Por trás do diversionismo do voto impresso, avança uma reforma política muito mais perigosa, alerta o ex-ministro da Casa Civil
11 de agosto de 2021
José Dirceu (Foto: Agência Brasil)
247 – O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, publicou um importante alerta a respeito da destruição da vontade popular que será causada pela reforma política em tramitação na Câmara dos Deputados. "Nem é preciso um exercício analítico longo para nos darmos conta da tragédia democrática que representa o Distritão. Basta citar que os votos dados aos candidatos não eleitos serão desprezados assim como os direcionados em excesso aos eleitos, computando-se apenas os dos mais votados em cada Estado ou município. Além disso, a proposta acaba com o voto de legenda, o que na prática significa o fim dos partidos políticos", escreveu ele, em sua coluna no Poder 360.
"Soma-se a isso o fato de vivermos uma realidade marcada por emendas impositivas e o uso e abuso da máquina dos governos. Como resultado, teremos o domínio absoluto das eleições pelo poder econômico e pelos atuais congressistas, o que pavimenta o caminho para a eleição de deputados alinhados com o governo e dispostos a qualquer medida constitucional para fraudar a vontade popular no caso de uma derrota de Jair Bolsonaro", prosseguiu.
"Não há limites para o casuísmo e não se esconde o objetivo de evitar a vitória desse ou daquele candidato, de reeleger o atual mandatário. A relatora da PEC, Renata Abreu, deputada por São Paulo e presidente do Podemos, propôs –e a comissão aprovou– uma mudança radical na forma de eleição do presidente, dos governadores e prefeitos. No lugar da eleição em 2 turnos, teremos um sistema de turno único em que o eleitor vota em até 5 candidatos ao cargo executivo, em ordem decrescente de preferência. Pela proposta seria eleito o candidato que conseguisse a maioria absoluta das primeiras escolhas do eleitor. Caso isso não aconteça, o candidato com menos indicações seria eliminado da apuração e os votos dados a ele transferidos para a escolha seguinte. Nem vale a pena descrever toda a proposta. Além de proporcionar a fraude evidente da vontade popular, propõe a criação de partidos regionais e traz medidas ainda de maior flexibilização da fidelidade partidária para aumentar o pântano da política. Na PEC da minirreforma partidária salvam-se apenas o dispositivo para aumentar os recursos do fundo eleitoral para mulheres e negros e a adoção do princípio da anualidade para as decisões da Justiça eleitoral", finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário