quarta-feira, 31 de maio de 2017

Moro decide: “se fraudaram e-mail, isso não vem ao caso”



POR FERNANDO BRITO · 30/05/2017




Sérgio Moro recusou o pedido para que se submetesse à perícia supostos e-mails apresentados por Léo Pinheiro, delator da OAS, que indicariam a “reserva” (seja lá o que isso venha a ser, sem um documento que o sustente) do famoso triplex do Guarujá para Lula.

Os e-mails foram entregues em impresso que, embora datem a correspondência em 2012, trazem comentários que se referem a reportagens de 2016.

Moro, o perito, diz que se trata de simples “comentário descritivo”, colocado por um advogado “provavelmente contratado pela OAS ou por José Adelmário Piinheiro Filho”.

Portanto, não vem ao caso saber da autenticidade, o perito judicial Sérgio Moro já disse o que são autênticos.

Os advogados recorreram ao Tribunal Regional Federal, aquele mesmo que proclamou que Moro tem “poderes excepcionais” e não está sujeito a lei dos mortais.

PS. Para dar uma no cravo e outra na ferradura, Moro declara-se suspeito para julgar o caso do blogueiro Eduardo Guimarães. Engano. Quem deveria esta sendo julgado era ele, Moro, suspeito de abuso de autoridade.



Tijolaço

MARCO AURÉLIO JOGA PARA O PLENÁRIO PRISÃO DE AÉCIO

Novo relator do inquérito contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), o ministro Marco Aurélio jogou para o Plenário do Supremo Tribunal Federal a decisão sobre a prisão do senador tucano; "Eu jamais reconsideraria uma deliberação de um colega. E não reconsiderando, não atuando nesse campo individualmente, eu traria ao colegiado. Deve ir ao plenário em termos de agravo", afirmou Marco Aurélio Mello, referindo-se aos recursos interpostos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pela defesa de Aécio, um a favor e outro contra a prisão do parlamentar; Aécio é investigado pelo suposto recebimento de R$ 2 milhões em propina da JBS

31 DE MAIO DE 2017


Do Infomoney - O ministro Marco Aurélio, que foi sorteado hoje (31) como novo relator do mais recente inquérito contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) no Supremo Tribunal Federal (STF), disse, poucos minutos após ser escolhido, que a decisão sobre a prisão do parlamentar deve sair do plenário da Corte.
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O relator anterior do caso, ministro Edson Fachin, já havia indicado que levaria o tema para deliberação do plenário, e não para a Segunda Turma, colegiado onde se costuma deliberar as questões referentes a inquéritos contra parlamentares.

"Eu jamais reconsideraria uma deliberação de um colega. E não reconsiderando, não atuando nesse campo individualmente, eu traria ao colegiado. Deve ir ao plenário em termos de agravo", afirmou Marco Aurélio Mello, referindo-se aos recursos interpostos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pela defesa de Aécio, um a favor e outro contra a prisão do parlamentar.

Nesse caso, Aécio Neves (PSDB-MG) é investigado pelo suposto recebimento de R$ 2 milhões em vantagens indevidas do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS que assinou acordo de delação premiada com a Justiça. O senador foi gravado pela Polícia Federal em conversas suspeitas com o executivo.

A pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Fachin afastou Aécio do exercício do cargo, mas negou a prisão do senador, decisão contestada pela PGR. A defesa também entrou com recurso no sentido de garantir a liberdade do parlamentar.

O ministro Marco Aurélio Mello também será responsável pela condução do inquérito sobre a irmã de Aécio, Andrea Neves, presa há duas semanas na Operação Patmos. A troca de relator foi realizada após decisão do antigo relator, Edson Fachin, que atendeu a um pedido feito pela defesa de Aécio e determinou a redistribuição do inquérito.

A escolha de Marco Aurélio foi feita eletronicamente por sistema processual eletrônico do Supremo. "Parece que o computador, no que opera a distribuição, não gosta de mim", brincou o ministro.



Brasil 247

TV argentina C5N critica a cobertura da TV Globo quanto ao real envolvimento de Lul





Conversa Afiada

63,7% DOS BRASILEIROS ESPERAM A PRISÃO DE AÉCIO

CCJ DO SENADO APROVA DIRETAS JÁ PARA PRESIDÊNCIA

"É AGORA OU NUNCA", DIZ AÉCIO A JUCÁ SOBRE FREAR A LAVA JATO


O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), líder do golpe que arruinou o Brasil, discutiu com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que também defendeu o golpe contra a presidente Dilma Rousseff como forma de "estancar a sangria", um modo de frear a Lava Jato; "É agora ou nunca", disse Aécio a Jucá; "Passou do limite, porra. Já devia ter sido", respondeu Jucá; ou seja: a cada dia que passa, fica mais claro que o golpe foi uma conspiração de políticos corruptos que tentavam se safar

31 DE MAIO DE 2017 


Minas 247 – O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), líder do golpe que arruinou o Brasil, discutiu com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que também defendeu o golpe contra a presidente Dilma Rousseff como forma de "estancar a sangria", um modo de frear a Lava Jato.

"É agora ou nunca", disse Aécio a Jucá. "Passou do limite, porra. Já devia ter sido", respondeu Jucá.

Ou seja: a cada dia que passa, fica mais claro que o golpe foi uma conspiração de políticos corruptos que tentavam se safar.

A conversa foi interceptada pela Polícia Federal no dia 13 de abril às 15h48, após a divulgação das delações da Odebrecht:

Veja a transcrição do diálogo feita pela PF abaixo:

Aécio - Alô...
Jucá - Fala, meu presidente!
Aécio - Fala, meu irmão, tudo bem? E aí?
Jucá - Tudo firme, na luta, né?
Aécio - ... (incompreensível)...
Jucá - Com tranquilidade, mas...
Aécio - É um dano, né?
Jucá - É. Você vai estar aqui quando em Brasília?
Aécio - Eu tô programando de voltar... na verdade eu tô em Brasília, no aeroporto, embarcando. E vou... chegar na segunda à noite, tô aqui na terça e segunda à noite e terça-feira o dia inteiro. (Incompreensível)... essa semana é meio morta aqui, num vai?... (incompreensível)...
Jucá - Eu não sei, né? Mas eu acho que a gente... a gente precisava...
Aécio - Conversar.
Jucá - O Jader chega na segunda, eu combinei com ele. Eu acho que a gente precisava na segunda dar uma conversada.
Aécio - Vamos de... vamos ver se na segunda à noite... então... deixa alguma coisa organizada aí.
Jucá - Deixar marcado.
Aécio - Eu tive com o Eunício ontem e falou um pouco da conversa que vocês tiveram aquele dia... (incompreensível)... A última. Eu tô... eu vou fazer o possível para chegar segunda aí mais no início da noite.
Jucá - Tá.
Aécio - Me dá uma ligada pra marcar alguma coisa.
Jucá - Tá, tá.
Aécio - Também eu acho que é agora ou nunca, né?
Jucá - Não, não... deixa eu te falar... ééé... passou do limite, porra. Já devia ter sido.
Aécio - Claro.
Jucá - Agora vamos discutir tudo isso, né? Tá? É importante.
Aécio - Você vê... mas você vê condições?
Jucá - Vejo... vejo...
Aécio - Também vejo. Também acho que... essa forma como está sendo feito isso aí... essa banalização geral da política.
Jucá - Vejo... vejo... é.
Aécio - Então tá bom. Um abraço.
Jucá - Um abraço, OK. Tchau.

