domingo, 2 de julho de 2017

EM EDITORIAL, VEJA PARECE ARREPENDIDA DO GOLPE


Em editorial intitulado "De costas para o país" a revista Veja parece até ter se arrependido do golpe que ajudou a perpetrar contra a presidente legítima, Dilma Rousseff; em um longo texto, a publicação da editora Abril faz uma série de críticas a Michel Temer; "Além de ser o primeiro presidente denunciado no cargo, Temer está se transformando num presidente de deputados, e não do conjunto dos brasileiros", diz a revista

1 DE JULHO DE 2017


247 - Quem lê o editorial da revista Veja desta semana pode até pensar que a publicação da editora Abril tenha se arrependido do golpe que ajudou a concretizar.

Em um texto batizado de "De costas para o país", a revista faz duras críticas ao peemedebistas.

O difícil é acreditar que eles só descobriram tudo isso agora.

Confira abaixo a íntegra do texto: 

Na condição de primeiro presidente da República denunciado por corrupção passiva no exercício do cargo, Michel Temer fez um pronunciamento transmitido ao vivo na terça-feira passada. No dia anterior, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgara a denúncia na qual afirma que Temer “recebeu para si, em unidade de desígnios e por intermédio de Rodrigo Santos da Rocha Loures, vantagem indevida de 500 000 reais”.

Em seu discurso, Temer, cercado de aliados, disse que respondia a um “ataque injurioso, indigno e infamante à minha dignidade pessoal”, pediu “provas concretas” de que havia recebido “valores”, reclamou de estar sendo vítima de uma “denúncia por ilação”, chamou a peça de Janot de “ficção” e atacou o procurador pessoalmente. Só não endereçou as acusações com clareza. Nada disse sobre as razões de ter recebido o empresário-delator Joesley Batista, da J&F, às escondidas no Palácio do Jaburu, nem sequer mencionou o nome de seu ex-assessor Rocha Loures, hoje conhecido como “o homem da mala”.

O aspecto mais claro do discurso de Temer foi também o mais lamentável: o presidente, durante mais de vinte minutos, falou aos deputados que o cercavam, aos deputados que o viam pela televisão ou pelos sites, aos deputados que em breve decidirão se ele fica ou cai. Em nenhum momento dirigiu-se ao país, ao povo, à população, aos eleitores, aos cidadãos brasileiros. O país queria ouvir uma explicação para as acusações. Queria argumentos plausíveis, críveis, lógicos, razoáveis. Em vez disso, ouviu um discurso concebido para soar como sinfonia graciosa a deputados, não a todos, mas àqueles que precisam de proteção contra violações da lei.

Com isso, além de ser o primeiro presidente denunciado no cargo, Temer está se transformando, com espantosa rapidez, num presidente de deputados, e não do conjunto dos brasileiros. Segundo a pesquisa mais recente, apenas 7% dos eleitores confiam no governo de Temer. É claramente difícil falar a tal plateia, mas essa é a plateia que acorda cedo todos os dias, trabalha duro, paga impostos e merece respeito e atenção. Esse é o país que deseja ouvir de seu presidente palavras que se projetem além de uma catilinária. Ao não se defender, ao dirigir-se apenas aos que vão votar sua denúncia e virar as costas para o país, Temer acabou por robustecer a peça de Janot e obscurecer suas falhas, como mostra a reportagem da página 48.




Brasil 247

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