Fernando Brito
A capa do jornal Extra é de ontem; os números escandalosos da Folha de S. Paulo de hoje, com dados do IBGE, o drama é de sempre e muito pior agora, com o empobrecimento galopando, visivelmente, nas calçadas de qualquer cidade.
A comparação é do jornal que, entretanto, não costuma ir além das estatísticas.
A renda média MENSAL de 10 milhões de brasileiros – estes 5% mais pobres da população – só dá (ou melhor, nem dá, pois faltariam 8 reais) para comprar dois pratos feitos na grande São Paulo. Isto é, para comer duas vezes por mês.
Ou faz como a D. Denise, aí na foto, e cata no lixo. Disputou, um dia destes, conta ela, um pacote de salsichas com um cachorro.
Mais “ricos” que eles, os que ficam entre os 5 e 10% mais pobres, não ficam muito melhor: tiram em média R$ 148. Aqui no Rio, nestas piores “quentinhas” vendidas nas ruas, talvez dê para oito ou nove delas, duas por semana.
Desculpem, que quiser ler análises e ver como o que era imoralmente pouco (R$ 59) virou obscenamente nada (R$ 39) em três anos.
Prefiro me dedicar à única coisa que pode remediar e começar a mudar este quadro de horror: remover, pelo voto, o desgoverno que nos leva a isto.
Quem quiser discutir abobrinhas, procure os “unicórnios” eleitorais – expressão definitiva do jornalista Weiller Diniz, ontem, na TV GGN – ou de fantasias outras.
Quem tem fome tem pressa, dizia Herbert de Souza, o Betinho, e hoje temos mais fome e mais pressa que em qualquer época.
Tijolaço
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