PALOCCI PODE TER PRISÃO DOMICILIAR SE DELATAR LULA

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, preso desde setembro de 2016, pode passar para o regime de prisão domiciliar se aceitar focar seu acordo de delação premiada no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; para ter seu acordo aceito, Palocci deve ainda focar em banqueiros e empresários, como um dos donos do BTG Pactual, André Esteves, e o ex-dono do Pão de Açúcar Abílio Diniz; Palocci se reuniu apenas uma vez com os procuradores e, na conversa, mostrou-se reticente a entregar políticos com foro privilegiado; no entanto, a atitude foi revista depois que investigadores disseram que, sem isso, não haveria acordo; a defesa de Lula afirmou que a Lava Jato "não conseguiu apresentar qualquer prova sobre suas acusações contra o ex-presidente"

31 DE MAIO DE 2017


247 - Para fechar seu acordo de delação premiada e passar para a prisão domiciliar, o ex-ministro Antonio Palocci terá de focar seus depoimentos em banqueiros e empresários, além do ex-presidente Lula.

Preso desde setembro de 2016, o petista tem se dedicado, no último mês, à elaboração de sua proposta de acordo com a Procuradoria-Geral da República e a força tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Para ter sua delação aceita pelos investigadores, Palocci decidiu revelar os detalhes de operações supostamente irregulares cometidas pelo ex-presidente e um dos donos do BTG Pactual, André Esteves, e o ex-dono do Pão de Açúcar Abílio Diniz.


"Até o momento, Palocci se reuniu apenas uma vez com os procuradores. Na conversa, mostrou-se reticente a entregar políticos com foro privilegiado. No entanto, a atitude foi revista depois que investigadores disseram que, sem isso, não haveria acordo.

Depois que foi preso, Palocci colocou um prazo de seis meses para sua defesa antes de começar a negociar uma delação. Como até abril não houve nenhuma decisão de tribunais superiores a favor de sua soltura, deu início às tratativas, comandadas hoje pelos advogados Adriano Bretas e Treacy Reinaldt.

A defesa de Lula afirmou que a Lava Jato "não conseguiu apresentar qualquer prova sobre suas acusações contra o ex-presidente'."



Brasil 247

terça-feira, 30 de maio de 2017

A semente dos escândalos

por Henrique Beirangê — publicado 03/11/2015 01h50, última modificação 03/11/2015 12h47
O que diferencia o caso Banestado da Operação Lava Jato?

Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/AFP
O tucano Paes de Barros e o petista Mentor: próceres do acordão


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O juiz Sergio Moro arbitra uma operação que investiga um extenso esquema de corrupção e evasão de divisas intermediadas por doleiros que atuam especialmente no Paraná. Uma força-tarefa é montada e procuradores da República propõem ações penais contra 631 acusados. Surgem provas contra grandes construtoras e grupos empresariais, além de políticos.

Delações premiadas e acordos de cooperação internacional são celebrados em série. Lava Jato? Não! Trata-se do escândalo do Banestado, um esquema de evasão de divisas descoberto no fim dos anos 90 e enterrado de forma acintosa na transição do governo Fernando Henrique Cardoso para o de Lula.

Ao contrário de agora, os malfeitos no banco paranaense não resultaram em longas prisões preventivas. Muitos envolvidos beneficiaram-se das prescrições e apenas personagens menores chegaram a cumprir pena. 

Essas constatações tornam-se mais assustadoras quando se relembram as cifras envolvidas. As remessas ilegais para o exterior via Banestado aproximaram-se dos 134 bilhões de dólares. Ou mais de meio trilhão de reais em valor presente. Para ser exato, 520 bilhões.

De acordo com os peritos que analisaram as provas, 90% dessas remessas foram ilegais e parte tinha origem em ações criminosas. A cifra astronômica foi mapeada graças ao incansável e inicialmente solitário trabalho do procurador Celso Três, posteriormente aprofundado pelo delegado federal José Castilho. Alguém se lembra deles? Tornaram-se heróis do noticiário?

Dois processos, o mesmo juiz: Sergio Moro. O BC de Loyola dificultou o trabalho do MP e da PF / Clayton de Souza e Celso Junior/Estadão Conteúdo



Empreiteiras, executivos, políticos e doleiros que há muito frequentam o noticiário poderiam ter sido punidos de forma exemplar há quase 20 anos. Não foram. Os indiciamentos rarearam, boa parte beneficiou-se da morosidade da Justiça e a maioria acabou impune.

Quanto à mídia, não se via o mesmo entusiasmo “investigativo” dos tempos atuais. Alberto Youssef, Marcos Valério, Toninho da Barcelona e Nelma Kodama, a doleira do dinheiro na calcinha, entre outros, tiveram seus nomes vinculados ao esquema.

Salvo raras exceções, CartaCapital entre elas, a mídia ignorou o caso. Há um motivo. Os investigadores descobriram a existência de contas CC5 em nome de meios de comunicação. Essa modalidade de conta foi criada em 1969 pelo banco para permitir a estrangeiros não residentes a movimentar dinheiro no País.

Era o caminho natural para multinacionais remeterem lucros e dividendos ou internar recursos para o financiamento de suas operações. Como dispensava autorização prévia do BC, as CC5 viraram um canal privilegiado para a evasão de divisas, sonegação de imposto e lavagem de dinheiro.

Em seu relatório, o procurador Celso Três deixa claro que possuir uma conta CC5, em tese, não configuraria crime, mas que mais de 50% dos detentores não “resistiriam a uma devassa”. Nunca, porém, essa devassa aconteceu. A operação abafa para desmobilizar o trabalho de investigação começou em 2001. Antes, precisamos, porém, retroceder quatro anos a partir daquela data.

A identificação de operações suspeitas por meio das CC5 deu-se por acaso, durante a CPI dos Precatórios, em 1997, que apurava fraudes com títulos públicos em estados e municípios. Entre as instituições usadas para movimentar o dinheiro do esquema apareciam agências do Banestado na paranaense Foz do Iguaçu, localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina e famosa no passado por ser uma região de lavagem de dinheiro.

Das agências, os recursos ilegais seguiam para a filial do Banestado em Nova York. Informado das transações, o Ministério Público Federal recorreu ao Banco Central, à época presidido por Gustavo Loyola. Os procuradores comunicaram em detalhes ao BC as movimentações suspeitas.


Em vez de auxiliar o trabalho do Ministério Público, o Banco Central de Loyola preferiu criar dificuldades para o acesso dos procuradores às contas suspeitas. Segundo Celso Três, as informações eram encaminhadas de forma confusa, propositadamente, diz, com o intuito de atrasar as investigações. Diante dos entraves causados pelo BC, a Justiça Federal tomou uma decisão sem precedentes. Determinou a quebra de todas as contas CC5 do País.

Uma dúvida surgiu de imediato: se havia formas regulares, via Banco Central, de enviar dinheiro ao exterior, qual a razão de os correntistas optarem por essas contas especiais que não exigiam autorização prévia nem estavam sujeitas à fiscalização da autoridade monetária?

Pior: antes do alerta da CPI dos Precatórios, o BC parece nunca ter suspeitado da intensa movimentação financeira por agências de um banco estatal paranaense, secundário na estrutura do sistema financeiro. Até então, nenhum alerta foi dado pelo órgão responsável pela fiscalização dos bancos. Vamos repetir o valor movimentado: 134 bilhões de dólares. 

Editada em 1992, uma carta-circular do Banco Central determinava que movimentações acima de 10 mil reais nas contas CC5 deveriam ser identificadas e fiscalizadas. Jamais, nesse período, as autoridades de investigação foram comunicadas pelo BC de qualquer transação incomum.


Dentro da conta "Tucano", identificada nos EUA, menções a José Serra e Ricardo S. Oliveira / Marcos Oliveira/Ag. Senado e Milton Michida/Estadão ConteúdoCom a quebra de sigilo em massa determinada pela Justiça, milhares de inquéritos foram abertos em todo o País, mas nunca houve a condenação definitiva de um político importante ou de representantes de grandes grupos econômicos. Empresas citadas conseguiram negociar com a Receita Federal o pagamento dos impostos devidos e assim encerrar os processos contra elas.

O Ministério Público chegou a estranhar mudanças repentinas em dados enviados pelo governo FHC. Em um primeiro relatório encaminhado para os investigadores, as remessas da TV Globo somavam o equivalente a 1,6 bilhão de reais.

Mas um novo documento, corrigido pelo Banco Central, chamou a atenção dos procuradores: o montante passou a ser de 85 milhões, uma redução de 95%. A RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul e atualmente envolvida no escândalo da Zelotes, também foi beneficiada pela “correção” do BC: a remessa caiu de 181 milhões para 102 milhões de reais.

A quebra do sigilo demonstrou que o Grupo Abril, dono da revista Veja, fez uso frequente das contas CC5. A Editora Abril, a TVA e a Abril Vídeos da Amazônia, entre outras, movimentaram um total de 60 milhões no período. O SBT, de Silvio Santos, enviou 37,8 milhões.

As mesmas construtoras acusadas de participar do esquema na Petrobras investigado pela Lava Jato estrelavam as remessas via Banestado. A Odebrecht movimentou 658 milhões de reais. A Andrade Gutierrez, 108 milhões. A OAS, 51,7 milhões. Pelas contas da Queiroz Galvão passaram 27 milhões. Camargo Corrêa, outros 161 milhões.

O sistema financeiro não escapa. O Banco Araucária, de propriedade da família Bornhausen, cujo patriarca, Jorge, era eminente figura da aliança que sustentava o governo Fernando Henrique Cardoso, teria enviado 2,3 bilhões de maneira irregular ao exterior.

Dantas se livrou. Thomaz Bastos sepultou a investigação / Eraldo Peres e Celso Junior/Estadão Conteúdo

Nunca foi possível saber quais dessas contas eram e quais não eram regulares. Para tanto, teria sido necessário aprofundar as investigações, o que nunca aconteceu. Ao contrário. O BC não foi o único entrave. No fim de 2001, o delegado Castilho foi aos Estados Unidos tentar quebrar as contas dos doleiros brasileiros na filial do Banestado.

O então diretor da Polícia Federal, Agílio Monteiro, determinou, porém, que Castilho voltasse ao Brasil. Apegou-se aos “altos custos das diárias” para interromper o trabalho de investigação. Valor da diária: 200 dólares.

Os agentes da equipe de Castilho perceberam o clima contra a operação e a maioria pediu para ser desligada do caso. A apuração seguiu em banho-maria até o começo de 2003, no início do governo Lula, período em que Castilho voltou a Nova York.

Naquele momento, as novas quebras de sigilo permitiram localizar um novo personagem, Anibal Contreras, guatemalteco nacionalizado norte-americano, titular da famosa conta Beacon Hill. Descobriu-se uma estrutura complexa: a Beacon Hill era uma conta-ônibus, recheada por várias subcontas cujo objetivo é esconder os verdadeiros donos do dinheiro. Sob o guarda-chuva da Beacon Hill emergiu uma subconta de nome sugestivo, a Tucano.

Em anotações feitas por doleiros e algumas siglas foram identificadas transações que sugeriam a participação do senador José Serra e do ex-diretor do Banco do Brasil, tesoureiro do PSDB e um dos artífices das privatizações no governo Fernando Henrique, Ricardo Sérgio de Oliveira. Só novas quebras de sigilo permitiriam, no entanto, comprovar as suspeitas. Adivinhe? Elas nunca aconteceram.

Castilho conseguiu acessar o que se poderia chamar de quarta camada das contas. Antes de descobrir os beneficiários finais do dinheiro, os reais titulares, o delegado acabou definitivamente afastado da investigação pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Anos mais tarde, o inquérito seria arquivado.

A CPI do Banestado teve o mesmo destino melancólico. Até hoje, é a única comissão parlamentar a encerrar seus trabalhos sem um relatório final. O PT e o PSDB disputaram para ver quem enterrava primeiro e melhor os trabalhos. O petista José Mentor, relator da CPI, foi acusado de receber dinheiro de um doleiro para excluí-lo do texto final. Mentor nega.

