Primeiro, devo dizer que é tão espantoso o conteúdo do vídeo de uma entrevista de Jair Bolsonaro, em 2016, ao correspondente do The New York Times, Simon Romero que, apesar de estar veiculado no canal do próprio atual presidente, quis checar antes de publicar.
E, embora o trecho em que Jair Bolsonaro se diz capaz de experimentar o canibalismo não tenha sido reproduzido no site do jornal norte-americano, a sua fala imediatamente anterior – igualmente asquerosa, na qual dizia que não fez sexo com mulheres haitianas miseráveis por “falta de higiene” e porque “não precisava” está transcrita no site, ainda hoje, isso indica que não se trata de montagem ou manipulação.
Aliás, não há nenhum desmentido sobre o vídeo, até o momento.
A história é estarrecedora.
Bolsonaro conta que esteve em Surucucus, uma localidade onde há um pelotão de fronteiras do Exército Brasileiro e aldeias yanomamis e que viu mulheres carregando grande quantidade de bananas e um índio palitando os dentes com capim. Perguntando o que se passava, foi informado de que morrera um índio e estavam cozinhando seu corpo para ser comido com as bananas e Bolsonaro, sabe-se lá por que morbidez, queria ver o cozimento do morto. Disseram-lhe que, para ver, teria de comê-lo e ele disse que comeria “sem problema nenhum”, o que só não ocorreu porque seus companheiros de viagem, claro, recusaram a oferta.
Morreu o índio e eles estão cozinhando, eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois, três dias, e come com banana. Daí, eu queria ver o índio sendo cozinhado, e um cara falou: ‘Se for ver, tem que comer’. Daí, eu disse: ‘Eu como!’. E ninguém quis ir, porque tinha que comer o índio, então eles não me queriam levar sozinho, e não fui”.(…)Comeria o índio sem problema nenhum.”
É evidente que não se está julgando os remanescentes de antropofagia em tribos remotas. Mas não é evidentemente o mesmo um homem civilizado (ao menos, em tese) ir oferecer-se para comer carne humana apenas pelo desejo mórbido de ver um corpo humano a cozinhar.
Certamente Romero nem transcreveu a fala por ser evidentemente mentirosa, mas apenas um recurso para que Bolsonaro figurasse como um valentão de botequim. Mas, presidente da República e candidato à reeleição, e proclamando-se um cristão zeloso, não é possível que a grande imprensa esteja sonegando a notícia. Só a Veja a deu até agora, tratando-a não como um fato, mas como simples “guerra das redes”.
Se fosse com Lula, seria uma explosão, destas de fazer o candidato desistir e ir embora para casa.
Mas a Bolsonaro, passa-se pano. Será que não é jornalística uma história destas?
Só falta o Malafaia vir dizer que antropofagia é permitida para cristãos.
Tijolaço
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