POR FERNANDO BRITO · 15/08/2018
Neste momento, nas capas dos sites de O Globo e da Folha, o nome de Lula aparece nove vezes. No Estadão, 15 vezes.
É a conspiração do silêncio mais barulhenta que se viu na Terra.
Todas ou quase todas as menções, claro, são negativas, como sempre são na grande mídia.
Mas, dizia minha finada avó, “falem mal, mas falem de mim” é uma das verdades mais antigas do negócio da propaganda.
As redações pseudo-intelectualizadas, têm a certeza de que, do trono de sua alta posição de “donos da verdade”, destroem qualquer um.
Aliás, é no que apostam, também, para desgastar Jair Bolsonaro e abrir caminho para Geraldo Alckmin.
Só que com Lula, que tem memória vivida e não apenas imagem construída, a resistência é outra.
Eles vivem de aplaudir o mérito e o sucesso.
O povo vive, entretanto, a angústia, muitas vezes íntima, da discriminação e do sofrimento.
Ou será que pensam que as pessoas vivem na pobreza, vendo os filhos caminharem para ser, de novo e para sempre, pobres estão felizes?
Não, não acham que seu filhos vão ser empresários, juízes, promotores, doutores, filhos prósperos da livre iniciativa.
Este mundo voltou a se fechar para eles.
As grades que foram sumindo para o povão – a viagem de avião, o filho na universidade, o carro usado comprado a prestação – estão reaparecendo e bem sólidas.
Tanto quanto as que colocam diante de Lula.
Não creiam que o povão, a massa de milhões de brasileiros sempre excluídos, esquecidos, traídos, renegados, amaldiçoados – embora nunca tenham feito mal a ninguém – pelo simples fato de existirem, se sintam muito diferentes de Lula.
A direita brasileira perde a batalha por corações e mentes do povão porque não é capaz de apontar aquilo que é decisivo também na comunicação: o benefício.
Ela trabalha, desde décadas, com valores imateriais: honestidade, mérito, leis…
Mas é incapaz, porque não tem nada a oferecer nisso, de representar emprego, salário, escola, habitação, assistência a idosos. Tudo, enfim, a que diz respeito à vida real.
No fundo, existe uma percepção inexpressa, quase sempre: a de que o que fazem a Lula deve-se àquilo que Lula fez por eles.
Sabem que é por isso que Lula está preso e maldito.
E passaram a ver nele um pedaço de si mesmos.
Mantendo-o preso, perseguindo-o, calando-o, levando-o ao pelourinho, talvez decretem a morte dos que se exibem como algozes festejados.
Sim, sempre haverá um aglomerado de idiotas a xingar, furiosos e um lote de “homens de bem” a explicar que aquilo é um exemplo para a comunidade.
Nos tempos em que uma ideia levava décadas para circular, podiam ter sucesso imediato e derrota apenas na História.
Agora, porém, o ritmo é mais veloz e, apesar de tudo, talvez outubro lhes revele o erro de sua estratégia.
Estas seriam, não fosse sua afoiteza, as eleições para a volta da direita ao poder.
Quis voltar antes da hora e, agora, morrem de medo do que virá como ressaca de sua maré de ódio.
Tijolaço
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