SÃO PAULO - A candidata Marina Silva (PV) afirmou neste domingo que defenderá a realização de uma plenária de seu partido com segmentos sociais que estiveram com ela durante a eleição para definir quem apoiar no segundo turno . A presidenciável comemorou a sua votação e disse que saiu vitoriosa da disputa.
- O partido vai ter que fazer uma discussão nas suas instâncias e, por respeito, aos que fizeram aliança com conosco vão ter que também convidá-los para debater as nossas posições. A nossa posição mais importante já está colocado: é a nossa plataforma.
Durante pronunciamento iniciado às 21h25m, quando 95% das urnas tinham sido apuradas, Marina mandou recados para a direção do PV, próxima do PSDB e inclinada a manifestar apoio imediato a José Serra. O PV participava da gestão tucano no governo de São Paulo.
- A nossa decisão será uma decisão que não tem nada a ver com a velha política que se apressa em manifestar uma posição só para vislumbrar pontos lá na frente. Nós queremos um diálogo com o Brasil que interessa e vamos abrir um processo no nosso partido e com os núcleos vivos da sociedade que nos apoiaram, os empresários modernos, os professores e a intelectualidade - afirmou.
A candidata e a direção do partido se mantiveram distantes durante a campanha. Por coincidência ou não, o presidente do PV, José Luiz Penna, não acompanhou o pronunciamento da candidata na noite de sábado, em um espaço de eventos na Vila Madalena, na Zona Oeste da capital paulista.
Aliados da candidata acreditam que ela defenderá a neutralidade no segundo turno. A opção traria ganhos políticos para a eleição de 2014. As críticas feitas ao longo da campanha também tornariam difícil explicar um posicionamento em favor de Dilma Rousseff (PT) ou Serra. Marina repetiu inúmeras que considerava os dois candidatos iguais .
Apesar da posição e da indicação de Marina de que o processo de definição será lento, os verdes já começaram a ser assediados. José Luiz Eduardo Martins Cardoso, um dos coordenadores da campanha petista, já fez contato no sábado com os aliados de Marina.
Indagada, Marina descartou a possibilidade voltar a ocupar um ministério, seja no governo de Dilma ou de Serra. A arrancada de Marina se deu no último mês da eleição. Depois de oscilar entre 10% e 11% (entre 13 e 15 milhões de votos) nas pesquisas até o início de setembro, a verde passou para 13% no Datafolha e foi subindo até atingir os quase 20 milhões de votos.
- Minha contribuição já foi dada para qualquer governo que queira aprender com esses 20 milhões de brasileiros - disse, em referência aos seus eleitores.
O clima no local em que Marina fez o seu último pronunciamento como candidata foi de festa. Ao chegar ela foi saudada em coro por militantes: "Gente, gente, gente, Marina presidente".
Com voz bastante rouca e acompanhada dos quatro filhos e do marido, ela comemorou a votação.
- O mais importante nós já contribuímos com o Brasil. Temos um segundo turno para que o Brasil possa aprofundar o que não foi aprofundado.
Sobre o futuro, Marina disse que irá "voltar para a sociedade", já que o seu mandato de senadora pelo Acre acaba no final do ano. Ela não descarta nem voltar a dar aula. Mas os aliados acreditam que ela buscará espaço em entidades do terceiro setor. No ano passado, a verde fundou, junto com o seu candidato a vice, Guilherme Leal, e outras pessoas o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS). A participação de Marina também se estenderia à tarefa de estruturar o PV nos estados do país. A possibilidade, porém, de ela assumir a presidência da legenda não é vista com bons olhos, já que não é visto nela perfil para lidar com a burocracia partidária.
O Globo
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