Publicado por Gilberto Maringoni
- 5 de agosto de 2018
Logotipo do PT. Foto: Divulgação
É no mínimo espantoso. Com as movimentações dos últimos dias, começa a se consolidar no PT uma espécie de naturalização do golpe. Torna-se dominante na convenção petista deste final de semana a ideia de que “talvez golpe seja uma palavra forte demais”.
Isso é visível pela maneira e pelos objetivos da articulação da “aliança” PT-PSB, levadas a cabo na última semana. Através dela, compromete-se a unidade do campo progressista e explode-se a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco, em troca de pouco mais que vento. Pelas tratativas, o PSB mineiro retira a postulação de Marcio Lacerda ao governo estadual (o próprio já se rebelou contra isso) e nacionalmente a agremiação mantém-se neutra na disputa presidencial (Márcio França, de SP, já anunciou apoio a Alckmin e este cumprimentou a sigla por liberar seus membros para qualquer negócio).
A naturalização do golpe está no fato de o PT negociar como se em tempos normais estivéssemos. Como se o mais importante de tudo não fosse somar forças do campo progressista para ganhar musculatura rumo a uma vaga no segundo turno.
O PT abandonou a delirante consigna “Eleição sem Lula é fraude” e deu um giro de 180 graus. Adentrou com tudo num eleitoralismo rasteiro que visa apenas a manutenção de sua hegemonia no campo da centroesquerda. Cai por terra o antigo palavrório de que não se avançou mais ao longo de 13 anos de administração porque “éramos minoria no Congresso”.
Deputados e senadores são comandados por governadores. Ao rifar a candidata pernambucana – com chances reais de vitória – em favor de Paulo Câmara (PSB) – que liberou quatro secretários para votar o golpe contra Dilma -, os liderados de Lula estão dizendo o quê? Que a linha de corte da disputa não se dará entre os que são contra ou a favor do tapetão institucional de 2016, mas sim pelas disputas locais.
Ser contra ou a favor do golpe não é uma questão moral. Significa saber quem é contra ou a favor da PEC do congelamento de gastos, da reforma trabalhista, da regressão social etc.
Com tudo isso, o PT torpedeia a candidatura Ciro e a possibilidade de uma união progressista (PT, PDT, PCdoB e PSOL) sem se dar conta de que não vivemos tempos normais. Agir em tempos anormais de forma normal é o melhor caminho para uma catástrofe de proporções inimagináveis.
Diário do Centro do Mundo - DCM
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