quarta-feira, 2 de junho de 2010
Israel mais isolado: Egito abre acesso à Faixa de Gaza
Após o ataque de Israel à frota que levava ajuda humanitária à faixa de Gaza, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, ordenou, nesta terça (01), a abertura da passagem de Rafah, única entrada da Faixa de Gaza que não é controlada por Israel. O objetivo é permitir a entrada de ajuda humanitária e a saída de doentes do território palestino.
A passagem foi fechada em junho de 2007, quando o grupo islâmico Hamas tomou o controle do território palestino, após expulsar as forças leais ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. Desde então, o Egito só a abre esporadicamente, para permitir a saída de palestinos feridos em ataques israelenses.
O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores egípcio, Hossam Zaki, disse que seu país manteria esforços destinados a aliviar o sofrimento dos cidadãos palestinos em Gaza pelo envio de remédios e de qualquer tipo de ajuda procedente de países árabes e ocidentais.
Terrorismo de Estado
Já nesta quarta, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, classificou de "terrorismo de Estado" o violento ataque israelense, durante uma conferência em Belém (Cisjordânia)."Nosso povo foi exposto ao terrorismo de Estado quando Israel atacou o comboio da liberdade. O mundo inteiro, com o povo palestino, enfrenta este terrorismo", declarou.
Abbas falou durante uma conferência internacional sobre investimentos na Palestina, na qual fez um minuto de silêncio em memória dos ativistas mortos. Ele também disse que pedirá ao presidente dos EUA, Barack Obama, que tome "decisões corajosas para mudar a face do Oriente Médio".
"Minha mensagem a Obama durante nossa entrevista em Washington, na próxima semana, será que precisamos de decisões corajosas para mudar a face da região", enfatizou.
EUA: declaração cercada de cautela
O ataque ao comboio humanitário obrigou os Estados Unidos, tradicionais aliados de Israel, a se posicionarem sobre a questão da Faixa de Gaza. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que a situação na Faixa de Gaza é "insustentável e inaceitável" e não pode durar mais tempo. O pronunciamento, contudo, foi cercado de cautela e passou longe de uma condenação ao ataque.
"As necessidades legítimas de segurança por parte de Israel precisam ser garantidas, assim como as necessidades legítimas dos palestinos por assistência humanitária e acesso regular a material de reconstrução", disse Clinton. Hillary também pediu a todos os envolvidos que sejam "cuidadosos" em suas reações ao ataque.
"Eu acho que a situação, de nossa perspectiva, é muito difícil e requer reações cuidadosas, pensadas de todos os envolvidos", disse a jornalistas. Na contramão do que defendem os outros países, a secretária de Estado afirmou ainda que Washington apóia uma investigação israelense sobre o ataque ao comboio. Resta saber que credibilidade teria uma apuração promovida justamente pelo autor da agressão.
ONU condena ataque, não Israel
O Conselho de Direitos Humanos da ONU adotou nesta quarta uma resolução exigindo "investigação internacional" sobre a intervenção militar israelense. A resolução estipulando "o envio de uma missão internacional para investigar violações das leis internacionais" foi aprovada por 32 dos 47 membros do Conselho, enquanto três países pronunciaram-se contra, entre os quais, os EUA. A França e o Reino Unido se abstiveram.
Na terça, o Conselho de Segurança da ONU já havia condenado a ação militar e pediu uma investigação dos fatos, mas evitou criticar diretamente o governo de Israel. A ONU lamentou "a perda de vidas humanas", mas não lançou nenhuma condenação contra o autor do ataque.
Além disso, a nota de 24 linhas classifica a situação de Gaza como "insustentável" e sublinha que a solução possível para o conflito árabe-israelense é através de negociações bilaterais. Pouco depois do pronunciamento da ONU, o governo israelense disse que a condenação era "hipócrita" e que o Conselho de Segurança sequer teve tempo para analisar os fatos.
Do Portal Vermelho
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