O tucano Antero Paes de Barros, presidente, tentou proteger os próceres do partido e aliados citados na investigação. Uma conveniente briga entre Mentor e Barros marcou o encerramento da apuração no Congresso em dezembro de 2004. No ano seguinte, um novo escândalo, o “mensalão”, sepultaria de vez o interesse pelas contas ilegais no exterior.

Desde então, mudanças na legislação penal e a ampliação de acordos de cooperação internacional passaram a dificultar as tentativas de abafar esses casos. Foram criadas e aperfeiçoadas nos últimos anos as unidades de recuperação de ativos no Ministério da Justiça e no Ministério Público Federal.

Por conta dos ataques às Torres Gêmeas de Nova York em 11 de setembro de 2001, os paraísos fiscais foram pressionados a repassar informações sobre contas suspeitas. Os bancos suíços, notórios por sua permissividade, criaram mecanismos de autofiscalização para a identificação de dinheiro com origem suspeita, algo impensável há 20 anos. 

No Brasil, a lei do crime organizado de 2013 foi aprimorada e a lei de lavagem de dinheiro, alterada em 2012, ampliou o cerco contra os sonegadores. Diante dessas mudanças, as investigações não finalizadas do Banestado poderiam ser exumadas? Para investigadores que atuaram no caso, a resposta é sim.

As movimentações finais no exterior dessas contas podem ter ficado ativas após a instituição dessas novas leis, o que daria vida a novos inquéritos. Dependeria da vontade do Ministério Público e da Polícia Federal.

As duas instituições têm sido, no entanto, reiteradamente conduzidas a fazer uma seleção bem específica de seus focos de interesse. Sem o apoio da mídia e setores da Justiça e do poder econômico, mexer em certos vespeiros só produz ferroadas em quem se mete a revirá-los.

O MP e a PF tentaram, a partir da apuração do Banestado, avançar nas investigações por outros caminhos. Daquele esforço derivaram operações como a Farol da Colina, Chacal, Castelo de Areia e Satiagraha.

Em todas elas, o destino foi idêntico. Em alguma instância da Justiça, os processos foram anulados. Bastaram, em geral, argumentos frágeis. A Castelo de Areia, que investigou a partir de 2009 o pagamento de propina de empreiteiras a políticos, acabou interrompida no Superior Tribunal de Justiça por supostamente basear-se em “denúncia anônima”, embora o Ministério Público tenha provado que a investigação se valeu de outros elementos.

O episódio mais notório continua a ser, no entanto, a Satiagraha. Até um falso grampo no gabinete do ministro Gilmar Mendes serviu de pretexto para melar a operação contra o banqueiro Daniel Dantas, que, aliás, operava uma das contas-ônibus no escândalo do Banestado.

Pressionado, o juiz Fausto De Sanctis viu-se obrigado a aceitar a promoção para a segunda instância. Hoje cuida de processos previdenciários. O delegado e ex-deputado Protógenes Queiroz foi perseguido e tratado como vilão. Em agosto, acabou exonerado da Polícia Federal.

Não foi muito diferente com Celso Três e José Castilho. O procurador despacha atualmente em Porto Alegre. O delegado foi transferido para Joinville, em Santa Catarina, e nunca mais chefiou uma operação.

Nenhum deles foi elevado ao pedestal como o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa e o juiz Sergio Moro, que agora colhe as glórias negadas durante o caso Banestado. Teria o magistrado refletido sobre as diferenças entre uma e outra investigação?


Carta Capital

ECONOMISTAS PEDEM FORA TEMER E DIRETAS JÁ


Conselho Federal de Economia (Cofecon) divulgou nesta terça-feira (30) nota em pede a saída de Michel Temer e a imediata realização de eleições diretas para seu substituto; segundo entidade dos economistas, presidida por Julio Miragaya, tanto a permanência de Temer quanto a eleição indireta de um novo presidente manterão a economia brasileira 'na UTI' nos próximos 18 meses, com a retração dos investimentos e a consequente ampliação do desemprego, fomentando a desesperança e ampliando o risco de explosão do 'caldeirão social'; "Portanto, afastar Temer, sustar a agenda de 'reformas' e realizar eleições diretas são passos indispensáveis para a tão desejada retomada do crescimento econômico", diz o texto

30 DE MAIO DE 2017 


Do Infomoney - O Conselho Federal de Economia (Cofecon) divulgou nota nesta terça-feira (30) em que critica as reformas do governo federal, como a trabalhista e a previdenciária, pede o afastamento do presidente Michel Temer do cargo e ainda prega pela realização de eleições diretas como "passos indispensáveis para a tão desejada retomada do crescimento econômico".

O Cofecon ressalta que já havia pedido, em 19 de maio, a "apuração célere das graves denúncias envolvendo a Presidência" e propôs que "em havendo vacância do cargo de Presidente, que sejam convocadas eleições gerais diretas antecipadas para a Presidência da República e para a Câmara dos Deputados e 2/3 do Senado Federal, com mandatos que excepcionalmente finalizem em 2022, mediante a aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional".

Agora, o Conselho afirma que novos e graves fatos surgiram nos últimos 10 dias: a) a liberação, pela Procuradoria Geral da República, da íntegra da gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista; b) entrevista do presidente ao jornal Folha de São Paulo, reconhecendo o teor da gravação; c) a "Marcha dos 100 mil" em Brasília contra as reformas; d) os 13 pedidos de impeachment de Temer já impetrados, em especial o da OAB; e e) o ato com 150 mil manifestantes no Rio de Janeiro pelo impeachment e pelas Diretas Já.

"Tratam-se de fatos que aprofundaram ainda mais a crise político-institucional, com consequências negativas para o cenário econômico", diz a nota.

"Tanto a permanência de Temer quanto a eleição indireta de um novo presidente manterão a economia brasileira 'na UTI' nos próximos 18 meses, com a retração dos investimentos e a consequente ampliação do desemprego, fomentando a desesperança e ampliando o risco de explosão do 'caldeirão social'", diz o texto.

"Portanto, afastar Temer, sustar a agenda de 'reformas' e realizar eleições diretas são passos indispensáveis para a tão desejada retomada do crescimento econômico", conclui a nota do Cofecon.



Brasil 247

DOSSIÊ DO SÉRGIO MORO, DESMASCARANDO COM MUITA CONVICÇÃO A MAIOR ABERRAÇÃO JURÍDICA DO BRASIL





LT   -   You Tube

Em novo grampo, Aécio dá risada quando Perrella diz: "Só trafico drogas"





Nocaute

Venezuela e a hipocrisia da OEA




Nocaute

O decoro Tabajara de Gilmar Mendes



POR FERNANDO BRITO · 30/05/2017





Gilmar Mendes, não sobreviveria dois meses em um tribunal que se prezasse.

