TV 247
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
domingo, 29 de novembro de 2020
Eleita prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão anuncia secretariado paritário e promete canal aberto com população
"Eu sou prefeita de todo mundo. Eu recebi esta delegação e sou prefeita da cidade. Nós vamos conversar com todo mundo. Nós temos um canal aberto com todas as pessoas, com todos os agentes políticos", afirmou a petista, primeira mulher eleita para a prefeitura de Juiz de Fora (MG)
29 de novembro de 2020
(Foto: Divulgação)
Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia
“Com imensa sensação de gratidão e, também, de humildade”. Esses foram os sentimentos traduzidos por Margarida Salomão (PT), após a confirmação – às 19h14 e com 54,98% dos votos apurados – a primeira mulher eleita para a prefeitura de Juiz de Fora, cidade de aproximadamente 600 mil habitantes, na Zona da Mata mineira. Depois da quarta tentativa, desta vez concorrendo com o empresário Wilson Rezato (PSB), do ramo de construtoras, Margarida chega ao cargo, neste domingo, (29) com o apoio de 144.529 eleitores. Seu opositor, com quem disputou em segundo turno, obteve 118.349 votos, perfazendo o percentual de 45,02%, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda de acordo o TSE, A eleição em Juiz de Fora teve 119.497 abstenções, 7.992 votos brancos e 19.972 votos nulos, destinados a ela e ao seu vice, o ex-vereador Kennedy Ribeiro (PV).
Sua disposição é iniciar amanhã, (segunda-feira, 30), a transição, auxiliada por uma equipe que contará com a paridade de gênero. Farão parte da comissão: Cidinha Louzada, a advogada Rosana Lílian e a professora Giane Elisa, além dos sociólogos Martvs Chagas, Beliel Rocha e o professor Rogério Freitas. “Eu sei a enormidade de esperança que está depositada em mim. Por esta razão eu estou com uma imensa disposição para fazer a nossa gestão corresponder ao sonho das pessoas que depositaram a sua confiança na urna, hoje. Começamos a trabalhar amanhã. Eu vou falar agora mesmo falar com o prefeito Almas (Antônio Almas), que já havia tido a gentileza de se manifestar, para estabelecer a transição”, adiantou.
Seus planos são os de anunciar na semana que vem o seu secretariado, “nos termos que eu me comprometi. Um secretariado paritário, metade mulheres, metade homens, e com homens e mulheres negras, para que a gente represente a população de Juiz de Fora”, disse.
Sua campanha teve como tônica a inclusão e o acolhimento, traduzido no slogan: “Tudo é para todos”. Por isto, explicou em sua primeira fala na condição de eleita que “as políticas e os projetos da sociedade estão voltados à justiça social e à garantia de liberdade para todos”.
Em seguida, agradeceu aos eleitores que tiveram “a coragem de fazer a ruptura e escolher uma mulher para estar à frente da cidade”. E, ainda, “por dar esta oportunidade ao Partido dos Trabalhadores, que sempre foi muito bem votado em Juiz de Fora”. A exceção ficou por conta do clima emocional que se estabeleceu na cidade, em 2018, durante as eleições presidenciais, após ter sido palco da “facada” recebida por Bolsonaro, no Centro da cidade, em 6 de setembro daquele ano. O resultado se traduziu em votos nunca concedidos, à ultradireita. Bolsonaro recebeu o apoio de 45.333 eleitores (52,36 %); enquanto Haddad totalizou de 132.237, ou seja, (47,64 %). Com a eleição de Margarida, Juiz de Fora retoma o seu rumo de cidade progressista.
Além de frisar que a base do seu programa serão as políticas públicas, disse também que governará com a participação popular cidadã e controle social, promovendo o desenvolvimento urbano e rural nos municípios e priorizando o direito à cidade, com políticas sociais e a realização de direitos e gestão democrática, ética e eficiente.
Sobre a campanha, definiu como “um processo muito bonito e muito empolgante. Eu andei pela cidade inteira. Ouvindo as pessoas. Tive um apoio muito forte dos meus companheiros políticos. Nós fomos ampliando os nossos apoios. Tivemos apoios fora do nosso partido, mas que entenderam a importância de nossa mensagem, e de gerirmos Juiz de Fora, com um desenvolvimento focado nos direitos das pessoas, tais como: o direito à saúde, ao transporte, à educação, a creches. Trata-se do direito à cidade, que nós hoje, com a delegação do povo, vamos fazer valer”, voltou a prometer.
E, por fim, dirigiu-se à população diretamente: “eu quero mandar uma mensagem a toda a população. Os que votaram em mim, e os que votaram no outro candidato. Eu sou prefeita de todo mundo. Eu recebi esta delegação e sou prefeita da cidade. Nós vamos conversar com todo mundo. Nós temos um canal aberto com todas as pessoas, com todos os agentes políticos, inclusive com o Wilson Rezato, que participara no segundo turno, do PSB, e que nos antagonizou. O bem de Juiz de Fora está acima de qualquer disputa”, comprometeu-se.
Brasil 247
sábado, 28 de novembro de 2020
Margarida Salomão é favorita e deve ser a primeira prefeita de Juiz de Fora
Deputada federal pode se tornar a primeira prefeita na história de Juiz de Fora, que passaria a ser governada pelo PT pela primeira vez. A petista anunciou uma gestão anti racista, com pessoas negras em cargos proeminentes, e garantiu a participação popular na definição das políticas públicas
28 de novembro de 2020
Da Agência PT – Juiz de Fora está prestes a eleger a primeira prefeita de sua história, e a ser governada pelo PT pela primeira vez. É o dizem as ruas da cidade após o debate promovido nesta sexta (27) pela TV Integração, retransmissora local da Rede Globo, entre a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG) e seu adversários neste segundo turno, o empresário do ramo da construção Wilson Rezato (PSB).
O Ibope não realizou pesquisa com intenção de votos dos eleitores para o segundo turno em Juiz de Fora, que passou a ser conhecida como “Manchester Mineira” à época em que seu pioneirismo na industrialização a tornou o município mais importante de Minas Gerais. No primeiro turno, Margarida teve 102.489 votos (39,46%), contra 59.633 (22,9%) votos para Wilson.
Margarida iniciou o debate, que foi dividido em três blocos, lembrando que 42% por cento da população de Juiz de Fora é formado por pessoas negras, e perguntou a Rezato que políticas contra o racismo seriam adotadas. Para ela, “não basta ser não racista, é necessário ser anti racista”.
A deputada federal ressaltou que a população da cidade tem uma grande dívida com a população negra, pela sua contribuição ao desenvolvimento do municípios, e elencou três compromissos: “Nós teremos um órgão destinado a fazer essa reparação histórica. Teremos também homens e mulheres negras em posições de proeminência no nosso governo. E, finalmente, assumo o compromisso de construir um museu da população negra em Juiz de Fora”, afirmou.
Ao ser questionada sobre que ações adotaria nos bairros e comunidades mais carentes e na zona rural, Margarida afirmou que adotará um planejamento focado no território. “As pessoas que vivem os problemas são as mais capazes de identificar esses problemas e sugerir decisões apropriadas”, argumentou a candidata do PT, adiantando que manterá a tradição petista de participação popular na escolha de políticas públicas.
