quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Em matéria de rejeição, José Serra é campeão
As últimas pesquisas sugerem que os debates que precedem o segundo turno do pleito presidencial estão contribuindo para uma maior conscientização do eleitorado sobre o real caráter dos candidatos. Prova disto é o índice de rejeição atribuído ao líder dos tucanos no levantamento divulgado nesta quarta (27) pelo Instituto Sensus.
Por Umberto Martins
Nada menos que 43% dos entrevistados afirmam que em hipótese alguma votariam no Serra. Isto torna o ex-governador de São Paulo um campeão da rejeição e, segundo a leitura do próprio instituto, sinaliza sua derrota em 31 de outubro. O repúdio ao tucano era de 39,8% na pesquisa anterior. Subiu, e bem, enquanto o percentual de eleitores e eleitoras que não votariam em Dilma Rousseff caiu de 35,2% para 32,5%.
Os números refletem o juízo que os brasileiros estão formando sobre os concorrentes no curso da batalha. Com certeza, a influência dos debates na TV, inclusive durante os programas eleitorais gratuitos, não é pequena.
Um currículo sob suspeita
Com firmeza e serenidade, a candidata da coligação Para o Brasil Continuar Mudando está conseguindo desmascarar o candidato da coligação demo-tucana, personagem de mil caras. Ele procura se apresentar como um homem de bem, mas não consegue explicar as tenebrosas transações que mancharam seu currículo pelo menos desde a época em que foi ministro e chefe do programa de privatizações de FHC.
Nos debates, engasgou diante das graves denúncias envolvendo o senhor Paulo Vieira de Souza (apelidado de Paulo Preto), seu ex-assessor. Serra se embaralhou quando o tema foi abordado pela primeira vez. Quis fugir, afirmando que não conhecia o cidadão, mas em menos de 24 horas teve de voltar atrás diante de ameaças veladas feitas por Souza em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
“Não tem atitude minha que não tenha sido informada a ele”, disse Souza. “Não se larga um líder ferido na estrada em troca de nada. Não cometam esse erro.” E Serra voltou atrás. Tentou disfarçar afirmando que não o conhecia pelo apelido “racista” (Paulo Preto), mas a emenda saiu pior que o soneto.
Demagogia e pré-sal
O ex-ministro de FHC ficou mal na fita. Não só neste episódio. Demagogo, o tucano resolveu desfilar de defensor número um das empresas públicas e acusou Dilma Rousseff de privatizante em função das concessões de áreas para exploração do petróleo a empresas privadas feitas pelo governo Lula antes da descoberta do pré-sal.
O regime de concessões (que garante às empresas total liberdade de exploração e apropriação dos lucros das áreas concedidas) foi uma herança neoliberal que o atual governo julgou por bem conservar, apesar da oposição dos trabalhadores da Petrobras e dos movimentos sociais. Todavia, a realidade mudou, da água para o vinho, após a descoberta do valioso combustível no chamado pré-sal, em quantidade e qualidade que significam um bilhete premiado para o Brasil.
Por esta razão, o governo mudou as regras do jogo, acabando com a política de concessões e com os leilões para exploração do petróleo, numa medida que constitui uma festejada vitória dos movimentos sociais e de personalidades e organizações patrióticas, que sempre criticaram os leilões e lutam para que os lucros gerados no pré-sal sejam apropriados pelo poder público e carreados, em boa medida, para a execução de projetos sociais, com destaque para a educação.
Serra tergiversou e não dirimiu as dúvidas sobre o que pretende fazer com o pré-sal. Cardeais do tucanato já revelaram intenções privatizantes neste sentido e as bancadas do PSDB e do DEM no Congresso Nacional votaram contra a mudança do regime de concessões para o de parceria e o monopólio da operação para a Petrobras.
Conflito de interesses
Estão em jogo, nesta polêmica, sérios conflitos de interesses, que envolvem as multinacionais do petróleo, de um lado, e o povo brasileiro, de outro. O candidato do PSDB preferiu esconder o jogo, mas não é preciso ser adivinho para concluir de que lado ele está numa questão em que seus companheiros de partido já declararam abertamente posição contra a Petrobras e a favor das empresas privadas.
Com o auxílio da mídia golpista, dispararam a esmo contra a corrupção, tentando atingir Dilma e o governo Lula. Mas parece que o tiro saiu pela culatra. Não só as relações perigosas entre Serra e Paulo Preto foram expostas. Agora, o ex-governador também está às voltas com a descoberta de uma licitação viciada para obras nos lotes 3 a 8 da linha 5 do Metrô paulistano. A patifaria foi armada quando ele comandava o governo estadual.
É por estas e outras razões que o candidato tucano conquistou a merecida posição de campeão da rejeição. Pelo andar da carruagem, Zé Serra ainda pode encerrar a campanha mais sujo que puleiro de galinha.
Mensagem das urnas
As baixarias promovidas pelo tucanato transformaram a corrida presidencial num show de hipocrisia, mas não lograram os efeitos desejados. O homem de mil caras tem um só significado: o retrocesso econômico, político e social; a restauração da política de privatizações, arrocho fiscal; a sabotagem do Mersocul e da integração latino-americana e política externa subordinada aos EUA; a criminalização do MST e dos movimentos sociais; a estagnação e desemprego em massa.
Ao contrário do que julgam as elites, o povo brasileiro não é bobo e a mensagem das urnas no próximo domingo será contra o retrocesso e pela continuidade e aprofundamento do processo de mudança iniciado pelo governo Lula.
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