sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Tentativa de venda de Rolex presenteado mostra que Bolsonaro era maloqueiro, diz Helena Chagas

 "O que mais Bolsonaro terá vendido? E recebido em troca?", questionou a jornalista e comentarista da TV 247

4 de agosto de 2023

Helena Chagas e Jair Bolsonaro (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Tânia Rêgo/Agência Brasil)


247 - A jornalista Helena Chagas comentou nesta sexta-feira (4) a troca de e-mails do tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, referente à negociação de um relógio da marca Rolex.

Para Helena, as mensagens indicam o comportamento marginal de Bolsonaro e seu entorno. "Era um governo muito maloqueiro", afirmou a jornalista. "Os e-mails do major Cid sobre a venda - enquanto Bolsonaro ainda era presidente - do Rolex ganho da Arábia Saudita expõe, além da desonestidade de se apropriar de um presente de Estado, um presidente da República muito chinfrim. Quem faz isso ocupando o mais alto cargo do país é indigno de se sentar naquela cadeira. O que mais Bolsonaro terá vendido? E recebido em troca?", questionou Helena.

Em 6 de junho de 2022, Cid recebeu um e-mail em inglês de uma interlocutora. Ela expressou: "obrigada pelo interesse em vender seu Rolex. Tentei entrar em contato por telefone, mas não obtive sucesso." Em seguida, questionou: "Qual é o valor que você espera receber por ele? O mercado de relógios Rolex usados está em declínio, especialmente para modelos cravejados com platina e diamante, devido ao alto valor. Quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa".

Em resposta, Mauro Cid informou que não possuía o certificado do Rolex, uma vez que "foi um presente recebido durante uma viagem oficial", e ele tinha a intenção de vender o relógio por US$ 60 mil (cerca de R$ 300 mil, conforme a cotação atual). Entretanto, os e-mails não detalhavam as circunstâncias da aquisição do relógio, informa o jornal O Globo.

Durante uma visita à Arábia Saudita em outubro de 2019, Jair Bolsonaro recebeu um conjunto de joias, incluindo um Rolex, um anel, uma caneta e um rosário islâmico, do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud. Recentemente, a defesa de Bolsonaro devolveu os itens de luxo após uma investigação da Polícia Federal relacionada a outro conjunto de joias sauditas, no valor de R$ 5 milhões, retido pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP).

No passado, Mauro Cid, atuando como ajudante de ordens, tentou recuperar o conjunto de joias retido pela Receita Federal, antes de Bolsonaro deixar o cargo presidencial e partir para os Estados Unidos. A defesa de Cid alega não ter acesso aos e-mails que estão em posse da CPMI do dia 8 de janeiro.

Mauro Cid está preso desde maio e enfrenta investigações por parte da Polícia Federal relacionadas a um possível esquema de fraudes no cartão de vacinação, bem como por manter conversas com teor golpista. Além disso, a CPMI também está examinando transações financeiras realizadas por Cid. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicou que o militar movimentou R$ 3,2 milhões em um período de seis meses, uma operação considerada incompatível com seu patrimônio, uma vez que ele recebe um salário mensal de R$ 26 mil como oficial do Exército.

Deputados federais e senadores entraram na Procuradoria-Geral da República (PGR) com pedido de investigação do recebimento de pedras preciosas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle. O caso veio à luz na sessão da CPMI dos Atos Golpistas, na terça-feira (1°), quando Jandira Feghali denunciou que o ex-presidente e sua esposa receberam um envelope e uma caixa com as pedras, faltando quatro dias para o segundo turno das eleições. Esse material não consta da lista de 46 páginas e 1055 itens recebidos durante os quatro anos do mandato de Bolsonaro.

Assinam a representação à PGR os deputados Jandira Feghali (Psol-RJ), Rogério Correia (PT-MG), Duarte Jr. (PSB-MA), Henrique Vieira (Psol-RJ) e Rubens Pereira Junior (PT-MA). E os senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP), Fabiano Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO)

Os congressistas pretendem entrar com representações também no Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal de Contas da União (TCU) e pedir investigação na Polícia Federal.

Na quarta-feira (2), o jornal O Estado de S. Paulo revelou que e-mails da Presidência da República mostram que Jair e Michelle Bolsonaro foram “presenteados” com um pacote contendo as “pedras preciosas” quando passaram por Teófilo Otoni (MG). As mensagens são datadas de 26 de outubro a 11 de novembro de 2022.

Origem seria garimpo ilegal - A deputada fluminense levantou a suspeita de que a origem das pedras preciosas seria o garimpo ilegal, “financiador de todos os atos golpistas e de questionamento das eleições”. Na CPMI, Jandira disse que a informação está em relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entregue à comissão. No documento, aparecem nomes de “vários garimpeiros e empresas ligados ao garimpo ilegal”, segundo ela.

Dirigentes das principais associações de garimpo figuram como financiadores dos bloqueios de estradas, acampamentos ilegais e ataque aos Três Poderes no 8 de janeiro. Jandira cita os garimpeiros Roberto Katsuda e Henrique Laureano.

Ordem para não cadastrar - Na petição encaminhada à PGR, os deputados e senadores dizem que “chama-se a atenção à ordem expressa (dos auxiliares de Bolsonaro) para que as pedras preciosas não fossem cadastradas no acervo da União”. Nas alegações, os parlamentares questionam: “quem presenteou Jair Bolsonaro? Qual o motivo da recusa em cadastrar o presente?”.

Em um e-mail de 27/10/2022, assinado por Cleiton Henrique Holzschuk, então coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência da República”, as instruções são claras: “foi guardado no cofre grande, 01 (um) envelope contendo pedras preciosas para o PR (presidente da República) e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD (primeira-dama), recebidas em Teófilo Otoni em 26/10/2022. A pedido do TC Cid, as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele. Demais dúvidas, Sgt Furriel está ciente do assunto”.

O que quer Arthur Maia? - Apesar de tudo isso, Jandira denuncia em sua conta no Twitter que o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (PP-BA), embora tenha “o comando da pauta”, recusou colocar em votação os Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) das movimentações nas contas de Jair e Michelle Bolsonaro. “Por isso, apresentei um requerimento extra pauta, porque o pedido está absolutamente dentro do escopo das investigações sobre quem financiou e planejou o processo golpista”.

A parlamentar argumenta que Jair e Michelle “estão no núcleo dos atos antidemocráticos, e não podemos ser impedidos de investigar suas contas”. Além disso, “as constantes movimentações de Mauro Cid nas contas de Michelle serviram para financiar este processo”, alega a deputada.


Brasil 247

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