“O que a gente verifica é uma necessidade muito urgente de intervenção em muitas áreas. Temos alagamentos, ameaça de desabamento de encostas, moradias sob risco e uma grande desorganização urbana que em boa parte é causada por grandes empreendimentos imobiliários implantados sem planejamento e sem uma estrutura urbana que os atenda da maneira devida”, criticou Margarida, pregando o aperfeiçoamento da legislação urbana do município.
“O que hoje acontece é que alguém faz um empreendimento e não arca com nenhuma contrapartida ao impacto causada por esses empreendimentos. Alguém embolsa os ganhos e a comunidade arca com os gastos”, criticou a petista, sem, no entanto, mencionar que seu adversário, empreiteiro do ramo imobiliário, é um dos promotores da desordem urbana na cidade.
Mais saúde, mais educação, mais cultura e mais empregos
Ao falar sobre saúde, Margarida lembrou que os recursos atualmente empregados na reforma da Policlínica da cidade, onde passará a funcionar um centro de especialidades médicas, são oriundos de uma emenda parlamentar apresentada por ela como deputada federal. “Da mesma forma, logo no início da campanha eu dei uma entrevista a esta mesma emissora falando de meu compromisso de abertura de uma porta de emergência no Hospital João Penido, para que ele possa funcionar com o uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da região, pois fazer gestão pública é empregar os recursos que já existem da melhor maneira possível”, defendeu.
Margarida também lamentou as perdas sofridas pelos agentes culturais com a pandemia do coronavírus, lembrando que a Cultura é um dos eixos organizadores do desenvolvimento econômico. Sua proposta é dispensar os produtores culturais do pagamento de taxas quando usarem espaços municipais e criar uma espécie de fomento para o setor, que não consegue receber os recursos advindos da Lei Aldir Blanc. Outra proposta é adotar a política de pontos de cultura nas comunidades, gerando renda e emprego com a formação de profissionais de economia criativa.
Questionada sobre como lidar com os reflexos da pandemia do coronavírus na educação das crianças, a candidata do PT recomendou cautela. “Quem conhece escola de dentro como eu conheço sabe que só poderemos retomar as atividades escolares presenciais a partir do momento que tenha vacinação, pois escola é área de aglomeração”, defendeu Margarida. “Será preciso reinventar uma pedagogia que considere essa circunstância inédita, e desenvolver estratégias de acolhimento e de recuperação não só escolar, mas de vivência, afetiva e social, construindo soluções que contemplem alunos e educadores”.
Sobre a retomada econômica e a geração de emprego e renda, Margarida chamou a atenção para as características da economia no município, formada em boa parte por pessoas que trabalham por conta própria e por micro e pequenas empresas, as maiores empregadoras de Juiz de Fora. “Nós já vínhamos enfrentando um processo muito duro com perda maciça de postos de trabalho, e a pandemia agravou tudo”, analisou.
“Agora, precisamos criar programas específicos de apoio a esses agentes econômicos, favorecendo o acesso ao microcrédito e investindo em qualificação para elevar a rentabilidade desses empreendimentos, principalmente os do setor de serviços, um setor forte em nossa cidade”, concluiu a candidata.
Margarida também afirmou que a Defesa Civil se tornará um órgão ligado diretamente ao gabinete da Prefeitura, que equipará seus profissionais e firmará convênio com a Universidade Federal de Juiz de Fora, que abriga um Núcleo de Observação de Risco, para elevar as ações preventivas e a capacidade de intervenção nas emergências. “A gente chega junto e depressa para resolver o que for possível e encaminhar o que for necessário”, resumiu.
No âmbito administrativo, Margarida irá recriar o Instituto de Planejamento Urbano, extinto no início deste século, decisão que, segundo ela, gerou a desorganização territorial e urbana vivida atualmente na cidade. “A mudança necessária não é apenas gerencial”, defendeu. “Nós precisamos de uma mudança real de projeto de desenvolvimento e de gestão, após trinta anos em que dois grupos políticos – um dos quais apoia meu adversário – se revezaram no poder”, afirmou a candidata. “E nós temos condições de oferecer à cidade o que é melhor para ela”.
Nas considerações finais, Margarida apelou às campanhas que, qualquer que seja o vencedor, não soltem fogos de artifício, para que a alegria não gere sofrimento a idosos, crianças, enfermos e animais. Ao encerrar, a deputada petista afirmou que espera “que a esperança vença o medo”.
Brasil 247
'Aversão à China' de Bolsonaro arrisca a vida de milhões de brasileiros
Em mais um capítulo da politização em torno da pandemia da COVID-19, a Anvisa rebateu o governador de São Paulo, João Doria, sobre a possibilidade de aplicar a vacina CoronaVac sem a autorização da agência reguladora brasileira
28 de novembro de 2020
João Doria, CoronaVac e Jair Bolsonaro (Foto: GOVSP | Reuters | PR)
Sputnik – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) declarou na última quinta-feira (26) que, mesmo que agências reguladoras de outros países autorizem o registro da vacina CoronaVac, é necessário o aval do órgão brasileiro para a aplicação da vacina no Brasil.
O comunicado foi uma resposta à declaração do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que afirmou que a CoronaVac está sendo avaliada por agências reguladoras dos EUA, na Europa e na Ásia. De acordo com ele, se essas agências validarem a vacina, "ela estará validada independentemente da própria Anvisa".
"Mesmo após o registro em algum outro país, a avaliação da Anvisa é necessária para verificar pontos que não são avaliados por outras agências internacionais", declarou a Anvisa em nota.
O professor de Políticas Públicas da UERJ, Roberto Santana, em entrevista à Sputnik Brasil, declarou que a posição do governador de São Paulo, João Doria, é uma resposta à disposição do presidente Jair Bolsonaro de sabotar a vacinação da população por conta de um alinhamento ideológico hostil à China.
"O presidente Bolsonaro sabotou o quanto pôde o combate ao coronavírus, sabotou o quanto pôde todas as medidas de prevenção e, ao que parece, está disposto a sabotar também a vacinação da população por um preconceito bobo e ideológico, de querer negar a participação da vacina chinesa no processo de imunização da população", disse.
De acordo com ele, a declaração do governador João Doria vem no sentido de que, com essa "aversão à China que o presidente Bolsonaro tem, ele está arriscando a vida de milhões de brasileiros". "Portanto, da mesma forma que foi feito no pior momento da pandemia, os governadores e prefeitos estão começando a se mexer e se articular para adquirir as vacinas à revelia do governo federal", acrescentou.
De acordo com ele, é muito preocupante a "utilização política da Anvisa por parte do governo de Jair Bolsonaro de querer negar a eficácia de uma vacina, caso seja mostrada a sua eficácia em outros países".
"Realmente, o governador João Doria tem razão. Se as agências de vigilância sanitária de outros países comprovarem que a vacina chinesa é eficaz, não tem porque a Anvisa negá-la", completou Roberto Santana.
Hostilidade com a China
Já o professor de Relações Internacionais e especialista no Grupo BRICS, Diego Pautasso, em entrevista à Sputnik Brasil, enfatizou que a politização da vacina no Brasil diz respeito a uma continuidade das declarações do presidente de transformar uma questão sanitária grave em um "cavalo de batalha político-eleitoral ligado às suas preferências e ao seu grupo mais radical e ideológico".
