terça-feira, 22 de janeiro de 2019

PRESOS MILICIANOS SUSPEITOS DE MATAR MARIELLE E HOMENAGEADOS POR FLÁVIO BOLSONARO

O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Rio desencadeou nesta terça-feira a Operação "Os Intocáveis", em Rio das Pedras, que prendeu ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes; os principais alvos são o major Ronald Paulo Alves Pereira e o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe da milícia de Rio das Pedras – onde Fabrício Queiroz chegou a se esconder; ambos foram homenageados em 2003 e 2004 na Alerj por indicação do então deputado estadual Flávio Bolsonaro – filho de Jair Bolsonaro, o único presidenciável que não condenou o assassinato

22 DE JANEIRO DE 2019

247 – "O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), com o apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, desencadeou na manhã desta terça-feira a Operação Os Intocáveis, em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, e outras localidades da cidade, que prendeu ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Os presos são integrantes da milícia mais antiga e perigosa do estado", informam os jornalistas Chico Otávio, Vera Araújo, Arthur Leal, Gustavo Goulart, Rafael Soares e Pedro Zuazo, em reportagem publicada no jornal O Globo. "Para a ação, que mobiliza cerca de 140 policiais, a Justiça expediu 13 mandados de prisão preventiva contra a organização criminosa. Os principais alvos da operação são o major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira, o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe da milícia de Rio das Pedras; e o subtenente reformado da PM Maurício Silvada Costa, o Maurição."

Segundo a reportagem, o major Ronald Paulo Alves Pereira, de 43 anos, é investigado por integrar a cúpula do Escritório do Crime. Em outro texto, Chico Otávio e Vera Araújo dizem que os principais suspeitos do assassinato de Marielle Franco foram homenageados pelo senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). "Os dois principais alvos da Operação Intocáveis , o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega e o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, foram homenageados, em 2003 e 2004, na Assembleia Legislativa do Rio por indicação do deputado estadual Flávio Bolsonaro. O parlamentar sempre teve ligação estreita com policiais militares. Adriano, que ainda não foi encontrado pela polícia, chegou a receber a medalha Tiradentes, a mais alta honraria do Legislativo fluminense. Ronald, um dos presos na manhã desta terça-feira, ganhou a moção honrosa quando já era investigado como um dos autores de uma chacina de cinco jovens na antiga boate Via Show, em 2003, na Baixada Fluminense. Os dois são suspeitos de integrar o Escritório do Crime, um grupo de extermínio que estaria envolvido no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL)", informam os jornalistas.

Leia, abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre o caso:

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) desencadeou na manhã de hoje (22) uma operação para prender 13 integrantes de organização criminosa que atua em Rio das Pedras, Muzema e adjacências, todas no Rio de Janeiro.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência, da Draco e da Core/Polícia Civil. Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão.

Já foram presos pelo menos cinco dos integrantes da organização, entre eles um major da Polícia Militar; o tenente reformado também da PM Maurício Silva da Costa, o Maurição, que seria o chefe do grupo de milicianos, posto que dividia com o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães.

Segundo nota do MPRJ, as investigações, realizadas por meio de escutas telefônicas e notícias de crimes, recebidas pelo canal Disque Denúncia, “evidenciam que os denunciados estão envolvidos em atividades de grilagem, construção, venda e locação ilegais de imóveis; receptação de carga roubada; posse e porte ilegal de arma; e extorsão de moradores e comerciantes, mediante cobrança de taxas referentes a ‘serviços’ prestados.

Eles são acusados, ainda, de ocultação de bens adquiridos com os proventos das atividades ilícitas, por meio de ‘laranjas’; falsificação de documentos; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; utilização de ligações clandestinas de água e energia; uso da força como meio de intimidação e demonstração de poder, para manutenção do domínio territorial na região de Jacarepaguá.

Segundo ainda o Ministério Público, foram denunciados Ronald Paulo Alves Pereira (conhecido como major Ronald); Marcus Vinicius Reis dos Santos (Fininho); Manoel de Brito Batista (o Cabelo); Júlio Cesar Veloso Serra; Daniel Alves de Souza; Laerte Silva de Lima; Gerardo Alves Mascarenhas (conhecido como Pirata); Benedito Aurélio Ferreira Carvalho (o Aurélio); Jorge Alberto Moreth (Beto Bomba), Fabiano Cordeiro Ferreira (Mágico) e Fábio Campelo Lima.

Apuração

O MPRJ informou que “as relações estabelecidas entre os criminosos e a natureza das funções desempenhadas por cada um deles na hierarquia da organização, tais como segurança (ou braço armado), agente de cobrança de taxas, lavagem de dinheiro (na figura de laranjas), agiotagem e forte atuação no ramo ilegal imobiliário”.

A denúncia indica que o Capitão Adriano, o Major Ronald e o tenente reformado da PM Maurício Silva da Costa são os líderes da organização. Já Jorge Alberto Moreth (o Beto Bomba) é presidente da Associação de Moradores de Rio das Pedras, cargo que, segundo o MP, “foi conquistado a partir de ameaças e uso de força, sendo exatamente nesta organização social onde se consolidam as transações de compra e venda dos imóveis construídos ilegalmente e a manipulação de documentos necessários à concretização de operações ilícitas”.

Homicídios

As informações divulgadas pelo Ministério Público sustentam que alguns dos integrantes do grupo também respondem pelo homicídio de Júlio de Araújo, em 24 de setembro de 2015. Araújo foi executado a queima roupa com disparos de arma de fogo desferido em sua cabeça, no que o MP acredita ter sido um crime de queima de arquivo.

Na denúncia, o MPRJ requer a condenação dos denunciados, incursos, com variações conforme a atuação de cada um, em penas que vão desde acusações de promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa, com pena de reclusão de três a oito anos, e multa; até acusações de assassinatos.


Brasil 247

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