Pela primeira vez no ano, economistas de instituições financeiras reduziram a estimativa de alta do PIB para – abaixo da marca de 2%. A queda na previsão de crescimento acompanha uma tendência observada nos últimos boletins Focus, realizados pelo Banco Central semanalmente e poucos acreditam no sucesso da administração de Jair Bolsonaro
4 DE ABRIL DE 2019
Sputinik – Pela primeira vez no ano, economistas de instituições financeiras reduziram a estimativa de alta do PIB para – abaixo da marca de 2%. A queda na previsão de crescimento acompanha uma tendência observada nos últimos boletins Focus, realizados pelo Banco Central semanalmente. Especialistas explicam o que pode estar por trás do pessimismo.
Para o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE FVG), Marcel Balassiano, a piora no humor do mercado pode ser explicada pelos resultados macroeconômicos do último trimestre de 2018 e do primeiro em 2019, que trouxeram indicadores abaixo do esperado. Ele também acredita que a possibilidade de desidratação da reforma da previdência no Congresso tem impacto direto no pessimismo.
"Após o período eleitoral, os índices de confiança apresentaram tendência de alta e as variáveis do mercado financeiro ensaiaram trajetória de crescimento. A FGV pondera a situação atual e a expectativa para o futuro. Essa melhoria da confiança está ligada a expectativas e não a mudança de fato no cenário estabelecido. Só que os problemas do governo — como a briga entre o presidente e o Rodrigo Maia — levam a uma incerteza maior e a uma diminuição da confiança", pondera o economista. No mês de março, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) metrificado pela FGV caiu para o menor nível desde outubro de 2018.
Marcel ressalta que, até que a reforma seja aprovada, a oscilação na expectativa e na bolsa serão comuns. Para ele, o mercado reage muito mais rápido à movimentação política que a economia porque tenta precificar ganhos e perdas. Assim, "o timing de como vai acontecer a votação da reforma, as mudanças que ocorrerão ou não, tudo isso vai ditar o rumo nos próximos meses principalmente em relação ao mercado financeiro e na confiança e projeções do empresariado".
"No fim das contas, a grande questão para 2019 seja talvez não econômica, mas sim política. Da reforma da previdência depende um crescimento mais forte ou não no futuro", avalia.
Economista-chefe da Porto Seguro Investimentos, José Penna concorda, destacando que "embora haja convicção de que a reforma será aprovada, duas questões permanecem: o prazo e o nível de economia fiscal após a tramitação, já que há expectativa de diluição da economia originalmente pretendida" pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.
"O próprio presidente deixou aberta a possibilidade de se rediscutir a idade mínima para aposentadoria de mulheres e há um aparente consenso no Congresso contra as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC)", menciona, em referência ao pagamento concedido a idosos de baixa-renda que atualmente é de um salário mínimo e pelo texto seria fixado em R$400 reais até que se complete 70 anos de idade.
Penna também ressalta a agenda de desaceleração mundial. Para ele, a instalação de tensões comerciais entre China e Estados Unidos produziu efeitos-cascata mundiais, impactando sobretudo a Europa. "Há questões específicas, como a decisão do governo chinês em desacelerar a economia nacional desde 2016 e que produziu uma queda nos indicadores globais de forma defasada. O Brexit e indicadores de produtividade na Europa também contam".
O economista destaca que o mercado vai estar de olho nos resultados das negociações entre Planalto e Congresso. Ao final da viagem para Israel nesta quarta, Bolsonaro falou à imprensa sobre "jogar pesado na questão da Previdência". Ele deve receber líderes partidários ainda nesta semana, na tentativa de reparar o relacionamento estremecido com parlamentares.
Brasil 247
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