"O fato concreto é que essa vacina vem sendo desenvolvida por uma empresa respeitabilíssima na China, que já desenvolveu fármacos e medicamentos para vários países e para várias doenças, em parceria com o Instituto Butantan, que é um instituto de renome internacional, e com supervisão da Anvisa, obedecendo a todos os protocolos de saúde e de pesquisa habituais", afirmou.
De acordo com o especialista, o discurso hostil com a China é irradiado da administração norte-americana de Donald Trump e tem produzido efeitos muito nocivos para as relações bilaterais do Brasil com a China, seu principal parceiro comercial, além de prejudicar o enfrentamento da pandemia da COVID-19 através de uma vacina.
O especialista em políticas públicas, Roberto Santana, por sua vez, destacou também que a "politização da vacina é um movimento da extrema-direita mundial, na qual se encaixam tanto o presidente norte-americano Donald Trump, quanto o presidente brasilero Jair Bolsonaro".
De acordo com ele, o alinhamento do Brasil com a extrema-direita dos EUA "vai contra todos os interesses internacionais do Brasil, ainda mais quando falamos do nosso principal parceiro econômico, a China".
"A China é o único país do mundo que vai ter capacidade produtiva de produzir e distribuir essa vacina para todos os países do mundo. A maior parte das fábricas estão na China, os demais países que têm parques farmacêuticos de grande envergadura produzirão para suas próprias populações, mas a comercialização dela em larga escala, com certeza sua fabricação será no parque industrial chinês", explicou.
"A vacina da China será mais barata do que as suas contrapartes norte-americana e europeia. A própria vacina russa, a Sputnik V, já apresentou um preço internacional mais barato do que as grandes farmacêuticas norte-americanas e europeias. E para a humanidade, é positivo que haja várias vacinas de vários locais diferentes, isso leva à concorrência no mercado, abaixa o preço da vacina", completou o especialista.
Brasil 247
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
Agência Pública aponta mentira da Lava Jato para não cumprir determinação do STF
A agência de jornalismo lembrou várias reportagens publicadas na Vaza Jato que contradizem o argumento de procuradores de Curitiba para não entregar os documentos do acordo da Odebrecht à defesa do ex-presidente Lula
27 de novembro de 2020
Ex-presidente Lula e procuradores da Lava Jato em Curitiba (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Divulgação/MPF-PR)
247 - A Agência Pública divulgou nesta sexta-feira (27) nota em que aponta uma mentira da operação Lava Jato para deixar de aterder à determinação, reiterada, do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para não disponibilizar à defesa do ex-presidente Lula toda a documentação referente aos acordos de leniência da Odebrecht, incluindo comunicações com autoridades dos Estados Unidos e da Suíça, procuradores da Lava Jato afirmaram que “não foi produzida nenhuma documentação relativa a comunicações com autoridades estrangeiras para tratar do acordo de leniência” da Odebrecht.
No entanto, a Pública aponta, por meio de várias reportagens publicadas no âmbito da Vaza Jato, diversos momentos em que a Lava Jato e autoridades do Departamento de Justiça Americano (DOJ) e do FBI trocaram informações e estratégias sobre o acordo da Odebrecht.
"Se todo mundo sabe que a Lava Jato negociou com procuradores americanos e o FBI, por que a Força-Tarefa nega? Só há duas respostas – e ambas podem incorrer em crime, partindo de funcionários públicos. Ou os procuradores estão escondendo os registros, e descumprindo a determinação da mais alta Corte, ou eles destruíram todos os documentos relevantes de uma investigação em benefício próprio", diz a nota, assinada pela co-diretora da Pública, Natália Viana.
Leia a nota na íntegra:
A Lava Jato mentiu para o STF – e nós podemos provar
Se o fato passou despercebido ao leitor, respire fundo. A decisão proferida na última terça-feira pelo ministro do STF Ricardo Lewandovski a respeito de um pedido da defesa de Lula à Lava Jato traz o mesmo tom de indignação que sentirá.
“Não deixa de causar espécie (...) o ostensivo descumprimento de determinações claras e diretas emanadas da mais alta Corte de Justiça do País, por parte de autoridades que ocupam tais cargos em instâncias inferiores”.
Por que o Ministro está tão exasperado? Porque mais uma vez a Lava Jato se recusou a entregar comunicações mantidas com autoridades americanas, embora diversos juízes tenham ordenado isso. Desta vez, ao descumprir decisão do próprio Lewandowski, os procuradores de Curitiba chegaram ao cúmulo de escrever que “não foi produzida nenhuma documentação relativa a comunicações com autoridades estrangeiras para tratar do acordo de leniência” da Odebrecht.
Ora, nós da Agência Pública, que é parceira do site The Intercept Brasil na análise dos diálogos vazados, sabemos que houve, e muita, comunicação com os americanos. No dia 13 de outubro de 2015, por exemplo, o procurador Orlando Martello enviou um email para Patrick Stokes, então chefe da divisão que cuidava de corrupção internacional no Departamento de Justiça Americano (DOJ). Ele explicava que o STF não admitiria o interrogatório de delatores por agentes americanos em nosso território, mas sugeria caminhos para contornar isso – seja levando-os para os Estados Unidos, fazendo a entrevista online ou fazendo um “teatrinho” no qual os procuradores brasileiros poderiam abrir a sessão e depois passar para os americanos fazerem perguntas. “Eu pessoalmente não acho que esta é a melhor opção porque haverá alguns advogados, como os da Odebrecht, que vão ficar sabendo deste procedimento (advogados falam uns com os outros, especialmente neste caso!) e vão reclamar”, escreveu Martello, em inglês.
A troca com os americanos também era discutida com frequência no chat de sugestivo nome “Chat Acordo ODE”. Uma delas foi uma correspondência por email iniciada em 8 de setembro de 2016 pelo adido do FBI na embaixada americana David Williams ao procurador Paulo Roberto Galvão, oferecendo ajuda para quebrar a criptografia do sistema de propinas da Odebrecth, MyWebDay. “Boa tarde Paulo, e a todos. Se não me engano o assunto de baixo é o mesmo que o Carlos Bruno explicou para mim recentemente na despedida do Adido Frank Dick na embaixada do Reino Unido”, escreveu, cordial e em português, o agente americano. A discussão por email se seguiria por dias.
Se todo mundo sabe que a Lava Jato negociou com procuradores americanos e o FBI, por que a Força-Tarefa nega? Só há duas respostas – e ambas podem incorrer em crime, partindo de funcionários públicos. Ou os procuradores estão escondendo os registros, e descumprindo a determinação da mais alta Corte, ou eles destruíram todos os documentos relevantes de uma investigação em benefício próprio.
Lewandowski escreve, e com razão, que o ato é mais grave “porque coloca em risco as próprias bases sobre as quais se assenta o Estado Democrático de Direito”. O ministro determinou, agora, que a Corregedoria-Geral do MPF verifique se de fato não existem documentos sobre as comunicações, o que pode demonstrar, para os advogados de Lula, que a colaboração foi “informal”, e portanto, ilegal.
