Publicado em 18 de dezembro de 2021
Foto: Patricia Faermann/Outubro de 2019
Jornal GGN – Em grandes incertezas, o Chile espera o seu futuro, no segundo turno das eleições presidenciais deste domingo, 19 de dezembro, que decidem entre o projeto da ultra-direita e aquele que poderá interromper o modelo neoliberal político do país latino-americano.
A disputa acirrada está entre o candidato da esquerda, o ex-líder estudantil e deputado Gabriel Boric (Apruebo Dignidad, com apoio da coalizão da esquerda) e o oponente da ultra-direita José Antonio Kast (Partido Republicano, da Frente Social Cristã), apelidado no país como o “Bolsonaro chileno”.
A incerteza ocorre porque, apesar de Boric aparecer como o favorito das últimas pesquisas eleitorais, a diferença entre os dois adversários foi diminuindo ao longo das últimas semanas e há significativa parcela da população ainda sem decisão. No Chile, há um prazo anterior à votação durante o qual é proibida a divulgação das intenções eleitorais. Esse prazo terminou no dia 4 de novembro, quando foi publicado o último resultado.
Contudo, diversos jornais locais noticiaram ter obtido os resultados dos levantamentos das semanas posteriores. No que seria o último, realizado no dia 10 de dezembro, o candidato da esquerda soma 39% das intenções de voto contra 36% do candidato da extrema direita. Além da diferença apertada, de apenas 3 pontos percentuais, um dado preocupante é que 25% dos entrevistados afirmavam ainda não saber em quem votar.
Assim, no país em que as eleições não são obrigatórias, os dois candidatos centralizaram todos os esforços de campanha nesta semana, cientes de que o próximo presidente do país deverá sair do resultado do “voto a voto” dos últimos dias.
Os últimos dias
Com esse cenário, alguns fatores marcaram a semana das urnas: a intensificação das campanhas nas redes, com o aumento da mobilização de artistas e intelectuais a favor de Gabriel Boric; da mesma forma, a intensificação dos ataques de Kast e seus apoiadores ao candidato da esquerda, com a disseminação de informações pessoais e Fake News; e notícias que prejudicaram os respectivos projetos e, ao mesmo tempo, fortaleceram posições.
Principalmente duas notícias foram as que dominaram as manchetes do país: a primeira, apoiadores de Kast propagandizaram a denúncia de uma jovem contra Boric por assédio; a segunda, a viúva do ditador Augusto Pinochet morreu aos 99 anos, com impunidade.
Apesar de temporariamente enfraquecer a imagem do candidato da esquerda, poucas horas foram necessárias para rebater os apoiadores de Kast. A própria jovem emitiu um comunicado afirmando que o deputado havia pedido desculpas a ela, que a campanha de Jose Antonio Kast “se aproveitou de maneira inescrupulosa e violenta” da situação e que seu voto para este domingo se mantinha em Boric.
Já o segundo episódio dominou o noticiário desta quinta-feira (16): Lucia Hiriart, viúva de Pinochet e que mantinha forte influência sobre a política do ditador, morreu aos 99 anos, com uma fortuna acumulada do general, sem nunca ter sido responsabilizada.
Além da reação geral, com comemorações e condolências, a notícia reascendeu em parte da população a luta que os levou a protestar naqueles históricos últimos meses de 2019 e que foram responsáveis pelo país, hoje, estar discutindo uma nova Constituição que colocará fim à atual, herdada do golpe militar, explicitadamente defendido por Kast.
Se confirmada a última pesquisa eleitoral, com pequena maioria a Boric, os exatamente um quarto da população apta a votar que ainda não se decidiram poderão determinar a resposta final e serem responsáveis por eleger o próximo presidente do Chile.
GGN
Nenhum comentário:
Postar um comentário