"A dúvida que permanece sobre nossas cabeças é a respeito de quais artimanhas o presidente pretende usar para minar o processo democrático", diz ela
4 de janeiro de 2022
(Foto: ABr | Reprodução)
247 – A jornalista Miriam Leitão, do Globo, voltou a alertar para o risco de que Jair Bolsonaro atente contra o processo eleitoral de 2022, assim como fez no último domingo. "Virou clichê dizer que essa eleição será polarizada. Na verdade, polarizadas são todas as eleições, principalmente o segundo turno. O que realmente preocupa é que, pela primeira vez, desde a redemocratização, o país está entrando em um ano eleitoral com um presidente antidemocrático no poder. Bolsonaro está claramente em desvantagem nas pesquisas de intenção de votos, mas tem a máquina pública nas mãos, tem ministros subservientes que aceitam fazer qualquer papel que ele exija, e teve apoio de chefes das Forças Armadas nos seus arremedos autoritários, como aquele patético desfile de tropas na Esplanada antes da votação do voto impresso. A dúvida que permanece sobre nossas cabeças é a respeito de quais artimanhas o presidente pretende usar para minar o processo democrático", escreve ela, em sua coluna desta terça-feira.
"Esta é uma eleição diferente de outras, porque o vencedor parece estar consolidado muito tempo antes das eleições. O ex-presidente Lula está num patamar tão alto e tão firme que seu favoritismo dá a impressão de que essa não é uma eleição incerta. E incerteza é da natureza de qualquer processo político democrático. Será um erro o país achar que está tudo decidido porque a maior imprevisibilidade é institucional. O país não pode esquecer as reiteradas ameaças que o presidente Bolsonaro fez às instituições democráticas, ao processo eleitoral, ao Supremo Tribunal Federal, ao Congresso, aos governadores. Bolsonaro é um presidente que governa de costas para a Constituição e contra a população à qual deveria servir. Será respeitoso aos ritos eleitorais? Sairá pela porta do Planalto, depois de civilizadamente entregar a faixa presidencial ao vencedor? A incerteza não é dada pela polarização política, mas pela dúvida sobre quantas agressões o chefe do executivo fará contra o processo de escolha dos eleitores", prossegue.
Brasil 247
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