Não por falta de conhecimento jurídico, inclusive do necessário para usar o Direito para driblar a Justiça.

Mas por falta de decoro.

O “twitter” pedindo desculpas as simbólicas “Organizações Tabajara”, respondendo a uma piada do humorista Helio de la Peña-este, sim, no seu papel de fazer graça – é de uma infantilidade patética, que mostra o grau de degradação de seu comportamento.

Ontem, já havia sido indecoroso ao dizer que o Brasil estava se transformando numa espécie de “Organizações Tabajara”.

Só se pode dar alguma razão pelo fato de ser um país que o tem como presidente de sua corte eleitoral e como o mais exibido e poderoso ministro do Supremo Tribunal Federal.

Pelo fato de ser um ministro que julga nos microfones dos jornais e televisões.

Pelo fato de ser um ministro que se reúne em altas horas com um presidente da República investigado, que se espalha em diálogos com um senador flagrado no crime para conduzir votações no Senado, que fala com seus pares como quem fala “com os seus capangas lá do Mato Grosso”, como disse Joaquim Barbosa.

Talvez seja ele um “Ministro Tabajara”, num Supremo que se atabajarou diante de um golpe Tabajara, que nos deu um Presidente Tabajara.

Um bom motivo para isso ter acontecido é termos juízes que são uma piada, piada de mau gosto.


Tijolaço

JBS contrata advogado da mulher de Cunha para acordo de leniência



POR FERNANDO BRITO · 30/05/2017




O Valor noticia que a J&F – holding da JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista dispensou o escritório Trench, Rossi e Watanabe, onde é sócio o ex-integrante da equipe de Janot, Marcello Miller, e contratou o Pierpaolo & Tamasauskas, liderado pelo advogado Pierpaolo Bottini, que defendeu Cláudia Cruz perante Sérgio Moro.

O “mercadão da delação” continua rendendo bons frutos e talvez não seja absurdo acreditar mesmo que os milhões solicitados por Aécio Neves -embora tenham sido entregues a turma de Zezé Perrella – sejam mesmo a ordem de grandeza dos valores necessários para contratar a fina flor da advocacia.

É um mundo diferente e incompreensíveis para os meros mortais, como nós, onde qualquer valor terminado com mil já nos assusta, que dirá com milhões.

Com a política passando a ser exercida nos tribunais e não nas urnas, parece que os advogados estão tomando o lugar que era dos marqueteiros.



Tijolaço

CNJ, de novo, adia julgamento de Sergio Moro por vazamentos contra Lula

TER, 30/05/2017 - 10:53

Foto: Lula Marques/PT

Jornal GGN - O Conselho Nacional de Justiça retirou da pauta desta terça (30) o julgamento do juiz Sergio Moro por vazamentos contra os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Deputados aliados ao antigo governo entraram com duas reclamações disciplinares, questionando possíveis abusos de Moro na divulgação de informações da Lava Jato à imprensa.

Em um dos episódios, Moro entregou à Globo um grampo da Polícia Federal em que Dilma e Lula apareciam conversando sobre o termo de posse no Ministério da Casa Civil. A repercussão fez com que Lula fosse impedido de ser ministro. Os fatos ocorreram às vésperas da votação do impeachment de Dilma na Câmara, em março de 2016. Depois, Moro pediu desculpas ao Supremo Tribunal Federal, mas não recebeu nenhuma sanção por violar direitos da presidência da República.


Os grampos autorizados por Moro também passaram por cima do direito ao sigilo na comunicação entre advogados e clientes, uma vez que o escritório da defesa de Lula também cairam nas gravações da Polícia Federal.

A retirada das duas ações disciplinares da pauta foi confirmada pelo advogado Cristiano Zanin, que na noite de segunda (29) já havia adiantado, numa rede social, a possibilidade de adiamento. Na sessão do dia 23 de maio, as ações disciplinares contra Moro também foram retiradas da pauta de julgamento.



Jornal GGN

MORO SERÁ JULGADO POR VAZAMENTOS CONTRA LULA NESTA TERÇA

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Barroso: Tímido ensaio para uma autocrítica do Supremo



29 de Maio de 2017

Tereza Cruvinel


O Supremo Tribunal Federal tem uma dívida para com a democracia brasileira: não impediu, com argumentos jurídicos e com sua autoridade de guardião da Constituição, que fosse politicamente consumado pelo Congresso um golpe contra a presidente eleita Dilma Rousseff, deixando ir em frente um processo de impeachment viciado. Da composição que homologou o golpe, talvez nenhum dos 11 ministros venha a reconhecer isso em vida, mas a História cobrará. Nesta segunda-feira 29, o ministro Luís Roberto Barroso fez um tímido ensaio de autocrítica: admitiu que a remoção de Dilma deixou uma cicatriz na vida política brasileira, dizendo que o STF não interferiu no processo por acreditar que não devia fazer uma opção política numa sociedade divida. Desculpe o ministro, mas esta é uma explicação errada para uma atitude errada. O Supremo poderia ter barrado o golpe com fundamentos jurídicos, apontando as inconsistências do processo, o que não significaria uma opção política pelo governo eleito em 2014. Hoje, o Brasil seria muito agradecido ao STF e seus ministros.

Falando em um seminário nesta segunda-feira, 29, Barroso parece ter reconhecido, ainda que forma muito tímida e evasiva, que tudo poderia estar sendo diferente para o Brasil se o STF não tivesse lavado as mãos na bacia de Pilato. Se a Suprema Corte, baseando-se apenas na Constituição e na lei, como era possível e desejável, tivesse impedido o golpe que feriu a democracia brasileira, hoje o país não teria um presidente apodrecendo no cargo, juntamente com seu grupo político, à espera de que o próprio Judiciário encontre meios de removê-los, apesar dos crimes espantosamente claros cometidos por Temer e parte de seus auxiliares. Não tendo impedido o golpe, agora o mesmo Judiciário terá que resolver a crise política, afastando Temer pelo TSE ou pelo próprio STF, quando ele se tornar réu no inquérito em que é investigado com base na delação da JBS. Mas o TSE deve antecipar-se nesta tarefa urgente. Vale a pena ler as linhas e entrelinhas de Barroso, referindo-se ao impeachment.

“Independente de qualquer juízo de mérito sobre justiça ou não da decisão parlamentar, o STF não interveio nessa deliberação um pouco pela crença de que, num país dividido politicamente, não caberia a ele fazer escolhas políticas. Esse foi o processo que tivemos aqui e que gerou, como qualquer observador atento perceberá, uma sociedade que guarda essa cicatriz e ainda está dividida em torno desse procedimento.