Brasil 207
Economist já prevê o fim do bolsonarismo
Revista britânica The Economist, uma das mais influentes publicações do Reino Unido, destaca que os fracos resultados dos candidatos apoiados por Jair Bolsonaro nas eleições municipais deste ano no Brasil podem representar o fim do bolsonarismo no país
27 de novembro de 2020
(Foto: Alan Santos/PR | Reprodução)
247 - Uma das mais influentes publicações do Reino Unido, a revista The Economist destaca que os fracos resultados dos candidatos apoiados por Jair Bolsonaro nas eleições municipais deste ano no Brasil, além da não reeleição de seu principal aliado internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão levando muitos analistas políticos a escrevem o “obituário político” do ex-capitão. Apesar de considerar que a chegada de Bolsonaro ao poder “foi, de certa forma, uma aberração”, a revista britânica ressalta que “mesmo assim, seria um erro descartar suas chances de um segundo mandato”.
No texto, a revista britânica diz que “Bolsonaro despreza a democracia e seus controles e equilíbrios, encheu seu governo de militares, diz coisas ofensivas sobre gays, feministas e negros brasileiros, favorece a posse de armas e menospreza tanto o Covid-19 quanto a mudança climática”. “Como presidente, Bolsonaro fortaleceu ideólogos de extrema direita, perseguiu a polarização e quase se autodestruiu. Seis meses atrás, em meio ao aumento da tensão causada pela pandemia, acusações de corrupção contra um de seus filhos e ameaças de impeachment, ele quase ordenou às Forças Armadas o fechamento do Supremo Tribunal Federal”, destaca a reportagem.
A avaliação é que o “caminho mais provável para um segundo mandato passa por cimentar sua aliança com o Centrão, que se saiu bem nas eleições municipais. Suas tentativas de criar seu próprio partido político, anunciadas há um ano, ainda não deram frutos. Uma aliança com o Centrão o tornaria um militante muito menos confiável contra a corrupção e a classe política. Mas ofereceria o tipo de máquina política que historicamente ajudou a ganhar as eleições brasileiras – útil, já que as mídias sociais sozinhas provavelmente não lhe darão essa vantagem competitiva duas vezes”.
Para a revista, “o grande problema para Bolsonaro é a economia. O auxílio emergencial ajudou o país a evitar uma recessão mais profunda. Mas por quanto tempo o governo pode sustentá-lo? A dívida pública ruma para 100% do PIB. Mesmo com as taxas de juros baixas, esse é um número grande para um país com histórico de inadimplência e inflação. A recuperação econômica pode ser lenta e a austeridade parece inevitável no próximo ano. A renda per capita já caiu abaixo do nível de 2010. Muitos brasileiros estão sofrendo. O som e a fúria nacionalistas não pagam as contas. Bolsonaro permanece hoje um candidato competitivo. Mas em 2022 os brasileiros podem ser menos receptivos a ele do que eram em 2018”.
Brasil 247
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Diferentemente de Pelé, Maradona usava os pés e a cabeça também para pensar e mostrar que tinha lado, diz Boff
De acordo com o teólogo, Maradona nunca se esquivou de mostrar que estava ao lado dos oprimidos
25 de novembro de 2020
Diego Maradona, Celso Amorim e Lula (Foto: Reprodução/Twitter)
247 - O teólogo Leonardo Boff escreveu nesta quarta-feira (25) no Twitter sobre a morte do ex-jogador argentino Diego Armando Maradona. Ele pontuou uma diferença entre Maradona e o ídolo futebolístico brasileiro, Pelé.
De acordo com Boff, diferentemente de Pelé, Maradona atuava de forma crítica também na política e nunca se furtou de mostrar seu lado: o lado dos pobres.
"Pelé e Maradona são gênios, cada um com seu estilo. Mas me permito ver uma diferença: Pelé tinha pé e a cabeça era para fazer gols. Maradona tinha pé e cabeça que fazia também gols e ainda pensava, mostrando que tinha lado: o dos oprimidos, representados por Lula", escreveu.
Brasil 247
Adeus, dom Diego
"Hoje, o mundo do futebol perdeu um dos seus mais fantásticos personagens. Dom Diego, o profanador da ordem estabelecida, nos deixou", lamenta o jornalista Bernardo Cotrim
25 de novembro de 2020
Diego Maradona (Foto: Ted Blackbrow/Reuters)
Morreu Diego Armando Maradona, o mais humano dos deuses do futebol. Por ironia (ou homenagem) da História, nos deixou no mesmo dia em que morreu Fidel Castro (25/11/2016), de quem era amigo e admirador.
Em campo, foi único. Era um artista da bola, capaz das mais belas e improváveis jogadas. Um curto espaço de campo virava um latifúndio na sua frente e era prontamente semeado com dribles mágicos, arrancadas com a bola colada ao pé, gols e assistências perfeitas.
Destaque e comandante da última Copa do Mundo vencida pela Argentina, em 1986, é dele a maior performance individual da História das Copas. Foi coroado não só como craque e campeão, mas também como herói de guerra, o vingador das Malvinas, ao fazer a Inglaterra sucumbir em dois lances tão contraditórios quanto antológicos: um gol de mão, roubado, descarado (e impossível no futebol de hoje, repleto de VARs e tira-teimas, cada vez mais parecido com um jogo de videogame); e outro, o mais belo de todos, enfileirando cinco adversários em sequência até rolar a bola para as rede.
Outro feito de Maradona foi alçar uma equipe mediana do sul da Itália ao posto de time de ponta. Com a camisa 10 do Napoli, comandou o primeiro título europeu e os 2 primeiros títulos da Liga Italiana vencidos pelo clube. Idolatrado na cidade, reza a lenda que, ao enfrentar a seleção italiana na semifinal da Copa de 90, no mesmo Estádio San Paolo que lhe era familiar, denunciou a opressão do norte italiano, rico e poderoso, sobre as cidades do sul, região mais pobre da bota. O resultado foi a apatia da torcida azzurra e a vitória dos hermanos.
El Pibe de Oro não foi o único rebelde do mundo do futebol, mas nele, o combo de desobediência e talento alcançou a plenitude. Destilava dribles, lançamentos, toques de calcanhar e gols com a mesma maestria que desafiava poderosos. Maradona enfrentou a FIFA, a ditadura da televisão que obrigava jogadores a entrar em campo sob o sol de meio-dia em pleno verão mexicano, andou às turras com a imprensa, cartolas e técnicos, tentou fundar um sindicato internacional de atletas e foi combatido com todas as armas pelos burocratas e mafiosos que comandam o mundo da bola. O futebol que “modernizava-se” como um negócio capitalista altamente lucrativo precisa de craques robotizados e moldáveis aos seus interesses comerciais, não de contestadores e falastrões.
Nem sempre tinha razão e, às vezes, recebia da própria língua golpes mais duros do que os desferidos pelos botinudos adversários. Mas sua fúria quase sempre tinha como certeiro alvo o andar de cima. Gritou por justiça social, defendeu a Cuba socialista, a Venezuela de Chávez, a Argentina de Kirchner e lançou-se, ao lado dos movimentos sociais e governos populares da América Latina, em apaixonada campanha contra a ALCA. Solidarizou-se com Lula e Dilma no Brasil e denunciou a perseguição implacável sofrida pelo ex-presidente. Mexeu em casas de marimbondos e encarou de peito aberto as ferroadas que levou.
