Em entrevista, jurista critica omissão do Parlamento no caso Daniel Silveira e aponta papel do ex-ministro no avanço da antipolítica
Publicado em 23 de abril de 2022
Lenio Streck, jurista. Foto: Wikipedia
O atual parlamento brasileiro é composto por muita gente de pouca qualificação, e tudo o que está acontecendo atualmente tem como “pai” o ex-ministro, ex-juiz e ex-presidenciável Sergio Moro e a força-tarefa da operação Lava-Jato, como afirma o jurista Lenio Streck.
A falta de punição do Parlamento ao deputado Daniel Silveira (PTB) por conta de seus ataques à democracia – que é a razão de existir do próprio Parlamento – faz com que a casa “cave sua própria sepultura”, diz o jurista na edição especial do TV GGN Jurídico desta sexta-feira (23/04).
“O Parlamento cava sua própria sepultura, da própria democracia”, diz Lenio. “O Parlamento… por opções todas, é composto por muita gente desqualificada – e uma coisa que não dá para esquecer: tudo isso que está acontecendo aí, não existiria Daniel Silveira, não existiria essa gente toda, se não existisse o pai deles”.
Na visão de Streck, “o Supremo (Tribunal Federal) errou quando não cortou as unhas de Moro e a força-tarefa naquele momento, e criaram-se os elementos de uma tempestade perfeita para a antipolítica. Os outsiders entraram na política dizendo que tudo é lixo, e eles são os bons”.
E Streck continua: “O sujeito (Daniel Silveira) quebra a placa de Marielle (Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro), e faz cento e tantos mil votos, ou duzentos ou trezentos mil. Mamãe Falei (Arthur do Val) fez 500 mil votos. Mamãe Falei não existiria sem seu papai, Sergio Moro”.
“Quando perguntaram para o Pablo Picasso… Os nazistas foram prendê-lo e mostraram o Guernica para ele e disseram ‘você fez isso?’, e ele ‘eu não fiz, eu só pintei’. Então, quem fez tudo isso é alguém que está rindo hoje, de fora, cheio de dinheiro, bem de vida, se chama Sergio Fernando Moro”, ressalta o jurista.
Lenio Streck também culpa as autoridades que permitiram o avanço do lavajatismo na estrutura judicial – “leia-se (a ex-procuradora-geral) Raquel Dodge, leia-se os anteriores”.
O jurista ressalta que quem percebeu o que estava acontecendo foi justamente o atual Procurador-Geral da República, Augusto Aras. “Você pode fazer críticas ao Aras e depois, mas aqui ele viu o que seus antecessores não viram, e passaram pano e deixaram essa gente toda criar os outsiders”.
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