O Supremo teve muitas oportunidades para barrar o golpe. Logo que Eduardo Cunha acolheu o pedido de impeachment apresentado por Janaina Paschoal, Helio Bicudo e Reale Junior, a defesa de Dilma recorreu ao STF apontando o vício original da decisão de Cunha, que agiu por vingança contra o PT. Ele havia engavetado outros pedidos mas acolheu este horas depois de o PT decidir votar pela abertura do processo de sua cassação no Conselho de Ética. Há poucos dias, o próprio Temer afirmou, numa entrevista de televisão, que Dilma não teria caído se o PT tivesse votado a favor de Cunha.

Em dezembro de 2015, o STF fixou o rito do impeachment, corrigindo algumas das regras baixadas por Eduardo Cunha. Ou seja, abençoou o processo. Depois, seu presidente, Ricardo Lewandowski, ainda presidiu as sessões de julgamento do Senado, em uma segunda e notável legitimação do golpe.

No curso do julgamento propriamente dito, o defensor de Dilma, José Eduardo Cardoso, recorreu algumas vezes ao STF contra o entendimento de que as tais pedaladas fiscais – uma prática corrente em todos os governos nas últimas décadas – e a edição de um decreto sem autorização parlamentar (após demonstrar que os outros linham lastro orçamentário), representassem o cometimento de crime de responsabilidade, tal como definido em lei e na Carta. O Supremo novamente lavou as mãos. 

Hoje, reclamam os golpistas do fato de, no julgamento final no Senado, ter havido um arranjo para preservar os direitos políticos da presidente que estava sendo deposta. Foi deveras um arranjo revelador da culpa que ali atacou os algozes. Renan Calheiros foi um dos articuladores e Lewandoswski teve atuação decisiva a favor desta “indulgência”. Mas ela também é uma prova de que o processo foi “heterodoxo”, pois se levado ao pé da letra da Constituição e da lei 1070/50, se Dilma tivesse mesmo cometido os crimes de que era acusada, teria que ter sido punida também com a perda dos direitos políticos. Foi como se, na hora da decola, STF e Congresso combinassem: vamos usar uma espada menos afiada. Talvez o derrame de sangue seja menor e menos escandaloso.

Agora, por ironia, Dilma possivelmente os perderá, caso o TSE resolva, para nos livrar de Temer, cassar a chapa presidencial vitoriosa em 2014 e punir exemplarmente seu dois integrantes. Temer será cassado e ambos perderão os direitos políticos. Para ela, será uma dupla injustiça na correção de um erro cometido lá atrás pelo STF, quando não quis impedir o golpe para não parecer que estava tomando partido político. Ministro Barroso, se o STF tivesse feito o contrário, em vez de cicatriz, hoje haveria gratidão na sociedade brasileira à sua Suprema Corte.


Brasil 247

KPMG e Price, auditorias: não há ato irregular de Lula. Mas o Dallagnol…



POR FERNANDO BRITO · 29/05/2017




O site de Lula anuncia que a KPMG enviou a Sérgio Moro ofício dizendo que, na auditoria que fez nas contas da Petrobras, não encontrou nada que pudesse ser considerado irregular em relação a Lula:

(…)a KPMG Auditores Independentes vem, respeitosamente, à presença de V.Exa, esclarecer que, durante a realização de auditoria das demonstrações contábeis da Petrobras, que abrangeu os exercícios sociais encerrados no período de 31.12.2006 e 31.12.2011, efetivada por meio de procedimentos e testes previstos nas normas profissionais de auditoria, não foram identificados pela equipe de auditoria atos envolvendo a participação do ex-presidente da república, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, na gestão da Petrobras que pudessem ser qualificados como representativos de corrupção ou configurar ato ilícito”.

A Price, outra auditoria de abrangência mundial, já tinha dado o mesmo atestado a Sérgio Moro, referente ao período de 2012 a 2016, quando auditou as contas da estatal.

Mas, claro, duas auditorias internacionais, dirigidas por petistas da célula de Wall Street do partido não são nada perto do powerpoint de Deltan Dallagnoll.

A vinculação do triplex e do sítio de Atibaia aos contratos da Petrobras, entretanto, é essencial.

Só isso permite o enquadramento das ações nos tipos penais de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Do contrário, o máximo de que Lula pode ser acusado é de receber favores, o que comporta, no máximo, discussões éticas, não penais.

E em matéria de discussões éticas, em meio ao festival de malas, mochilas e corretagens imobiliárias, fica-se longe de atingir os objetivos da Lava Jato.



Tijolaço

COIMBRA, DA VOX, DIZ QUE ELITE PRESSENTE A VOLTA DE LULA E SE APAVORA

"As elites brasileiras estão como baratas tontas por uma razão que tem nome: Luiz Inácio Lula da Silva", diz Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi; não fosse o medo que têm dele, diz Coimbra, essas elites apoiariam a solução natural de eleições diretas para a sucessão de Michel Temer; "só há um motivo para que fujam desta saída, preferindo tapar o nariz e seguir com Temer ou transferir a escolha aos parlamentares: o medo de Lula. É a convicção de que ele venceria a eleição que leva banqueiros, políticos conservadores e donos de veículos de comunicação evitarem a solução natural", completa

28 DE MAIO DE 2017 


247 - Na avaliação de Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, as elites brasileiras estão desnorteadas com a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva voltar à presidência e, por isso, não apoiam as eleições diretas, que são o desejo da maior parte da população.

"As elites brasileiras estão como baratas tontas por uma razão que tem nome: Luiz Inácio Lula da Silva. Não fosse o medo que têm dele, haveria uma saída natural ara a enrascada em que meteram o País e que as deixa baratinadas. Elas mantinham-se coesas desde o segundo semestre de 2015, quando decidiram pôr de lado suas diferenças e ir juntas derrubar Dilma Rousseff. Sempre concordaram no fundamenta, pois nunca esqueceram seus interesses de longo prazo. Mas a unificação de táticas do cotidiano foi cimentada somente quando entraram em acordo para tirar o PT do governo e reassumi-lo na plenitude", escreveu Coimbra, em sua coluna na Carta Capital.

"Não era certo que estouraria um escândalo do tamanho desse das delações da JBS, mas era previsível. Ter na cadeira presidencial um personagem como Michel Temer é um risco permanente. Ninguém tem o direito de se fingir surpreso com ele. O Temer de maio de 2017 é igual ao de toda a vida. Dar expediente no Palácio do Planalto não lhe mudou a natureza.