Maradona foi a maior personificação do apreço portenho ao drama. Um tango argentino de carne e osso, vivenciou com intensidade ímpar a glória e a tragédia. O escritor uruguaio Eduardo Galeano escreveu uma vez que Maradona tinha uma “tendência suicida de servir-se de bandeja na boca de seus muitos inimigos” e uma “irresponsabilidade infantil que o impele a precipitar-se em todas as armadilhas que se abrem em seu caminho”. Nele, as fraquezas humanas se manifestavam com mesmo ímpeto das paixões e da genialidade. Enfrentou abertamente o vício em cocaína e foi devorado mil vezes pelas hienas que se alimentam de derrubar ídolos.
Hoje, o mundo do futebol perdeu um dos seus mais fantásticos personagens. Dom Diego, o profanador da ordem estabelecida, nos deixou. Porém, relembrando novamente Galeano, “os deuses não se aposentam, por mais humanos que sejam”. E a memória do pequeno gigante ninguém poderá nos tomar.
Brasil 247
Embaixada reage a 'calúnia' de Eduardo Bolsonaro sobre 5G e diz que ele ameaça relação entre Brasil e China
Deputado, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, disse que Brasil apoia aliança global para um 5G 'sem espionagem da China'. Embaixada, chefiada por Yang Wanming, diz que declarações caluniam país asiático
24 de novembro de 2020
Yang Wanming e Eduardo Bolsonaro (Foto: Romulo Serpa/Agência | CNJ/Divulgação | ABr)
247 - A embaixada da China no Brasil, chefiada por Yang Wanming, reagiu nesta terça-feira (24) a post com fake news publicado pelo deputado Eduardo Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara sobre a tecnologia 5G da China.
O filho de Jair Bolsonaro disse nas redes sociais na noite de segunda-feira (23), e depois apagou na manhã desta terça, que o governo brasileiro declarou apoio a uma “aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”. “Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China”, disse Eduardo Bolsonaro.
Em nota, a embaixada da China no Brasil afirmou que as declarações de Eduardo Bolsonaro seguem "os ditames dos Estados Unidos de abusar do conceito de segurança nacional para caluniar" o país asiático e cercear as atividades de empresas chinesa.
"Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento. A parte chinesa já fez gestão formal ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos", acrescentou a embaixada chinesa.
"Ao longo dos 46 anos de relações diplomáticas, a parceria sino-brasileira conheceu um rápido desenvolvimento graças aos esforços de ambas as partes. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos e é também um dos países com mais investimentos no Brasil", insistiu.
"Na contracorrente da opinião pública brasileira, o deputado. Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil", disse.
Leia a nota na íntegra:
Brasil 247
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
domingo, 22 de novembro de 2020
A influência de Aécio Neves se mantém em MG, agora com um pé na canoa do prefeito Kalil. Por Geraldo Elísio
Publicado por Diario do Centro do Mundo
22 de novembro de 2020
Alexandre Kalil, com Anastasia e Aécio, em 2016. foto: George Gianni/PSDB-divulgação
O resultado das últimas eleições em Minas Gerais oferece visões subjetivas. Porém nada distantes da realidade. O curso da pandemia provocada pela corona vírus e o desenrolar das questões econômicas em primeiro lugar evidenciam um arrefecimento marcado com o modus operandi do presidente Bolsonaro.
Não sei se fosse hoje o capitão obteria o mesmo resultado nas urnas. Começa a circular com maior desenvoltura um sentimento de o mesmo estar despreparado para as funções que exerce ao mesmo tempo em que as ondas de acusações envolvendo os familiares dele se desdobram
A economia declina sensivelmente, baseada em uma rede de commodities cercada por barragens de rejeitos impregnadas de risco para expressiva parte da população. Tanto o presidente Bolsonaro quanto o governador Romeu Zema, deles não se pode dizer serem figuras expressivas de um tradicional quadro político. E não dão a atenção devida a tais episódios. Querem resolver o presente sem se preocupar com problemas futuros.
Lógico, a exemplo de todo o Brasil, não ocorreu um programado e desejado derretimento das esquerdas. A meu ver o resultado das urnas exibiu uma variação metodológica apontando para outro rumo com o empoderamento de metas e objetivos distantes mesmo para alguns grupos mais atentos. Porém tudo ligado ao campo progressista.
Entretanto, bem ao jeito mineiro, percebe-se uma atitude adjacente com o nítido propósito de beneficiar o atual senador Aécio Neves, até hoje blindado em função de erros cometidos anteriormente a exemplo da construção da cidade administrativa, os entreveros da censura do governo dele com a imprensa, o custo da edificação da imponente e falha nova sede governamental e os propalados envolvimentos com drogas pesadas.
Quem e por que blindam Aécio devedor ainda de explicações convincentes relativas às contas dos bancos em paraísos fiscais? Por que somente ele se beneficia dos oráculos da moral e dos bons costumes, bem como das santidades em profusão nos oratórios? Em Minas, nos meios mais elevados e recônditos da política, o que não faltam são comentários de que o prefeito reeleito de Belo Horizonte e o senador Antônio Anastasia podem estar em uma mesma empreitada.
Fuad Noman, vice e homem de confiança do reeleito Alexandre Kalil – será mera coincidência ou, como diria Freud, uma armação do inconsciente? – é do mesmo PSD do senador Antônio Anastasia, que era tucano e foi braço direito de Aécio. O próprio Kalil concorreu pelo PSD.
Pessoas, sob promessa de “eterno sigilo da fonte”, garantem que de novo “tudo está sendo armado pela ex-prisioneira Andréa Neves, visto a necessidade premente do irmão dela se ver obrigado a manter privilégios e prerrogativas que o livrem de sérios constrangimentos. O papel dela, que o criou e o destruiu, já foi cumprido”.
Ela já foi presa não por razoes políticas (o que não se justificaria), mas assim mesmo não quer ver o pimpolho em maus lençóis.
Isto, a meu ver, é que tem levado a política e a imprensa tradicional a manter um silêncio sepulcral relativo a esta questão. Nesse caso, a pandemia e a crise econômica econômica servem para que terceiros, à parte, se beneficiem da situação delicada vivenciada nas montanhas mineiras.
A pandemia desvia o foco de outro vírus, o do aecismo, que continua a circular.
Com isso concorda também o meu interlocutor.
Diário do Centro do Mundo - DCM
sábado, 21 de novembro de 2020
Discurso de Bolsonaro sobre racismo no Brasil gera choque e indignação entre participantes do G20
"Como é que, em pleno século 21, ainda escutamos tais discursos", questionou uma diplomata europeia que participou da cúpula do G20
21 de novembro de 2020
(Foto: Reprodução)
247 - Constrangimento, choque e indignação eram os sentimentos entre algumas delegações estrangeiras da ONU, após o discurso de Jair Bolsonaro na abertura da cúpula do G20, neste sábado (21), em que reclamou dos protestos contra o racismo no Brasil.
De acordo com reportagem de Jamil Chade, do UOL, uma parcela das delegações não entendeu imediatamente do que se tratava. Mas para quem acompanhava a situação do país, como uma negociadora de alto escalão de um país europeu a fala de Bolsonaro deixou ela e outros membros da delegação "em choque" ao ouvir a "tese de conspiração" sobre o racismo no Brasil. "Como é que, em pleno século 21, ainda escutamos tais discursos", questionou a diplomata, na condição de anonimato.
