Pela terceira vez em uma semana, outro evento evangélico foi transformado em ato de campanha de Jair Bolsonaro.
Outra “Marcha com Cristo”, em Camboriú (SC), hoje, serviu-lhe de comício.
É, afinal, o que ele consegue ter, porque sua aparição de 23 segundos no São João de Caruaru deu no que todos sabem.
Lá, voltou a repetir sandices, como a de que “podemos viver sem oxigênio, mas não sem liberdade”, o que deixa dúvidas se a sua recente amizade com Elon Musk não terá algo a ver com uma pretensão do dono da SpaceX poderá planejar uma viagem a Marte com astronautas em mangas de camisa, ou se ele pretende algum suicídio coletivo, a la Jim Jones.
Parece que sim, pois voltou a pregar que todos se armem e invocando Cristo, tomando literalmente a Palavra, quando diz aos discípulos que “vendam a capa e comprem uma espada” como metáfora para os tempos difíceis que viriam com a sua morte.
Metáfora é algo além, é claro, da capacidade cognitiva do atual presidente.
O resto é uma ladainha déjà vu: o comunismo está às portas e só ele poderá salvar-nos das chamas do inferno.
Não tem mais um palanque, tem um púlpito, o que lhe dão pastores que fariam Martinho Lutero pregar mil teses, em lugar das 95 que afixou na igreja de Wittenberg, na Alemanha, sobre os perigos da promiscuidade entre dinheiro e fé.
Afinal, não se mercadeja a graça divina como se fazia, na igreja medieval, com as indulgências?
Nunca antes se viu tamanha mistura entre religião e política.
O fato é, porém, ser preciso tomar muito cuidado em não aceitar esta guerra religiosa, esta “briga do bem contra o mal” que propõe Bolsonaro.
Ela não se funda nas suas inexistentes virtudes, mas na doutrinação de que Lula seria “anticristão” e iria destruir as igrejas evangélicas.
Ninguém trabalha mais para isso, transformando-as em, quando não em mercados, em palanques eleitorais, que Jair Bolsonaro.
Tijolaço
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