ 200 bilhões e 14 milhões de desempregados, além do strip-tease moral exposto pela Lava Jato.

O Congresso, pressionado pela indignação popular, entendeu que bastava afastar a presidente, adaptar-se ao novo governo e estabelecer um realinhamento partidário. Solução artificial, de gabinete, que a sociedade rejeita. O novo governo não é novo; é subproduto do que foi derrubado nas ruas.

A sequência das investigações da Lava Jato mostra também o comprometimento de parcela expressiva dos partidos que estão no governo e que estiveram alinhados com o PT, que comandou o maior saque aos cofres públicos de que se tem notícia.

A crise brasileira, nesses termos, mostrou-se, mais que econômica, mais que política, institucional. Os três Poderes padecem de profunda falta de credibilidade para solucionar a crise; a sociedade não se sente representada por eles -e não confia nem chancela as propostas que lá tramitam, em busca de soluções.

A saída —e venho sustentando isso desde os tempos em que ainda se discutia o impeachment— é zerar o jogo, com novas eleições gerais, que restabeleçam a sintonia entre o povo e as instituições.

O exemplo britânico aí está. É preciso grandeza cívica para abdicar do conforto de mandatos e posições de influência. Disponho-me pessoalmente a fazê-lo, mesmo tendo sido eleito para um mandato de senador, de oito anos, que nem sequer chegou à sua metade.

O desconforto maior, no entanto, é integrar uma instituição cujo descrédito cresce a cada dia e já não tem meios de cumprir suas mais elementares tarefas.

Este Congresso ou não terá meios de fazê-las ou, se as fizer, as verá rejeitadas pela sociedade, aprofundando a crise. Só o batismo purificador das urnas —aqui como no Reino Unido ou em qualquer democracia— propiciará solução pacífica e civilizatória.

Os que se apegam a formalismos alegam que a periodicidade das eleições é intocável.

Ora, intocável é o interesse público, afrontado por uma conjuntura em que as instituições já não o representam. Se todo o poder deve emanar do povo (parágrafo único, do artigo 1º da Constituição) e não está emanando, então é o próprio país oficial que incorre em inconstitucionalidade. Às urnas!


Brasil 247

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