domingo, 30 de dezembro de 2018

É tipico da Inquisição exigir contrições e que se abjure



POR FERNANDO BRITO · 30/12/2018


Ainda refletindo sobre o post anterior, dos que maldizem a esquerda por não se prestar aos rapapés da posse do sr. Jair Bolsonaro na Presidência, ocorre-me que é, para muitos, uma continuidade dos insistentes pedidos – exigências, melhor dizendo – que se fizeram durante a campanha para que Fernando Haddad fizesse uma “autocrítica” pelos pecados ocorridos durante os governos Lula e Dilma.

É curioso que aqueles que nunca se incomodaram com a selvageria das relações sociais se preocupam em exigir que todos pertençam ao que Leonel Brizola um dia nominou de “clube amável da política”.

Mesmo quando havia o risco – e agora a realidade – de que no poder se entronize a selvageria, não o fizeram.

Não vi nenhum destes “civilizadíssimos” exigir, para merecer respeito, “autocríticas” de que se deveria ter matado “30 mil”, nem de de um caminhão de monstruosidades que o futuro presidente tenha se dito arrependido de pronunciar.

Sabe por que?

Porque o pensamento único, que ensaiou passos tímidos na ascensão do neoliberalismo, agora avança em marcha batida e a passo de ganso e é preciso que se aceite o império da brutalidade nas relações sociais que o neoliberalismo mal disfarçava na promessa futura de abundância para todos.

Agora é menos acolchoado.

São a ordem e a moralidade (moralidade seletiva e policialesca) os valores que não admitem contestação.

E os que o fizeram, como na Inquisição, só podem ser poupados mediante a contrição e a abjuração das crenças passadas, proclamando que eram falsas adorações e pensamentos heréticos que praticavam.

É como se os ladrões que operaram sob o governo petista tenham sido sua criação e que antes, reinavam a honradez e a decência nos negócios públicos.

Se pode haver alguma surpresa – e boa – no que vem acontecendo é que o núcleo do PT e o próprio PSOL, nos seus delírios “politicamente corretos” – estejam resistindo às tendências de “bom comportamento”.

Ao que nos convidam a nos ajoelhar aos novos césares, que se entenda que, com esta suposta “amabilidade”, estaremos praticando a rendição ante a barbárie.


Tijolaço

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