segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ministério Eleitoral processa Carta Capital


A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Coureau (foto) abriu processo administrativo contra a Carta Capital e encaminhou à revista pedido de informações sobre os valores da verba publicitária que ela recebeu do governo federal nos últimos dois anos. O Ministério Público Eleitoral (MPE) diz ter sido acionado por um cidadão - não revela o nome - e que o pedido de informações é uma "praxe".

Curioso! Carta Capital, edição desta semana tem 8 páginas de anúncios de estatais e do governo, mesmo número de páginas de publicidade governamental da revista Época, da Editora Globo. IstoÉ e VEJA da semana têm 4 páginas cada uma de propaganda do governo e/ou de empresas a ele ligadas. Isto ocorre há anos e nenhuma foi jamais notificada pelo MPE.

É inacreditável que justo Carta Capital, a única revista que fez no Brasil o que todas deviam fazer em todos os países desenvolvidos do mundo - declinou sua preferência por uma candidatura nesta eleição - vai ser investigada sobre a publicidade oficial federal e a suspeita de apoiar uma candidatura por isso. Não é suspeita não, como diz o MPE, a revista declarou sua posição oficialmente, explicou em editorial suas razões publicamente para o apoio a Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados).

Se fosse com outro veículo, o mundo vinha abaixo

Já pensaram se é com a Veja! Era censura à imprensa, à liberdade de expressão, desrespeito às leis e à Constituição...Pior é que o pedido do MPE à Carta Capital passa batido nos jornais, ninguém dá nada. Só têm espaço e tempo para fazer a campanha aberta a favor de José Serra e outros candidatos. Isto a Procuradoria eleitoral faz de conta que não vê...

Aliás, recomendo a todos que leiam o artigo desta semana, "Espanto e pavor. Em Marte", do Mino Carta, diretor de redação de Carta Capital. Nele o jornalista comenta, com inteligência e bom humor, a gravidade do comportamento da grande imprensa durante estas eleições.

Para Mino, esta mídia "visceralmente antidemocrática" já está sendo punida: afinal, "há algum tempo, que não alcança o público na sua maioria". "Tal é a nossa convicção - completa o diretor de redação da Carta Capital - a mudança se dará naturalmente. E por este trilho, a mídia nativa vai perder o emprego".

O redator-chefe de Carta Capital, Sérgio Lírio, também classifica como "estranho e esquisito" o pedido do MPE. "Somos auditados e nossos contratos são todos formais. Somos transparentes, temos posição e ela é clara".

Blog do Zé Dirceu

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