"Fontes ainda confirmaram que diplomatas estrangeiros trocaram mensagens comentando a atitude do brasileiro, enquanto outros, sem saber o motivo da declaração, buscavam entender do que Bolsonaro falava", contou Chade, destacand que uma delegação de uma das agências da ONU, a reação foi de indignação, chamando a atenção pelo fato de Bolsonaro não ter feito nenhuma referência sobre a vítima e nem sobre a necessidade de uma resposta que leve em consideração a Justiça.
Brasil 247
PT foi o partido que mais cresceu em número de vereadores nas cidades com mais de meio milhão de habitantes
De acordo com levantamento do cientista político Jairo Nicolau, o PT foi o partido que mais avançou percentualmente em números de vereadores nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Cresceu 6,6% contra 6,3% do DEM e 6,1% do Republicanos
20 de novembro de 2020
Partido dos Trabalhadores foi a legenda que mais cresceu nas câmaras municipais (Foto: Partido dos Trabalhadores/Divulgação)
Agenda do Poder - Diferentemente do que setores da mídia tentam fazer crer, o PT apresentou nas eleições municipais um surpreendente crescimento nos grandes centros urbanos brasileiros. Foi o partido que mais avançou percentualmente em números de vereadores nas cidades com mais de 500 mil habitantes, segundo levantamento do cientista político Jairo Nicolau. Cresceu 6,6% contra 6,3% do DEM e 6,1% do Republicanos. O MDB cresceu 4,9% e o PSOL 4,8%.
Se reduzimos o universo pesquisado para apenas as capitais, o PT ficou ligeiramente abaixo (53 cadeiras a 50) somente do Republicanos, Ao contrário do MDB e do PSDB, que perderam posições nas câmaras das capitais, o PT, o PSOL, o DEM, o Republicanos, o Patriota e o PSD foram as únicas siglas que cresceram em cadeiras no legislativo municipal nestas cidades
Para o vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, o crescimento do partido nas capitais é um indicador real e palpável da pujança partidária . E fundamental para a definição de estratégias para 2022.
-Em 2016, diante do massacre moral de setores da mídia, o PT recuou. Agora, estamos novamente avançando, numa demonstração da nossa força e de nossa capilaridade. Números de vereadores é um dado real, mostra a força e o tamanho efetivo de sua base - afirmou.
Brasil 247
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
Lula lamenta o assassinato de negro no Carrefour e diz que o racismo é a origem de todos os abismos brasileiros
“É urgente interrompermos esse ciclo”, disse ainda o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
20 de novembro de 2020
Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
247 - “Amanhecemos transtornados com as cenas brutais de agressão contra João Alberto Freitas, um homem negro, espancado até a morte no Carrefour. O racismo é a origem de todos os abismos desse país. É urgente interrompermos esse ciclo”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar o assassinato de João Alberto Freitas, numa loja do Carrefour em Porto Alegre.
Movimentos negros de Porto Alegre convocaram protesto para final da tarde diante do Carrefour do Passo d'Areia contra o assassinato de João Alberto Silveira Freitas.
Brasil 247
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Ibope mostra que a eleição ‘fácil’ para Covas já ficou difícil
Ibope mostra que a eleição ‘fácil’ para Covas já ficou difícil
Na pesquisa Ibope fechada à véspera da eleição, Bruno Covas vencia Guilherme Boulos por 53% a 26%.
No levantamento do mesmo instituto fechado hoje, a vantagem cai para 47% a 35%.
A diferença, em menos de uma semana, encolheu 15 pontos: de 27 para 12%.
E esta diferença de 12% pode ser traduzida assim: se entre 100 paulistanos seis eleitores de Covas deixarem de votar no candidato de João Doria e votarem no candidato do PSOL (e agora de todo o campo progressista) a eleição estaria empatada.
Sexta-feira começa a campanha televisiva, da qual Boulos esteve virtualmente fora até este momento.
Que ele tende a ir bem, como demonstrou nos 17 segundos de que dispunha, parece ser algo certo.
Mas, e Bruno Covas?
Reitero a impressão à qual me referi desde que assisti o debate da CNN – a agressividade que lhe definiram como estratégia de enfrentamento. Não é preciso ser marqueteiro para saber que, em campanhas políticas, ao contrário do futebol, a pior defesa é o ataque.
Estratégia acrescida, agora, de algo que ele evitou no momento mais forte da pandemia: o negacionismo da doença, afirmando que a pandemia não está “evoluindo na cidade, mesmo com aumento do número de internações em hospitais particulares” e que isso seria produto de pessoas que vêm de outras regiões para obter tratamento.
Veremos, não se tenha dúvida, um favorito amedrontado e um desafiante empolgado.
Covas tem tudo a perder e Boulos só tem a ganhar.
PS. A primeira pesquisa no Recife com liderança folgada de Marília Arraes, segunda colocada no 1° turno, com 45% sobre João Campos, que teria 39% não é surpresa, depois que ela, no primeiro turno, ficou muito acima do que lhe davam as pesquisas. Como não supreende a tunda que leva Marcelo Crivella no Rio, ficando com 23% das intenções de voto, contra 53% de Eduardo Paes. Esta diferença vai aumenta, porque Crivella não soma nada ao que teve no primeiro turno com a máquina da Prefeitura e da Igreja Universal. Em ambos, só tem a perder quando ficar claro que ele já se foi.
Tijolaço
Boulos vai levar Lula para sua propaganda eleitoral na TV
O candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, levará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu aliado, à sua propaganda eleitoral na TV. Ele terá 25 comerciais, contra apenas dois no primeiro turno
19 de novembro de 2020
(Foto: Ricardo Stuckert)
247 - A campanha de Guilherme Boulos (PSOL-SP) vai levar lideranças como Lula e artistas populares à televisão para endossar a candidatura dele a prefeito no segundo turno.
A ida de Lula à campanha eleitoral de Boulos na TV reforça a campanha e a aliança das forças progressistas em torno do candidato do PSOL.
A campanha de Boulos vai divulgar sua vida, o que já foi feito nas redes sociais. Agora, a TV possibilitaria que ele fosse apresentado à totalidade da população, destaca a jornalista Mônica Bergamo em sua coluna na Folha de S.Paulo.
Brasil 247
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
Obama patrocinou o golpe no Brasil, diz Breno Altman
Este é o significado do ataque do ex-presidente Barack Obama ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o jornalista
18 de novembro de 2020
Jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi (Foto: Felipe Gonçalves / Brasil 247)
247 – "O ataque de Obama ao ex-presidente Lula, em seu livro de memórias, diz muito a seu próprio respeito. Senhor da guerra e do império, com as mãos sujas de sangue, patrocinou golpes por toda a América Latina, incluindo o Brasil. Sua palavra vale o mesmo que uma nota de três dólares", postou o jornalista Breno Altman em suas redes sociais. Saiba mais sobre o ataque de Obama e confira programa da TV 247 sobre o tema:
Brasil 247
terça-feira, 17 de novembro de 2020
Após falar em ataque hacker, TSE admite falha interna e falta de testes antes da apuração do primeiro turno
A demora na chegada de um novo supercomputador impediu que se realizassem todos os testes necessários antes do pleito de domingo, conforme Barroso, o que gerou o atraso
17 de novembro de 2020
Luís Roberto Barroso (Foto: Reprodução)
BRASÍLIA (Reuters) - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai se empenhar para sanar o problema ocorrido na apuração do resultado das eleições municipais a fim de que não ocorra no segundo turno, após a demora na chegada de um novo supercomputador impedir a realização dos testes necessários para o pleito de domingo, afirmou o presidente da corte, Luís Roberto Barroso.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, Barroso procurou minimizar a demora na totalização dos resultados e destacou que o ocorrido não teve qualquer repercussão sobre a integridade dos votos.
