sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Cláudio Castro recebeu propina como vereador e vice-governador, diz delator


O atual governador teria usado dinheiro de propina para, inclusive, custear uma viagem da família a Orlando, nos Estados Unidos, ondem ficam parques da Disney

16 de setembro de 2022

Claudio Castro (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)


247 - Governador do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, Cláudio Castro (PL) recebeu propina enquanto vereador e vice-governador, denunciou em depoimento ao Ministério Público do Rio (MP-RJ) Marcus Vinícius Azevedo da Silva, empresário e ex-assessor do político.

Segundo o UOL, que obteve vídeo do depoimento de Azevedo e Silva, Castro "recebeu propina no exterior —US$ 20 mil (R$ 104 mil na cotação do dólar ontem) em uma viagem com a família a Orlando, na Flórida". O ex-assessor foi ouvido no âmbito da Operação Catarata, que investiga fraudes em projetos sociais da prefeitura e do governo do estadual.

"Marcus Vinícius afirma que, como vereador, Castro intercedeu, em 2017, junto ao então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) para que dois contratos —de uma ONG ligada ao delator e de uma empresa de Flávio Chadud— fossem incorporados pela SUBPD (Subsecretaria de Pessoa com Deficiência), sob o comando de aliados do grupo", diz a reportagem. Antes, os contratos ficavam com a Secretaria de Envelhecimento Ativo e depois com a Secretaria de Desenvolvimento Social. "O delator conta que os contratos foram transferidos para a SUBPD após a intervenção de Castro —em troca disso, o então vereador votaria a favor do aumento do IPTU, projeto de lei impopular proposto logo no início da gestão Crivella. Lá na SUBPD, esses dois contratos passaram a dar propina e capital político para o então vereador Cláudio Castro, em 2017 para 2018. Aí, acabou o dinheiro, isso morreu em fevereiro de 2018. Mas, no mesmo ano, ele foi eleito vice-governador".

Não foram informados os valores que Castro teria recebido.

Já no governo estadual, segundo o delator, "havia desde 2015 um esquema para beneficiar ele e Flávio Chadud com contratos de projetos sociais na Fundação Leão 13".

O ex-assessor conta o que teria falado a Castro na época: "deixa o Novo Olhar [projeto da empresa de Chadud] prosseguir. Você, Cláudio Castro, passa a ser o dono do contrato. Ou seja, dono do contrato é: você diz quem vai atender e a propina que sobra é sua. E do Marcus [Vinícius - fala de si próprio na terceira pessoa], o Agente Social, o Marcus vai mandar um ofício para a Leão 13 pedindo o cancelamento, uma rescisão contratual. E mais tarde vocês dão um contrato para o Marcus, para ele ter a contrapartida dele".

"Na véspera de eu ser preso, eu estava negociando esse novo contrato que substituiria o que eu abri mão, o Agente Social. Dias antes, o então presidente da Fundação Leão 13, o Allan [Borges], e a esposa dele estavam na minha casa negociando o contrato que eu abri mão", complementou.

Segundo Azevedo e Silva, o atual governador teria custeado a viagem de sua família à Orlando, para parques da Disney, com dinheiro de propina. "O Cláudio foi fazer uma viagem com a família para Orlando. Levou ele, a atual primeira-dama, os filhos, levou o irmão dele, a cunhada, foi uma galera. Parte dos recursos que pagaram a viagem do Cláudio e da família lá em Orlando saiu dos cofres, da contabilidade do Novo Olhar, e foi direto para Orlando. Quando ele chegou lá, o dólar estava lá. Não precisou sacar aqui. A gente tinha como mandar recurso através de doleiro para o exterior, foi direto. Chegou lá, a pessoa só chegou e entregou para ele. Na época, acho que foi o equivalente a US$ 20 mil, se não me engano. Eu dei uma parte, Flávio [Chadud] deu uma outra".

Ainda segundo o ex-assessor, a mochila que Castro carrega consigo em imagens de câmeras de segurança da sede da empresa de Chadud era usada para transportar propina. "Aquela gravação que depois passou na mídia, em relação à mochila, que ele [Castro] foi na manhã da véspera da operação [Catarata], aquilo ali foi para ele receber o recurso que foi destinado, que foi pago, dias antes foi liberado pelo estado. Ele foi receber a parte dele lá no escritório, R$ 120 mil, uma parte dos recursos que haviam sido liberados atrasados. [...] Aquela imagem foi exatamente o Cláudio na véspera indo lá para poder pegar o recurso. Tanto que no dia da operação ainda tinha uns R$ 300 mil dentro do cofre porque o Bruno [ex-funcionário] e o Flávio ainda iam distribuir para mais agentes".

Por meio de sua assessoria de imprensa, Castro se manifestou: "não comento ações que estão em segredo de Justiça. O vazamento desse conteúdo é criminoso e visa única e exclusivamente interferir no processo eleitoral. Infelizmente no Rio de Janeiro há uma indústria de delações feitas por criminosos que querem se livrar da cadeia e acusam autoridades de forma leviana".

A defesa de Flávio Chadud declarou: "são duas delações combinadas, sem prova alguma. O delator disse que não presenciou e não estava no local. É uma obra de ficção na base do 'ouvir dizer'. [Chadud] Nunca fez pagamento no Brasil ou no exterior a qualquer agente público. São afirmações mentirosas para sustentar benefícios graciosos e manter a sua impunidade".


Brasil 247

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