Para quem distorceu os fatos a ponto de enxergar crime de responsabilidade de Dilma em atos administrativos que todos os presidente praticaram, as fitas gravadas e os depoimentos dos irmãos Batistadeveriam ser amplamente suficientes para justificar o impeachment de Temer. Todo mundo save disso, incluindo o próprio, que se agarra a tecnicalidades para reduzir o impacto dos fatos.

Com sua arrogância somada à falta de conhecimento do País, as elites fizeram outra coisa. Tiraram Dilma, colocaram Temer no lugar e agora têm de lidar com suas traquinagens. Enquanto isso, Lula tornou-se favorito a vencer a próxima eleição.

Só há um motivo para que fujam desta saída, preferindo tapar o nariz e seguir com Temer ou transferir a escolha aos parlamentares: o medo de Lula. É a convicção de que ele venceria a eleição que leva banqueiros, políticos conservadores e donos de veículos de comunicação evitarem a solução natural.

Escapar da eleição direta, contudo, vai além de apenas querer impedir a volta de Lula. É ser contra o desejo daqueles que, provavelmente, o elegeriam. É negar a democracia."



Brasil 247

É medo de Cunha o que leva Moro a não mexer em Cláudia Cruz? Por Paulo Nogueira


- 28 de maio de 2017



Este artigo está sendo republicado por motivos óbvios.

Sérgio Moro tem medo de Eduardo Cunha.

Esta é a única explicação razoável para a inoperância patética da Lava Jato em relação a Cláudia Cruz, a mulher de Cunha.

A desculpa de que não foi possível notificá-la por não saber seu endereço é uma das coisas mais ridículas da história da Lava Jato e do golpe.

Ou é uma prova da extrema inépcia de Moro ou é uma evidência do caráter da Lava Jato.

Fico com a hipótese dois, com o acréscimo, repito, do medo que Moro parece ter de Cunha.

Examinemos o caráter da Lava Jato. Ficou claro, e já faz tempo, que seu alvo é o PT. O resto são efeitos colaterais, e em geral indesejados. O tratamento é completamente diferente. Rigor extremo para uns, complacência absoluta para outros.

Cunha mesmo: ele só se enrolou mesmo porque os suíços entregaram suas contas secretas no país. Mesmo assim, ele continua aí, e não são pequenas as possibilidades de que escape quase impune dos múltiplos crimes que cometeu.

E então chegamos a Moro e Cunha.

Moro mostrou extrema valentia, aspas, sobre os pedalinhos de Atibaia. E não hesitou em coagir Lula indevidamente para um depoimento, sob cobertura circense da imprensa.

Mas é pateticamente manso com Claudia Cruz.

É que Cunha manda muito. Seu poder de retaliação, nas sombras, é tão grande quanto era antes à luz do sol.

Sua ligação com Temer é estreita e antiga. Imagine o que ele não conhece sobre o amigo Michel.

E se ele abrir a boca?

Não é uma hipótese plausível, a rigor. Sua força reside exatamente em mantê-la fechada por um preço que lhe seja compensador.

O que Cunha poderia fazer contra Moro caso quisesse?

Ninguém sabe. Moro também não parece saber, como sugere sua chocante maneira de conduzir o caso Cláudia Cunha.



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

“Semente” e “quentinha”: entenda a ameaça cifrada de Aécio a Perrella em grampo. Por Joaquim de Carvalho


- 27 de maio de 2017


Amici


A conversa entre o senador afastado Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB, e o senador Zezé Perrella é mais do que a revelação de um chefe que cobra fidelidade de um subordinado.

É um diálogo que remete à omertà, pedra de toque do código de honra dos mafiosos do sul da Itália.

Para quem conhece um pouco das relações entre os dois e as investigações que diretamente ou indiretamente os envolvem, existe ali uma ameaça. 

“A não ser, Zezé, que a sua campanha foi financiada na Lua, ou pela [empresa de] semente lá sua, ou pela quentinha do Alvimar. Nossa campanha foi a mesma, Zezé”, disse.

Truco.

Durante o governo de Aécio Neves e Antonio Anastasia em Minas Gerais, entre 2007 e 2011, uma das empresas da família de Zezé Perrella, a Limeira Agropecuária e Participações, foi contratada para fornecer sementes para um programa de combate à fome.

Mas, segundo o Ministério Público do Estado, não há comprovação de que tenham sido entregues.

O prejuízo é estimado em 19 milhões de reais.

O promotor Eduardo Nepomuceno, que investigou o caso, disse:

“Nós temos ausência de notas fiscais relativas a várias operações onde teria havido a compra e venda dessas sementes, houve o pagamento sem entrega efetiva da nota fiscal. O local indicado para entrega dessas sementes é um local absolutamente impróprio para o armazenamento. Isso gerou desconfiança. Seria o caso de entregar semente num escritório, totalmente inaplicável. Outra situação é ausência de comprovação de pagamento de frete. Então essa semente deveria ter sido transportada para o interior do estado através de carretas, caminhões e não existe nenhum documento demonstrando que o frete foi pago.”

Outra empresa da família de Zezé Perrella, a Stillus Alimentação, foi denunciada por fraudes no fornecimento de quentinhas para os presídios do Estado, em contratos assinados também na administração de Aécio Neves.

Além dos presídios, a Stillus fornecia merenda escolar para algumas prefeituras. O Ministério Público do Estado apurou prejuízo aos cofres públicos superior a 55 milhões de reais, em valores de 2012.

O dono da Stillus é Alvimar Oliveira Costa, irmão do senador Zezé Perrella e seu sucessor na presidência do Cruzeiro.

O caso da fraude nas quentinhas foi descoberto em outra investigação aberta pelo Ministério Público de Minas Gerais, esta para apurar fraude no contrato que deu a uma empresa da família de Zezé Perrella o direito de explorar o comércio de refeição na Cidade Administrativa, a obra faraônica de Aécio Neves, inaugurada no final de sua gestão, com a presença, inclusive, do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Ao ouvir de Aécio a referência a quentinhas e sementes, Zezé Perrella engoliu seco, como mostra a gravação.

Tentou justificar a declaração que deu à rádio Itatiaia e irritou Aécio como uma defesa em relação ao caso do Helicoca.

O chefe, como ele se refere ao senador afastado, não aceitou.

“Somos amigos”, ele lembrou, no início da gravação.

E amigos se defendem ou, no caso de relações mafiosas, a deslealdade é paga com a morte – no caso, pode ser a morte da reputação.

Aécio disse a Zezé, em relação à lista de Fachin — que motivou Zezé a falar que existe um mar de lama no Brasil:

“Você tá fora. Ótimo. Acho maravilhoso”.

Mas não se esqueça, Zezé: tem as sementes e as quentinhas.