A demora na chegada de um novo supercomputador adquirido em meio à pandemia do novo coronavírus, a ser utilizado na apuração das eleições municipais, impediu que se realizassem todos os testes necessários antes do pleito de domingo, conforme Barroso, o que gerou o atraso.
Segundo Barroso, em razão das limitações dos testes prévios, no dia da eleição a inteligência artificial demorou a processar os dados na velocidade desejada. Ele disse que entre a detecção e solução do problema passaram-se cerca de duas horas.
O presidente do TSE afirmou que, para o segundo turno, pretende garantir a participação de funcionários da empresa fornecedora do supercomputador para ajudar a equacionar o problema, de forma que ele não se repita. Mas minimizou o atraso.
“Se atrasar 2 horas e 45 minutos, o mundo não vai cair”, disse. “Tem país que está esperando há duas semanas pelo resultado e o mundo não acabou”, reforçou, numa referência indireta à eleição presidencial nos Estados Unidos.
Brasil 247
Direção municipal do PT oficializa apoio a Guilherme Boulos em São Paulo
O diretório municipal do PT em São Paulo oficializou nesta segunda-feira o apoio do partido a Guilherme Boulos (PSOL), que disputa o segundo turno da eleição para prefeito da capital
17 de novembro de 2020
Jilmar Tatto (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
247 - O Diretório Municipal do PT em São Paulo oficializou nesta segunda-feira (16) o apoio a Guilherme Boulos na disputa pela Prefeitura da capital. O candidato do PSOL credenciou-se como o representante das forças progressistas no segundo turno.
"É necessário derrotar o projeto neoliberal representado por Bruno Covas, João Doria e Bolsonaro, motivo pelo qual o PT paulistano entende a importância de eleger Guilherme Boulos prefeito", diz nota do partido.
A direção do PT e a coordenação de campanha de Boulos se reunirão nesta terça-feira.
Durante o UOL Entrevista, nesta segunda-feira, o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, já afirmou que o apoio do partido é bem-vindo.
Brasil 247
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
Margarida e Wilson disputam PJF no 2º turno
Candidatos confirmam liderança apontada por pesquisas de intenção de voto
Por Renato Salles
15/11/2020
Com 100% das urnas apuradas em Juiz de Fora, após o fechamento das urnas às 17h deste domingo (15), os eleitores da cidade confirmaram uma tradição eleitoral do município. Desde 1992, os juiz-foranos escolhem seu prefeito em disputa de segundo turno. No atual processo eleitoral, que marca a sucessão em 2020, não foi diferente. Ainda estando alguns votos para serem apurados, a deputada federal Margarida Salomão (PT) vai disputar a etapa plebiscitária do pleito municipal pela quarta vez consecutiva. Agora, a parlamentar terá como adversário o empresário Wilson Rezato (PSB). Wilson avança e mantém as chance de vitória em sua segunda empreitada em busca da PJF.
Margarida Salomão obteve 102.789 votos. Wilson computou 59.633 votantes. Fora da disputa, a delegada Ione (REPUBLICANOS) figurou na terceira colocação na corrida eleitoral, com o apoio de 56.699 eleitores, seguida pela deputada estadual do PSL Sheila Oliveira. ela obteve 26.068 votos. Já nos primeiros minutos desta segunda-feira (16), Margarida falou que as equipes da Tribuna e da Rádio CBN Juiz de Fora. A candidata afirmou que sua campanha já será retomada de imediato, de olho no segundo turno que acontece no dia 29 de novembro.
“A campanha já começou hoje.
Não temos condições de esperar amanhã.
Já estamos fazendo contato e mantendo conversas,
ampliando nosso raio de rereesentação
para fortalecer nossa proposta e
chegar à vitória no dia 29.”
A candidata, no entanto, afirmou não é o momento de externar as conversas de momento. “Em dois dias teremos um quadro mais consolidado.” A candidata lamentou a demora na divulgação dos resultados, mas comemorou o bom desempenho nas urnas. “O que queremos é o bem da cidade, com um projeto de desenvolvimento que seja inclusivo e que seja construído com participação popular.” A deputada disse ainda que pretende manter o tom propositivo em sua campanha, agora no segundo turno.
As reportagens da Tribuna e da CBN também tentaram contato com Wilson Rezato, mas o candidato só vai se manifestar sobre o resultado das eleições na manhã desta segunda-feira.
Entre os demais candidatos, o engenheiro Eduardo Lucas (DC) teve 4.048 votos; o pastor Aloízio Penido (PTC) teve 2.478 votos; a professora Lorene Figueiredo (PSOL) 2.381; o advogado Marcos Ribeiro (Rede), 1.952; o general da reserva Marco Felício (PRTB), 1.813 votos; o servidor público federal Fernando Elioterio (PCdoB), 1.807; e a professora Victória Mello (PSTU), 353 votos.
Novo partido no comando da PJF
Com a chegada de Margarida e Wilson ao segundo turno das eleições municipais, uma coisa já é certa: Juiz de Fora terá um partido estreante no comando do Poder Executivo municipal a partir de janeiro de 2021. Isto porque PT e PSB nunca elegeram um nome para comandar o Poder Executivo juiz-forano.
No entanto, os dois candidatos que avançam ao segundo turno da disputa municipal já são veteranos nas eleições para Prefeitura. Margarida disputou o Poder Executivo em outras três oportunidades, sempre avançando à etapa plebiscitária da disputa. Em, 2018, ela foi derrotada pelo ex-prefeito Custódio Mattos (Cidadania), então no PSDB. Em 2012 e 2016, acabou superada por Bruno Siqueira (MDB). Já Wilson concorreu à PJF pela primeira vez em 2016, quando foi o quarto mais votado, com o apoio de 44.708 eleitores.
Os dois candidatos que avançaram para o segundo turno votaram na manhã deste domingo. Margarida Salomão (PT) votou no Colégio Machado Sobrinho. Após registrar sua opinião na urna eletrônica, a deputada federal já mostrava confiança em seguir na disputa. “Foi uma campanha diferente, com a pandemia não pode ser da forma tradicional, mas nós tivemos uma recepção muito boa e fizemos um debate muito bom.”
Já Wilson Rezato votou na Escola Estadual Mariano Procópio, no Bairro São Mateus. No local, o candidato avaliou o trabalho da campanha eleitoral e também externou confiança em seu avanço para o segundo turno. “O voto é uma procuração que o eleitor dá ao candidato. Quando você pede uma procuração para uma pessoa, penso que tem que mostrar muita responsabilidade. Eu estou muito feliz e satisfeito, e agora também vou exercer o meu direito de cidadão também.”
Números inéditos
O atual processo eleitoral foi marcado pela ocorrência de números recordes. Na disputa pela Prefeitura, temos pela primeira vez 11 candidatos e também o maior número de mulheres na disputa: cinco: Ione Barbosa, Lorene Figueiredo, Margarida Salomão, Sheila Oliveira e Victória Mello, que se colocaram como opção para o eleitorado com o intuito de se tornar a primeira prefeita da história de Juiz de Fora.