Aécio sabe muito e não só sobre Zezé.

*****

PS: Há alguns meses, antes que o mar de lama tragasse Aécio Neves, o promotor Eduardo Nepomuceno foi afastado da Promotoria do Patrimônio Público em Minas Gerais e, por conseguinte, das investigações que envolvem Zezé Perrella. O afastamento foi decidido pelo Conselho Nacional do Ministério Público, onde trabalha a procuradora Ana Luisa Zorzenon, mulher do procurador Ângelo Goulart Villela, preso por aceitar suborno para vazar informações sigilosas da Operação Lava Jato.



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

As duas Lava a Jato e o tempo do Brasil, por Fernando Horta

SEG, 29/05/2017 - 08:21


As duas Lava a Jato e o tempo do Brasil

por Fernando Horta

Desde antes da morte do ministro Teori Zavascki (em tempo, já investigaram?) era perceptível que existiam, ao menos, duas Lava a Jato. A operação capitaneada (sic) por Moro e os procuradores da “República de Curitiba” era uma operação. Parcial, não-constitucional, política e com foco exclusivo no ataque ao governo Dilma e em Lula. O ministro Teori deixou claro, em diversos momentos, seu desgosto com a forma com que esta operação era levada. Após sua morte, as manifestações do ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, deixavam transparecer uma discordância ainda maior de Teori com tudo o que se passava. Talvez o ministro, sendo mais cuidadoso e silente, do que o juiz-justiceiro de Curitiba, não retrucasse da mesma maneira (na frente de microfones e câmeras), mas Teori deu os acordes iniciais para a outra Lava a Jato. Aquela centrada no STF e levada a cabo por um MP e uma PF muito mais imparciais e profissionais.

E foi esta segunda Lava a Jato que desmontou o governo Temer. Coisa que tinha ficado muito claro (será que para Teori também?) que Moro não faria. A desculpa do privilégio de foro não deve ser levada em conta. Dilma tinha foro privilegiado e isto não impediu que Moro criminosamente agisse de forma política vazando as conversas da presidenta em rede nacional. O que mantinha Moro tão zeloso quanto a Temer era outra coisa. Esta percepção e as fotos do juiz com figuras da oposição e mesmo com o presidente acendiam a luz vermelha na esquerda. Moro, como Gilmar Mendes, não se preocupa em disfarçar suas posições políticas, preocupam-se em negar o óbvio. Teori sabia que se a quisesse uma Lava a Jato ética e juridicamente correta, não poderia passar por Curitiba.

A morte do ministro Teori (em tempo, já investigaram?), revelava uma estranha situação. O filho do ministro confessava que o pai estava “muito preocupado” pelo Brasil em 2017. Que informações teria o ministro? As operações deflagradas recentemente que atingiram em cheio o PSDB e o golpista-presidente eram do conhecimento já de Teori? Creio que sim. Creio que ali começaram, com a imparcialidade, o profissionalismo e a discrição que todos afirmam caracterizavam o comportamento de Teori Zavascki. Ali tinha nascida a segunda Lava a Jato.

Enquanto a Lava a Jato de Curitiba grampeava escritórios inteiros, presidentes, ex-presidentes, seus filhos, netos, amigos por quase dois anos para achar alguns palavrões, a operação sediada em Brasília grampeava menos pessoas por menos tempo e obtinha explosivas informações. Enquanto a de Curitiba transformava qualquer declaração em política baixa despejada para a grande mídia, a de Brasília não vazava. Nem Gilmar Mendes (será que foi gravado?) sabia de algo. A diferença de profissionalismo, acuidade e eficácia são gritantes. Também na hora de tornar públicos os resultados as diferenças se mantinham. Como Curitiba tinha lançado moda fazendo da publicidade sua principal força jurídica, Fachin (herdeiro dos processos de Teori) fez o mesmo, só que sem a antiga seletividade para blogs e jornalistas de direita.

É questionável que o STF vaze? É, mas a verdade é que se o próprio STF não questionou o vazamento feito com Dilma, não há moral agora para questionar qualquer outro. Ou a “suruba é pra todo mundo” ou não é para ninguém, como lembrou o senador-símbolo do governo Temer, Romero Jucá. O governo Temer tenta recolher seus cacos e se sustentar. Conta com pouco apoio, mas uma valorosa inércia da esquerda brasileira que, apesar de não ter sido golpeada nos últimos meses, ainda está tonta. O problema é que não há vácuo de poder. Enquanto se discute quem vai assumir, quais eleições, candidatos, o tempo e etc. Alguém está exercendo o poder de fato. Creio que não é mais Temer, sequer como preposto.

O tempo dado a Temer, portanto, é um tempo dado a este poder que não temos ciência de quem o exerce. É um tempo dado contra o país. Todo o tempo que Temer levar para cair, somando com o tempo de transição é um tempo que o brasileiro perde emprego, o empresário deixa de lucrar, quem tem fome segue com fome e tudo fica num transe inativo. Não vejo, se não por má fé, como as cabeças pensantes deste país – sejam de direita, de esquerda, de frente ou de ré – estão se permitindo este transe. A economia do país agoniza e os esforços desonestos de Temer para produzir índices (mudando metodologia, alterando prazos e etc.) já foram denunciados por muitos, incluindo o presidente do IBGE.

Se o país todo perde com esta demora, quem está ganhando? Quais os grupos que fazem da sangria de Michel Temer, a depressão de Aécio algo que os beneficie? Já não era hora da esquerda ter se recuperado e voltado para a disputa? O brasileiro já não percebeu que tudo o que está acontecendo, não importa quem se beneficie, vai piorar a sua já complicada situação?

Estão esperando efetivamente o quê, para por definitivamente a termo o governo Temer? Curitiba está desnorteada pela demonstração efetiva de como se faz uma operação policial e jurídica dada por Brasília. O PSDB acabou com a hipocrisia do discurso da superioridade, com todo o partido envolvido em esquemas e canalhices. Os asseclas de Temer nem conversam mais com medo de estarem sendo gravados. No STF o receio é o mesmo. A economia definha, o trabalho some e todos os indicativos mostram mais um período de seis meses (no mínimo) de recessão. Se antes não interessava se Dilma era culpada ou inocente, e o argumento do “conjunto da obra” aparecia o tempo todo, o que mudou agora?

Esta inércia VAI nos custar muito caro. Política, social e economicamente. Não há nenhum benefício em deixar-se um paciente perdendo sangue enquanto se discute qual doença e qual cura. Dentro do protocolo de emergência, a sutura tem precedência. A ministra Carmem Lúcia deveria saber disto.


Jornal GGN