A primeira mulher a tentar chegar ao Poder Executivo municipal ao se lançar candidata foi exatamente Margarida, nas eleições de 2008. Em 2012, já eram duas candidatas: Margarida e Victória Mello. Em 2016, esse número subiu para três. Uma vez mais Margarida e Victória se colocaram na disputa, que também teve a servidora pública federal Maria Ângela que correu pela PSOL.
Tribuna de Minas
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
Santos Cruz rebate Bolsonaro: Brasil não é país de maricas, precisa de seriedade, e não de fanfarronice
Ex-ministro de Jair Bolsonaro, general Santos Cruz ainda disse que o Brasil “é tolerante demais com a desigualdade social, corrupção, privilégios”
12 de novembro de 2020
Santos Cruz e Bolsonaro (Foto: ABr)
247 - Ex-ministro do governo, o general Santos Cruz criticou a declaração de Jair Bolsonaro sobre o Brasil ser um “país de maricas” pela população estar preocupada com a pandemia do novo coronavírus.
Em publicação no Twitter, nesta quinta-feira, 12, o general disse estar “cansado de show” e reforçou que o “Brasil não é um país de maricas”, “é tolerante demais com a desigualdade social, corrupção, privilégios”.
Ele ainda ressaltou que o Brasil “votou contra extremismos e corrupção. Votou por equilíbrio e união. Precisa de seriedade e não de show, espetáculo, embuste, fanfarronice e desrespeito”.
“CANSADO DE SHOW. O Brasil não é um país de maricas. É tolerante demais com a desigualdade social, corrupção, privilégios. Votou contra extremismos e corrupção. Votou por equilíbrio e união. Precisa de seriedade e não de show, espetáculo, embuste, fanfarronice e desrespeito”.
Na terça-feira, 10, em discurso no Planalto, Bolsonaro disse que é preciso enfrentar a pandemia do novo coronavírus de “peito aberto” e que o Brasil tem de deixar de ser “um país de maricas”, numa referência pejorativa ao receio com a Covid-19, que já matou mais de 162 mil e infectou 5,67 milhões de pessoas.
“Tudo agora é pandemia. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer um dia... Não adianta fugir disso, da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas, pô”, disse Bolsonaro. “Olha que prato cheio para a imprensa, prato cheio para a urubuzada que está ali atrás”, acrescentou Bolsonaro, durante evento de lançamento da retomada do Turismo.
Brasil 247
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Bolsonaro, descontrolado, teme a ruína de seu governo
"Jair Bolsonaro sabe que os próximos cinco ou seis meses serão decisivos. Eles poderão trazer o êxito que lhe permitirá conservar a popularidade para concorrer à reeleição, ou a ruína completa de seu governo", escreve a jornalista Tereza Cruvinel
11 de novembro de 2020
O presidente Jair Bolsonaro, participa do lançamento da retomada do turismo no Palácio do Planalto. 10/11/2020 (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Bolsonaro sabe que os próximos cinco ou seis meses serão decisivos. Eles poderão trazer o êxito que lhe permitirá conservar a popularidade para concorrer à reeleição, ou a ruína completa de seu governo. As adversidades recentes têm aumentado sua irritação, levando-o a rasgar, como fez ontem, a fantasia que vinha usando desde a prisão de Queiróz, a de um Bolsonaro mais contido, propenso ao diálogo e afável com o Congresso, onde montou uma base de apoio com o Centrão e tornou-se um praticante notável da velha política.
Os desatinos de terça-feira, segundo fontes que circulam entre o governo e o Congresso, decorreram destas aflições com uma conjunção de problemas que o deixam irado, à beira de um ataque de nervos. E quando fica exasperado, Bolsonaro costuma entregar-se mais à realidade paralela em que vivem pessoas como ele e Trump, como estamos vendo. Num só dia ele celebrou a morte de uma pessoa que participava dos testes da Coronavac, causando a interrupção dos procedimentos pela Anvisa. Anvisa que por sinal precipitou-se, arriscando sua credibilidade, e ficou agora suspeita de ter se entregado a Bolsonaro para atuar politicamente na guerra das vacinas. Viu-se em seguida que a morte do participante nada teve a ver com a vacina. Quarenta horas depois a Anvisa recuou e Bolsonaro não se desculpou.
E à tarde, mais impropérios que nunca foram vistos na boca de um presidente. Ele falou em pólvora contra os Estados Unidos, chamou os brasileiros de maricas e os jornalistas de urubuzada. Exortou os maricas a enfrentar a pandemia de perto aberto, pois todos vão morrere um dia. Vamos sim, mas ninguém quer antecipar seu dia. Nessa fala, homofobia e misoginia (maricas são mulheres, e por serem imprestaveis, viram xingamento de homens fracos) e pregação necrófila: enfrentem o corona e morram se for preciso.
A derrota de seu guru Donald Trump foi, é claro, um infortúnio dos grandes para Bolsonaro, que ainda não assimilou nem reconheceu a vitória de Biden. E nem sabe o que fará sem Trump. Some-se a preocupação com a situação do filho Flávio, denunciado pelo MP do Rio por peculato (corrupção), lavagem de dinheiro e comando de organização criminosa. Na própria terça, o STF enviou à PGR, para manifestação, pedido de investigação sobre o emprego de recursos e órgãos do Estado, por Bolsonaro, para a defesa do filho.
O que houve? Numa reunião no Palácio, presente o advogado do filho, Bolsonaro acionou a ABIN e a Receita Federal em busca de elementos que pudessem anular a validade do relatório emitido pelo COAF, apontando movimentação financeira atípica por Flávio. Deste relatório partiram as investigações do MP do Rio. Mas o ponto mais grave nessa história não é o uso do Estado para fins particulares. Ao buscar a nulidade de uma prova judicial, isso pode caracterizar o crime de obstrução de justiça, por parte de Bolsonaro. Isso é grave, embora não faltem crimes que justifiquem um impeachment ou a abertura de processo por crime comum, via STF.
E embora tenha se gabado tanto de não entender de economia, quando apresentava Paulo Guedes como o dono da bola nesta área para agradar o mercado, Bolsonaro agora sabe que o país "caminha a passos largos para o precipício", para usar palavras do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que não pode ser chamado de alarmista.
A dívida pública vai se tornando explosiva, aproximando-se dos 100% do PIB, e o deficit passará dos R$ 900 bilhões no final do ano. O desemprego campeia e a inflação está aí, tendo o próprio Guedes afirmado que, se a questão da dívida não for equacionada, poderemos voltar a conviver com a hiperinflação. Guedes declarou-se também frustrado por não ter conseguido, em dois anos, vender nenhuma estatal. Ministro que começa a falar em frustração costuma estar preparando a saída. Guedes não entregou nada do que prometeu à elite econômica e ao mercado, e sabe que o que nos espera em 2021. Bolsonaro não sabe o que fazer: manter Guedes e sua política fracassada ou correr o risco de trocar de ministro.
Para completar, ele tem sido um péssimo cabo eleitoral, ao contrário do que se esperava. Os candidatos que apoia não estão se saindo bem nas pesquisas. A eleição de domingo pode mostrar um Bolsonaro perdedor. E isso também pode lhe dar nos nervos.
Brasil 247
Assinar:
Postagens (Atom)